O Jornal da Cidade

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200 policiais, seis dias de perseguição e um rastro de sangue pelo caminho. A caçada pelo baiano Lázaro Barbosa Sousa, de 33 anos, mobiliza a polícia do Distrito Federal após o serial killer ter matado uma família em Ceilândia no ultimo dia 9 de junho.

Naquele dia, de acordo com o Correio Braziliense, o suspeito invadiu uma casa. Lá, ele matou Cláudio Vidal, 48, e os dois filhos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15.

Após o triplo homicídio, ele fugiu levando a empresária Cleonice Marques, 43, refém. No entanto, a mulher conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos no chão, mas suspeito e a refém já tinham fugido.

Cleonice foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes.

Fuga e crimes de Lázaro Barbosa
Logo após a morte da família, Lázaro Barbosa começou sua saga fugindo da polícia. O baiano é conhecido por ter grande capacidade de sobreviver na mata e pela sua habilidade de fugir das autoridades.

Logo na manhã do dia seguinte, quinta-feira (10 de junho), o homem teria invadido uma casa que fica a 3km do local onde o triplo homicídio foi cometido. Lá, de acordo com o Correio Braziliense, ele teria colocado Sílvia Campos, 40, proprietária da chácara, e o caseiro, identificado como Anderson, 18, na mira de seu revólver por 3 horas.

No local, ele teria obrigado os dois a fumarem maconha. Antes de fugir, ele roubou R$ 200, uma jaqueta, celulares e carregador.

No terceiro dia de fuga, Lázaro fez mais um refém e roubou um Fiat Pálio em Ceilândia. Com o carro, ele se dirigiu a Cocalzinho, desta vez em Goiás, onde abandonou e incendiou o veículo.

As investigações apontam que lá se encontrou com um comparsa que o ofereceu suporte.

Já no sábado (12) ele teria passado a tarde bebendo e se divertindo em uma chácara próxima à Lagoa Samuel. Lá o suspeito fez o caseiro refém. O serial killer também o obrigou a fumar maconha. Antes de fugir novamente, Lázaro destruiu o carro do refém.

Após deixar essa casa, ele foi para outra chácara, onde baleou três homens e roubou duas armas de fogo. Uma das vítimas era Thiago, que em entrevista ao Correio Braziliense deu mais detalhes de como o crime ocorreu.

"Estávamos conversando, quando ele chegou invadindo, por volta das 19h, e atirando. Meus dois amigos ficaram muito feridos e eu fui baleado na perna", contou ele enquanto saia do hospital com um ferimento na perna.

Os outros dois homens foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e transferidos para Anápolis (GO), em estado grave.

"Estou bem, mas vou passar no Hospital de Anápolis para ver meus amigos", disse ao Correio Braziliense. Thiago deu algumas características do suspeito. "Ele é alto, magro, moreno, estava de barba e vestindo bermuda", completou.

No final daquela noite, a polícia o encontrou e quase o prendeu. Houve troca de tiros, mas o suspeito conseguiu escapar enquanto ateava fogo a uma casa em Cocalzinho, interior de Goiás.

Na tarde deste domingo (13), o foragido furtou um outro carro, também em Cocalzinho (GO), e abandonou o veículo, um Corsa vermelho, após avistar um ponto de bloqueio montado pela polícia.

No interior do automóvel, foi encontrado um carregador de munições. Policiais iniciaram uma intensa busca pela mata, usaram cães farejadores, drones e helicópteros.

Em contato com o CORREIO na manhã desta segunda-feira (14), a Polícia Civil do Distrito Federal informou que as diligências continuam, porém, até o momento, sem novas atualizações quanto a prisões, apreensões, declarações e oitivas.

'Agressividade, impulsividade e preocupações sexuais'
Lázaro é conhecido há muito tempo pelas autoridades policiais. Em 2013, quando respondia um processo por roubo, porte de arma de fogo e estupro, um laudo criminológico apontou que o maníaco tem características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia".

O documento, divulgado pelo G1, aponta ainda que caso Lázaro Barbosa fosse "inserido no contexto social e ambiental ao qual pertencia antes de sua reclusão, provavelmente retornará a delinquir."

O laudo criminológico ainda indicava que Lázaro "tinha consciência de sua atitudes" e que, apesar de "assumi-las e perceber o sofrimento causado em terceiros (passos importantes no processo de ressocialização), percebe-se que todos os crimes cometidos estão diretamente relacionados a dependência química, fato do qual o periciando não tem autocontrole, haja vista uso abusivo de bebida alcoólica antes de sua reclusão e vício no crack após a prisão."

A conclusão dos três psicólogos que assinam o laudo foi que antes de conceder qualquer benefício, "com o objetivo de promover um retorno saudável do indivíduo ao convívio social, tanto para si quanto para a coletividade" seria necessário o acompanhamento psicológico de Lázaro, "de forma regular e frequente".

Além disso, o grupo indicou que Lázaro fosse incluído em grupos de ajuda "tanto para dependentes químicos quanto para abusadores sexuais".

O documento ainda destaca que Lázaro teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado por agressão familiar, uso abusivo de álcool e outras drogas, falecimento de familiar, abandono de atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.

Lázaro Barbosa é natural de Barra do Mendes, no interior da Bahia. Lá, ele teria cometido ao menos dois homicídios. A Justiça da Bahia já expediu contra ele um mandado de prisão por conta do homicídio qualificado, além de outros dois por roubo qualificado.

O CORREIO tentou entrar com contato com a Polícia Civil da Bahia e com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Ambos os órgãos informarão que não poderiam dar mais informações sobre o caso por conta da Lei de Abuso de Autoridade.

