O Jornal da Cidade

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Uma família ia rumo a uma missão que ninguém deseja - reconhecer o corpo morto de uma pessoa amada. As duas, filha e irmã da mulher de 42 anos vítima da covid-19, interromperam por dois minutos a caminhada ao avistar uma cena que, para elas, era um desrespeito. “E repetiam: não estou acreditando nisso”, recorda a psicóloga Larissa Lima, 44, que as acompanhava. O que viam era o Farol da Barra lotado. Estavam prestes a se despedir de uma vida enquanto viam uma multidão sem se importar.

O Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Muniz (Lacen) já sequenciou 225 genomas completos do Sars-Cov-2, que desencadeia a covid-19, e concluiu, depois de oito meses de estudos, que há 21 linhagens do vírus em circulação na Bahia. Entre elas, três variantes de atenção apontadas pelo Ministério da Saúde: a P.1, de Manaus, a P.2, do Rio de Janeiro, e B.1.1.7, do Reino Unido.

A divulgação da descoberta, no dia 24 de maio, veio acompanhada de um alerta do secretário de Saúde da Bahia, Fábio Villas Boas: “Existe um risco aumentado para a internação e rápido agravamento do quadro clínico”.

A cena do início desta reportagem aconteceu no último sábado (22), no Hospital Espanhol, de onde é possível avistar parte da orla e do Farol da Barra, e mostra que o alerta sobre as novas variantes é desrespeitado. Depois da filha e irmã enlutadas ficarem pasmas ao avistar a aglomeração, ao som de batucadas e música alta, a psicóloga Larissa precisou de um intervalo. “O que a gente vê é sinal de horror. É surreal”, define Larissa. “Surreal” é o adjetivo que não sai da boca dela. “Já usei mais durante a pandemia que em 44 anos”.

No ramo da virologia, são chamadas variantes, explica Ricardo Khoury, virologista e pesquisador da Fiocruz, um subtipo de um microrganismo, que é “geneticamente distinto de uma cepa principal”. Isso significa que todas as variantes do Sars-cov-2 são chamadas de variantes porque passaram por diferentes mutações que as diferem entre si, mas não o suficiente para formarem novos vírus.

A variante mais recente que desembarcou no Brasil é a indiana, chamada B.1.617. Os primeiros casos foram confirmados no dia 20 de maio, no estado do Maranhão, em pessoas que estavam a bordo de um navio atracado no litoral do estado. Agora, já são pelo menos 15 casos da viarante e o estado de saúde de um indiano de 54 anos, que está internado depois de ser infectado, piorou, segundo boletim divulgado no último final de semana, e ele foi intubado, na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital privado de São Luís.

Chegada de novas variantes à Bahia é questão de tempo

Os vírus têm replicações consideradas “falhas”, das quais surgem novos microrganismos. São processos comuns a todos os vírus, não só ao Sars-Cov-2. O problema, no caso das variantes desse vírus, aliada a uma cobertura vacinal ainda baixa, é que as variantes geralmente são os “subprodutos” com mais capacidade de permanecerem vivas e, por isso, de gerarem quadros mais graves da covid-19.

Na Bahia, dos 14.9 milhões de habitantes apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1.445.489 milhão - ou seja, 9.7% - recebeu a segunda dose da vacina contra a doença, mostra painel da Sesab. Em Salvador, dos 2,8 milhoes de habitantes, apenas 342.458, ou 12%, já foram completamente imunizados .

“Essas mutações surgem espontaneamente e dentro desse contexto de surgir espontaneamente e as pressões geradas pela pressão imunológica, acabamos selecionamos as que tem mais capacidade de sobreviver”, explica Khoury.

As estatísticas oficiais de casos da doença não fazem distinção por variante. Mas, conta o virologista, os pesquisadores conseguem identificar grande predominância das variantes P.1, de Manaus, e da P.2, do Rio de Janeiro, em casos mais graves. Ambas chegaram à Bahia mais expressivamente em janeiro, o que comprova a necessidade de se preocupar com o que ocorre no Maranhão.

“A velocidade com que elas conseguem alcançar o mundo é grande e é muito difícil conter isso”, explica. Enquanto não há vacina para todos, os remédios, no entanto, já são conhecidos, e não dependem só “de políticas públicas de afastamento", frisa Khoury. “Se a população não conseguir se controlar, com o mínimo de segurança, vai ficar muito difícil”, avisa.

O uso de máscara deve acontecer sempre, inclusive durante a prática de exercícios físicos. “Em qualquer atividade que você fale mais, fique mais ofegante, há produção maior de gotículas de ar e, sem saber, você pode estar doente e transmitir para alguém”, alerta.

Final de semana termina com UTIs e ruas lotadas

Entre o Porto e o Farol, o caminho estava tão cheio na manhã do último domingo (23) que era preciso desviar de ciclistas e corredores - quase nunca com máscaras, que estão quase sempre sob o queixo. As praias estavam fechadas, mas, segundo moradores, uma corrida foi realizada logo no início do dia.

Na área do Porto da Barra, mais de 30 pessoas deram as mãos, também sem máscara, antes de uma competição de triatlo. Num bar próximo, homens, mulheres e crianças interagiam livremente.

O Hospital Espanhol tem vista para alguns desses trechos. No último final de semana, a psicóloga Larissa repetiu mais de 20 vezes o percurso externo que leva até o contêiner refrigerado onde as vítimas fatais da covid-19 são reconhecidas pelos parentes, que vão paramentados dos pés a cabeça para isso. Mais de 20 vezes, portanto, ela viu aglomerações. “Incomoda demais”, afirma ela.

“Enquanto eu falo com você, vejo umas 15 pessoas com máscara no queixo, próximas, rindo”.

Até o fim do último domingo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto ficou em 83% na Bahia e em 79% na capital baiana. Sete hospitais, em Salvador, fecharam o dia com de ocupação igual ou maior que 90% - Maternidade Professor Josê Maria de Magalhães Neto (100%), Hospital Covid-19 Itaigara (98%), Hospital Especializado Salvador (95%), Hospital do Subúrbio (94%), Hospital de Campanha Centro de Iniciação Esportiva (94%), Hospital Eládio Lasserre e Hospital Sagrada Família, ambos com 90% de lotação.

