Pelo menos nove cidades da Bahia estão sem estoque da CoronaVac para imunizar crianças menores de 5 anos contra a covid-19. Por conta da escassez, os pequenos têm ficado com a segunda dose atrasada, e outros não conseguem ter acesso à primeira. O presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES), Marcos Sampaio, contou que o governo federal tem demorado para enviar novos lotes da vacina para o estado, que é o responsável por fazer a distribuição para os municípios. De acordo com apuração feita pelo CORREIO, Porto Seguro, Guanambi, Iaçu, Itaberaba, Mairi, Candeias, Santo Antônio de Jesus, Maiquinique e Valença enfrentam a falta do imunizante.

Em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, a prefeitura informou que a vacina da CoronaVac é a única que eles não possuem. O estoque está zerado desde o dia 30 de setembro. “Já foram feitos reiterados pedidos à Sesab [Secretaria da Saúde do Estado da Bahia] e ainda não fomos atendidos, sob a alegação de desabastecimento de todo o país pelo Ministério da Saúde [MS]”, informou a gestão por meio de nota.

Por conta do estoque zerado, a assistente social Loren Rodrigues Dias, de 36 anos, afirmou que a sua filha já está com a segunda dose da vacina atrasada há cerca de dois meses. A criança, que tem 4 anos, é autista e não consegue usar a máscara de proteção contra a covid-19. Por isso, a mãe segue indo ao posto de saúde todas as semanas para procurar o imunizante, mas escuta a mesma resposta: “está em falta”.

A filha de Loren, Liz, não tomou a primeira dose da CoronaVac em Porto Seguro. Ela foi imunizada em Arapiraca, em Alagoas, quando estava de férias na casa dos avós, em agosto. A segunda dose deveria ter sido tomada em 12 de setembro. “A gente está vendo o número de casos aumentando, amigos e colegas de trabalho, que a gente tem contato, estão positivando para a doença. Isso me preocupa muito, porque ela não completou o ciclo vacinal”, contou a assistente social, que ainda disse que já tem evitado sair de casa para que a criança não seja contaminada com a doença.

Segundo a prefeitura de Guanambi, no sudoeste da Bahia, a cidade também não tem mais estoque de nenhuma das vacinas contra a covid. “A Sesab vem mandando poucas doses. No momento não temos nenhuma vacina, seja de CoronaVac ou outras, quando chega e distribuímos para os postos, logo acaba”, destacou, por meio de nota.

No baixo sul do estado, a cidade de Valença também tem operado com poucas doses da CoronaVac. Os últimos frascos do imunizante acabaram na terça-feira (29). De acordo com a prefeitura, estava previsto para chegar uma nova remessa da vacina ainda na quarta-feira (30), mas até as 19h ainda não tinha chegado.

Na região da Chapada Diamantina, Itaberaba não recebe nova remessa da CoronaVac há mais de um mês. A última vez aconteceu em 19 de outubro. No recôncavo da Bahia, Santo Antônio de Jesus passa pela mesma dificuldade, com a cidade tendo o estoque zerado há alguns dias.

Em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o secretário de Saúde Marcelo Cerqueira contou que o município está sem doses da CoronaVac desde o início do mês de novembro. “Não temos nenhuma dose, e a procura maior tem sido das mães para completar o esquema de duas doses na faixa etária de 3 a 4 anos e 5 a 11 anos”, pontuou o titular da pasta.

A cidade de Feira de Santana, a 100km da capital, ficou sem estoque por um tempo, que não foi especificado pela prefeitura, mas conseguiu receber um novo lote na última segunda (28). A vacinação para crianças de 3 a 4 anos com a CoronaVac, para aplicação como primeira e segunda dose neste público, foi retomada na terça. Quem correu para a unidade de saúde nas primeiras horas da manhã do dia para conseguir o imunizante para a filha de 3 anos foi a professora Meline Nery, 33. Ela só saiu de lá depois que a menina foi imunizada.

A criança, que fez aniversário em agosto e ficou apta para receber a primeira dose da vacina, ainda não tinha recebido a proteção devido à falta de imunizantes no município. “Deixei de trabalhar para fazer isso. Fui correndo bem cedinho para garantir a vacina dela. Minha filha já está acostumada a usar máscara desde sempre, usa certo, melhor que muito adulto, só que a vacina é uma proteção muito mais importante. Eu estava angustiada, porque ela já poderia tomar a dose, mas não tinha disponível”, contou a professora.

Mairi, cidade do norte da Bahia, teve o estoque da CoronaVac zerado na terça. A prefeitura ressaltou que as doses acabaram por conta das campanhas de vacinação que o município realizou, mas que a gestão iria receber uma nova remessa na quarta-feira (30). Maiquinique está sem doses desde o dia 24, Guanambi não tem a vacina há três semanas. As outras prefeituras não informaram há quanto tempo estão sem o imunizante.

