Ceia de Natal fica 19% mais cara este ano e baianos reduzem tamanho do peru

Ceia de Natal fica 19% mais cara este ano e baianos reduzem tamanho do peru

Aquela fartura que se via nas ceias de Natal vai ter que dar uma enxugada este ano, principalmente pelo aumento no preço dos alimentos e também por não poder ainda ter aglomerações, uma vez que a pandemia do novo coronavírus não acabou. O salpicão vai ter de ser menor, o peru racionado e o panetone só se for mini. Segundo um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ceia natalina ficou 19% mais cara em 2020, já descontada da inflação.

Por conta dessa alta nos valores, a ceia de Juliana Souza, 24 anos, não vai ser a mesma que a dos outros anos. “Vai ser fraquinha, porque está tudo mais caro este ano, até as coisas que a gente mais precisa”, reclamou. Juliana ficou desempregada em meio à pandemia da covid-19.

O peru de 3kg do ano passado, segundo ela, custou R$ 54. Agora, a mesma quantidade não custa menos que R$ 70. Já o queijo reino virou artigo de luxo: é uma raridade se encontrar por menos que R$ 74 nos supermercados, podendo chegar a R$ 99,09 como visto no Hiper Ideal do bairro da Pituba.

A corretora de imóveis Cátia Castro, 54, já tirou esse vilão da lista de compras: “Esqueça! Queijo reino não vai entrar. A gente vai ter que se adaptar com outros tipos de queijos, você pega umas fatias e monta uma tábua”, argumentou a corretora. Cátia ainda diz que o peru vai ser menor e o salpicão também não vai ser naquela quantidade para ficar guardado na geladeira. “Os preços estão absurdamente caros e a ceia de Natal vai ter que se adaptar. Se você comprava um peru de 5kg agora vai ser de 3kg, o salpicão vai ter que diminuir também as quantidades... não tem jeito, a tendência é essa”, lamentou.

Na casa da aposentada Dione Lemos, 63, a noite do dia 24 de dezembro também vai ser na modalidade reduzida. Porém, a dimunioção da ceia será mais por conta da família que não poderá se reunir, pois uma parte mora em Natal, no Rio Grande do Norte, e não virá a Salvador. Ainda assim, ela reclama dos preços. “Em todos os produtos está um aumento enorme, a gente vai ter que fazer um jogo de cintura para fazer alguma coisa que dê para se reunir e que fique bom”, contou.

A professora de inglês Bianca Araújo, 24, notou a subida de preços das iguarias natalinas: “Tá bastante carinho. Se não der para manter igual, a gente vai buscar valores mais em conta”, narra Bianca, que ainda não começou a pesquisa de preços. O economista Francisco Fernandes, 50, vai deixar para comprar tudo em cima da hora. “Sempre compro uma semana antes, porque eles têm que queimar estoque e fazer promoção”, conta. No geral, ele gasta R$ 300 para uma ceia de Natal, para uma família de cinco pessoas.

Principais vilões
Os produtos que tiveram a maior alta de preços neste ano, aumento que irá refletir na conta do Natal, foram o tomate (104%), batata-inglesa (61%) e arroz (52%). As carnes também salgaram: as bovinas 23%, o frango inteiro 10% e os pescados 6%, assim como o azeite de oliva (12%). As informações são do economista e consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

Os principais motivos, segundo ele, são a alta do dólar em relação à moeda brasileira, que favoreceu as exportações, e a demanda nos supermercados que cresceu durante a pandemia, em oposição às expectativas da indústria. “A demanda subiu bastante, principalmente com o auxílio emergencial, que trouxe essa demanda para os mercados. Outro ponto é que vários desses produtos são cotados em dólar. Como a demanda externa por alimentos está mais forte este ano, muito produtores preferem exportar, o que gera uma redução da oferta no mercado interno, e aumenta os preços dos produtos”, explica o especialista.

Para ele, a subida de valores deste ano foi a mais forte deste 2016. A diferença é que agora o aumento está generalizado e mais expressivo, o que dificulta a substituição dos alimentos. “Antes você fazia a troca com mais naturalidade, agora o aumento de preço está mais generalizado e mais expressivo”, analisa Dietze. Outro fator que influenciou indiretamente a alta nos valores dos produtos finais foi o encarecimento dos chamados insumos de produção, como os agrotóxicos e os grãos, que servem de ração para os animais.