Um estado conduzido por um grupo ligado ao governo do Reino Unido indicou que as vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneza/Oxford são efetivas contra a variante indiana da Covid19. Mas, é bom lembrar que a minoria da população, baiana e brasileira, está vacinada. E o grupo não analisou o desemprenho da Coronavac, a mais utilizada até o momento em todo o país.

Às 17h13, Larissa, a psicóloga do Hospital Espanhol voltou a escrever à reportagem. Anexou apenas uma foto, com vista para a Barra lotada. “Surreal”, ela escreveu. Logo em seguida, engoliu a indignação, que vive presa no peito, e voltou a trabalhar. Embora aqueles do lado de fora ignorem, ali dentro há uma luta contra a morte que nunca tem intervalo.

Tire dúvidas sobre variantes
Como as variantes surgem?

As variantes surgem do processo de replicação de um vírus.

Por que as variantes podem ser mais graves?

Nesse processo, falhas do processo de replicação e interferência da resposta imunológica de um indivíduo contra um vírus, o que pode gerar variantes mais graves e transmissíveis.

Como se proteger das variantes do coronavírus?

Enquanto não há vacina para todos, as únicas formas de se proteger contra as variantes do coronavírus são o uso correto de máscara e o distanciamento ou isolamento social.

O grave atravessa a mais espessa parede e faz tudo trepidar. Na mesma batida estremece o que há de vidro e alumínio na casa. O desconforto é tão grande, que o traseiro pulsa na mesma frequência. “Aqui em casa, as paredes são antigas, 60 cm de largura, e, ainda assim, o barulho não deixa ninguém dormir. Sacode tudo. A sensação é de um trio elétrico dentro de casa. Quando vamos dormir, a gente sente o travesseiro tremer”, relata uma moradora da Rua Presidente Vargas, em Itapuã. Segundo ela, todas as sextas-feiras tem paredão na rua, que é estreita e margeada por casas. “É um inferno!”, desabafa.

Mais de 1,3 mil festas e paredões como esse foram encerradas em apenas três meses no território baiano pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA). De 19 de fevereiro até 15 de maio, foram exatamente 1.329 eventos desse tipo finalizados, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA). Vinte e um deles aconteceram no dia 15 de maio. A PM-BA também fez 367 autuações em situações de tumulto, no mesmo período, e fechou 17.632 estabelecimentos.

Segundo a moradora de Itapuã, antes da pandemia, o paredão acontecia na Praça Dorival Caymmi. Mas, com a intensificação das operações de combate à poluição sonora da prefeitura, como medida de enfrentamento à covid-19, o paredão foi transferido para a Rua Presidente Vargas, que fica na localidade conhecida como Baixa da Gia. “Desde então, não tivemos paz. Dorme à noite nas sextas é um milagre!”, disse.

Em Salvador, Itapuã é o bairro líder em denúncias de poluição sonora, de acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur). Das 11.937 denúncias feitas ao órgão entre janeiro e maio de 2021, 353 delas foram para o bairro de Vinícius de Moraes. O segundo no ranking é Paripe (320), seguido de Pernambués (302), Boca do Rio (289) e Liberdade (280). No total, 422 equipamentos de som foram apreendidos. No mesmo período do ano passado, foram registrados 19.348 casos.

A moradora contou que responsáveis pela promoção da “festa” começam a fazer a divulgação no início da semana nas redes sociais. “Espalham cards sem muito detalhe e só um número para as pessoas saberem o dia e o horário”, contou. A bagaceira tem começado sempre a partir das 22h, bem no horário do toque de recolher estabelecido pelo governo do estado. A depender da quantidade de gente, vai até 07h, 08h até 10h do sábado. De acordo com ela, na última sexta do mês de abril, havia um público de 500 pessoas embaladas não somente pelo som grave que saia das porta-malas de três carros.

“Nessas festas vem gente de todo o canto e de todo o tipo. Vem o pessoal de Itinga, Bairro da Paz, Alto do Coqueirinho, Fazenda Cassange, gente de Cajazeira, são jovens, muitos adolescentes, em busca de bebida, sexo e drogas”, declarou. Ela disse que já perdeu as contas de testemunhar situações indelicadas em frente à sua porta. “Já presenciei casais brigando, fazendo sexo, pessoas consumindo cocaína, vomitando... Certa vez, uma menina passou tão mal, vomitava tanto, que abri a porta e dei água para ela, porque, apesar de tudo, tenho filho adolescente e a gente se compadece”, contou a moradora.

Um outro morador da rua entrevistado pelo CORREIO disse que certa vez pediu para um dos responsáveis pelo paredão que diminuísse o volume do som. “Naquele dia, no segundo semestre do ano passado, estava impossível ficar em casa. Parecia que as paredes iam desabar e precisava dormir, pois ia trabalhar cedo. Fui até lá e pedi educadamente para que o dono diminuísse, mas ele não só negou, como tirou foto minha e de minha casa, como forma intimidação. Então, liguei para a polícia, que acabou a bagunça. Mas, na semana seguinte, tinha outro paredão lá”, contou.

São Tomé de Paripe
O problema dos paredões é sentido também por quem mora na outra ponta de Salvador. Em São Tomé de Paripe, região do subúrbio, o bicho pega aos sábados. A orla à noite é toda por carros, que muitas vezes já estavam ali durante o dia. “Essa turma se reúne para beber 15h, 16h. Começa com três, cinco, depois já tem 10, 15. Quando chega à noite, vira um Carnaval de gente. As pessoas tomam a rua de uma forma, que os moradores sequer conseguem sair de suas casas. Tirar o carro da garagem é impossível”, contou um morador.

Ele relatou que é comum em dias de paredão atravessar o mar de gente carregando um vizinho que passou mal porque a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não consegue chegar ao endereço informado. “Eles não deixam a ambulância passar, ameaçam quebrar tudo e quem sofre somos nós. A polícia chega, dispersa tudo mundo, mas basta as viaturas saírem, para voltar tudo novamente”, contou.