Você já sonhou em morar na Filadélfia? Lá, as pessoas sem comorbidades, com 25 anos ou mais, já estão sendo vacinadas contra a covid-19. No entanto, embora a vacinação nos Estados Unidos esteja avançada, essa Filadélfia não é a cidade onde a Declaração de Independência do país norte-americano foi assinada. Trata-se, na verdade, de um município de 16 mil habitantes localizado no centro-norte baiano, que já imunizou 67% do público-alvo com pelo menos a primeira dose.

E não é o único. Na Chapada Diamantina, a cidade de Bonito, honrando seu nome, está fazendo bonito na campanha de vacinação. Os agentes de saúde do município imunizaram 75% das pessoas com 18 anos ou mais, o que a coloca no primeiro lugar na lista de cidades onde a vacinação está mais acelerada. Lá, o público-alvo da vacinação também está em quem tem 25 anos ou mais, mesmo que sem comorbidades.

Os dados foram divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Segundo a pasta, na verdade, a cidade campeã na vacinação seria Maetinga, que é o menor município baiano, com apenas 2,8 mil habitantes, de acordo com a projeção mais atualizada do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, a prefeitura contesta o cálculo do órgão e afirma que, só de cadastros feitos nas unidades de saúde, são quase 8 mil.

Se os dados de população estivessem corretos, Maetinga teria vacinado 95% do público-alvo. No entanto, o município ainda nem conseguiu concluir a imunização dos grupos prioritários para começar a vacinar por idade.

“Nós estamos cobrando um novo censo. A Sesab está ciente dessa situação. Inclusive, a prefeita já cobrou ao governador o envio de uma maior quantidade de vacina”, disse Sabrina Souza, secretária de Saúde de Maetinga.

Mas, como é possível faltar doses em uma cidade e sobrar tanto em outra, a ponto da imunização estar tão acelerada? De acordo com Izabel Martins, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Bonito, o fenômeno é explicado pela quantidade de grupos quilombolas que moram no município de 17 mil habitantes. No total, são 15 comunidades que representam, na prática, toda a zona rural.

Os quilombolas fazem parte dos grupos prioritários e todos com mais de 18 anos podem ser vacinados. “Eles fizeram um movimento para serem incluídos na vacinação e conseguiram, o que é bom para a gente. Quando soubemos que essas doses iriam vir para eles, montamos uma verdadeira força tarefa, fora as equipes que já trabalham nas comunidades, para acelerar a vacinação. Agora estamos vacinando apenas quem mora na sede do município”, explica Izabel.

Segundo a Sesab, o critério para distribuição das vacinas, como determinado pelo Ministério da Saúde, é o populacional. "São tomadas como base informações de órgãos oficiais como o IBGE. Além disso, são levados em consideração dados de campanhas de vacinação anteriores", informou o órgão. O quantitativo de vacinas já distribuídas para cada município está disponível no site da pasta.

Segunda dose das comunidades quilombolas já serão aplicadas em junho
Se não faltar imunizantes, a previsão da Vigilância Epidemiológica de Bonito é que os povos quilombolas comecem a tomar a segunda dose nesse mês de junho. Se todos completarem o esquema vacinal, é possível que a cidade seja a primeira da Bahia a atingir 75% da população imunizada com as duas doses, índice apontado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) para que seja gerada uma imunidade coletiva na população.

“Foi em março que começamos a vacinar os quilombolas. Todos receberam doses da AstraZeneca. Na época, o município ainda estava na faixa dos idosos de 70 anos. Nós divulgamos a toda população que vaciná-los era um direito deles. Não foi uma decisão nossa, só cumprimos o que tinha ficado decidido. E a gente também foi explicando que a vacina ia chegar para todos, o que está se concretizando agora”, comemora Izabel.

Bonito está com a vacinação acelerada, mas se você não mora lá, não adianta tentar visitar a cidade para ‘furar a fila’ da vacina. “Nós vacinamos pessoas que residem e são cadastradas pela equipe de saúde de família. Tem um cartão da família que precisa ser apresentado e que comprova que a pessoa mora na cidade. Eu mesmo tenho familiar que está querendo vir pra cá, mas já disse que não é bem assim. As pessoas precisam ter consciência para que não faltem doses para quem de fato mora na cidade”, argumenta.

Para se vacinar em Filadélfia, é preciso ter algum pertencimento ao município
Já em Filadélfia, preocupado com a imunização de toda a população, o prefeito Louro Maia (DEM) está sendo mais flexível. Se uma pessoa não morar na cidade, mas tiver domicilio ou algum documento que indique o pertencimento ao município, ela conseguirá ser vacinada.

“Pode ser o cartão do SUS, o título de eleitor, o comprovante de residência. Tem gente que mora em Salvador, mas nasceu aqui, tem família aqui e veio aqui se vacinar. Eu não acho que isso seja um problema, pois o nosso objetivo enquanto brasileiros é imunizar o máximo de pessoas possíveis com as duas doses. Temos que nos livrar desse vírus e, para isso, tem que ter vacina”, defende.

Louro é tão engajado na vacinação que chegou a assinar um termo de compromisso com o Butantan para comprar doses da CoronaVac, o que não foi possível ser concretizado, já que o Ministério da Saúde adquire todas as doses fabricadas pelo instituto. Com 80 anos e já imunizado com as duas doses da própria CoronaVac, ele está no quinto mandato como prefeito. Durante a campanha de 2020, chegou a pegar covid-19 e sentiu na pele os efeitos da doença.

