O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta terça-feira (23) que voltará a usar o termo "favelas e comunidades urbanas brasileiras" para se referir a esses locais no Censo.

A mudança acontece após 50 anos em que o IBGE usou as expressões "aglomerados urbanos excepcionais" e "setores especiais de aglomerados urbanos" e "aglomerados subnormais" como o termo principal para se referir a esses locais.

A alteração decorre, entre outros fatores, da demanda dos moradores de favelas e comunidades urbanas. Segundo o IBGE, o termo favela está vinculado à reivindicação histórica por reconhecimento e identidade de movimentos populares .

Segundo o IBGE, o complemento "comunidades urbanas" foi acrescentado pois, em muitos locais, o termo "favela" não é o mais utilizado – há, por exemplo, áreas chamadas de comunidades, quebradas, grotas, baixadas, alagados, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, loteamentos informais e vilas de malocas.

O Brasil tem mais de 10 mil favelas e comunidades urbanas, em que vivem 16,6 milhões de pessoas (8% da população brasileira), segundo a prévia do Censo de 2022.

“O reconhecimento das favelas pelo IBGE é um marco histórico para a população brasileira. É um reconhecimento da existência das favelas, da nossa força, da nossa potência", completa Kalyne Lima, presidente da Central Única das Favelas (CUFA Brasil).

Como favelas foram descritas pelo IBGE no Censo

Edição do Censo Termo para descrever território
1950 Favelas
1960 Favelas
1970 Aglomerados urbanos excepcionais
1980 Setores especiais de aglomerado urbano
1991 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
2000 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
2010 Aglomerados subnormais
Fonte: IBGE

O que são favelas e comunidades urbanas?
Para o IBGE, favelas e comunidades urbanas são regiões em que há

Domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica da posse;
Ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos, como iluminação, água, esgoto, drenagem e coleta de lixo por parte de quem deveria fornecer esses serviços;
Predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura geralmente feitos pela própria comunidade e seguem parâmetros diferentes dos definidos pelos órgãos públicos;
Localização em áreas com restrição à ocupação, como áreas de rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e áreas protegidas, entre outras; ou de risco.
De 'ocupação irregular' para 'insegurança jurídica

As definições acima também são diferentes das que eram utilizadas anteriormente para definir favelas e comunidades urbanas.

Por exemplo, antes, em vez de dizer que as favelas e comunidades urbanas são caracterizadas por locais em que a população não tem segurança jurídica da posse de seus imóveis, o instituto dizia que eram locais em que "ocupação irregular de terra em propriedades alheias (pública ou privada)".

O IBGE destaca que há diversos níveis de insegurança jurídica, e que cabe ao Estado proteger contra despejos arbitrários.

Outro que mudou é o que trata da falta de serviços públicos. Antes, o IBGE a descrevia como "precariedade de serviços públicos essenciais". Agora, a descrição descata o papel das instituições competentes na oferta desse serviços de forma adequada.

"[Isso] Evita rotular favelas como intrinsecamente carentes, alertando para a necessidade de focar na oferta precária de serviços públicos essenciais, em vez de qualificar as comunidades como deficientes por si mesmas", diz o IBGE.
Também foi alterada a forma de se referir aos padrões de construção do que existe nas favelas. Antes, por exemplo, dizia-se que as comunidades eram caracterizadas por calçadas de "largura irregular" por construções não regularizadas pelo poder público. Agora, fala-se na existência majoritária de imóveis, ruas e infraestrutura construídos pela própria população com parâmetros distintos dos estabelecidos pelos órgãos públicos.

"Buscou-se evitar a estigmatização das favelas e comunidades urbanas com essa mudança (...) Essas populações desenvolveram lógicas próprias de organização espacial, que exigem reconhecimento de suas especificidades", informa o IBGE.

A maior favela do Brasil é a Sol Nascente, que fica no Distrito Federal, segundo dados da prévia do Censo 2022. A região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios (32 mil ante 31 mil).

Veja, abaixo, a lista das maiores favelas e comunidades urbanas do Brasil, segundo a prévia do Censo do IBGE

Sol Nascente, Brasília: 32.081
Rocinha, Rio de Janeiro: 30.955
Rio das Pedras, Rio de Janeiro: 27.573
Beiru, Tancredo Neves: Salvador: 20.210
Heliópolis, São Paulo: 20.016
Paraisópolis, São Paulo: 18.912
Pernambués, Salvador: 18.662
Coroadinhoa, São Luís: 18.331
Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, Manaus: 17.721
Comunidade São Lucas, Manaus: 17.666
Baixada da Estrada Nova Jurunas, Belém: 15.601
Alto Santa Teresina - Morro de Hemeterio - Skylab-Alto Zé Bon, Recife: 13.040
Assentamento Sideral, Belém: 12.177
Jacarezinho, Rio de Janeiro: 12.136
Valéria, Salvador: 12.072
Baixadas da Condor, Belém: 11.462
Bacia do Una-Pereira, Belém: 11.453
Zumbi dos Palmares/Nova Luz, Manaus: 11.326
Santa Etelvina, Manaus: 10.460
Cidade Olímpica, São Luís: 10.378
Colônia Terra Nova, Manaus: 10.036

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O Censo Demográfico 2022 mostrou que 1.693.535 pessoas se declaram indígenas no Brasil, correspondendo a 0,83% da população residente do país, distribuídas por 4.832 municípios. Os dados do Censo 2022 Indígenas: Primeiros resultados foram divulgados nesta segunda-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Censo de 2010, o IBGE contou 896.917 pessoas indígenas, o que correspondia a 0,47% da população residente no país, revelando que a população indígena variou 88,82% em 12 anos. O Censo 2022 encontrou um maior número de terras indígenas oficialmente delimitadas passando de 501 em 2010 para 573 no ano passado.

Segundo o instituto, entre os motivos para esse aumento figuram o aperfeiçoamento do mapeamento de localidades indígenas em todo o país, inclusive nas cidades e em áreas remotas; a inserção de procedimentos operacionais padronizados de abordagem às lideranças indígenas; utilização de guias institucionais da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) ou da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai); preparação das equipes regionais e locais da Funai e Sesai para o apoio à operação censitária; incorporação da figura do guia comunitário indígena; treinamento diferenciado das equipes censitárias, além do monitoramento em tempo real da cobertura da coleta censitária e as adaptações metodológicas para facilitar a compreensão do questionário.