Pernambués
Quem mora em Pernambués raramente consegue um boa noite de sono nos finais de semana. Isso porque moradores da Rua Escritor Edison Carneiro é tomada por carros de som estacionados próximo de um estabelecimento, o Pastel da Say. Segundo os moradores, a situação se repete há várias semanas, sempre nas madrugadas de sexta a domingo, o que impossibilita o sono de crianças, idosos e qualquer pessoa que more próximo ao local de onde os paredões estrondam seus poderosos aparelhos de som. “E para completar, no dia seguinte é uma porcaria só. As portas das casas e do comércio ficam com um fedor de mijo, vômito, até fazes já encontramos. Copos plásticos, garrafas, camisinhas, droga espalhada. Um caos”, disse mais uma moradora.

Tráfico
De acordo com uma fonte da Sedur, a grande maioria das denúncias de paredões tem relação com o tráfico de drogas. Ou seja, traficantes estariam por trás financiando essas aglomerações. “Isso foi o que nós constatamos. Por conta da pandemia, as festas foram proibidas como medida de combate à proliferação do vírus. Logo, o tráfico viu nas festas de paredão, que já acontecia antes, mas em menor frequência, a forma de escoar a droga”, disse a fonte.

A fonte disse que exemplos não faltam. “Certa vez, um comboio da Polícia Militar foi recebido a tiros no Arenoso, quando foi para encerrar um paredão que tinha mais de mil pessoas. No complexo do Nordeste de Amaralina e em São Caetano também tivemos casos semelhantes. A gente vem percebendo o aumento das aglomerações como forma do tráfico tirar o prejuízo nessa pandemia. Logo, é possível encontrar um monte de gente armada. Os vídeos e fotos que circulam nas redes sociais estão aí para mostrar tudo isso”, disse o agente.

Ele falou ainda que os relatos das pessoas que não obrigadas a conviver com os paredões são desesperadores. “São moradores de bem, que trabalham o dia inteiro e que precisam de paz para começar o dia seguinte, pessoas com avós em casa, parentes doentes, gente que não tem para onde ir e que vai na Sedur se acabando no choro porque não aguenta mais. Gente dizendo que está à beira de cometer uma loucura. Fazemos o que podemos. Vamos até o local com a polícia. Mas basta a gente dar as costas e começar tudo de novo. Tivemos relatos de pessoas que abandonaram suas casas”, contou.

Fiscalização
A subcoordenadora de fiscalização sonora da Sedur, Márcia Cardim, ressalta que os paredões são proibidos de ocorrer com ou sem pandemia. Seja por paredes de som, ou no porta-malas de veículos. Já em um contexto pandêmico, nenhum som em via pública está permitido.

“Nenhum tipo de som em logradouro público está sendo autorizado, independentemente de ser caixa de som ampliada, veículo com som pequeno, não pode. Também não pode festa, independentemente do índice sonoro, do número de pessoas. Passou de 22h, a gente solicita que o cidadão se recolha, por conta do toque de recolher. Se não tiver passado de 22h ainda, a gente orienta sobre o uso de máscara, distanciamento, conversa e dispersa as pessoas e a aglomeração”, esclarece Cardim.

A penalidade pode variar de R$ 1.068 a R$ 168 mil. Se a pessoa cometer o crime mais de uma vez, pagará o dobro da primeira multa. “Autuamos o infrator pelos índices a depender do permitido ou pela falta do alvará. Ele só pode retirar o bem após o pagamento da multa ou se houver nulidade do processo, por algum vício. O valor da multa varia a depender do local, horário, altura do som, dos decibéis acima do permitido, de acordo com a tabela dentro da lei”, orienta.

Além da multa, a pessoa é conduzida à delegacia por desrespeitar “o sossego e ordem pública” e por “crime ambiental”, e responderá criminalmente. Os bairros mais denunciados são os periféricos, como já mencionado. Porém, a Pituba, por exemplo, está em oitavo lugar no ranking. “Na Pituba, temos maior incidência de bares e residências, e não paredões. Em cada bairro, acaba mudando a configuração da denúncia”, detalha Márcia.

Na Liberdade, as igrejas são o principal foco de poluição sonora. “A Liberdade é um bairro com um número muito grande de igrejas, geralmente, de pequeno porte, que utilizam equipamentos de banda, microfonia, não têm alvará, e acabam incomodando as pessoas da redondeza”, exemplifica.

As fontes mais denunciadas por barulho, no geral, são os veículos - mais de 90%. Porém, houve um aumento das denúncias em residências na pandemia. “Por conta de as pessoas ainda estarem em isolamento, elas acabam extrapolando as atividades sonora. Outro fenômeno que cresceu foram as chácaras e residências locadas para eventos, que são registradas como residência, mas, pela frequência das festas, não é mais residência, e sim casa de festa”, ressalta. Os dias mais frequentes dessas festas e aglomerações são de sexta a domingo.

Ela relembra que, além das atividades sonoras em vias públicas estarem proibidas, somente os estabelecimentos comerciais que têm alvará sonoro podem promover som ao vivo e com restrições: até às 21h30, com apenas duas pessoas na banda, e índices de decibéis até 60 entre 22h às 7h, e até 70db de 7h às 22h. Eventos com venda de ingresso estão igualmente proibidos e o limite para casa de festas é de 50 pessoas, respeitando-se o distanciamento de 1,5 metro.

Ela também faz um apelo para que essas aglomerações não ocorram. “Se o cidadão não ajudar, por mais equipes que a prefeitura coloque nas ruas, para combater a poluição sonora, acaba tendo um retrocesso, como agora, com os casos aumentando e a ocupação dos leitos de Uti [Unidade de Terapia Intensiva]. Tem quer consciência neste momento”, alerta a subcoordenadora.

São 42 pessoas na equipe da Sedur para combater os focos de poluição sonora em Salvador, uma cidade de 693,8 km². Ou seja, cada fiscal é responsável por uma área de 16,5 km², o equivalente a dois campos de futebol. Para denunciar aglomerações, festas e paredões, o canal da prefeitura é o Disque 156. Também é possível denunciar pelo 190, diretamente com a Polícia Militar.

Aglomerações aumentaram número de casos
A coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Izabel Marcílio, vem notado um aumento das aglomerações e uma redução dos índices de isolamento social em Salvador e na Bahia como um todo. “Dá para perceber no engarrafamento, nos comércios que funcionam de portas fechadas e em bares e restaurantes que vendem cerveja após o horário permitido”, pontua.

