Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

Drones

O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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Quinta, 15 Fevereiro 2024 15:29

Começa vacinação contra dengue em Salvador

A cidade de Salvador vai iniciar a vacinação contra a dengue nesta quinta-feira (15). O primeiro lote do imunizante, com 56.493 doses chegou na capital baiana nesta manhã.

Essa primeira fase na capital baiana contemplará com o esquema primário os pré-adolescentes entre 10 e 11 anos; com o recebimento de novos lotes o público será ampliado gradativamente. Nessa faixa etária, a cidade conta 87.307 pessoas. Em dezembro do ano passado, o Brasil incorporou a vacina no SUS, tornando-se o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

O pontapé inicial da vacinação será às 14h na sede da OAF – Organização de Auxílio Fraterno, que fica na Rua do Queimado, na Liberdade. Já a partir de amanhã, sexta-feira (16), a vacinação acontecerá em 30 unidades de saúde de referência, distribuídas pelos 12 distritos da cidade, das 08 às 16h.

“Salvador está na contramão do Brasil que entrou em alerta para o aumento de casos de dengue, graças a uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses que promovemos ao longo dos últimos meses na nossa cidade. Intensificamos as atividades de monitoramento e prevenção, bem como reforçamos a conscientização sobre prevenção junto à população. A inclusão da vacina da dengue é mais ferramenta de extrema importância no SUS para se evitar casos graves da doença, principalmente óbitos. Com o avanço da imunização, esperamos que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenível, mas o enfrentamento contra o mosquito Aedes deverá continuar sendo prioridade de cada cidadão”.

Para receber a dose, deve ser apresentado documento de identificação com foto, cartão SUS de Salvador e caderneta de vacinação. Vale destacar que a aplicação será feita somente na presença dos pais ou responsável legal, garantindo um acompanhamento adequado e a segurança das crianças e adolescentes. Para a vacinação nas escolas, as crianças deverão portar documento de autorização dos pais e ou responsáveis.



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Em visita ao Brasil, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta quarta-feira (7) que o surto de dengue registrado no país faz parte de um grande aumento de casos da doença em escala global. Segundo ele, foram relatados, ao longo de 2023, 500 milhões de casos e mais de 5 mil mortes em cerca de 80 países de todas as regiões, exceto a Europa.

Durante a cerimônia de lançamento do programa Brasil Saudável, Tedros lembrou que o fenômeno El Niño, associado ao aumento das temperaturas globais, vem contribuindo para o aumento de casos de dengue no Brasil e no mundo. O diretor-geral da OMS comentou ainda a vacinação contra a doença e disse que o país tem uma capacidade gigantesca de produção de insumos desse tipo.

“O Brasil está fazendo seu melhor. Os esforços são em interromper a transmissão e em melhorar o controle da doença”, disse. “Temos a vacina e isso pode ser usado como uma das ferramentas de combate”, completou.

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O Ministério da Saúde informou que 521 municípios brasileiros foram selecionados para iniciar a vacinação contra a dengue via Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de fevereiro. As cidades compõem um total de 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença.

Acesse a lista completa - Regiões de Saúde Atendidas em 2024 — Ministério da Saúde (www.gov.br)

As regiões selecionadas atendem a três critérios: são formadas por municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; registram alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e têm maior predominância do sorotipo DENV-2. Conforme a lista, 16 estados e o Distrito Federal têm cidades que preenchem os requisitos.

A pasta confirmou ainda que serão vacinadas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalizações por dengue. Os números mostram que, de janeiro de 2019 a novembro de 2023, o grupo respondeu por 16,4 mil hospitalizações, atrás apenas dos idosos, grupo para o qual a vacina não foi autorizada.

“A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no último sábado. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica.”

“Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro. Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.”

O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público. A Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, foi incorporada ao SUS em dezembro do ano passado, após análise da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento científico recomendando a vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda como escolha preferencial para imunizar crianças e adolescentes. A Anvisa deu o aval para o registro da Qdenga em território brasileiro em março.

Esse imunizante está liberado para ser aplicado em crianças com mais de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos de idade - são duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Em estudos clínicos, ele demonstrou 80% de eficácia contra a dengue

A SBP lembra que a Qdenga é uma vacina composta por vírus vivos atenuados que ajuda na prevenção da dengue causada por qualquer um dos quatro sorotipos existentes (1, 2, 3 e 4). Ela pode ser administrada independente de exposição anterior do paciente à doença e sem necessidade de teste pré-vacinação.