“Em cada aldeia contamos com o apoio de pelo menos uma liderança indígena. Nossos agradecimentos a todas as lideranças que assumiram o Censo como uma política de Estado mas também como um direito dos povos indígenas de serem recenseados da melhor forma possível”, disse Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.

A Região Norte destaca-se como aquela que concentra 44,48% da população indígena do país, com 753.357. A Região Nordeste reúne 31,22% da população indígena, com 528.800. As duas regiões somam 75,71% da população indígena do Brasil.

Duas unidades da federação concentram 42,51% da população indígena residente no país: o Amazonas, com 490.854, correspondendo a 28,98% da população indígena, e a Bahia, com 229.103 13,53% do total. Mato Grosso do Sul apresenta o terceiro maior quantitativo, com 116.346, seguido de Pernambuco, com 106.634, e Roraima, com 97.320. Estes cinco estados contabilizam 61,43% da população indígena.

Em 2022, Manaus era o município brasileiro com maior número de pessoas indígenas, com 71,7 mil. A seguir, vinham São Gabriel da Cachoeira (AM), com 48,3 mil habitantes indígenas, e Tabatinga (AM), com 34,5 mil. Já as maiores proporções de população indígena estavam em Uiramutã (RR), onde 96,60% dos habitantes eram indígenas, Santa Isabel do Rio Negro (AM) (96,17%) e São Gabriel da Cachoeira (93,17%).

Terras indígenas

A população residente em terras indígenas somava 689,2 mil pessoas, sendo 622,1 mil indígenas (90,26%) e 67,1 mil não indígenas (9,74%). Quase metade dessa população (49,12%) está no Norte, onde as terras indígenas tinham 338,5 mil habitantes, sendo 316,5 mil (93,49%) indígenas.

A Terra Indígena Yanomami (AM/RR) tem o maior número de pessoas indígenas (27.152), o equivalente a 4,36% do total em terras indígenas no país. O segundo maior número está na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176, seguida pela Terra Indígena Évare I (AM), com 20.177.

Dos 72,4 milhões domicílios particulares permanentes ocupados do Brasil, 630.041 tinham pelo menos um morador indígena, correspondendo a 0,87% do total de domicílios. Dos 630.041 domicílios com pelo menos um morador indígena, 137.256 estavam dentro de terras indígenas (21,79%) e 492.785 estavam localizados fora de terras indígenas (78,21%).

A média de moradores nos domicílios onde havia pelo menos uma pessoa indígena era de 3,64. Dentro das terras indígenas, era de 4,6 pessoas e fora das terras indígenas, de 3,37 pessoas. Em todos os casos, foi mais alta do que no total de domicílios do país (2,79).

Amazônia Legal

Foram contadas 867.919 pessoas indígenas nos municípios da Amazônia Legal, o que representa 3,26% da população residente total da região, sendo 51,25% do total da população indígena residente no Brasil.

Na Amazônia Legal, foram recenseados 403.287 indígenas residindo em terras indígenas, o que representa 64,83% da população indígena nacional residindo em terras indígenas.

A presença da população indígena residente na Amazônia Legal nos territórios oficialmente delimitados é superior ao quadro nacional: enquanto na Amazônia Legal 46,47% da população indígena reside em terras indígenas, para o conjunto do país, esse percentual é de 36,73%.

A liderança indígena Junior Yanomami reconhece que as equipes do IBGE enfrentaram muitas dificuldades para chegar a comunidades isoladas na Amazônia ameaçadas por garimpeiros e madeireiros. “Queremos viver em paz e ter a proteção real dos povos indígenas e da floresta com segurança, saúde e educação”, disse, reconhecendo a importância do censo para acesso a políticas públicas.

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Imagine o trânsito no horário de pico, as avenidas, o metrô lotado e os ônibus cheios. Pode parecer estranho, mas a população de Salvador encolheu -9,6% nos últimos 12 anos. Dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (28), revelam que a cidade perdeu 257 mil moradores, entre 2010 e 2022, sendo esta a maior queda dentre as capitais e a segunda maior em todo o Brasil.

O único município que teve redução populacional absoluta maior que Salvador foi São Gonçalo (RJ), com -10,3%. Até 2010, a capital baiana era a 3ª cidade mais populosa do Brasil, atrás apenas de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Agora, foi ultrapassada por Brasília (DF) e Fortaleza (CE). São 2,4 milhões de soteropolitanos. O superintendente do IBGE, André Urpia, conta que é preciso observar o contexto para entender os números.

“Enquanto Salvador teve redução populacional, cidades vizinhas como Lauro de Freitas e Camaçari registraram crescimento no número de moradores e de domicílios. Nesses últimos 12 anos, foram construídos muitos empreendimentos nessas cidades. Além disso, a pandemia possibilitou o home office, que pessoas pudessem trabalhar de qualquer lugar mesmo atuando em Salvador”, disse.

Ele acredita que esse processo migratório foi responsável também pelo aumento populacional em seis dos dez municípios da Região Metropolitana que fazem parte da Grande Salvador. Os números mais expressivos foram em Lauro de Freitas (24,4%), Camaçari (23,3%) e São Francisco do Conde (13,7%), mas também houve crescimento em Dias D’Ávila, Madre de Deus e Mata de São João.

Estudante de Medicina Veterinária, Maria Eduarda Gomes, 23, foi uma das pessoas que deixaram a capital para buscar novos rumos na RMS, mais especificamente em Abrantes, distrito do município de Camaçari. A escolha pelo novo local de morada se deu em consenso com a família, que à época havia decidido se mudar do apartamento que a estudante morava desde que nasceu.

"O custo de moradia em Salvador está muito alto, então, na Região Metropolitana, consigo morar melhor pagando muito menos. Quando digo morar melhor, quero dizer com mais segurança, em bairros mais tranquilos e casas maiores", esclarece a jovem.

