Imprimir esta página
Nós que aqui estamos por votos esperamos

Nós que aqui estamos por votos esperamos

Em tempo de eleições a morte, quem diria, também pode conseguir votos. Vão disputar cadeiras nas câmaras municipais do país ao menos 124 agentes funerários, conhecidos popularmente como "papa-defuntos" e 60 coveiros, somando 184 candidatos do ramo. É uma quantidade 25% maior que no pleito municipal passado, quando 147 candidatos , entre 99 papa-defuntos e 48 coveiros se aventuraram na disputa.

Seus nomes e cidades constam na lista de candidatos divulgada recentemente pelo Tribunal Superior Eleitoral.

As duas profissões têm uma certa popularidade, se é que se pode dizer assim, principalmente nas localidades interioranas, onde sindicatos de trabalhadores rurais e cooperativas costumam contratar planos funerários para a última hora de seus associados. Na vida real, se eleitos, os profissionais do setor, certamente, não devem enfrentar o "drama" ocasionado com o fenômeno descrito no livro de José Saramago “As intermitências da morte”, quando as pessoas pararam de morrer jogando o mercado funerário numa crise sem precedentes.

A grande maioria dos candidatos sempre faz questão de registrar como nome na urna os apelidos com os quais são conhecidos como, fulano da funerária, sicrano coveiro ou beltrano do caixão. Na cidade de Valença, um candidato registrou como nome uma frase que tem duplo sentido: “fulano o coveiro vem aí”.

Diante da crise de representatividade na política do país, quem sabe se um profissional calejado nas coisas da morte não pode resolver os problemas dos vivos?

 

WhatsApp Image 2020-03-10 at 19.17.21

Biaggio Talento é jornalista, e colaborador do O Jornal da Cidade.

Itens relacionados (por tag)