Como economizar na ceia
Um dos conselhos de Selma Magnavita, presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia (MDCCB), para economizar na ceia é apostar nos produtos locais ao invés dos importados e deixar de lado as nozes, avelãs e castanhas portuguesas. No lugar delas, ela sugere frutas desidratadas e castanha de caju. “Vamos ter que substituir essa tradição europeia de comprar frutas caras por uma tradição baiana, com frutas e vinhos locais”, aconselhou Selma.

As outras possíveis substituições indicada pela presidente do MDCCB podem ser trocar o peru por um frango assado e optar pela carne de porco que está mais barata que a de boi. No salpicão, apostar mais na batata do que nas proteínas e talvez o panetone ser só um bolo caseiro bem decorado. Outra saída é comprar mais pescados, que estão menos caros que as carnes. “Esse ano vai ter que botar a imaginação. Nem sei se a confraternização vai ter aquela tradição de uma mesa farta, cheia de feitas natalinas, porque está tudo muito caro”, avalia Magnavita.

No mínimo, para uma ceia “digna”, ela estima que o baiano precise desembolsar R$ 150. Para um Natal mais farto, a média da ceia natalina é R$ 230, com o tender, salpicão, bolo, saladas, vinho, frutas e panetone.

Aumento da cesta básica
De acordo com último levantamento mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica em Salvador teve um aumento de 26,07% em 2020 e de 30,73% nos últimos 12 meses. Apesar de ter tido uma diminuição de 1,05% em outubro deste ano em relação a setembro, a cesta custava R$ 360,51 em dezembro de 2019. Agora, sai por R$ 454,50. Os que ficaram mais caros no último mês e refletem na ceia natalina são o óleo de soja (12,30%), o arroz agulhinha (9,45%), o leite (4,02%), a carne bovina (1,37%), açúcar (0,80%) e farinha de mandioca (0,64%).

Procuradas, a Associação Bahiana de Supermercados (Abase) e o Sindicato dos Supermercados e Atacados de Auto Serviço do Estado da Bahia (Sindsuper) não responderam até o fechamento desta reportagem.

Empresário tem melhor índice de confiança no comércio desde abril
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e Fecomércio-BA, registrou 105,3 pontos em novembro, crescimento de 6,9% em relação a outubro. Foi a quinta elevação consecutiva e o ICEC volta ao patamar de otimismo, acima dos 100 pontos, o que não se via desde abril, quando se iniciou a crise do coronavírus. Contudo, o atual patamar ainda está 8,6% abaixo do mesmo mês de 2019.

“Quem está puxando de forma mais expressiva o desempenho geral é o índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio que apontou alta mensal de 10,9% e ficou nos 76,6 pontos. Apesar de se manter na área de pessimismo, houve uma recuperação de 197% desde o fundo do poço, que foi no mês de julho (25,8 pontos), ou seja, quase triplicou”, destacou o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze. Para o economista, “com a reabertura do comércio e a retomada das vendas, os empresários de Salvador voltaram a criar expectativas”.

De acordo com informações do CAGED, as oportunidades de emprego no comércio, em Salvador, nos últimos meses, têm surgido nos setores de materiais de construção, farmácias e supermercados. Setores ligados a construção civil como eletrodomésticos, materiais de construção e móveis estão registrando forte aumento nas vendas, porém muito empresários estão com dificuldades no estoque, devido à brusca demanda por alguns produtos. De acordo com o economista, mesmo com alguns pontos a serem resolvidos, esse cenário eleva, e muito, a confiança e o otimismo em relação ao momento atual.

Preços dos alimentos para a ceia de Natal
Peru - R$ 18,98 a R$ 23,98/kg
Chester - R$ 21,48 a R$ 23/kg
Arroz - R$ 4,70 a R$ 7,98/kg
Farinha - R$2,72 R$ 5,39/kg
Atum - R$ 4,88 a R$ 9,68 (170g)
Panetone - de R$7,86 (300g) a R$ 34,49 (1kg)
Queijo reino - R$ 69,98 a R$ 92,99/kg
Nozes (com casca) - R$ 7,90 (150g)
Nozes (degustar) - R$ 28,90 (130g)
Batata - R$ 6,98/kg
Uva passa - R$ 4,98 (100g)
Fonte: Atacadão Atacarejo e Hiper Ideal

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