“Tive que me ausentar do período eleitoral e isso foi muito triste. Hoje, estamos preocupados em combater as aglomerações. Tenho medo que, com a vacinação acelerada, as pessoas pensem que podem aglomerar. Estamos intensificando a fiscalização. Só quando todos tiverem com as duas doses é que vai ser possível flexibilizar isso. Até lá, eu recomendo e defendo que todos usem máscara, façam distanciamento e não aglomerem”, pede.

Em Filadélfia, a aceleração da vacinação também tem razões na quantidade de comunidades quilombolas existentes no município. São 21, no total. “Temos essa vantagem. Mas, também, tivemos um período em que faltou vacina por demora no envio de doses pelo Ministério da Saúde. Aqui é assim: chegou vacina, a gente aplica. Não armazena e nem deixa em estoque, não. O segredo é, simplesmente, vacinar o povo”, conta.

População não imaginava que conseguiria ser vacinada tão rapidamente
O empresário Josenilton de Jesus Moreira, 39 anos, dono do Mercadinho do Juca, tomou a primeira dose da vacina na última segunda-feira (7), quando o público-alvo já era das pessoas com menos de 40 anos. Ele até hoje se diz surpreendido com o que está acontecendo em Bonito. “Eu fiquei muito surpreso. Para a gente que trabalha no comércio, em contato com o povo, essa aceleração tá muito boa, é o que vai nos dar segurança. Algumas pessoas estão com medo de tomar a vacina, mas são minoria”, diz.

Em Filadelfia, o também empresário José Amorim, 36 anos, tomou sua dose assim que ela estava disponível no posto. “Eu não achava que ia ser rápido. Admito que até fiquei meio desconfiado, mas como está morrendo gente por causa dessa doença, decidi ir tomar. Nem peguei fila”, lembra.

Já o serralheiro Dimas Dias Coelho, mesmo tendo 42 anos e confiando na importância da vacinação, ainda não foi tomar sua dose. “Como eu trabalho por conta própria, tenho medo de tomar a vacina, ter alguma reação e ter que faltar o serviço. Nesse período de crise, não é uma boa ideia. Mas, espero ir tomar nessa sexta-feira (18), pois caso venha alguma reação, eu terei o final de semana para me recuperar”, argumenta. Para o prefeito Louro Maia, o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro tem prejudicado a imunização completa da cidade.

“Ele debocha da doença e alguns ainda o seguem. Isso atrapalha. Tem seguidores dele aqui, até idosos, que não querem se vacinar, o que é um perigo enorme para si mesmo e para o outro. Nós, que somos formadores de opinião, temos obrigação de dar bons exemplos, pois isso influencia nas decisões que as pessoas tomam”, diz.

A expectativa do gestor é que todos com mais de 18 anos tomem a primeira dose até julho, no máximo.

Nos primeiros três meses de 2021, 678 pessoas perderam um emprego de carteira assinada na Bahia. O motivo antes fosse uma demissão. Esses baianos morreram e entraram na estatística de desligamentos por mortes. O número assusta, pois no mesmo período de 2020 houve apenas 484 desligamentos do tipo. Isso significa que, em um ano, cresceu em 40,1% o número de contratos de trabalho encerrados por causa de óbitos dos funcionários.

Esse cálculo foi feito num levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a partir de dados de trabalho formal do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. A diferença entre um período e outro estudado é a pandemia de covid-19, que ainda estava no começo no primeiro trimestre de 2020. Na Bahia, por exemplo, apenas duas pessoas morreram por covid nesse período.

Já em 2021, foram 6,2 mil mortes pela doença no primeiro trimestre, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). No total, em toda pandemia, a Bahia já apresenta 22.513 mortes por covid. No Brasil, o crescimento de desligamentos por mortes é maior do que o do estado. Foram 13.2 mil contratos encerrados no primeiro trimestre de 2020 para 22,6 mil no mesmo período de 2021, um salto de 71,6%.

A Bahia, por sinal, é o quarto estado com menor índice de crescimento nos casos de desligamentos por morte, perdendo apenas para o Amapá, Pernambuco e Rio de Janeiro. Já o estado campeão é o Amazonas, que, no início do ano, viveu um colapso no sistema de saúde com falta de oxigênio hospitalar. O resultado foi um crescimento percentual de desligamentos de 437,7%, indo de 114 para 613, entre o primeiro trimestre de 2020 e o de 2021.

Os 678 desligamentos por mortes na Bahia no primeiro trimestre de 2021 também representam o recorde estadual de toda a pandemia e um crescimento de 31,4% em comparação com o último trimestre de 2020, quando 516 pessoas foram desligadas por esse motivo. A nível nacional, o recorde também foi batido nesse ano e o salto em comparação com o período anterior é de 48,1% (De 15,3 mil desligamentos por morte para 22,6 mil).

Para os especialistas, embora os dados não identifiquem a causa dos óbitos, ele indica o quanto a pandemia voltou a causar mais mortes em 2021 com a chamada ‘segunda onda’. Atualmente, todo o país vive o temor de uma terceira onda de contaminações tomar conta do território. Na Bahia, o governador Rui Costa chegou a declarar que tem medo de o mês de julho apresentar números epidemiológicos piores do que o de março desse ano.

Impactos econômicos
Todas as vidas importam. Para o economista e integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), Edval Landulfo, isso é um fato. Mas ele alerta que além do luto envolvido na perda de um colega de trabalho ou ente querido, é necessário lembrar dos prejuízos econômicos que são gerados por causa dessas mortes.

“Até porque cada pessoa é única. Há um custo altíssimo para preparar um funcionário para assumir uma determinada função. Quanto mais especializado for, quanto mais difícil for a função por ele executada, mais cursos preparatórios serão necessários. E algumas vezes são as próprias empresas que bancam essa formação. Perder um funcionário não é bom para qualquer organização”, explica.