Há outra vacina contra a dengue licenciada no Brasil: é a Dengvaxia, da farmacêutica Sanofi. Ela é recomendada no esquema de três doses para crianças, adolescentes e adultos, contemplando a faixa etária dos 6 aos 45 anos. Só que deve ser usada somente em que já teve a confirmação de uma infecção prévia por dengue.

Daí porque a entidade médica aconselha a escolha pela Qdenga. "A SBP sugere o uso preferencial da vacina Qdenga pelo esquema posológico mais conveniente (menor número de doses e término do esquema vacinal em menor tempo) e pela não necessidade de comprovação de infecção prévia pela dengue para sua administração", resume, em documento.

A SBP recomenda a vacinação para todas as crianças e os adolescentes a partir dos 4 anos, independente de já ter enfrentado a doença. Diante da escassez de dados sobre segurança e imunogenicidade, no momento, "não é recomendado realizar intercâmbio de doses entre as diferentes vacinas", acrescenta o documento.

Quem não deve se vacinar

A SBP reforça que ambas as vacinas são contraindicadas para gestantes, mulheres que amamentam e imunocomprometidos e para indivíduos com hipersensibilidade a substâncias contidas no imunizante.

"A vacinação com Qdenga deve ser adiada em pacientes que apresentem doença febril aguda. A presença de uma infecção leve, como um resfriado, não deve resultar no adiamento da vacinação", aponta o documento.

Onde encontrar

A vacina contra a dengue da Takeda é oferecida em clínicas particulares. Segundo levantamento feito em julho pelo Estadão com quatro estabelecimentos da capital paulista, o valor da dose varia entre R$ 425 e R$ 478 - o esquema completo de vacinação é feito com duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. O valor pode variar de acordo com o Estado por causa das diferentes cargas tributárias.

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O índice de ocorrências de dengue na Bahia tem causado preocupações entre a população. Entre janeiro e julho, o número de casos da forma grave da doença já é 168% maior que o mesmo período do ano passado: de janeiro a julho, foram 670 casos, enquanto, em 2022, foram 250. A informação é da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia.

Para Márcia São Pedro, diretora da Vigilância Epidemiológica, o combate à dengue depende de uma ação intersetorial. “O município tem o papel de verificar o índice de infestação, realizar limpeza urbana, identificar e tratar focos no município. O inseticida é sempre fornecido pelo Ministério aos municípios, então não tem falta, o município pode, sim, tratar. E tem o papel da população, que é ter cuidado, não acumular água e deixar os vasilhames fechados, por exemplo, para que possamos prevenir. E o estado continua fazendo a vigilância ativa e dando todo o suporte necessário”, afirma.

Uma das pessoas que sofreu com os sintomas intensos foi Guilherme Almeida, de 12 anos. Quando ele começou a sentir fortes dores de cabeça, sua mãe, Ana Carla Santos, 40, logo levou o jovem à emergência, onde os médicos disseram se tratar de uma virose, comum no fim do verão. Entretanto, como a desconfiança permanecia, ela resolveu solicitar um exame de dengue, e lá teve a resposta: o caso de Guilherme era dengue hemorrágica. Em uma só semana, o jovem foi parar na UTI, onde ficou por quatro dias, com soro na veia o dia inteiro e as plaquetas cada vez mais baixas.

“Ele ficou muito debilitado, mal podia se levantar para ir ao banheiro porque não conseguia andar. Foi um imenso susto. As médicas e enfermeiras foram ótimas, mas creio que meu filho foi salvo por um milagre”, diz Ana Carla.

Variação perigosa

A dengue hemorrágica é uma das variações mais perigosas da doença, podendo levar a óbito caso não seja identificada a tempo. Ela é transmitida da mesma forma que a chamada dengue clássica, por picadas do mosquito Aedes Aegypti. O vírus não é transmitido por alimentos e nem por contato direto com alguém que foi contaminado ou suas secreções.

Nos primeiros sete meses do ano, foram registradas dez mortes por dengue na Bahia. Dessas, nove foram registradas pelo Boletim Epidemiológico de Arboviroses da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), publicado em 1º de julho. A última morte foi divulgada ontem, no município de Alagoinhas, a 120 km de Salvador, e está sendo investigada pela Vigilância Epidemiológica.

Até o momento, oito cidades baianas tiveram óbitos por dengue. São elas: Feira de Santana, Jandaíra, Campo Alegre de Lourdes, Mucuri, Boninal, Mirante, Vitória da Conquista e Alagoinhas.