Na contramão do aumento populacional entre as cidades da RMS, ficaram Salvador, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Candeias, onde ocorreram reduções. Os recenseadores identificaram 3,3 milhões de pessoas vivendo nos dez municípios citados, o que representou queda de 4,7% na comparação com 2010.

Mesmo com a capital reduzindo o número de moradores, a população da Bahia aumentou. Segundo o Censo do IBGE, o crescimento foi de 10 mil novos habitantes por ano (119 mil, no total). Em geral, os baianos estão fugindo dos grandes centros urbanos e buscando cada vez mais o interior.

O doutor em Ciências Sociais e professor titular do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano (PPDRU) da Unifacs, Laumar Neves, explica que fatores relacionados a mortalidade e fecundidade também estão relacionados a essa mudança de comportamento.

“Historicamente, Salvador foi uma cidade que atraiu a população do interior que se deslocava para a capital em busca de novas oportunidades de trabalho e melhores condições de vida. Nos últimos anos, as cidades da Região Metropolitana deixaram de ser atrativas, a taxa de desemprego é alta e as condições de vida não são fáceis”, disse.

O professor lembrou que os grandes centros enfrentam problemas sociais, como maior insegurança e dificuldade de acesso a serviços, e que o custo de vida e do solo são mais caros. No caso de Salvador, melhorias no transporte público facilitaram a integração com regiões como Lauro de Freitas e Camaçari, onde o preço de casas e apartamentos são mais baixo. Além disso, a mortalidade é maior nas metrópoles, seja pela violência, seja por questões de saúde.

“Salvador e outros centros urbanos registraram muitas mortes na pandemia, e muita gente mudou para o interior. O crescimento das cidades de pequeno e médio porte traz um desafio para o poder público que será como ordenar o solo e melhorar a prestação de serviços nesses locais, porque no Brasil o crescimento populacional se faz acompanhar pela desigualdade social e aumento da pobreza”, afirmou.

A oferta de políticas públicas, como construção de universidades em municípios do interior e incentivos ficais para o agronegócio, atraem investimentos privados e mais pessoas para essas cidades. Um exemplo é Luís Eduardo Magalhães, no Oeste do estado. Em 2010, a cidade tinha 60,1 mil habitantes. Em 2022, contabilizou 107,9 mil moradores, um aumento proporcional de 79,5% da população.

O crescimento é visto positivamente pelo prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Junior Maraba (DEM. Ele atribui a alta populacional não só à força do agronegócio, mas também ao planejamento municipal. "Atrás dessa máquina do agro, existe toda uma operação de um município. [...] Hoje, além da melhoria na prestação dos serviços públicos e do grande programa de urbanização que estamos realizando, nós focamos na qualificação da mão de obra da população para que ela receba esse impacto, transformando isso em oportunidades de negócios e na qualidade do serviço ofertado. Uma coisa é fato: aonde existe emprego, existe crescimento. Ninguém se muda para uma cidade que não tem trabalho", frisa.

Já Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado, foi o município que mais cresceu em termos absolutos. Segundo o IBGE, em 2010, a cidade tinha 306 mil habitantes. Em 2022, são 370 mil, aumento de 64 mil pessoas ou 20,9% a mais da população. Em seguida, aparecem Feira de Santana, com 59 mil moradores a mais, e Camaçari, com 56 mil.

Para a prefeitura do município, o crescimento é puxado pelas oportunidades de investimento. “A nossa cidade é polo e atrai um quantitativo importante de pessoas de toda a região, inclusive do norte de Minas, que buscam serviços aqui”, afirma a gestão municipal. Apesar do crescimento ser visto com bons olhos, a prefeitura admite que ela sobrecarrega a malha viária, o sistema de saúde pública e de transporte público.

“Com o novo levantamento, esperamos que os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e das outras rubricas tenham a mesma proporção de crescimento. De nossa parte, vamos continuar o trabalho para organizar e planejar a urbanização, o saneamento, os serviços de educação, saúde e desenvolvimento social, além de criar um ambiente permeável para as atividades econômicas”, destaca.

Também no Sudoeste do Estado foi registrado outro destaque no levantamento feito pelo Censo 2022. O município de Caatiba, que antes era um povoado denominado Riachão, apresentou a menor redução proporcional de sua população, encolhendo -45,7%. A reportagem tentou entrar em contato com a prefeitura através dos canais oficiais disponibilizados no site do munícipio, mas não obteve sucesso.

Moradia

O número de moradores por domicílio também reduziu em todo o país, incluindo a Bahia e Salvador. A pedagoga Michele Santos, 29 anos, sempre viveu em uma casa com muita gente, mas, em 2017, resolveu deixar a residência dos familiares, em Santa Luzia do Lobato, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, onde vivia com mais cinco pessoas. Primeiro, ela dividiu apartamento com uma amiga, e depois, passou a morar sozinha.

“A mudança foi por questões pessoais e de necessidade. Sempre tive a meta de que quando conseguisse um emprego legal e a grana permitisse morar sozinha, ainda que de aluguel, faria isso. Tirando alguns perrengues, a gente aprende a administrar nossa própria vida, cresce diante das dificuldades, traça planos para buscar sempre oportunidades melhores e vive em paz”, conta.

Na capital baiana, a média é de 2,5 moradores por imóvel, no estado o percentual é de 2,8 habitantes. Os especialistas afirmam que esse cenário é resultado de várias escolhas. Em geral, as famílias têm optado por ter menos filhos. Segundo o Banco Central, a taxa de fecundidade, que mede a quantidade de nascimentos de crianças por mulher, está em 1,65 no Brasil, menor que a de países como México (1,90) e Argentina (1,91).

A redução de filhos é percebida em todas as camadas sociais, está decrescendo desde a década de 1960 e diretamente ligada aos métodos contraceptivos e a mudança do papel da mulher na sociedade. A participação feminina no mercado de trabalho, movimentos de conscientização e novos objetivos profissionais e acadêmicos têm levado às famílias a postergar a chegada e a quantidade de bebês.