Ela pondera, contudo, que não são só os paredões que são o foco de transmissão para o vírus. “Se fosse só paredão o problema da pandemia, a gente só teria pessoas de uma classe mais baixa infectada e nos hospitais, e isso, em nenhum momento, aconteceu. Se houver aumento dos casos nos finais de semana, é por conta dos paredões, das festas privadas em condomínios de luxo e dos encontros familiares”, alerta.

“Qualquer festa, mesmo com a família, ou um batizado numa igreja, que é ainda pior, porque é em local fechado, é uma aglomeração. E começamos a ver um aumento 15 dias após o evento. Não podemos constatar em relação aos finais de semana, mas, quando ocorrem feriados, como foi o da Semana Santa, já vemos o espalhamento da doença”, reforça.

Isso ocorre porque, o novo coronavírus, é uma doença de “característica explosiva”, porque, casa pessoa transmite para outra, em cadeia, explica Izabel, que é média epidemiologista. É diferente, por exemplo, da dengue, ou zika, em que é necessário um vetor para espalhar a doença. O contágio pela covid-19 é majoritariamente respiratório.

O professor do Instituto de Saúde Coletiva (Isc) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Márcio Natividade, doutor em saúde pública e integrante da Rede Covida e do Geocombate, grupo de pesquisa da Ufba voltado para analisar o comportamento da pandemia nos bairros de Salvador, avalia que esses tipos de eventos vão de encontro a todas as recomendações sanitárias.

“Estamos lidando com um vírus de alto potencial de transmissibilidade, então, quanto mais pessoas próximas, maiores as chances do vírus circular com maior força", explica. “Os jovens, das faixas etárias menores de 30 anos, estão tendo maiores ocorrências de casos, justamente por conta disso, não há uma total noção do risco, diferente dos adultos”, avalia.

A contaminação reflete na taxa de ocupação de leitos de Uti, nas taxas de hospitalização, óbitos, novos casos e casos ativos, segundo ele, por conta da facilidade do contágio - aumentado pelas novas variantes. “As pessoas vão se infectado, transmitem para seus familiares em casa, alguns deles, idosos e com comorbidade, agravam e, gera o efeito cascata, porque muitos não conseguem leitos, lotam as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], e isso aumento o número de óbitos”, esclarece.

De acordo com Natividade, os bairros periféricos são os que mais registram paredões, mas não são o único foco de contaminação da doença. Ele observa que principalmente no distrito de Beiru e Cabula, Liberdade e Centro Histórico, há um aumento dos casos, hospitalização e mortalidade, que foi acentuado nos últimos meses, desde fevereiro de 2021. Ele sugere que haja uma prevenção desses eventos ocorreram, para evitar o acontecimento das festas.

De onde vieram os paredões?
Os paredões surgiram em 1940, dos povos africanos, segundo Mariana Bittencourt, mestra em antropologia pela Ufba. “A festa paredão surge como uma herança cultural de povos africanos em diáspora, sobretudo na Jamaica. Desde a década de 1940, existem sistemas de som como organizadores da vivência coletiva, principalmente nos bairros de periferia da Jamaica”, explica.

No Brasil, essa cultura se disseminou nos anos 2000 como parte da sociabilidade da juventude, em maioria, periférica. Na Bahia, prevalece o pagode, mas, em outros estados, como o Rio de Janeiro e São Paulo, o funk é o ritmo mais consumido.

Além disso, os paredões existem pela proximidade geográfica e limitação da juventude negra no acesso ao entretenimento. “A lógica de existência desses paredões, sobretudo pela posição socioeconômica da juventude mais pauperizada de Salvador, também com as relações raciais que demarcam essa cidade, é vinculado ao acesso e ao consumo de entretenimento. E, pela possibilidade de ter esse entretenimento em sua localidade, através do sistema de som, na rua, onde tem também movimentação do comércio local, de bebida, de comida”, detalha Mariana.

A antropóloga ratifica, assim como foi afirmado por Márcio e Izabel, que os paredões não são os únicos responsáveis pelo aumento dos números de pandemia. “O paredão não é o único que tem violado os princípios de distanciamento. Existem outras classes sociais e outros tipos de festa, por outro tipo de público, que está a fim de sociabilizar”, pondera.

Aliado a isso, ela ressalva que, a classe trabalhadora informal, não teve o direito de estar em quarentena, então é mais difícil assimilar que aglomerações sejam possíveis. “A classe trabalhadora não parou durante a pandemia, não houve o direito de quarentenar, como em outros meios sociais. Os trabalhadores de transporte público, de segurança, de mercado, de mercado informal, permaneceram trabalhando e a visão sobre não aglomerar é quase inexistente. O paredão é mais um dispositivo de fuga”, completa Bittencourt, que fez uma tese de mestrado sobre o sistema de som de Salvador.

O Correio procurou a Guarda Civil Municipal e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), que informaram que seriam com a Sedur. A PM-BA não fornecer fonte para a matéria.

Bairros com maior número de denúncias por poluição sonora em Salvador (fonte: Sedur)
Número de denúncias - 11.937
Itapuã – 353
Paripe – 310
Pernambués – 302
Boca do Rio – 289
Liberdade – 280
Equipamentos apreendidos – 422
Período: 01.01.2021 a 18.05.2021

 

Fonte: Correio24horas

O Governo do Estado decidiu manter o toque das 21h às 5h, em toda a Bahia até o dia 1º de junho. Nas regiões da Chapada, Oeste, Sudoeste e Extremo-Sul, as medidas de restrição de locomoção tem validade das 20h às 5h.

Nos municípios integrantes das regiões em que a taxa de ocupação de leitos de UTI vier a se manter igual ou inferior a 75%, por cinco dias consecutivos, a restrição na locomoção será válida das 22h às 5h.

O funcionamento de bares e restaurantes deve ficar limitado às 19h todos os dias, até 1º de junho. No final de semana, o funcionamento dos bares e restaurantes deve estar restrito à comercialização de alimentos e bebidas não alcoólicas, pois das 18h de 28 maio até as 5h de 31 de maio, a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos fica proibida, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery), com exceção apenas para as regiões que alcancem a taxa de 75% ou menos de ocupação de leitos de UTI, durante cinco dias consecutivos

A circulação das lanchinhas deve ser suspensa das 22h30 às 5h, limitada a ocupação ao máximo de 50% da capacidade da embarcação durante o fim de semana.