Entre as mortes consideradas pela Sesab, uma foi classificada pela Câmara Técnica como dengue hemorrágica, duas como febre hemorrágica devido ao vírus da dengue, e os outros seis óbitos transitam entre dengue e dengue grave.

Apesar de serem usados, muitas vezes, como sinônimos, a dengue grave e a dengue hemorrágica têm diferenças. “A gravidade da dengue não é definida apenas pela existência de hemorragias, outras condições também se colocam como gravidade. Por exemplo, um choque, transtornos neurológicos, todos os agravos associados. Por esse motivo, a gente utiliza hoje a nomenclatura dengue grave, porque a dengue grave pode, sim, ter hemorragia, mas ela pode também ter outros problemas”, afirma Márcia, diretora da Vigilância Epidemiológica do Estado.

Sangramentos

Gúbio Soares, coordenador do Laboratório de Virologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que os sintomas de dengue hemorrágica são quase os mesmos da dengue comum. “A grande diferença é que, quando a febre diminui, por volta do terceiro ou quarto dia, surgem hemorragias que causam sangramento de vaso na pele e nos órgãos internos. O quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória, e surgem sinais de alerta, como dores abdominais fortes e contínuas, vômito persistente, pele pálida, fria e úmida, sangramentos pelo nariz, boca e gengiva, manchas vermelhas na pele e comportamento variando entre sonolência, agitação e confusão mental”, afirma.

Ana Carla, mãe de Guilherme, explica que foi o alto número de pessoas com dengue ao seu redor e a falta de cuidados que percebeu na casa vizinha à sua, com grama alta e uma piscina sem uso, que a fizeram ficar alerta para o caso do filho. “Aqui na nossa casa, a gente está sempre fazendo a higienização com água sanitária, sempre observando. O pessoal da dengue visita a gente, nós abrimos as portas, estamos sempre atentos”, conta.

Segundo Soares, o processo após o diagnóstico é uma corrida contra o tempo. “Se não for detectado, o indivíduo morre. Não existe um tratamento específico. O médico deve observar que [a doença] está evoluindo para a dengue hemorrágica, fazer uma reposição de líquido para evitar desidratação e iniciar medidas paliativas no hospital, para evitar que o indivíduo com sangramento vá a óbito”, diz.

Em Salvador, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram identificadas 19 ocorrências de dengue hemorrágica em 2023. Um dos casos foi o de Yasmin Cerqueira. A professora de 23 anos contraiu dengue hemorrágica no início do mês passado e, a princípio, não teve sintomas; descobriu a doença ao fazer um exame de rotina e constatar que suas plaquetas estavam muito abaixo do esperado.

A doença passou a se manifestar ao longo de quinze dias: nesse período, dor de cabeça e hemorragias na perna se tornaram comuns. “Eram muitas manchas roxas nas pernas, e as plaquetas baixaram extremamente. Agora, eu estou fazendo uso de corticóide para melhorar a situação dessas plaquetas e usando muito repelente”, relata.

Ocorrências pela Bahia
De acordo com a Sesab, vinte municípios baianos estão, hoje, em epidemia de dengue. São eles: Salvador, Feira de Santana, Acajutiba, Maracás, Aiquara, Mascote, Boninal, Matina, Camaçari, Nova Canaã, Conceição do Almeida, Novo Horizonte, Crisópolis, Rio Real, Rodelas, Governador Mangabeira, Iraquara, Santo Antônio de Jesus, Itagi e Uruçuca. Essa classificação é definida com base na situação das cidades nas últimas quatro semanas epidemiológicas.

Em Feira de Santana, o número de óbitos por dengue grave chegou a quatro no último sábado (8). A vítima mais recente foi um adolescente de 13 anos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade.

Segundo a SMS, foram registrados 806 casos de dengue este ano, sendo 662 comuns, 136 com sinais de alarme e oito de dengue grave.

A primeira morte por dengue grave no município ocorreu em abril e foi também de um adolescente, de 14 anos, que deu entrada na UPA do bairro Queimadinha apresentando sintomas como febre e vômito. Ele chegou a receber alta, mas voltou à unidade e teve a piora do caso constatada. O jovem chegou a ser entubado, mas não resistiu.

As duas outras mortes por dengue grave no município ocorreram no mês passado, sendo uma mulher de 20 anos e um homem de 36. As equipes dos agentes de endemias intensificaram a eliminação de criadouros do mosquito Aedes Aegypti na localidade em que essas pessoas residiam, a fim de reforçar a proteção dos familiares.