Em termos de moradias, o estado registrou crescimento nos três modelos pesquisados. Dos 6.873.605 domicílios visitados pelos recenseadores na Bahia, o número de ocupados aumentou 23,9%, o de vagos cresceu 78,1% e o de uso ocasional pouco mais que dobrou, aumentando 102,3%. Os modelos vagos, ou seja, sem moradores, e os de uso ocasional, como casas de praia e veraneio, foram os que mais aumentaram.

Censo sofreu com corte de recursos, paralisações e resistência de moradores

O Censo Demográfico de 2022 está sendo divulgado com atraso. A pesquisa deveria ter sido feita em 2020, mas foi protelada, primeiro, por conta da pandemia, e depois, por falta de recursos. O Governo Federal adiou por duas vezes alegando não ter dinheiro. Quando o levantamento finalmente começou, a previsão era concluir tudo até dezembro de 2022, mas houve paralisações de recenseadores e resistência de moradores.

Ainda assim, na Bahia apenas 2,28% dos domicílios não responderam, percentual abaixo da média nacional de 4,24%. O recenseador Carlos Gama, 31 anos, foi matéria no CORREIO depois de entregar 82 bilhetes nos apartamentos da Pituba e do Itaigara para tentar sensibilizar os moradores.

“Deu muito certo. Inclusive facilitou muito o acesso aos condomínios após a publicação da matéria. Deu maior credibilidade na hora de convencer administradores e síndicos dos condomínios”, conta.

Na Bahia, foram recenseados 5.086.813 domicílios. Em Salvador, houve crescimento de 25,9% no número de moradias pesquisadas, na comparação com 2010, foram 1.212.328 imóveis. Carlos disse estar orgulhoso do resultado.

“É gratificante demais. Não tem outra palavra melhor. Espero agora que com as informações captadas tenhamos as devidas melhorias em educação, segurança pública, saúde e saneamento básico. Agora a torcida é para que todas as informações sejam utilizadas de maneira a ajudar a população efetivamente”, afirma.

‘Confesso esperava um aumento’, diz prefeito de Salvador

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) foi questionado sobre a redução populacional registrada pelo IBGE em Salvador e comentou, durante o lançamento de um programa municipal para pessoas em situação de rua, que ainda precisa avaliar os números com calma, e afirmou que o resultado foi uma surpresa.

“Confesso que imaginava que tivesse um crescimento da população de Salvador. É comum termos uma migração das cidades do interior para a capital por conta da crise social e das consequências da pandemia. Preciso avaliar esses números, mas confesso que minha expectativa era que tivesse algum aumento”, afirmou.

Bruno Reis disse que as equipes da prefeitura vão se debruçar sobre os dados, fazer comparativos e análises, mas frisou que confia no levantamento do IBGE.

“Preciso analisar mais friamente esses números, ver se eles efetivamente correspondem aos números que nós temos, principalmente o de pessoas que são atendidas no Sistema Único de Saúde, e verificar os dados de toda a nossa rede social para fazer esse cruzamento, mas é óbvio que o IBGE é um Instituto extremamente confiável, não dá para questionar”, disse.

SEI vai atualizar estudos econômicos e sociais após resultados do Censo 2022

A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI-BA), órgão responsável pela elaboração de estudos e pesquisas para subsidiar o planejamento do Governo do Estado, deve atualizar em breve os estudos sobre o Fundo de Pactuação dos Municípios, que vai definir se os municípios que tiveram populacional vão receber mais verbas após os resultados divulgados pelo Censo 2022.

“O Fundo de Pactuação dos Municípios, hoje, é a principal fonte de renda da maioria dos municípios, principalmente dos menores. O Fundo depende de um rateio com todos os municípios do Brasil, então vamos entender melhor essa dinâmica ao longo dos próximos dias, semanas e meses para saber os impactos mais imediatos”, afirma Rodrigo Cerqueira, economista e técnico da SEI.

Antes mesmo da atualização do estudo ser feito, Cerqueira adianta que já são esperadas mudanças no planejamento de políticas públicas, perpassando decisões sobre creches, escolas e hospitais públicos. Para ele, há muito trabalho a ser feito porque houve, ao longo dos últimos 12 anos, uma discrepância entre as projeções realizadas anualmente pelo IBGE e os resultados preliminares do Censo 2022.

“Comparando esses resultados que saíram do Censo 2022 com os resultados das estimativas e projeções, nós vemos uma discrepância muito grande, porque, entre 2010 e 2020, não teve o Censo. Tínhamos que ter em 2020 e também não teve, não havendo a contagem populacional no meio da década. Essa contagem é extremamente importante para fazer a calibração das estimativas e projeções”, ressalta Rodrigo.

Ainda segundo o técnico, haverá um estudo da SEI sobre os números populacionais de Salvador, única surpresa para o órgão entre os dados divulgados pelo IBGE. A pasta se surpreendeu porque esperava uma população parecida com a de 2010 na capital baiana. Por outro lado, alegou já esperar o baixo crescimento populacional da Bahia e preferiu, ao ser questionado, não associar o fato à pandemia de covid-19 por enquanto. “Precisamos nos debruçar ainda sobre esses dados para fazer uma leitura assertiva”, finalizou.

Confira os cinco municípios que mais cresceram a população em termos absolutos:

1. Vitória da Conquista – 64 mil habitantes a mais

2. Feira de Santana – 59,6 mil habitantes a mais

3. Camaçari – 56,6 mil habitantes a mais

4. Luís Eduardo Magalhães – 47,8 mil habitantes a mais

5. Porto Seguro – 41 mil habitantes a mais

Confira os cinco municípios que reduziram a população em termos absolutos:

• Salvador (-257,6 mil)

• Itabuna (-17,9 mil)

• Candeias (-10,7 mil)

• Camacan (-8,8 mil)

• Ubatã (-8,8 mil)

Confira os cinco municípios que cresceram a população em termos proporcionais:

• Luís Eduardo Magalhães – 79,5% de crescimento

• Nordestina – 48,8%

• Rodelas – 32,6%

• Porto Seguro – 32,3%

• Catolândia – 31,5%

Confira os cinco municípios que reduziram a população em termos proporcionais:

• Caatiba (-45,7%)

• Ubatã (-35,6%)

• Gongogi (-33,6%)

• Santa Cruz da Vitória (-29,9%)