Região Metropolitana
O toque de recolher nas cidades da região metropolitana tem validade das 20h do dia 28 às 5h de 31 de maio. Com isso, o funcionamento dos meios de transporte metropolitanos e ferry boat fica suspenso no período das 20h30 às 5h, de 28 até 30 de maio, sendo proibido o funcionamento do ferry boat nos dias 29 e 30.

De acordo com o decreto, a comercialização de bebidas alcoólicas nos municípios desta região fica proibida das 20h do dia 28 às 5h do dia 31 de maio.

Aulas
As unidades de ensino públicas e particulares podem manter as atividades de forma semipresencial. Para que isso ocorra, é necessário que a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid esteja abaixo de 75%, por cinco dias consecutivos, nas regiões de saúde.

Além disso, as atividades letivas devem ficar condicionadas à ocupação máxima de 50% da capacidade de cada sala de aula e ao atendimento dos protocolos sanitários estabelecidos.

Eventos e shows
Os eventos e atividades que envolvam aglomeração de pessoas continuam proibidos, em todo o território da Bahia, independentemente do número de participantes, ainda que previamente autorizados.

Segue suspensa ainda a realização de shows, festas, públicas ou privadas, e afins, independentemente do número de participantes, além de atividades esportivas amadoras em todos os municípios baianos, até 1º de junho.

A atualização do decreto determina ainda a permissão de eventos profissionais e científicos com até 50 pessoas; além de atos religiosos litúrgicos desde que esses ocorram com 25% da ocupação dos espaços. Academias também podem manter o funcionamento, desde que limitem a 50% da capacidade.

Um grupo fez um protesto na frente do supermercado Atakarejo, do bairro do Caminho de Areia, na Cidade Baixa, por causa das mortes de Yan Barros e Bruno Barros, após os dois furtarem carnes do supermercado Atakarejo, no bairro do Nordeste de Amaralina, na capital baiana. A manifestação aconteceu na tarde desta sexta-feira (21).

Com cartazes, o grupo, formado por entidades do movimento negro de Salvador, pediu justiça e esclarecimento das autoridades e da rede varejista sobre o caso. As pessoas também mencionaram a operação policial na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.

Os corpos de Yan e Bruno foram encontrados na mala de um carro, na localidade da Polêmica, na capital baiana, na noite do dia 26 de abril, após furtarem carne, no supermercado Atakarejo. Oito pessoas, entre funcionários do supermercado e traficantes, já foram presas por envolvimento no caso.

O protesto foi organizado por pessoas da União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Distrital de Itapagipe, Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, Instituto de mulheres Negras Luiza Mahin, Escola Comunitária Luiza Mahin, Casa de Oração Mariazinha, Rede Reprotai, Comissão de Articulação dos Moradores da Península de Itapagipe (CAMMPI) e o Fórum Nacional de Mulheres Negras.

Também fizeram parte da manifestação a Associação Beneficente Educação Arte e Cidadania (ABEAC), Associação dos Moradores do Leblon, Clube de Remo Península, ICBIE, Adocci, Associação Internacional de Capoeira os Bambas do Sol Nascente, Biblioteca Comunitária Clementina de Jesus, Fórum Nacional de Mulheres Negras e o CRR.


Relembre o caso

O crime aconteceu no dia 26 de abril, mas só na última quinta-feira (6), o supermercado Atacadão Atakarejo informou que os seguranças envolvidos no caso foram afastados. Segundo a família das vítimas, Bruno e Yan foram entregues por funcionários do estabelecimento a integrantes de uma facção criminosa do bairro do Nordeste de Amaralina.

No dia 10 de maio, uma operação policial prendeu três seguranças do Atakarejo, o gerente da loja e quatro suspeitos de tráfico, por envolvimento na morte de Bruno e Yan.

Na operação, a polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina. Filmagens de câmeras de segurança foram parcialmente encontradas, e a polícia investiga se parte do material, que não foi registrado, foi apagada.

Na noite do dia 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.

Um dia depois, no dia 27, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que eles foram morto após terem sido flagrados pelos seguranças do supermercado Atakarejo furtando carne no estabelecimento.

Ela divulgou mensagens de áudio que Bruno enviou a uma amiga contando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem diz ter feito.

 

Em campos opostos da política desde a década de 1990, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) almoçaram juntos na semana passada.

O encontro foi promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim, que atuou tanto no governo do petista quanto no do tucano. O almoço ocorreu na casa de Jobim e durou cerca de 3 horas. A reunião foi registrada nas redes sociais de Lula.

A aproximação com o tucano faz parte da estratégia do ex-presidente de se apresentar como um pré-candidato moderado e atrair lideranças do centro político. No início do mês, ele esteve em Brasília e se reuniu com nomes como o do também ex-presidente José Sarney (MDB), o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O gesto de FHC a Lula ocorre no momento em o PSDB enfrenta uma divisão interna e planeja fazer prévias para escolher seu candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Em entrevistas ao jornal Valor Econômico na semana passada e à Rádio Eldorado nesta semana, o tucano afirmou que, num eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, votaria no petista.

"Espero que não seja necessário, mas se for, provavelmente, sim. PT é um partido importante que se organizou. Não tenho medo do PT", afirmou ao jornal. Na mesma entrevista, FHC revelou que anulou o voto na disputa presidencial de 2018, quando Fernando Haddad (PT) enfrentou Bolsonaro no segundo turno. No Twitter, Lula elogiou a entrevista e respondeu: "Eu faria o mesmo se fosse contrário".

Com o avanço da pandemia e o aumento dos casos ativos da covid-19, a Bahia vai voltar a ter medidas restritivas. Depois do secretário Fábio Villas-Boas informar que a Bahia chegou no limite da disponibilização de novos leitos para covid-19, o governador Rui Costa afirmou que, no ritmo em que estamos, o sistema de saúde baiano corre risco e vai se reunir com municípios para propor restrições.