E se levar em consideração que essas pessoas também tem uma família e seu emprego de carteira assinada contribuía com a renda da casa, há outros problemas que são gerados com a morte de um indivíduo. “Os recursos financeiros da família vão ficar mais escasso. A gente não imagina que perder um parente às vezes é perder alguém que sustenta toda a casa. Não há depois auxílios ou pensões que substituam integralmente o que ele ganhava como CLT”, diz.

Landulfo também alerta que o mercado informal não está incluído no estudo, mas eles também são afetados nesse sentido. Para evitar problemas financeiros futuros, o economista, que também é educador financeiro, recomenda que as pessoas adquiram o hábito de fazer um seguro de vida. “É ter uma proteção patrimonial para casos de mortes ou invalidez permante. Isso livra sua família da dependência total do INSS e protege quando surge uma eventualidade”, argumenta.

Técnicos de enfermagem e enfermeiros lideram afastamentos
Os impactos no mercado de trabalho não ficam somente nos casos de funcionários que morrem por covid, mas também aqueles que se recuperam com sequelas. Algumas tão complicadas que obrigam esses trabalhadores a se afastarem do serviço através do auxílio por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença do INSS. Em 2020, os técnicos de enfermagem e os enfermeiros foram os que mais precisaram requerer esse benefício, de acordo com o Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho.

No total, foram 168 afastamentos de técnicos e 56 de enfermeiros, seguidos logo depois por faxineiros (41), auxiliar de escritório (39). Auxiliar administrativo (39) e auxiliar de enfermagem (21). Confira o top 10:

1º tecnico de enfermagem: 168 (18%)
2º Enfermeiro: 56 (6%)
3º Faxineiro: 41 (4%)
4º Auxiliar de escritório em geral: 39 (4%)
4º Auxiliar administrativo: 39 (4%)
5º Auxiliar de enfermagem: 21 (2%)
6º Vendedor de comércio varejista: 18 (2%)
7º Recepcionista em geral: 16 (2%)
7º Operador de caixa: 16 (2%)
7º Porteiro de edifícios: 16 (2%)
8º Vigilante: 15 (2%)
9º Fisioterapeuta: 13 (1%)
9° Operador de telemarketing ativo e receptivo: 13 (1%)
10º Motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais): 12 (1%)

Para Jimi Medeiros, presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA), os números indicam como sua categoria tem sido afetada pela covid.

“A enfermagem fica 24 horas ao lado do paciente, seja na UTI ou na atenção básica à saúde. É o trabalho mais exposto ao adoecimento e a morte. E também é o menos valorizado. Hoje lutamos para a aprovação no Senado Federal do Projeto de Lei (PL) 2564 que visa instituir o piso salarial da categoria. Nem isso temos”, explica.

Segundo o Coren, os trabalhadores da enfermagem compõem 70% da força de trabalho do sistema de saúde. Na Bahia, os técnicos de enfermagem e enfermeiros são os profissionais da saúde mais contaminados por covid-19. São 14,5 mil casos em técnicos e 11,6 mil em enfermeiros, de acordo com a Sesab. O Coren registrou ainda 40 óbitos de profissionais.

Já o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito) registrou apenas duas mortes. Mas o presidente da instituição, Gustavo Vieira, os números estão subestimados. “Toda empresa de fisioterapia e terapia ocupacional tem que ter um responsável técnico, que são nossos parceiros e fazem as notificações. Mas tem casos de unidades de saúde que contratam profissionais para prestar serviços de forma individual e isso acaba não sendo mapeado muito bem por não ter uma empresa responsável ali. E aí não há a notificação. Na prática, acredito que o número de mortes é maior”, lamenta.

O que você precisa saber sobre o Auxilio por Incapacidade Temporária:

O que é? É o antigo auxílio-doença. Segundo Marcela Caetano, chefe da divisão de benefício do INSS, o nome foi mudado justamente para que ficasse bem claro: o benefício é destinado ao segurado da previdência que tem alguma necessidade relativa à uma doença que traga incapacidade temporária ao trabalho. Se ele tem que ficar afastado por mais de 15 dias, pode dar entrada no pedido.

Quem tem direito? O segurado deve ter, no mínimo, 12 meses de contribuição na previdência e deve estar em dia com seu pagamento.

Quanto é o benefício? O valor varia conforme a contribuição de cada pessoa. Primeiro é calculado a média de pagamento desde julho de 1994 até o mês do requerimento. O benefício é 91% dessa média. Isso significa que, quanto maior for a contribuição do trabalhador, maior será o benefício.

Como solicitar? Primeiro, a pessoa deve ter uma avaliação do seu médico atestando a necessidade do afastamento do trabalho e por quanto tempo. Depois, ela deve ir no aplicativo Meu INSS e agendar uma perícia, onde outro médico vai avaliar se a condição do trabalhador, de fato, requer esse afastamento e pelo período estipulado. Se o perito aprovar, o benefício será concedido.

O prazo pode ser prorrogado? Sim e por tempo indeterminado. Mas para haver prorrogação, é necessário um novo laudo médico e uma nova avaliação do médico perito. No caso do problemas de saúde causar uma incapacidade para a vida toda, é possível pedir a aposentadoria por incapacidade permanente.

Emocionado, Gilberto Gil voltou aos palcos neste domingo, 13, para uma live junina e recebeu a BBB Juliette Freire. Juntos, eles cantaram Asa Branca, Estrela e Esperando na Janela. "É uma energia tão linda", disse a vencedora do reality show. "É uma maravilha ter você aqui, que cresceu com essas festas", respondeu Gil. "É nossa alma dançando forró", continuou Juliette E Gil, emocionado, disse a si mesmo: "Deixa chorar".