• Novo triunfo (29,2%)

Veja os dez municípios brasileiros com maior população:

• São Paulo (SP) – 11,4 milhões

• Rio de Janeiro (RJ) – 6,2 milhões

• Brasília (DF) – 2,8 milhões

• Fortaleza (CE) – 2,4 milhões

• Salvador (BA) – 2,4 milhões

• Belo Horizonte (MG) – 2,3 milhões

• Manaus (AM) – 2 milhões

• Curitiba (PR) – 1,7 milhão

• Recife (PE) – 1,4 milhão

• Goiânia (GO) – 1,4 milhão

Confira os estados que tiveram menos crescimento populacional:

• Alagoas (0,2%)

• Rio de Janeiro (0,4%)

• Bahia (0,9%)

• Rondônia (1,2%)

• Rio Grande do Sul (1,7%)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está revisitando todos os lugares que ainda apresentam índices altos de entrevistas não realizadas, por ausência dos moradores ou por recusa, para o Censo Demográfico 2022. Segundo o IBGE, nas áreas de favelas e comunidades urbanas, além de ausência e recusa, há outros desafios: muitas vezes não existe endereço, o que dificulta o percurso dos recenseadores e o registro dos domicílios.

“Nas áreas mais densas, a coleta também pode ser dificultada, pois há maiores chances de omissão de domicílios (de fundos ou na laje) por parte do recenseador. Há ainda problemas de acesso e circulação em algumas comunidades por causa de desconhecimento do recenseador e receio do morador em receber [o recenseador]”, informou o instituto.

“Para que todos os domicílios sejam visitados, o IBGE está fazendo ampla divulgação da coleta em favelas e comunidades urbanas, para que os próprios moradores recebam e auxiliem o recenseador, indicando as melhores rotas e o local de moradias”, acrescentou o órgão.

Este mês, o IBGE fechou parceria com o Instituto Pereira Passos (IPP), órgão de pesquisa da prefeitura do Rio, para reduzir o percentual de domicílios que não responderam ao Censo nos aglomerados subnormais da cidade, que está em torno de 9%.

A parceria envolve a contratação de ex-agentes de Territórios Sociais, programa da prefeitura com o ONU-Habitat - Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, em que são realizadas pesquisas domiciliares em grandes favelas do Rio, como Rocinha e Maré.

“Ter informações qualificadas das favelas da cidade é de suma importância para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas, baseado em dados e evidências. Por isso o Censo é tão importante. O IPP já tem uma parceria de longa data com o IBGE e apoiá-lo nessa corrida final é dever da casa”, afirmou, em nota, o presidente do Instituto Pereira Passos, Carlos Krikhtine.

“Com nossa experiência com o Programa Territórios Sociais, formamos recenseadores comunitários muito especializados no território carioca. Além disso, podemos apoiar o IBGE com uma rede de conhecimentos locais institucionais muito potentes”, acrescentou.

Os novos recenseadores trabalharam em fases anteriores do Territórios Sociais e têm experiência com pesquisas domiciliares nas localidades prioritárias. Na semana passada, eles foram treinados pelo IBGE para um conhecimento mais profundo sobre o questionário utilizado no Censo.

“Territórios é um programa que visa encontrar as famílias mais vulneráveis e, por isso, precisa estar diariamente nessas comunidades. Temos uma excelente articulação nesses territórios, os nossos agentes de campo são moradores e conhecem muita gente. Além de disponibilizar uma lista de pessoas experientes para trabalhar, estamos oferecendo todo suporte ao IBGE, deslocando nossos coordenadores de campo para acompanhar as equipes com o objetivo de alcançar as famílias que ainda não responderam ao Censo”, informou, em nota, a coordenadora técnica de Projetos Especiais do IPP, Andrea Pulici.

Desde quinta-feira (16), eles estão indo a campo na última fase da operação censitária, a etapa de apuração, que abrange os trabalhos de análise dos dados coletados. Assim, eles irão buscar por moradores que estavam ausentes no momento da visita ou que se recusaram a responder o questionário.

Data Favela
A pesquisa Data Favela 2023, divulgada sexta-feira (17), mostrou que se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. Segundo o estudo, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país. São estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores.

A pesquisa quantitativa foi realizada entre 6 e 13 de março de 2023 e entrevistou 2.434 moradores de favela distribuídos em todas as regiões do país.

“A favela já é um território claramente invisibilizado e ficar fora do Censo seria aumentar esse cenário, além de não possibilitar que políticas públicas que atuam na redução da pobreza e promoção de oportunidades cheguem nesse território. É exatamente por isso que nós enxergamos que o Data Favela e o IBGE podem trabalhar em parceria para o correto mapeamento das favelas brasileiras pelo Censo”, disse o fundador do Data Favela, Renato Meirelles.

Ele atribui o problema do IBGE em recensear nas favelas à dificuldade de conhecer um território que muitas vezes não tem CEP, rua e saneamento básico. “São locais que estavam fora do mapa. O estigma de medo em relação às favelas também é uma das razões, além da falta da presença do Estado nas favelas”, completou Meirelles.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) abriu processo seletivo para 339 vagas de nível médio. Dessas, 80 oportunidades são na Bahia. As vagas são para Agente de Pesquisas e Mapeamento (319 vagas no total com salário de R$ 1.387,50 e exigência de nível médio de escolaridade) e também são 20 vagas no total para Supervisor de Coleta e Qualidade com salário de R$ 3.100 e exigência de nível médio de escolaridade.

As vagas de Agente de Pesquisas e Mapeamento são para AL, BA, GO, MA, MG, MS, MT, PI, PR, RO, RS, SC e SP. Já para Supervisor de Coleta e Qualidade são para municípios dos estados de MA, MS, MT, PR, RO, RS e SC. Clique aqui e veja o edital.

A jornada de trabalho será de 40 horas semanais, sendo 8 horas diárias. A previsão de duração do contrato é de até 1 ano, podendo ser prorrogado.

Os contratados terão direito a auxílio alimentação e auxílio transporte.Para se inscrever, o candidato deve comparecer ao posto de inscrição do IBGE vinculado à vaga e entregar o formulário de inscrição preenchido e assinado. As inscrições vão desta segunda-feira (6) a sexta-feira (10). Não será cobrada taxa de inscrição.