"Do jeito que está, vamos precisar regredir no que foi feito. Já passamos de 80% de ocupação em Salvador, quatro regiões do estado estão com mais de 90%. Então, é possível que tenhamos que dar passos pra trás na flexibilização", disse Rui. 

Ainda de acordo com Rui, o cenário de contaminação neste momento é ainda mais preocupante do que em 2020 e que o Estado não tem mais onde colocar pacientes. "No pior mês da pandemia no ano passado, em julho, tínhamos 800 leitos de UTI. E o número de pessoas aguardando chegou a 80 ou 90 pessoas aguardando. Esse ano, temos o dobro de leitos, nós não comportamos e vimos uma fila de 500 em março e não tem mais espaço pra botar novos pacientes", alerta.

Ele anunciou que vai se reunir com os prefeitos para decidir as medidas que serão tomadas. "Nós vamos fazer uma reunião no final da tarde com os prefeitos da região metropolitana. Temos que tomar medidas porque, quem não adota políticas preventivas, precisa fazer medidas corretivas", explicou.

O governador ainda alertou que os números da pandemia são um reflexo das aglomerações. "Estamos pagando um preço pela irresponsabilidade de alguns que se metem em garagens, galpões e afins pra aglomerar. Quem paga isso é a gente. Uns com a vida, outros com o sofrimento e muitos com prejuízo por conta das medidas que restringem a atividade econômica para evitar o pior", finalizou.

Oeste da Bahia

O Oeste é a região que mais preocupa o governo, devido à ocupação dos leitos de UTI. "Ontem, tivemos uma reunião com todos os prefeitos do oeste e, por lá, o decreto em vigor já fecha até a segunda-feira o comércio não essencial e faço um pedido para a população de lá para ajudar. Se proteja e também denuncie aglomerações", disse Rui Costa.

Ainda segundo ele, uma nova reunião com os prefeitos está marcada para a próxima segunda-feira (24) para avaliar se as medidsa restritivas serão mantidas.

Dique do Cabrito

As informações foram dadas por Rui no ato de entrega de uma obra de macrodrenagem e urbanização no bairro Dique do Cabrito.

Um processo de revitalização que demandou investimento de R$ 1.8 milhão dos cofres do governo só para macrodrenagem. Já na urbanização foram investidos R$ 812.000, contemplando pavimentação, paisagismo, campo de futebol, parque infantil, entre outros. 

 

 

 

 

 

Lady Gaga revelou que foi estuprada aos 19 anos, por um produtor, que a engravidou. A revelação foi feita no episódio de estreia do programa The Me You Can't See, de Oprah Winfrey e Príncipe Harry, sobre saúde mental. A entrevista está disponível na Apple TV+.

Lady Gaga contou que foi ameaçada pelo produtor com quem trabalhava na época, que disse que queimaria suas músicas se ela não tirasse a roupa. "Eu tinha 19 anos, estava trabalhando em um projeto e o produtor me disse: tire a roupa. Eu disse que não e saí, e eles me disseram que iriam queimar todas as minhas músicas. E eles não pararam. Eles não pararam de me questionar e eu simplesmente congelei... e não lembro de mais nada."

Ela disse ainda que o estuprador a deixou "grávida na esquina". Ela estava vomitando e passando mal.

As marcas da violência sofrida no início da juventude acompanham Lady Gaga, que contou, também, ter sofrido um surto psicótico anos depois. "Já fiz inúmeras ressonâncias magnéticas e exames, e não encontraram nada. Mas o corpo lembra", disse ainda.

A cantora e atriz afirmou que não pretende revelar o nome do agressor porque nunca mais quer encontrá-lo.

Trabalhadores informais nascidos em maio recebem hoje (21) a segunda parcela da nova rodada do auxílio emergencial. O benefício terá parcelas de R$ 150 a R$ 375, dependendo da família.

O pagamento também será feito a inscritos no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) nascidos no mesmo mês. O dinheiro será depositado nas contas poupança digitais e poderá ser movimentado pelo aplicativo Caixa Tem. Somente de duas a três semanas após o depósito, o dinheiro poderá ser sacado em espécie ou transferido para uma conta-corrente.

Também hoje, beneficiários do Bolsa Família com o Número de Inscrição Social (NIS) de dígito final 4 poderão sacar o benefício.

Na última quinta-feira (13), a Caixa anunciou a antecipação do pagamento da segunda parcela. O calendário de depósitos, que começou no último domingo (16) e terminaria em 16 de junho, teve o fim antecipado para 30 de maio.

Ao todo, 45,6 milhões de brasileiros serão beneficiados pela nova rodada do auxílio emergencial. O auxílio será pago apenas a quem recebia o benefício em dezembro de 2020. Também é necessário cumprir outros requisitos para ter direito à nova rodada (veja guia de perguntas e respostas no último parágrafo).

CALENDÁRIO DA SEGUNDA PARCELA DO AUXÍLIO EMERGENCIAL 2021

CALENDÁRIO DA SEGUNDA
PARCELA DO AUXÍLIO EMERGENCIAL 2021
CALENDÁRIO DA SEGUNDA PARCELA DO AUXÍLIO EMERGENCIAL 2021 - Divulgação Governo Federal
 

Para os beneficiários do Bolsa Família, o pagamento ocorre de forma distinta. Os inscritos podem sacar diretamente o dinheiro nos dez últimos dias úteis de cada mês, com base no dígito final do NIS.

O pagamento da segunda parcela aos inscritos no Bolsa Família começou na terça-feira (18) e segue até o dia 31. O auxílio emergencial somente será depositado quando o valor for superior ao benefício do programa social.

A digital influencer Gabriela Pugliesi compartilhou a primeira foto ao lado do novo namorado, o rapper Túlio Dek. É o primeiro relacionamento da musa desde que ela terminou o casamento com Erasmo Viana.

Os pombinhos estão curtindo uma viagem de casal por São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.

A influenciadora digital e o artista postaram a mesma foto nos Stories do Instagram. "Esquece tudo o que eu disse antes", escreveu Gabriela ao mostrar o registro.

Pugliesi também interagiu com perfis que noticiaram o relacionamento. "Só Deus sabe como eu mereço, viu", comentou ela em uma das publicações no Instagram.

