Imprimir esta página
A história da coroa de espinhos

A história da coroa de espinhos

A relíquia santa "coroa de espinhos" (aquela que os romanos teriam colocado na cabeça de Jesus pouco antes da crucificação) que, desde 1806 está na Catedral de Notre Dame e escapou do incêndio ocorrido em abril de 2019 na famosa igreja, foi adquirida pelo rei francês Luís IX, no século XIII ao governo de Veneza por cerca de 135 mil liras, equivalentes à metade das despesas anuais da França, naquela época. A história dessa relíquia é bem reveladora de como essas peças supostamente pertencentes a divindades, eram valorizadas na idade média.

A compra da coroa santa integrou a estratégia política de Luiz IX, de “dominação pacífica, mas simbólica da cristandade” na Europa, através da posse de relíquias santas, como indica o historiador medievalista Jaques Le Goff. Nessa política, Luís IX, organizou também duas cruzadas a Jerusalém, morrendo na segunda acometido por febre amarela. Foi canonizado santo em 1297.

A origem conhecida da “coroa de espinhos” começou em 578 d.C. quando um peregrino em viagem por Jerusalém trouxe para a Europa a informação que a relíquia estava na cidade sagrada, exibida numa igreja. 500 anos depois, a relíquia reapareceu em Constantinopla, já sem os espinhos. Mais ainda valia tanto que o imperador Balduíno II a colocou "no prego" junto aos venezianos para obter um vultuoso empréstimo. Como ele não honrou a dívida, a cidade de Veneza a vendeu a Luís IX. Por pouco a relíquia não virou cinzas no incêndio de Notre Dame.

 

WhatsApp Image 2020-03-10 at 19.17.21

Biaggio Talento é jornalista, e colaborador do O Jornal da Cidade.

Itens relacionados (por tag)