A live de pouco mais de uma hora foi transmitida pela Globoplay, com sinal aberto para não assinantes, e a apresentação, sem plateia, foi no palco da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. Na banda que acompanhou Gil estavam seus filhos, ou, como ele disse, "o pessoal lá de casa": Bem, José e Nara. No repertório, músicas de Gil, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e tantos outros compositores.

Gilberto Gil abriu a livre cantando Andar com Fé. Seguiu com Mulher de Coronel, Assim, sim, Respeita Januária, O xote das meninas, Eu só quero um xodó, Refazenda, entre outras. Depois de cantar Paraíba, Juliette, paraibana, subiu ao palco. Gil continuou o show, depois da participação da BBB, com Procissão e cantou, ainda, músicas como Madalena, A novidade e Toda menina baiana.

Gil falou pouco durante a apresentação, mas pediu cautela e paciência à população. "Esse ano não tem fogueira de novo, mas algumas pessoas estão se aventurando e fazendo festa. Cuidado. Santo Antônio, São João e São Pedro estão pedindo para a gente aguardar", disse o músico.

Com quase uma hora e meia de live, já nos momentos finais, Juliette voltou ao palco e, com Gil, cantou, mais uma vez Esperando na Janela. "Cuidem-se. Vacinem-se para estarmos aqui no ano que vem", disse ela, ao deixar a apresentação.

Esse ano, mais uma vez, a Bahia não terá festas de São João, mas algumas prefeituras pretendem usar a internet como plataforma para levar o arraiá até os foliões, por isso, o Ministério Público da Bahia (MP) recomendou cautela aos municípios na hora de montar a festa e pediu para eles redobrarem os cuidados para evitar aglomerações. A maioria das cidades, no entanto, não tem nada programado para os festejos juninos.

O MP recomenda que as prefeituras observem os princípios da Administração Pública e da licitação, em especial da impessoalidade, publicidade, transparência, economicidade, isonomia e julgamento objetivo, independentemente da modalidade do festejo. A promotora Rita Tourinho explicou que a recomendação não é uma proibição e nem tem efeito de decisão.

“É como se fosse um direcionamento. Mas a palavra correta é essa mesmo: recomendar. Quando a gente faz isso, a gente indica qual é o caminho legal que deve ser seguido. Isso faz parte do trabalho do Ministério Público em fiscalizar e essa nossa recomendação está ao encontro do decreto estadual, que visa proibir aglomerações”, explica.

A recomendação à Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa) é para que o órgão condicione o repasse de recursos aos municípios para a realização de lives de São João à observância de normas de segurança sanitária em razão da pandemia do coronavírus.

As gravações ou transmissões dos artistas não devem ocorrer em locais públicos ou de acesso ao público, para evitar a ocorrência de aglomerações, e os organizadores precisam incluir mensagens educativas, intercaladas com as apresentações artísticas, que orientem a população a respeito das medidas de enfrentamento à pandemia.

O advogado Leandro Vargas, professor de direito da Rede UniFTC, explica que uma recomendação do MP pode não ser cumprida, mas o ideal é que os gestores públicos e as procuradorias municipais e estaduais mantenham um diálogo constante com a instituição.

“O MP tem a responsabilidade de manter a ordem jurídica e fiscalizar o poder público. Quem dá respaldo ao seu trabalho é a própria Constituição. A recomendação pode sim ser desrespeitada. Quem descumprir não será preso. Mas antes do MP ingressar com um inquérito civil ou ação judicial, ele recomenda. A autoridade pública pode responder ao MP dizendo que as normas estão sendo cumpridas. É importante manter esse diálogo”, defende.

Decreto precisa ser cumprido
No mês passado, também preocupado com as aglomerações, o governador Rui Costa editou um decreto suspendendo o transporte intermunicipal entre os dias 20 e 27 de junho. Diferente da recomendação do MP, o decreto governamental tem força de lei e precisa ser seguido à risca. Na ocasião, Rui explicou que o objetivo da proibição é evitar o amento no número de casos de covid-19 após os festejos.

"Vamos agir no sentido de evitar ao máximo o contágio porque é assim mesmo: toda vez que o povo se junta para uma data comemorativa, nas semanas seguintes há uma explosão de novos casos. Por isso, vamos suspender o transporte intermunicipal no período de São João e São Pedro. Claro que não dá pra impedir que todos se desloquem, mas vamos tentar mitigar esses efeitos que são sempre preocupante pós feriados", disse, na época.

O governador disse que a luz amarela está acesa por conta do elevado número de casos da doença no estado, e que, por isso, as grandes festas também estão proibidas. Até esta quinta-feira (10), o número de pessoas que em algum momento testaram positivo para o novo coronavírus na Bahia era de 1 milhão, com 14 mil casos ativos e 22 mil óbitos.

A ocupação dos leitos de UTI está em 84%, mesmo percentual das últimas semanas, e 68% das vagas clínicas estão preenchidas. Para a estudante Eliana Souza, 26 anos, as ações adotadas pelas autoridades fazem sentido.

“Se tiver festa, terá aglomeração. Eu concordo com a decisão de suspender o transporte público e também com a ideia de que é preciso redobrar a atenção com o dinheiro público, mas nada disso vai adiantar se as pessoas não tiverem consciência, se elas pegarem o carro e forem aglomerar na casa dos familiares, no interior”, disse.

Municípios prometem seguir protocolos de segurança
Com ou sem recomendação do MP, os municípios prometeram que vão seguir os protocolos de segurança. Em Amargosa, uma das cidades mais procuradas no período junino, o prefeito Júlio Pinheiro contou que está editando uma norma para ajudar atender aos cantores e músicos da região.