Outras arboviroses
Além dos dados sobre a dengue, o Boletim Epidemiológico da Sesab traz informações sobre a Chikungunya e a Zika, também arboviroses, ou seja, doenças causadas por vírus transmitidos, sobretudo, por mosquitos.

De acordo com o Boletim, nos sete primeiros meses de 2023 foram notificados 12.388 casos prováveis de Chikungunya no estado, o que equivale a uma melhora de 23% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram notificados 16.085 casos prováveis. Até o momento, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) não há óbito confirmado para a doença.

Já em relação à Zika, foram registrados 1.495 casos prováveis na Bahia. No mesmo período de 2022, foram notificados 881 casos prováveis, o que representa incremento de 69,7%. Também não foram confirmados óbitos para Zika em 2023.

Onde encontrar exames
A recomendação da Vigilância Epidemiológica é que, ao notar os sinais, as pessoas procurem a unidade de saúde mais próxima para receber orientações e fazer o exame. Entre os sintomas suspeitos, estão febre e dores de cabeça, no corpo ou nas articulações.

Em casos graves, sintomas como dor intensa e contínua na barriga, vômitos persistentes, queda de pressão, sensação de desmaio, aumento do fígado e sangramento das mucosas devem ser motivos de alerta. Nessas situações, o paciente deve procurar imediatamente as UPAs e Policlínicas Municipais.

Em Feira de Santana, o exame para diagnóstico de arboviroses também está disponível no Ambulatório Municipal de Infectologia, localizado na Rua Professor Fernando São Paulo, nº 911, bairro São João. Para ter acesso, o paciente deve apresentar guia de solicitação, documento de identidade e cartão SUS.

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Os casos de dengue grave na Bahia nos três primeiros meses deste ano já correspondem a mais da metade (55%) de todos os registros da doença no ano passado. Até a segunda-feira (27), 185 formas graves haviam sido diagnosticadas, enquanto que em todo o ano de 2022 foram 337. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). O crescimento acelerado do número de implicações acende o alerta para o surto da doença, especialmente entre os meses de março e abril, quando ocorre o pico de transmissão do mosquito Aedes aegypti.

A denominação “dengue hemorrágica” para tratar a forma mais grave da doença entrou no vocabulário brasileiro, mas especialistas alertam que devemos ter cuidado com o termo. Nem todo quadro grave de dengue causa alterações na coagulação sanguínea. Na prática, a doença pode ser letal para um paciente mesmo que o quadro não seja considerado hemorrágico.

O que diferencia a dengue “clássica”, que tem duração de cinco a sete dias, das complicações causadas pela forma grave é a resposta de defesa do organismo. Pacientes que já tiveram um dos quatro tipos têm mais chances de complicações em casos futuros. Uma nova vacina para a doença foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não há previsão de quando estará disponível.

“O vírus estimula o sistema imunológico a produzir interleucinas, que são substâncias que alteram a parede vascular dos vasos sanguíneos. Quanto mais intensa a produção, maior a chance de quadros mais graves”, explica a infectologista Áurea Paste. Em casos graves, o paciente é internado para receber hidratação venosa e medicamentos.

O último boletim de arboviroses (doenças virais transmitidas por mosquitos) divulgado pela Sesab aponta que o coeficiente de incidência (CI) de dengue na Bahia é de 55,9 casos a cada 100 mil habitantes. O número é o maior dos últimos cinco anos para este período e representa um aumento de 59% em relação ao ano passado.

Embora a notificação de casos seja compulsória, a Sesab não divulgou o número de casos de dengue do primeiro trimestre dos três últimos anos pedidos pela reportagem. A secretaria só informou os registros totais de casos em 2022, 2021 e 2020. A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) também não divulgou o número de casos da doença.

Neste mês, o colégio Montessoriano, em Salvador, enviou um comunicado aos pais e responsáveis depois que um aluno desenvolveu a forma mais grave da doença. No documento, a escola alerta sobre o aumento do número de casos e lembra os cuidados para evitar a transmissão do Aedes aegypti. A reportagem entrou em contato com a direção pedagógica da instituição, que não comentou o assunto.

O surto de dengue não é exclusividade da Bahia. Os casos aumentaram 53% no Brasil entre janeiro e março, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Mais de 53 mil casos prováveis foram registrados apenas neste ano. No último domingo (26), foi ao ar no Domingão com o Huck um programa com paulista Jhonathan Wiliantan da Silva, que faleceu dias após a gravação vítima de dengue grave.