Pedido
A Sesab informou que estava com um pedido de 100 mil doses da CoronaVac para o Ministério da Saúde há mais de um mês, porque sabia que estava em falta em alguns estados. “Eles prometeram entregar, depois de meses, no dia 22. De fato mandaram e as doses foram distribuídas”, destacou. A orientação da pasta é que os municípios que necessitam das doses levem o pedido à Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep).

O Ministério da Saúde foi procurado para explicar o motivo da escassez de lotes da CoronaVac, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.

Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que tem doses da vacina da CoronaVac e que cerca de 57 mil crianças entre 3 anos e 11 anos ainda não foram levadas aos postos de imunização. A vacinação de bebês, aqueles que têm entre seis meses e dois anos, está em fase de cadastro, mas apenas para aqueles que têm comorbidade.

A médica pediatra e professora da Faculdade de Medicina da AGES, Mirla Amorim, explicou que a vacinação é importante, porque as novas cepas do coronavírus estão infectando mais as crianças. Ela afirmou que a imunização de toda a família ajuda a proteger os pequenos e orienta os pais a ficarem atentos aos sinais quando as crianças estiverem doentes.

“As pesquisas mostram que essa é a faixa etária mais acometida, e que, quando vacinadas, as crianças têm sintomas leves, por isso, é importante a imunização. Apesar de faltar vacina, o que mais vejo no consultório é a resistência dos pais por preconceito ou por influência de informações falsas”, afirmou.

Ela frisou que além do coronavírus, o vírus influenza também está se disseminando nesse momento no país e pediu que os pais redobrem a atenção. “É preciso ficar atento aos sinais. Em casos de falta de ar, desidratação e sonolência excessiva, a criança deve ser levada imediatamente a uma unidade de saúde. É preciso aumentar a ingestão de líquidos, fazer uso de soro, mas sobretudo vacinar as crianças contra as doenças”, disse.

Municípios estavam sem estoque há cerca de 10 dias
Além dos municípios que estão com o estoque da CoronaVac zerado, cerca de 13 cidades já ficaram sem as doses do imunizante, mas receberam uma nova remessa nos últimos dias. Algumas prefeituras destacam, no entanto, que a quantidade recebida não é suficiente para vacinar o público-alvo.

A Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana recebeu 2.570 doses da vacina CoronaVac na segunda-feira (28) e retomou a vacinação para crianças de 3 a 4 anos. O município estava com o armazenamento zerado e aguardava o abastecimento por parte do Ministério da Saúde. A prefeitura ressaltou, no entanto, que o quantitativo recebido é insuficiente para atender todo o público e a vacinação vai ocorrer até durar o estoque.

Vitória da Conquista recebeu na terça (29). “A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que o estoque de vacinas da Coronavac estava zerado até ontem [segunda], quando chegaram 1.500 doses para retomar a vacinação de crianças de 3 e 4 anos e a 2ª dose para adultos”, escreveu a pasta em nota.

Amargosa também estava sem doses da CoronaVac disponíveis, mas a prefeitura informou que recebeu um pequeno quantitativo na segunda. Ilhéus passa pela mesma situação e irá priorizar crianças que estão em maior atraso para completar o esquema vacinal. Irecê recebeu uma pequena quantidade de frascos do imunizante na terça, após ficar dois meses sem receber uma nova remessa.

A prefeitura de Canavieiras, que ficou de sete a 10 dias sem a vacina, afirmou que recebeu o quantitativo para imunizar em torno de 60 crianças de 3 a 4 anos (contabilizando o esquema primário de duas doses para cada). Já Eunápolis tem doses suficientes do imunizante somente para completar um esquema vacinal, mas, para iniciar outro, está utilizando Pfizer, Astrazeneca e Janssen.

Dias D'Ávila, Entre Rios,Itabuna, Teixeira de Freitas, Itambé e Madre de Deus também ficaram sem estoque, mas receberam vacinas nos últimos dias.

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Mais de 4 mil pessoas na Bahia receberam doses dos lotes da vacina Sinovac/Coronavac que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que estão proibidos de serem distribuídos e utilizados por até 90 dias. Dos 42 lotes comprometidos, o Ministério da Saúde já havia distribuído 25 para todo o Brasil, sendo três deles recebidos pela Bahia nos dias 27 de julho e 1º de setembro. A decisão da Anvisa foi anunciada no dia 4 de setembro.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) 4.161 doses foram aplicadas no estado da vacina Sinovac/Coronac referente aos lotes que foram interditados posteriormente a distribuição. Em nota, a Sesab informou que a Diretoria de Vigilância Epidemiológica\Coordenação Estadual de Imunização estava aguardando parecer da Anvisa sobre a questão, para saber se seriam desinterditadas e não seria necessária a devolução. "Em caso de confirmada a interdição, faríamos a logística reversa, ou seja, a devolução", diz a nota.