“A prefeitura está elaborando um edital para apoio financeiro para os artistas locais, e como contrapartida eles devem apresentar alguma proposta cultural para o período do São João. Nós não podemos realizar eventos online com patrocínio da prefeitura por conta da recomendação feita pelo Ministério Púbico e pelo Tribunal de Contas, de que os municípios não devem gastar recursos públicos para realização de lives”, afirmou.

No entanto, a promotora Rita Tourinho frizou que o objetivo da recomendação do MP não é proibir lives. Pelo contrário, a instituição deseja que esses eventos aconteçam, mas da forma correta, com base no que é determinado por lei.

“Nós fizemos essa recomendação a Bahiatursa falando qual é o procedimento correto. O grupo do entretenimento já foi muito prejudicado e é por isso que recomendamos também que a live não seja concentrada em um único artista, mas atenda ao maior número possível. É preciso que a apresentação seja transmitida em um local adequado, sem o acesso ao público. O intuito mesmo é mostrar que não há uma posição do MP de não fazer live”, explica.

Em Cachoeira, no Recôncavo, haverá barreira na entrada da cidade para impedir o acesso de turistas. Não haverá festa nem lives, mas a gestão está cogitando organizar uma feira. Os detalhes ainda estão sendo discutidos.

Lençóis, na Chapada Diamantina, não terá programação festiva esse ano, as reservas das pousadas e hotéis serão limitadas a 60%, e haverá fiscalização nas ruas para evitar aglomerações e o cumprimento das medidas de proteção, por parte dos moradores, e também dos estabelecimentos e turistas.

Em Santo Antônio de Jesus a festa virtual começou no dia 29 de maio, aniversário do município, com uma live de forró com artistas locais e em 5 de maio, um concurso de música escolheu a melhor canção junina do ano com o tema “Plantando esperança para colher alegria em SAJ, o Melhor São João da Bahia”. Haverá outra live na véspera do São João.

Mata de São João, na Região Metropolitana, decorou as ruas com bandeirolas para lembrar o clima junino, mas por lá a festa também será virtual. No dia 25 de junho os artistas matenses Júnior Moura, Ricardo Vianna e Adalício farão uma apresentação através do YouTube.

O futebol nordestino chegará com força às oitavas de final da Copa do Brasil. Dos 16 times que disputarão a fase, seis são da região: Vitória, Bahia, Juazeirense, CRB, ABC e Fortaleza. É mais de um terço dos participantes (37%), um recorde na competição nacional. O Vitória garantiu a classificação nesta quinta-feira ao ganhar do Internacional por 3x1, no Beira-Rio.

Até aqui, em 33 edições do torneio (contando esta), a marca jamais havia sido alcançada. O recorde anterior eram cinco equipes, duas vezes. Em 1992, quando disputaram a etapa Bahia, Fortaleza, Sport, Sergipe e CSA, e depois em 2009, com Vitória, Icasa, CSA, Fortaleza e Náutico. Nas outras vezes, o número de clubes do Nordeste nas oitavas de final nunca passou de quatro.

Há ainda um representante a definir na competição, entre Flamengo e Coritiba. O jogo de volta entre os dois times será apenas na quarta-feira da semana que vem, dia 16. Mas, como não envolve qualquer time da região, o número de nordestinos já está selado.

Os confrontos das oitavas ainda serão definidos, após sorteio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As partidas estão previstas para acontecerem nas semanas de 28 de julho e 4 de agosto.

A Bahia é quem puxa a fila dos nordestinos nas oitavas de final, com três dos seis classificados. O estado, por sinal, tem o maior número de representantes, independentemente da região. Caso o Flamengo elimine o Coritiba, o Rio de Janeiro também terá um trio, pois Vasco e Fluminense já estão garantidos.

O Bahia tentará chegar às quartas de final da Copa do Brasil pela 8ª vez. Goleou o Campinense na primeira fase por 7x1, bateu o Manaus por 4x1 e superou o Vila Nova nos jogos de ida e volta, ambos por 1x0.

Já a Juazeirense, que alcança as oitavas pela primeira vez em sua história, começou a trajetória vencendo o Sport por 3x2. Em seguida, eliminou o Volta Redonda nos pênaltis, após empate em 3x3. Também foi nas penalidades que superou o Cruzeiro e se classificou. Depois de perder no Mineirão por 1x0, devolveu o placar no Adauto Moraes. Nas cobranças, o goleiro Rodrigo Calaça brilhou, defendeu duas e o Cancão de Fogo venceu por 3x2.

Também possuem representantes na fase Alagoas, com o CRB; Rio Grande do Norte, com o ABC, e o Ceará, com Fortaleza. Nenhum desses estados faturou o título da competição até aqui. O único time do Nordeste campeão do torneio é o Sport (2008), que caiu para a Juazeirense na primeira fase.

Fora do Nordeste, estão classificados Santos, São Paulo, Vasco, Fluminense, Grêmio, Criciúma, Athletico-PR, Atlético-GO e Atlético-MG.

Times do Nordeste nas oitavas de final nos últimos 10 anos:
2020: Fortaleza, Ceará

2019: Bahia, Fortaleza, Sampaio Corrêa

2018: Bahia, Vitória

2017: Sport, Santa Cruz

2016: Fortaleza, Botafogo-PB

2015: Ceará

2014: América-RN, Santa Rita-AL, ABC, Ceará

2013: Salgueiro

2012: Bahia, Vitória, Fortaleza

2011: Bahia, Náutico, Horizonte-CE, Ceará

A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (11) oito mandados de busca e apreensão na Operação Estertor, que investiga fraudes em procedimento de dispensa de licitação realizado pelo município de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, para a aquisição de oito ventiladores mecânicos pulmonares com verbas públicas federais destinadas ao enfrentamento da Covid-19. Segundo a PF, a prefeitura pagou R$ 175 mil por cada equipamento, o que representa um valor muito acima do praticado no mercado, já que a diferença constatada é de mais de R$ R$ 100 mil por ventilador.