Sintomas
Até o terceiro dia de sintomas, é difícil identificar se a dengue será clássica ou se o quadro de saúde vai evoluir para a forma grave da doença. Nos dois casos, as manifestações iniciais são dor de cabeça e nos olhos, cansaço, dores musculares e náuseas. Por isso, é importante que o paciente seja acompanhado por uma equipe médica atenta a mudanças nos desdobramentos da doença.

“O agravamento costuma ocorrer entre o terceiro e sétimo dia, com sinais como tontura, sonolência, desmaio e dor na barriga. Em alguns casos pode ocorrer sangramento gengival, fezes escurecidas ou vômitos com sangue”, explica Viviane Boaventura, pesquisadora da Fiocruz-Bahia e professora da Faculdade de Medicina da Ufba.

Em casos muito graves, ocorre queda ou ausência de pressão arterial, episódio conhecido como “choque”. Segundo a pesquisadora Viviane Boaventura, idosos acima de 70 anos e crianças devem receber atenção especial, mas todos os pacientes devem observar os sinais de agravamento.

No caso de Ailma Monique Barreto, de 24 anos, os médicos não foram capazes de identificar a gravidade da doença nos primeiros sinais. A jovem precisou ir à emergência do hospital duas vezes até que fosse internada por uma semana. Apesar de não ter tido sangramentos, Ailma teve plaquetopenia - diminuição do número de plaquetas no sangue.

“Tive muita febre e dor nas articulações, mas os médicos não diagnosticaram a dengue no início. No segundo dia, senti dores tão fortes que não conseguia nem andar direito, foi quando apareceram as manchas vermelhas embaixo dos olhos”, relembra a estudante. O caso ocorreu em 2015.

Estoque de inseticidas de combate ao mosquito segue em baixa na Bahia

Mesmo após a divulgação, pelo jornal CORREIO, de que apenas 43 litros de inseticidas usados no combate ao mosquito estavam disponíveis na Bahia, o estoque central do produto continua baixo. Apesar de não ter dado detalhes, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) admitiu o problema e afirmou que os Núcleos Regionais de Saúde possuem aproximadamente dois mil litros. Os núcleos recebem os insumos do estoque central.

A falta do inseticida se deve à ausência do Imidacloprida + Praletrina, as substâncias usadas nos carros de 'fumacê' em áreas com alta incidência de casos de dengue. A última remessa ocorreu em julho de 2022 pelo Ministério da Saúde, que não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre quando será feita uma nova remessa. A Sesab reforça ainda que o produto representa a última linha de combate ao mosquito.

Para conter a disseminação acelerada do mosquito e agravamento da condição sanitária, é preciso manter os cuidados básicos. O principal é evitar recipientes com água parada, local de proliferação do Aedes aegypti. Por isso, especialistas indicam que semanalmente pontos da casa sejam revisados como lixeiras, vasos sanitários e vasilhas para animais.

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A cidade de Salvador e o estado da Bahia encaram mais um surto de dengue. Entre janeiro e março deste ano, a capital baiana registrou 1.066 casos da doença, o que representa um aumento de 773% em relação ao mesmo período do ano passado - quando 122 casos foram notificados. No estado, a situação também é grave: foram 9.925 casos de dengue em dois meses e um aumento de 55% em relação ao ano anterior. Ao menos 36 municípios baianos estão em situação de epidemia.

Os surtos de dengue ocorrem quando as condições climáticas são favoráveis para a proliferação do mosquito que transmite a doença, o Aedes aegypti. É de praxe que os casos aumentem em Salvador entre março e abril, quando o clima está quente e úmido. Mas não é só isso. Especialistas ouvidos pela reportagem analisam que a pandemia influenciou o crescimento considerável de pessoas doentes.

Durante mais de dois anos, pouco se falou sobre as arboviroses - doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos. A atenção da sociedade e dos governantes estava voltada para a disseminação da covid-19 e campanhas contra doenças transmitidas pelo Aedes não tiveram o impacto necessário para evitar mais um surto, analisa o virologista e pesquisador Gúbio Soares.

“Todos os agentes de saúde estavam voltados para a pandemia, não se podia visitar as casas das pessoas e as campanhas foram praticamente suspensas. Durante dois anos houve uma proliferação excessiva do mosquito”, pontua.

Apesar do descuido, o fator climático tem um peso importante. Os distritos sanitários do Subúrbio Ferroviário, Pau da Lima e Cabula/Beiru são os que historicamente registram mais casos da doença. “Salvador e a Bahia como um todo estão tendo altas temperaturas com chuvas em algumas regiões. O calor intenso e o acúmulo de água favorecem a proliferação dos mosquitos”, completa.