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O número de casamentos e de divórcios cresceu em 2021, segundo ano de pandemia, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na manhã desta quinta-feira, 16.

Foram registrados 932 mil casamentos em 2021, uma alta de 23,2% em relação a 2020 - uma das explicações pode ser a retomada de realização de cerimônias após o adiamento de festas no auge das medidas de isolamento pelo coronavírus. Apesar do aumento, o número ainda não retornou ao patamar anterior ao da pandemia.

Já o número de divórcios judiciais concedidos em 1ª instância ou por escrituras extrajudiciais chegou a 386,8 mil, com alta de 16,8% frente a 2020. Foi o maior aumento porcentual em relação ao ano anterior desde 2011 (45,4%).

A proporção de divórcios com guarda compartilhada dos filhos menores saltou de 7,5%, em 2014, para 34,5%, em 2021. A Lei nº 13.058, de 2014, passou a priorizar essa modalidade em separações entre casais com filhos menores.

Nascimentos e mortes
A pandemia contribuiu para a redução da taxa de nascimento, segundo os dados do IBGE. Em 2020, a redução do número de nascimentos tinha sido de 4,7%. No ano seguinte, a queda foi menor, mas se manteve (1,6%). Foram 2,6 milhões de nascimentos registrados, o menor total desde 2003.

Em 2021, o número de óbitos no País aumentou 18%, chegando a 1,8 milhão - um recorde na série histórica iniciada em 1974.

Com a continuidade da pandemia, o número de óbitos em 2021 teve um aumento superior ao que já tinha sido observado em 2020 por causa da doença, sobretudo no primeiro semestre, como mostram os dados do IBGE coletados junto aos cartórios de Registro Civil do País.

A análise da série histórica indica que o aumento na quantidade de mortes no período anterior à pandemia, mais especificamente de 2010 a 2019, era de, em média, 1,8% - compatível com a taxa de crescimento demográfico do País, reflexo das alterações na estrutura etária brasileira provocadas pela queda de fecundidade e aumento da longevidade.

No primeiro ano da pandemia, 2020, o aumento do número de óbitos foi significativo. De uma média de 1,8%, saltou para 14,9%. No ano seguinte, o aumento foi de 18,0%. Se comparado o ano de 2021 com o de 2019, houve mais 469.055 mortes ou 35,6%. A elevação foi maior em 2021 praticamente em todas as faixas etárias, exceto no grupo acima dos 70, os primeiros a serem vacinados.

O mês em que foi registrado o maior número de óbitos foi março, com 202.511 mortes contabilizadas. A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, das campanhas de vacinação contribuíram claramente para o recuo da pandemia. A partir de julho de 2021, os números começaram a apresentar uma tendência de queda.

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Em 2023, muitas cidades baianas terão menos recursos financeiros para investir na saúde, em obras de infraestrutura e até na manutenção do número de empregos terceirizados. Ao todo, 101 municípios devem receber menos verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a estimativa é que a perda total chegue a R$ 467 milhões, conforme média da União dos Municípios da Bahia (UPB) com base em dados do Tesouro Nacional.

A explicação está na redução do número de habitantes. O cálculo da distribuição realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) leva em conta o tamanho da população. Quanto maior o número populacional, maior o valor repassado, explica o vice-presidente da UPB, José Henrique Tigre. O FPM é o principal repasse federal para ajuda de custos, e as verbas são de uso livre, ou seja, cada prefeitura pode escolher onde investir.

As 101 cidades registraram diminuição nos habitantes segundo prévia do Censo 2022 divulgada pelo IBGE. Teixeira de Freitas (-16.836), Dias d'Ávila (-14.494) e Candeias (-10.794) foram os que mais perderam população no novo Censo.

Apesar do levantamento oficial, as prefeituras negam que o contingente populacional tenha diminuído e preveem cortes no orçamento. As gestões também reclamam que os coeficientes utilizados no cálculo dos repasses do FPM para 2023 foram definidos pelo TCU em 29 de dezembro de 2022, quando os municípios já tinham cravado o orçamento anual e antes da conclusão do Censo.

O prefeito Danilo Salles, de Várzea da Roça, no Centro-Norte, calcula perda de R$ 6 milhões por ano devido à mudança. A cidade antes contava com 14.135 mil habitantes. Com o novo Censo, o número caiu para 13.043.

A redução do repasse impacta na manutenção de serviços abastecidos pelo FPM, como funcionamento do Hospital Municipal João Sales Rios. “Gastamos R$ 300 mil por mês para manter hospital aberto, R$ 56 mil é pelo SUS [Sistema Único de Saúde] e R$ 250 mil é do município, vou priorizar a saúde mas se não tiver jeito vou fechar e mandar os pacientes para Mairi, onde tem hospital mais próximo”, lamenta.

O repasse também é investido em R$ 33 mil para medicamentos que o SUS não cobre, R$ 12 mil para casas de apoio a pacientes, R$ 30 mil em manutenção de veículos da saúde e R$ 60 mil em combustível para transporte de pacientes, por mês.

“Não há explicação. Estão migrando para onde? Feira de Santana, Capim Grosso e Jacobina, que são cidades no entorno, não tiveram aumento específico. [Sendo que a nossa] é uma queda muito expressiva”, reclama.

Para os gestores municipais, o fluxo de pessoas que moram no município, mas trabalham em outras cidades ou estados, como São Paulo, é uma realidade da região que pode justificar a queda do número populacional. Eles apontam que trata-se de moradores que realizam a migração duas a três vezes por ano e depois voltam para a Bahia, mas que não entraram na pesquisa.

Para não afetar os serviços públicos, o prefeito Júlio Pinheiro, de Amargosa, no Centro-Sul, reuniu o secretariado para fazer cortes internos e tentar cobrir o valor reduzido, de R$ 4 milhões. Caso mesmo assim não atinja o valor da redução, o gestor reconhece que será preciso entrar no corte de equipe de serviços terceirizados podendo atingir também setores da saúde, infraestrutura e serviço social.