Esse é o primeiro relacionamento de Pugliesi desde Erasmo Viana. Recentemente, a influencer afirmou que o ex-marido "errou feio", mas que ela conseguiu perdoá-lo. Ele negou ter se envolvido com outra pessoa enquanto estava com Pugliesi.

A alta no número de casos de coronavírus em Salvador já começa a refletir na taxa de ocupação de leitos. Pelo menos quatro unidades da capital baiana, entre leitos clínicos e de UTI, já não possuem mais vagas.

Na tarde desta quinta-feira (29), segundo os dados da Secretaria de Saúde da Bahia, o Hospital Eládio Lasserre, no bairro de Águas Claras, já registrava 100% ocupação dos 10 leitos clínicos e os 10 de UTI para pacientes com covid-19. Do total de pacientes internados com maior gravidade, oito fazem uso de ventilação mecânica.

Há também registro de lotação máxima nos leitos clínicos do Hospital de Campanha do Itaigara; na UTI da Maternidade Professor José Maria de Magalhães; e nos leitos pediátricos do Hospital Municipal de Salvador.

O cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador na Rede Análise Covid-19, já havia alertado para a possibilidade da terceira onda de covid-19 no país, principalmente com a aproximação do inverno.

Se o colapso no sistema de saúde por conta da covid-19 foi evitado em fevereiro e março deste ano, ele pode chegar nos próximos meses. A média móvel de casos ativos na Bahia aumentou 13,2% em apenas um mês. Em 19 de abril, ela estava em 15.576 casos. Já em 19 de maio, chegou a 17.637.

O pico foi registrado em 27 de fevereiro, quando a média móvel de casos ativos no estado ficou em 20.582, segundo a médica epidemiologista Izabel Marcílio, coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (Coes), da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

O número tem aumentado progressivamente. Em 1 de abril, por exemplo, a média era de 15.646. Já no dia 15 de abril, foi para 16.139, e, em maio, passou dos 17 mil. Isso significa que o fator rt, que mede a taxa de transmissão do novo coronavírus, está acima de 1, ou seja, uma pessoa consegue infectar mais de uma, fazendo a curva subir. Se ela estivesse abaixo de 1, haveria um decréscimo, e, se fosse igual a 1, haveria estabilidade, o que não tem sido observado.

Os casos ativos são aqueles confirmados com o diagnóstico de covid-19, de pessoas com ou sem sintomas. Eles são considerados ativos, ou seja, sujeitos a infectar outra pessoa, durante 14 dias, e são calculados a partir do número de casos confirmados, subtraindo-se o número de óbitos.

Consequentemente, isso reflete na taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que variou entre 85% e 81% nesta quarta-feira (20). Das 9 regiões da Bahia, apenas duas estão com a taxa de ocupação de leitos de UTI abaixo de 80% - no Centro-Norte (77%) e no Sul (78%). No Nordeste, está em 100% - vejas todas no final da matéria. É preciso lembrar que o estado tem o dobro de leitos de terapia intensiva do ano passado, no pico da primeira onda. Hoje, são 1.598.

Os três fatores que contribuíram para esses aumentos foram os feriados do mês de abril e maio, além das flexibilizações feitas pelo governo estadual e em alguns municípios.

“O comportamento da população é que facilita ou freia a transmissão do vírus, já que é um vírus de transmissão respiratória. Coincidiu a Semana Santa e, logo em seguida, o Dia das Mães, que são dois feriados de bastante prestígio na Bahia, e que levam a aglomerações, sem uso de máscara. Somado a isso, tiveram as flexibilizações, com alguns setores de atividades sendo liberados”, esclarece Izabel Marcílio.

Apesar de voltar a decretar estado de calamidade pública no dia 1 de abril, o governo baiano flexibilizou a realização de eventos até 50 pessoas, reduziu a duração do toque de recolher, promoveu a reabertura de restaurantes e academias e permitiu a venda de bebida alcóolica no final de semana.

Esses encontros familiares, apesar de não serem como os paredões, são tão transmissíveis quanto, relembra a epidemiologista. “Os familiares são os principais motores de transmissão, porque são sempre contatos próximos e prolongados, com confraternização, comida e bebida, beijos e abraços. Se todo mundo passa a não seguir as regras e se aglomerar em locais fechados, os índices vão aumentar, não tem jeito, é matemática”, reforça Marcílio.

A coordenadora do Coes afirma que nenhuma região está com a pandemia sob controle e todas preocupam a Sesab, principalmente a Oeste, além da Região Metropolitana de Salvador (RMS), pelo contingente populacional: “Todas estão em alerta”.

A quantidade de testes realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) continua o mesmo, de 5 mil por dia. Segundo Izabel, os municípios passaram a aplicar mais testes por conta própria - seguindo as mesmas diretrizes, de só testar os sintomáticos.

Apesar disso, ela não considera que seja a terceira onda ainda, porque não saímos da segunda. O mesmo foi dito pelo coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, Ivan Paiva (relembre aqui). “Antes da Páscoa, estávamos com 14 mil casos ativos, o que é muito, então a segunda onda ainda não acabou. A gente vinha controlando bem e, de repente, há um repique, com um novo aumento”, analisa.

Para que a situação fique sob controle, ela defende que 100% da população acima de 18 anos deva estar vacinada e o número de casos ativos seja zerado. Isso dependerá do envio de doses pelo Ministério da Saúde e da consciência da população. Ela faz um alerta para que os baianos não festejem no São João.

“Não teremos São João e, quem está pensando diferente, ficará convivendo com a dor e o sofrimento de ficar doente, está se convidando para ir para hospital, se infectar, ir para a Uti, e poderá conviver com a morte de quem ama e dele próprio, além de arrastar essa situação complicada da pandemia, que ninguém aguenta mais. Cada passo para a desobediência significa colocar esse 

Flexibilização aumentou incidência, diz médico

Para o imunologista e professor da Rede UniFTC Celso Sant’Ana, o principal motivo que levou à nova ascendência de casos de covid-19 foi a flexibilização. “Seguramente, existe uma combinação de fatores, mas o relaxamento de algumas medidas restritivas, assim como os eventos que fizeram ter aglomeração, que fazem esses casos subirem”, avalia.