Os dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) e Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), dizem respeito aos casos prováveis da doença. Isso significa que são pessoas que tiveram os sintomas compatíveis, mas não houve confirmação laboratorial.

Estado
Na Bahia, entre o primeiro dia do ano e 11 de março, foram notificados mais de 9,9 mil casos prováveis. No mesmo período do ano passado, haviam sido 6.371. Duas mortes foram registradas e o coeficiente de incidência (CI) é de 67 doentes a cada 100 mil habitantes. As cidades que possuem mais notificações de dengue proporcionais ao número de moradores são: Vereda (148), Lençóis (250), Piripá (218), Itapé (164) e Ibipitanga (255).

Como o período mais quente e chuvoso do ano vai continuar até abril, especialistas concordam que o número de casos deve crescer, especialmente se medidas de controle não forem colocadas em prática. Atualmente, 900 agentes comunitários de Salvador atuam na visita de casas e monitoramento de água parada.

O ritmo frenético de contaminação de dengue não é restrito à Bahia. Entre janeiro e fevereiro, o Brasil registrou 160 mil casos - um aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2022.

A cidade de Espírito Santo registrou ao menos nove mortes em decorrência da dengue, em Minas Gerais foram seis. Rondônia registrou mais de mil pacientes confirmados em janeiro, 40% a mais que em todo o ano passado.

Sintomas
Morador de Feira de Santana, Arthur Matos, 23, foi à emergência de um hospital na cidade na última quarta-feira (15) quando começou a ter os primeiros sintomas de dengue. “Tive febre alta, minhas pernas e costas doíam muito. Também tive muita dor no olho, como se alguém estivesse apertando. A dor de cabeça também não passava com nenhum remédio”, conta.

Mesmo com todos os indicativos, o médico que o consultou pediu que ele retornasse após seis dias de sintomas para que um exame de sangue crave se Arthur de fato está com dengue. Enquanto isso, ele toma remédio para conter os sintomas.

A dengue pode evoluir para casos graves, por isso, é importante ficar atento aos sinais e procurar um médico logo nos primeiros dias de sintomas. “Normalmente as arboviroses causam febre, fraqueza e dor de cabeça. A zika dá um quadro menos intenso e com manchas no corpo. A característica principal da Chikungunya é muitas dores no corpo”, especifica Gúbio Soares.

Zika e Chikungunya
Assim como a dengue, os casos de zika também crescem e em ritmo ainda mais acelerado. Já são 332 registros da doença no estado neste ano, contra 182 no mesmo período de 2022. O incremento é de 82%. Segundo a secretaria estadual de Saúde, 42 municípios baianos realizaram notificações para o agravo da doença. Piripá, Itapé e Ituberá são as cidades com mais casos registrados.

“O ideal seria que o estado não tivesse nenhum caso de zika porque é muito perigoso para a população, principalmente para mulheres grávidas e que planejam engravidar. Não sabemos a intensidade da circulação em Salvador”, analisa Gúbio Soares, que é o descobridor do vírus no Brasil. Em 2015, houve uma explosão de casos de microcefalia em crianças associadas ao zika vírus.

Na contramão da curva ascendente, outra doença transmitida pelo Aedes aegypti registra diminuição de casos na Bahia. Entre 1º de janeiro e 11 de março, foram notificados 3.769 casos de chikungunya. O número representa uma diminuição de 25% em comparação com o ano passado, quando 5.839 registros foram feitos no mesmo período.

Mas se o mesmo tipo de mosquito é responsável pela transmissão dos três vírus, como é possível que uma das doenças esteja em queda enquanto outras crescem em incidência?

Apesar de não haver resposta definitiva para essa pergunta, estudos indicam que o cenário por ter ligação com a imunidade da população. As doenças virais se espalham com mais facilidade onde os moradores não estão imunes, como lembra Viviane Boaventura, pesquisadora da Fiocruz Bahia e professora da Faculdade de Medicina da Ufba.

“A chikungunya parece conferir uma proteção mais duradoura, com anticorpos circulando por longo período após a infecção. Assim, se uma região sofreu uma epidemia recente, é esperado que parte da população esteja protegida, o que reduz a chance do vírus se espalhar”, explica Viviane Boaventura. Nenhuma morte por zika e chikungunya foram registradas este ano no estado.

