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Pactos demoníacos

Pactos demoníacos

Os famosos “pactos” com o demônio têm origens em algumas lendas medievais. Uma das mais conhecidas é a de São Teófilo, que os autores dizem ter influenciado, inclusive, o “contrato” mais badalado, a do Doutor Fausto, transformado em poema por Goethe. Clérigo na Ásia Menor, Teófilo recusou um bispado de certa diocese quando o titular morreu. Quem assumiu o posto foi um sujeito que passou a perseguir Teófilo. O futuro santo ficou enfurecido a ponto de procurar um mágico (convenientemente descrito como judeu pela propaganda católica) para se vingar.

O mágico atuou como uma espécie de intermediário, conseguindo um encontro de Teófilo com Satanás. Para recuperar os poderes perdidos, São Teófilo assinou pacto com o “coisa ruim”, garantindo que renunciaria sua fidelidade a Deus e viraria seguidor do demônio. Então, Teófilo aumentou seu poder, entregou-se à luxúria e à corrupção. Até que chegou sua hora. Quando o demo veio reivindicar a alma, horrorizado, Teófilo pediu clemência à Virgem Maria. A santa foi ao inferno, pegou o contrato do pacto, devolveu ao futuro santo que, incontinenti, destruiu o documento. Maria também obteve o perdão de Teófilo junto a Deus. Essa lenda ajudou a espalhar o antissemitismo e o culto à Virgem Maria (para quem, segundo a Igreja, nada é impossível) na Europa.

Outra lenda famosa teve origem na zona rural do Mississípi, envolvendo o guitarrista e compositor de blues americano Robert Johnson. Seu talento era tão extraordinário que levou as pessoas a propagarem a história, segundo a qual, a habilidade só poderia ser explicada pelo pacto que o artista fez com o demo, vendendo sua alma pela musicalidade adquirida.

 

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Biaggio Talento é jornalista, e colaborador do O Jornal da Cidade.