A operação é uma ação conjunta com a Controladoria Geral da União e conta com a participação de 32 policiais federais e nove servidores da CGU. Ao todo são cumpridos oito mandados de busca e apreensão, todos eles expedidos pelo Juízo da 17° Vara Criminal da Seção Judiciária da Bahia, sendo três em Candeias, um em São Sebastião do Passé, um em Lauro de Freitas, dois em São Paulo e um em Espírito Santo do Pinhal, também no estado de São Paulo.

Cada ventilador custou aos cofres municipais R$ 175 mil, totalizando a compra R$ 1,4 milhão. Segundo a PF, os valores são incompatíveis com os de mercado, chegando a revelar uma diferença de mais de R$ R$ 100 mil por equipamento. Foram identificados fortes indícios de fraudes no procedimento de dispensa de licitação para a aquisição dos ventiladores.

De acordo com a PF, entre os indícios de fraude estão: sobrepreço dos ventiladores pulmonares; o objeto social da empresa contratada não guarda qualquer relação com o objeto contratado (não se trata de pessoa jurídica especializada no ramo de venda de equipamentos médicos-hospitalares, mas sim no "comércio por atacado de automóveis, camionetas e utilitários novos e usados"), cotação de preços simulada e formalmente realizada apenas para conferir aparência de licitude à contratação da empresa fornecedora dos equipamentos.

Estão ainda entre os indícios de fraude o fato de que todo o procedimento de dispensa e de contratação da empresa ocorreu num único dia e no mesmo dia da contratação, o município lavrou novo temo de dispensa em favor da empresa, desta vez para aquisição de máscaras descartáveis, atividade igualmente estranha ao objeto social da empresa. Os investigados responderão pelos crimes de fraude à licitação e peculato (artigos 89 e 96, incs. I e V da Lei 8.666/93 e art. 312 do Código Penal).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta sexta-feira (11), o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em adolescentes a partir dos 12 anos de idade no Brasil.

Agora, a bula da vacina no país passará a indicar esta nova faixa etária. Antes, a vacina da Pfizer estava autorizada para pessoas com 16 anos de idade ou mais. Até o momento, esta é a única entre as vacinas autorizadas no Brasil com indicação para menores de 18 anos.

Segundo a agência, o uso do imunizante para crianças foi aprovado após a apresentação de estudos que indicaram a segurança e eficácia da vacina. Os estudos foram desenvolvidos fora do Brasil.

A vacina da Pfizer foi a primeira a ser testada e aprovada para crianças. Foram feitos testes com 2.300 adolescentes entre 12 e 15 anos, com metade recebendo as mesmas duas doses aplicadas nos adultos e a outra parte como placebo, isto é, sem ser vacinada. Foram registrados 16 casos de covid-19, todos no grupo que não recebeu a vacina. A farmacêutica informou que já começa também a testar o imunizante em crianças ainda mais jovens, entre 5 e 11 anos.

O imunizante já foi liberado para aplicação em adolescentes a partir dos 12 anos em outros países, como os Estados Unidos, Chile, Canadá e Reino Unido. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também deu parecer favorável para essa utilização.

A vacina da farmacêutica americana foi a primeira a receber o registro definitivo para vacinas covid-19 no Brasil. O país recebeu até o momento 6,4 milhões de doses da vacina, de um total contratado de 200 milhões.

Mudança no armazenamento
No fim de maio, a Anvisa alterou as regras para armazenamento e conservação da vacina da Pfizer. Agora a vacina pode ser mantida em temperatura de 2 a 8 graus Celsius por até 31 dias. A nova determinação permite que o imunizante seja aplicado fora das capitais.

A vida de quem mora em Salvador e na Região Metropolitana da capital (RMS) está mais cara. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação de maio, divulgada ontem, ficou em 1,12% na RMS, a maior para o mês desde 1998 e a campeã em todo o Brasil. Os grandes vilões do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, foram as altas nos preços da gasolina e da energia elétrica, principalmente.

O combustível subiu 8,43% em comparação com o mês de abril. Já a energia elétrica teve aumento de 10,54%. Em maio também passou a vigorar na conta de luz a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,169 a cada 100 quilowatts-hora consumidos, diferença significativa em relação à bandeira amarela que vigorou de janeiro a abril.

Em junho, a previsão nesse setor não é nada boa. Diante do nível crítico nos reservatórios das usinas hidrelétricas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu acionar o patamar mais alto do sistema de bandeiras tarifárias. Com a bandeira vermelha patamar 2, a conta de luz dos consumidores ficará ainda mais cara com a cobrança adicional de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Quem depende da gasolina para trabalhar sofre mais

O preço da gasolina é sentido, principalmente, nas pessoas que dependem de veículo próprio para trabalhar. Morador de Simões Filho, o motorista de aplicativo Antonio Monteiro, 45, não sabe mais o que fazer para lidar com a situação. “Estou pagando mais caro a gasolina para tentar manter as metas diárias. Cada aumento de combustível significa para mim mais horas que tenho que passar nas ruas trabalhando para sustentar a família”, lamenta.