Obras Sociais Irmã Dulce participaram da criação da vacina contra a dengue

Na quinta-feira (2), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma nova vacina para a prevenção da dengue. A Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda., é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus, conferindo uma ampla proteção. O Centro de Pesquisa Clínica das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) está entre os cinco núcleos do país responsáveis pelos ensaios clínicos que levaram à aprovação.

O imunizante é o único contra a dengue aprovado no Brasil para a utilização em pessoas que não tiveram exposição anterior à dengue e sem necessidade de teste pré–vacinação. A vacina é indicada para indivíduos de 4 a 60 anos de idade. Apesar da boa notícia, uma longa caminhada deverá ser percorrida até que o imunizante seja largamente disponibilizado.

Para que isso aconteça, a vacina deve ser analisada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), que define um preço teto da vacina. Na sequência, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) analisará a incorporação na rede pública de saúde. Ou seja, o imunizante deve ser disponibilizado inicialmente em clínicas particulares.

Questionado, o Ministério da Saúde (MS) não deu prazo para que as análises sejam realizadas e disse apenas que o Conitec considera aspectos como eficácia, efetividade, segurança e impacto econômico.

Quem participou do longo processo para que a vacina fosse finalizada, comemora o passo importante para a erradicação da doença no país. O infectologista Edson Moreira, coordenador do Centro de Pesquisa Clínica das Obras Sociais Irmã Dulce, ressalta as dificuldades para a elaboração do imunizante.

“A vacina para dengue é um grande desafio porque a doença é causada por quatro subtipos de vírus. Nós tivemos que despertar uma resposta imune que fosse capaz de proteger os quatro tipos”, afirma o médico pesquisador. Para que a eficácia fosse suficiente, uma técnica conhecida foi utilizada.

“Nós utilizamos a técnica do tipo dois do vírus vivo atenuado, que confere segurança à população. Vacinas contra o sarampo e a rubéola são feitas da mesma forma”, explica Edson Moreira.

Violência dificulta o combate do mosquito em Salvador

Enquanto a vacina contra a dengue não chega à população, o combate ao Aedes aegypti continua sendo a forma mais eficaz para controlar os casos de dengue, zika e chikungunya. Porém, em Salvador, a saúde pública enfrenta um empecilho cruel: a violência urbana.

A meta da Secretaria Municipal de Saúde é que ao menos 80% dos domicílios da capital baiana sejam fiscalizados anualmente. Para isso, os agentes deveriam frequentar cada residência seis vezes ao ano, sendo uma visita a cada mês. A violência, no entanto, dificulta que os funcionários circulem em locais onde há conflitos armados.

“Todos os dias nós somos informados que não tem como trabalhar em certos locais por conta de conflitos e os agentes precisam ir para outras áreas. É difícil conseguirmos completar todos os ciclos por conta disso”, afirma Cristina Guimarães, subgerente de arboviroses.

Apesar do árduo trabalho dos agentes, o trabalho de prevenção é coletivo. “A gente pede para que o morador faça uma inspeção semanalmente em casa e evite recipientes com água parada”, completa.

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Quinta, 26 Janeiro 2023 10:33

Casos de dengue na Bahia aumentam 43%

Os indicadores da proliferação da dengue na Bahia voltaram a ligar o alerta de médicos especialistas. No total, foram 35.644 casos em 2022, o que representa um aumento de 43% em relação aos indicadores de 2021, quando 24.761 baianos tiveram a doença. Os dados são de um balanço da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Dentre os casos, 261 (0,5%) foram identificados como Dengue com Sinais de Alarme (DSA) e 52 (0,1%) como Dengue Grave (DG).

Maria Glória Teixeira, epidemiologista e professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), diz que a situação é perigosa. ”Estamos muito preocupados com a situação das arboviroses [categoria de doenças na qual a dengue se encaixa, junto com zika e chikungunya]. Principalmente da dengue porque aumentou muito na Bahia. Foi muito mais do que nos dois anos anteriores [2020 e 2021]. E como estamos no Verão, o pico das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, que é entre março e abril, já está por vir”, fala.

Para o infectologista Matheus Todt, a situação é ainda mais complicada por conta dos casos que não são registrados no sistema da Sesab. ”O cenário mostra-se ainda mais sombrio quando consideramos que as arboviroses são subnotificadas. Isso pode representar um aumento expressivo dos óbitos por dengue, de sequelas por chikungunya e de malformações, como a microcefalia, pela zika”, aponta.