“Nos pegou de surpresa, o TCU e IBGE de forma muito irresponsável divulgaram Censo inacabado, inconcluso nos últimos dias do ano passado. Isso quebra qualquer planejamento do município. A gente prepara orçamento […] qualquer receita municipal é prevista com um ano de antecedência. [Por isso], entramos com ação na Justiça Federal”, revela.

A média da UPB é que os 101 municípios terão uma perda de R$ 4,5 milhões, com exceção de Dias D’Ávila, Macaúbas e Umburanas, que perderam dois pontos percentuais de coeficiente do Fundo e a perda será de R$ 9 milhões. Em São Félix, a diminuição na arrecadação culmina em mais de R$ 5 milhões por ano reduzidos do orçamento. Em Campo Formoso, a estimativa é de R$ 7 a 8 milhões. As prefeituras de Teixeira de Freitas, Cruz das Almas e Candeias - cidades com diminuição no repasse conforme lista da UPB - não responderam com valores absolutos até o fechamento da matéria.

Ao CORREIO, o TCU informou que contestações apresentadas pelos municípios serão avaliadas pela Corte. Os questionamentos serão analisados somente em relação ao cálculo e não às estatísticas utilizadas, que são da competência do IBGE e, por definição legal, o TCU não possui qualquer ingerência.

Na esteira, o IBGE defendeu, em nota, a metodologia aplicada e diz que utilizou dados já coletados no Censo 2022, até 25 de dezembro de 2022, (83,9%), combinados com a listagem prévia do Cadastro de Endereços para Fins Estatísticos (Cnefe). “Não procedem as contestações de municípios que defendem a utilização dos dados populacionais desatualizados [...] prevalecem os dados populacionais mais atualizados, no caso, os do Censo Demográfico 2022”, afirma.

Mais de 70 municípios baianos entram na Justiça por conta do FPM
Segundo o vice-presidente da UPB, 75 cidades já entraram com ação judicial com a solicitação de que haja manutenção dos índices do Censo anterior. A expectativa é que a Justiça congele quem perdeu população no novo levantamento, mas mantenha o valor de repasse atualizado para quem ganhou população, antes do dia 10, quando o primeiro repasse do ano será realizado.

“Temos uma proposta de agenda para semana que vem com o Secretário de Assuntos Federativos, André Ceciliano, e com o TCU para discutir a situação. O problema é que como o repasse já é no dia 10 os municípios correm risco de receber valores menores”, diz Tigre, explicando a urgência.

Na manhã da quarta-feira (4), a União dos Municípios da Bahia (UPB) participou de uma reunião com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que apresentou um modelo de ação judicial com pedido de liminar que deve ser impetrada pelos municípios na Justiça Federal, citando o IBGE e a União, que é quem responde pelo TCU.

Na contramão, 30 municípios, a exemplo de Caém, Bom Jesus da Lapa e Barra do Choça vão ganhar receita porque tiveram acréscimo de população e alcançaram um novo coeficiente do Fundo, informa a UPB. O restante se manteve dentro da média do Censo anterior e não terá ganho ou perda no valor a receber.

Confira lista completa de cidades afetadas:
Adustina
Amargosa
Amélia
Andaraí
Antas
Aporá
Aramari
Arataca
Banzaê
Barra
Belmonte
Bom Jesus da Serra
Bonito
Brejões
Brejolândia
Buerarema
Caculé
Caetanos
Caldeirão Grande
Camacan
Camamu
Campo Formoso
Canarana
Candeias
Candiba
Canudos
Catu
Central
Conceição do Almeida
Cotegipe
Cruz das Almas
Dário Meira
Dias d'Ávila
Esplanada
Gandu
Heliópolis
Igrapiúna
Inhambupe
Ipiaú
Ipirá
Itabela
Itaguaçu da Bahia
Itamaraju
Itapebi
Itapetinga
Itiúba
Ituberá
Jaguaquara
Jandaíra
Laje
Livramento de Nossa Senhora
Macaúbas
Maiquinique
Mairi
Malhada
Manoel Vitorino
Maragogipe
Marcionílio Souza
Mascote
Mirangaba
Monte Santo
Mundo Novo
Muritiba
Nilo Peçanha
Nova Canaã
Nova Viçosa
Novo Triunfo
Olindina
Paratinga
Pé de Serra
Pedro Alexandre
Pintadas
Piripá
Piritiba
Planalto
Pojuca
Rio do Antônio
Rio do Pires
Rio Real
Ruy Barbosa
Santa Terezinha
Santaluz
Santo Amaro
São Félix
São Sebastião do Passé
Sátiro Dias
Sebastião Laranjeiras
Serra Dourada
Serrolândia
Simões Filho
Souto Soares
Tapiramutá
Teixeira de Freitas
Tucano
Ubatã
Umburanas
Urandi
Utinga
Valente
Várzea da Roça
Vera Cruz

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Censo 2022 obtidos até o último 25 de dezembro, divulgados e entregues pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira (28). Os números são resultado da coleta do Censo em 4.410 municípios do país (79,2%) e uma combinação de coleta e estimativa nos demais 1.160. Com o processo de recenseamento ainda em andamento, os dados podem ser alterados até março, quando está prevista a conclusão do Censo.

Entre o Censo de 2010 e esta prévia, a população baiana cresceu 4,6%. A taxa obtida coloca a Bahia como o estado com o oitavo menor crescimento entre as unidades da Federação. Segundo a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, o baixo crescimento populacional consolida as tendências já observadas no estado.

“Muitos municípios, principalmente municípios pequenos com menos de 20 mil habitantes, estão com suas populações em queda frente ao dado do Censo 2010. [São] 196 municípios. É um número expressivo, porque são 417 municípios ao total, então temos quase metade com queda de população”, aponta.

A queda populacional nos pequenos municípios baianos pode ter diversas motivações, mas Viveiros afirma que faltam dados, como imigração e mortalidade, para indicar os porquês. Por outro lado, chama atenção o crescimento da população na Região Metropolitana de Salvador, como Lauro de Freitas, Camaçari, Juazeiro, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério, que registraram aumento populacional pelo dinamismo econômico, puxada sobretudo pelo agronegócio, que tem ocasionado cada vez mais migrações, além do menor custo e maior qualidade de vida.