Sant’Ana diz que não estava na hora de flexibilizar. “Quando caíram as mortes diárias de 4 mil para 2 mil, 1 mil e pouca [no Brasil], tivemos a falsa sensação que a pandemia estava diminuindo a intensidade, mas ainda não era a hora de flexibilizar, porque o patamar ainda é muito alto. E é uma combinação trágica, de poucas vacinas, de muitas variantes, agora com essa da Índia, que chegou no Maranhão e no Ceará, aqui do lado”, esclarece.

O imunologista explica que, mesmo vacinada, uma pessoa pode transmitir a doença - e esse é o problema. “Os estudos disponíveis demonstram que, com a primeira dose da Pzifer e da Astrazeneca, se reduz em até 50% a transmissão. Ou seja, se 100 pessoas tomaram a primeira dose da vacina, 50 continuam transmitindo. Em relação à eficácia para hospitalizações, óbitos e internações, essa proteção ultrapassa 80%, então elas são extremamente eficientes, mas, quanto à capacidade de não permitir que se transmita a doença, é só a metade, no máximo. Então mesmo vacinado, você não pode baixar a guarda” alerta.

Celso diz que ainda não há dados concretos sobre a taxa de transmissibilidade após a segunda dose. Em relação à Coronavac, os estudos ainda são parciais, mas apontam que a taxa não é maior que 50%, como a Pzifer e Astrazeneca. Além disso, ele ressalta que a imunidade total só se dá após 15 dias da aplicação da segunda injeção.

Cidades no interior têm 100% de ocupação de UTI

Algumas cidades do interior da Bahia estão com ocupação de leitos de UTI em 100%. Em Barreiras, no Extremo Oeste baiano, isso acontece desde o dia 28 de abril. Deste dia até ontem (20), só houve um dia - o dia 18 de maio, quando a taxa desceu para 94% - que o índice esteve abaixo de 100% na ocupação. Segundo a prefeitura do município, os casos e óbitos continuam aumentando e a situação é “extremamente preocupante”.

Com essa alta nos números, a prefeitura decretou a proibição do atendimento presencial do comércio e similares. A medida está em vigor do dia 13 até o dia 25, na próxima terça-feira. Somente serviços essenciais podem funcionar. O toque de recolher proíbe circulação de pessoas em vias públicas de 20h às 5h da manhã.

O sistema de saúde de Barreiras conta com uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) específica para o novo coronavírus, com 43 leitos clínicos e 10 leitos de Uti contratados com o Hospital Central. Além disso, existem mais 40 leitos de UTI no Hospital do Oeste, referência da região. A cidade tem 14.504 casos confirmados do novo coronavírus, sendo 13.364 pessoas recuperadas, 871 em isolamento domiciliar, 40 internados e 228 óbitos. Outros 113 aguardam resultado do teste de covid-19.

Em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da Bahia, a ocupação também está em 100%, tanto na rede pública, quanto na rede privada. São, ao todo, 61 baianos internados. Dessas, 25 estão distribuídas na rede municipal, entre o Hospital de Campanha, o Hospital Municipal, na Unidade Municipal Materno Infantil e na Upa específica para covid-19. Na rede privada, são 22 pessoas internadas, 15 em enfermaria e sete em UTI.

Segundo a assessoria da prefeitura do município, as taxas de ocupação não ficaram abaixo de 67% desde o início do ano. Elas variam entre 80%, 97%, 100% e 67%. Para conter a disseminação do vírus, a gestão municipal tem permitido o comércio funcionar até 21h, com fiscalização intensa, e proibição de esportes coletivos. No total, são 14.652 casos confirmados, sendo 14.354 pessoas recuperadas, 78 casos ativos e 220 óbitos, segundo último boletim epidemiológico.

Em Campo Formoso, no Centro Norte, a ocupação de leitos de uti estava em 100% dois dias seguidos (18 e 19 de maio). Nesta quarta-feira (20), caiu para 71%. A cidade tem 4.736 casos confirmados, 214 pessoas aguardam resultado e 492 estão em monitoramento. Outros 278 casos encontram-se ativos e 52 pessoas morreram.

Em Irecê, também na mesma região, a ocupação do Hospital Regional, que tem 10 leitos de UTI para covid-19, está em 100%. Trinta e seis pessoas encontram-se internadas, segundo a assessoria da prefeitura. Além dessa estrutura, a cidade também tem uma Upa específica para tratar o novo coronavírus, com 21 leitos – 18 clínicos e três com ventilação mecânica, todos ocupados.

Nesta semana, Irecê atingiu o número de 100 mortes. Hoje, são 108 óbitos, além de 188 casos ativos. Dentre as medidas restritivas da região, está o toque de recolher entre 20h e 5h da manhã, e a proibição de venda de bebidas alcóolicas aos finais de semana, até a próxima segunda-feira (24).

Ocupação de leitos de UTI por região da Bahia (fonte: SEI e Sesab)
Centro-leste: 90%
Centro-norte: 77%
Extremo Sul: 95%
Leste: 85%
Nordeste: 100%
Norte: 80%
Oeste: 86%
Sudoeste: 88%
Sul: 78%
Total da Bahia: 85%

Número de casos ativos em abril e maio (fonte: Sesab)
1/04: 16.158
2/04: 15.939
3/04: 15.069
4/04: 14.287
5/04: 14.206
6/04: 13.860
7/04: 13.941
8/04: 13.937
9/04: 14.464
10/04: 14.170
11/04: 15.118
12/04: 14.594
13/04: 15.230
14/04: 15.691
15/04: 16.139
16/04: 15.627
17/04: 16.371
18/04: 16.425
19/04: 15.576
20/04: 15.760
21/04: 16.027
22/04: 15.504
23/04: 15.726
24/04: 15.571
25/04: 15.534
26/04: 15.152
27/04: 15.627
28/04: 15.483
29/04: 15.915
30/04: 15.724
01/05: 16.253
02/05: 15.803
03/05: 16.253
04/05: 15.809
05/05: 15.824
06/05: 16.073
07/05: 16.822
08/05: 16.551
09/05: 16.094
10/05: 15.091
11/05: 15.430
12/05: 16.254
13/05: 16.890
14/05: 17.622
15/05: 17.707
17/05: 16.239
18/05: 16.404
19/05: 17.637
20/05: 18.558