Os dados de aumento de ocorrências da doença já representam um crescimento nas mortes. No total, 24 pessoas morreram em decorrência da doença no ano passado. Desde 2019, ano em que houve registro de 40 óbitos, não se notificava tantos falecimentos em virtude da dengue. Em 2020, foram 13 e, no ano passado, quatro. A reportagem procurou a Sesab para saber se já planeja ações para combater o avanço da arbovirose e se a situação atual preocupa, mas não recebeu retorno até o fechamento da edição, às 23h.

Procurado, o Conselho Estadual de Saúde (CES) informou que acompanha a situação com apreensão. O presidente do CES, Marcos Sampaio, pediu iniciativas para conter a proliferação da dengue. "Esses aumentos no número de casos e óbitos trazem uma preocupação grande para o conselho. Acredito que a gestão estadual deve entrar em alerta para os casos. Precisamos ter uma compreensão de que, no período do Verão, é preciso ter ações conjuntas orientadas pelo estado”, afirma.

O CES indica campanhas para falar dos cuidados necessários e medidas para não contribuir com a proliferação da doença. Isso para que a população faça sua parte e, neste verão, não aconteça um novo aumento dos registros.

Regiões críticas
As regiões Sul com 12.405 (21,6%) casos e a Sudoeste com 8.686 (15,1%) dos registros são as áreas onde a doença mais se desenvolveu. Ao comentar a situação, Maria Glória, diz que se trata de um cenário complicado porque a incidência da Dengue, na verdade, é mais comum nas regiões Norte e Nordeste do estado, onde o clima é mais favorável à proliferação.

“No Sul e Sudoeste, sempre tivemos epidemias com menor magnitude. O que chama atenção é que o número de mortes está muito alto. Deve haver uma intervenção precoce nos pacientes para evitar isto", afirma a epidemiologista.

Matheus Todt diz que é até comum ver, de tempos em tempos, um crescimento na curva de casos, mas a situação das regiões é alarmante e demanda uma atenção especial.

“As arboviroses têm comportamento cíclico. A cada 4 anos vemos um aumento considerável do número de casos. Porém, um aumento tão expressivo deve soar o alerta para uma intervenção rápida por parte das autoridades”, fala o médico infectologista.

Combate ao mosquito

Embora o peso maior da responsabilidade de conter o avanço das arbovirores durante o ano, especialmente no Verão, seja das autoridades, é importante que a população ajude a combater a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito da dengue, zika e chikungunya.

A forma mais eficaz de prevenção dessas doenças é o combate ao mosquito, dizem os especialistas. Por isso, é importante que todos conheçam os riscos e saibam o que é preciso fazer para não deixar o mosquito nascer, é o que garante o Unicef, que atua em parceria com o Ministério da Saúde na mobilização da população para a erradicação do Aedes aegypti no Brasil.

Alguns cuidados listados pelo Unicef são: verificar se a caixa d’água está bem tampada; deixar as lixeiras bem cobertas; colocar areia nos pratinhos de plantas; limpar calhas, cobrir piscinas que estejam sem uso; tampar ralos e manter a tampa do vaso sanitário fechada; limpar bandeja externa da geladeira e do ar-condicionado, entre outras.

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A Secretaria da Saúde do Estado detectou uma nova cepa da dengue na Bahia. Chamada de dengue sorotipo 2 (DENV-2), a doença pertence ao genótipo II – cosmopolita. Até agora, já são oito casos confirmados no estado.

A Sesab emitiu um alerta para os núcleos Regionais de Saúde e para as secretarias Municipais de Saúde sobre a importância da detecção precoce de sinais e sintomas da dengue. A cepa foi identificada pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) em oito amostras, sendo seis em Feira de Santana, no centro-norte do estado, e dois Camaçari, cidade localizada na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

De acordo com o alerta, este genótipo é o mais disseminado no mundo, mas ainda não há dados suficientes para associá-lo a maior transmissão e gravidade dos casos. A Sesab enviou uma equipe da vigilância epidemiológica em Feira de Santana para fazer o levantamento das pessoas que foram confirmadas com a nova cepa da dengue e obter mais informações sobre a doença.

Dentre as recomendações contidas no documento da Sesab estão a atualização e execução os planos municipais de contingência das arboviroses; mobilizar e orientar a população sobre a situação epidemiológica local e as estratégias de prevenção e controle da dengue; desenvolver ações de rotina no combate ao mosquito Aedes aegypti, como forma de conter a disseminação do vírus; atualizar profissionais de saúde em todos os níveis de atenção da rede pública e privada sobre os sinais e sintomas da doença, diagnóstico, diagnóstico diferencial e manejo clínico adequado.

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