Na contramão do crescimento da Região Metropolitana, a capital da Bahia apresentou queda de 2% na população de habitantes em comparação com o Censo 2010. Salvador se mantém como a quarta capital mais populosa do país com 2,6 milhões de pessoas, atrás apenas São Paulo (46.024.937), Minas Gerais (20.732.660) e Rio de Janeiro (16.615.526), que lideram o ranking.

“Nós percebemos uma perda de importância demográfica da capital, apesar de ela ser a maior cidade da Bahia em termos de população. Isso certamente tem a ver com migração para a região metropolitana e talvez com o impacto da pandemia”, destaca Mariana.

Na lista de 50 municípios mais populosos do país, Feira de Santana, que possui 652.592 habitantes ocupa a 33ª posição do país e a segunda do estado, atrás apenas da capital. Abaixo de Salvador e Feira, Vitória da Conquista segue como o terceiro município mais populoso da Bahia com 387.524 pessoas.

10 municípios mais populosos

1. Salvador – 2.610.987 habitantes

2. Feira de Santana – 652.592 habitantes

3. Vitória da Conquista – 387.524 habitantes

4. Camaçari – 334.195 habitantes

5. Juazeiro – 244.406 habitantes

6. Lauro de Freitas – 220.437 habitantes

7. Ilhéus – 197.163 habitantes

8. Itabuna – 185.500 habitantes

9. Barreiras – 165.413 habitantes

10. Porto Seguro – 158.736 habitantes

10 municípios menos populosos

1. Santa Cruz da Vitória – 4.672 habitantes

2. Aiquara – 4.566 habitantes

3. Lajedão – 4.550 habitantes

4. Cravolândia – 4.445 habitantes

5. Dom Macedo Costa – 4.418 habitantes

6. Gavião – 4.357 habitantes

7. Lajedinho – 4.102 habitantes

8. Lafaeite Coutinho – 4.044 habitantes

9. Ibiquera – 3.722 habitantes

10. Catolândia – 3.480 habitantes

Disque-Censo

Até o dia 27 de dezembro deste ano, 87,1% da população estimada na Bahia foi recenseada, e 82,4% das áreas de trabalho (setores censitários) já tinham sido totalmente coletadas.

Em 163 dos 417 municípios do estado onde todos os setores censitários já foram coletados, moradores de domicílios nos quais nenhum representante respondeu ao Censo 2022 podem ligar para o Disque-Censo, pelo número 137, informar a situação e solicitar a visita de um recenseador ou recenseadora.

Dentre as maiores cidades da Bahia onde o Disque-Censo já está funcionando, estão Dias d’Ávila, Cruz das Almas, Caetité, Catu, Tucano e Jaguaquara.

O Disque-Censo vem sendo disponibilizado de forma gradativa, de acordo com o andamento da coleta em cada local. A lista continuamente atualizada dos municípios onde ele está em atividade pode ser consultada aqui.

A ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer telefone fixo ou celular de segunda a sexta-feira das 8h às 21h30.

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A expectativa de vida dos baianos aumentou, mas o resultado não é muito animador quando observado o contexto. Em média, os meninos e meninas que vieram ao mundo em 2021 vão viver 2 meses mais que aqueles que nasceram em 2020, e podem alcançar os 74 anos e seis meses de vida. Porém, eles vão viver 2 anos e meio a menos que a média nacional que é de 77 anos. A Bahia tem a 9ª expectativa de vida mais baixa do Brasil.

Segundo a pesquisa Tábuas Completas de Mortalidade de 2021, divulgada nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os baianos caíram no ranking nacional pelo segundo ano consecutivo.

Entre 2014 e 2019, o estado manteve a 11ª posição, mas em 2020, ano da pandemia, foi ultrapassado pelo Tocantins (TO), caindo para o 10º lugar. Em 2021, foi a vez de a Paraíba (PB) passar na frente, empurrando os baianos para o 9º degrau.

O estado manteve a segunda maior diferença de expectativas de vida entre mulheres e homens no país. A pesquisa mostrou que ela vivem em média 9,3 anos a mais que eles, abaixo apenas de Alagoas, onde as mulheres tinham expectativa de viver, em média, 9,5 anos a mais que os homens.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, ficou em -0,17% na Região Metropolitana de Salvador em setembro, em uma segunda deflação seguida. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (27) pelo IBGE. Os preços foram coletados entre 13 de agosto e 14 de setembro.

Essa segunda queda seguida teve ritmo menor do que frente a agosto, quando o IPCA-15 ficou em -0,82%. Esse foi o maior recuo do índice em um mês de setembro desde 2018, aponta o IBGE. O indicador na RMS ficou acima da média do país (-0,37%) e é o quarto maior entre as 11 áreas pesquisadas.

Com o resultado, a inflação da RMS tem alta de 5,75% nesse ano até aqui. O índice está acima do Brasil (4,63%) e é a segunda maior prévia da inflação no país, abaixo apenas do Rio (5,83%).

Considerando os 12 meses encerrados em setembro, a prévia da inflação da RMS segue a mais alta do país (9,72%).

Produtos
A deflação na RMS em setembro teve destaques para quedas no setor de transportes (-2,66%) e de comunicação (-3,09%).

Nos transportes, a principal influência foi a deflação nos combustíveis, com queda de 8,62%, em especial a gasolina.

Já o grupo comunicação teve a maior deflação nos 22 anos da série histórica do IBGE, que começou em 2000. O recuo foi puxado pelos preços do acesso à internet, com queda de 13,17%.

No sentido inverso, sete grupos analisados na RMS tiveram altas. As principais pressões para aumento da inflação vieram do grupo de saúdes e cuidados pessoais (1,05%) e alimentação e bebidas (0,47%). Ambos, contudo, aumentaram menos em setembro do que em agosto.

No setor de alimentos, os destaques para alta são o queijo (3,62%) e o leite
longa vida (2,47%). Já nos cuidados pessoais, as pressões vieram dos planos de saúde (1,07%) e medicamentos em geral (1,13%).

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