No início do ano, Monteiro trabalhava quatro dias na semana, das 5h às 20h. Agora, com o atual preço da gasolina, ele precisa trabalhar cinco dias da semana, das 5h às 23h. “Graças a Deus, eu tenho batido a minha meta, pois isso é algo necessário. Eu tenho que suprir as necessidades de casa, mas estou muito mais cansado”, diz. O motorista denuncia falta de apoio à categoria por parte das empresas que controlam o serviço de transporte por apps.

“Eles só pensam neles. Sempre foi assim e não é agora que vai mudar. O motorista é deixado de lado mesmo. Nossos ganhos só vêm diminuindo com o tempo. A gente espera que alguém nos ajude a resolver isso”.

Como pai de família, o motorista também percebeu o aumento do preço da energia em maio. “Está tudo ficando mais caro. Essa energia é um absurdo. Lá em casa eu, minha esposa e meu filho ficamos o dia todo fora. Só minha mãe fica em casa e pagamos R$ 300 de energia. Antes não passava de R$ 100 reais. Esse aumento chega a ser abusivo”.

Outros produtos contribuíram para aumento da inflação

Dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA, oito apresentaram alta em maio na RMS. Apenas o setor de vestuário teve leve deflação, de –0,02%. Os dois maiores aumentos vieram, respectivamente, dos custos com habitação (3,05%), influenciados pela energia, e transportes (2,71%), devido os combustíveis. O etanol, por exemplo, teve aumento de 16,31%.

O estudante universitário Tiago Paiva, 23, sentiu no bolso. “Precisei ir para o trabalho e fui abastecer. Coloquei R$ 50 de etanol e tomei um susto quando liguei o carro e vi que a setinha que indica a quantidade de combustível mal tinha se movimentado. Achei até que o posto tinha me dado algum golpe. Só que depois, quando fui conferir o preço, vi que realmente não tinha como subir muito”, desabafa.

Para poder lidar com isso, Tiago pensa em deixar o carro na garagem e passar a ir ao trabalho de transporte público ou por aplicativo. “É mais vantajoso. Se botar no papel os gastos que eu teria com o carro, sai mais barato deixá-lo na garagem. Só que, por conta da pandemia, estou evitando a opção mais econômica”.

Em abril, também houve aumento na passagem de ônibus em Salvador, de R$ 4,20 para R$ 4,40. Isso ainda repercutiu no IPCA de maio em 4,02%. Os alimentos seguiram pressionando a inflação, sobretudo carnes (1,99%), aves e ovos (2,99%) e panificados (1,70%).

Sem otimismo para os próximos meses, diz economista

A expectativa para a inflação no restante do ano não é positiva, de acordo com o economista e integrante do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), Edval Landulfo. “A taxa Selic está aumentando, mas isso não será ainda o melhor remédio. A expectativa é que tenhamos essa inflação nos próximos meses enquanto não tivermos solução para a questão da moeda e dos empregos”, analisa.

Landulfo acredita que é preciso estímulos do governo federal para que não haja aumentos de preço tão severos para o consumidor. “É preciso de um plano, estímulo do governo para que a economia reaja, mas isso não está sendo feito”, lamenta.

A ‘vacinação a conta-gotas' devido à falta de imunizantes também tem contribuído, na avaliação do especialista, para que o Brasil permaneça em crise. “Nossa retomada econômica depende de vacina. É até difícil fazer projeções com um cenário tão incerto. Não tenho otimismo enquanto a população não estiver vacinada. Em economia, tudo é mais lento. As respostas da atividade econômica não aparecem de forma imediata. É possível até que a inflação fure o teto estipulado pelo governo em 2021”, diz.

A inflação mensal nas 16 regiões pesquisadas*:
Salvador (BA) - 1,12%
São Luís (MA) - 1,10%
Fortaleza (CE) - 1,10%
Porto Alegre (RS) - 1,04%
Campo Grande (MS) - 0,97%
Rio Branco (AC) - 0,93%
Curitiba (PR) - 0,93%
Rio de Janeiro (RJ) - 0,87%
Goiânia (GO) - 0,79%
Belo Horizonte (MG) - 0,79%
Recife (PE) - 0,76%
Vitória (ES) - 0,74%
Aracaju (SE) - 0,62%
Belém (PA) - 0,48%
Brasília (DF) - 0,27%

*Fonte: IBGE

Em comunicado enviado nesta quarta-feira (9), o Carrefour informou que está avançando nas tratativas junto às autoridades públicas e associações civis para chegar a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no valor de R$ 120 milhões, referente ao caso do homem negro morto por seguranças em uma unidade da rede, em Porto Alegre.

Com este TAC, o conglomerado do setor mercantil evita possíveis ações judiciais no futuro.

O caso aconteceu no dia 19 de novembro de 2020, quando João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado até a morte por seguranças no Carrefour. Seis pessoas respondem pelo crime na Justiça.

"Com esse acordo, os compromissos já assumidos pela Companhia e envolvendo o montante de R$ 120 milhões (já majoritariamente provisionados pela Companhia), a serem desembolsados ao longo dos próximos anos, em relação ao evento ocorrido", afirma o comunicado.

Em contato com o G1, o Ministério Público informou que o acordo ainda não foi assinado.

Em maio, o Carrefour anunciou a criação de uma cláusula antirracismo em contratos com fornecedores e prestadores de serviço. A empresa já havia encerrado a terceirização da segurança de seus estabelecimentos.

Indenizações a familiares
No caso dos familiares, a viúva de João Alberto aceitou a proposta de indenização feita pelo Carrefour. Segundo o advogado de Milena Borges Alves, o valor pago é superior a R$ 1 milhão.

A empresa pagou outras oito indenizações aos demais familiares, entre eles o pai, filhos e a enteada de João Alberto.