Como a resolução final da Anvisa anunciada na última quarta-feira (22), a Sesab disse que informou as regionais para que acionem os municípios para o recolhimento dos lotes. "Solicitamos que os municípios prestem contas e devolvam os lotes e registrem no sistema nominal as doses aplicadas", explicou, em nota.

A medida cautelar publicada no Diário Oficial da União foi motivada pelo envase ter ocorrido em uma planta fabril na China que não foi inspecionada e aprovada para Autorização de Uso Emergencial no Brasil.

A Bahia recebeu 575.980‬ doses da vacina Sinovac/Coronavac, sendo 571.280 em 1º de setembro e 4.700 em 27 de julho. Os quantitativos referem-se aos lotes 202107101H, 202107102H e L202106038. Deste total, 234.380‬ já tinham sido entregues a 294 municípios. Todos já foram comunicados na ocasião para interromper a vacinação dos lotes específicos da Sinovac/Coronavac.

As pessoas imunizadas com estes lotes devem aguardar a orientação do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em documento enviado à Anvisa, o Instituto Butantan assegura que os lotes apontam segurança e qualidade das vacinas produzidas na fábrica que ainda não foi inspecionada. É preciso ressaltar que apenas os lotes especificados não devem ser utilizados. Os demais tem segurança, qualidade e eficácia comprovada.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse nesta quarta-feira (22) que ordenou que sejam recolhidos os 25 lotes da vacina Coronavac que foram interditados de maneira cautelar no início do mês.

A Anvisa diz que tomou a decisão após concluir que os dados enviados pelo laboratório não comprovam a realização do envasa da vacina em condições consideradas satisfatórias e seguindo as boas práticas de vacinação.

A vacina é produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. No dia 14, o instituto afirmou que os lotes afetados seriam substituídos por vacinas prontas.

A interdição afetou 12,1 milhões de doses produzidas pela Sinovac, na China, em fábrica que não foi inspecionada pela Anvisa. Na Bahia, foram 575.980‬ doses recebidas, sendo 571.280 em 1º de setembro e 4.700 em 27 de julho. Os quantitativos referem-se aos lotes citados pela Anvisa. Deste total, 234.380‬ já tinham sido entregues a 294 municípios na época da suspensão. Todas as cidades foram orientadas na ocasião a suspender as aplicações dos imunizantes dos lotes afetados.

A agência diz que caberá aos importadores adotar todos os procedimentos para recolher as unidades que ainda não foram aplicadas de todos os lotes interditados.

O recolhimento se aplica apenas aos lotes que foram envasados em local não inspecionado pela Agência e que não consta da AUE da vacina Coronavac.

A vacina Coronavac permanece autorizada no país e possui relação benefício-risco favorável, diz a Anvisa, desde que produzida nos termos aprovados pela agência.

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O laboratório chinês Sinovac reduziu em mil litros a previsão de entrega da matéria-prima da vacina esperada pelo Instituto Butantan para retomar a produção da CoronaVac.

Em vez dos 4 mil litros de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) planejados pelo governo paulista para o dia 26, devem desembarcar 3 mil de litros em São Paulo, o que é suficiente para fabricar 5 milhões de doses do imunizante.

A partir do momento da chegada da matéria-prima, o Butantan leva 20 dias para entregar a vacina envasada para o Ministério da Saúde. A cadeia de produção da CoronaVac está parada desde o dia 14, quando foi entregue o último lote do imunizante.

A redução no envio de IFA foi comunicada pelo laboratório chinês na terça-feira e confirmada nesta quarta-feira pelo diretor do Butantan, Dimas Covas. Se chegassem os 4 mil litros, o instituto poderia entregar 7 milhões de vacinas.

— Com isso, essa expectativa de entrega de 12 milhões para o ministério (da Saúde em maio) não se cumprirá e aguardamos a próxima remessa de matéria-prima — concluiu.

Apesar disso, Dimas disse acreditar que conseguirá cumprir o contrato com o Ministério da Saúde, que prevê um total de 54 milhões de doses até o fim de setembro.

O governador João Doria (PSDB) tem dito que o atraso na entrega da matéria-prima é motivada pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos sobre a China consideradas agressivas. O governo federal nega.

Questionado sobre o assunto no último domingo, o minsitro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que Bolsonaro tem "excelente relação" com a China e outros países parceiros.

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Uma nova remessa com 629.350 doses de vacinas contra a covid-19 chegou nesta sexta- feira (14) na Bahia. Dois aviões trazendo os imunizantes pousaram no aeroporto de Salvador pela manhã. Do total, são 438.750 da Astrazeneca, produzidas pela Fiocruz, e 190.600 da Coronavac, com produção do Instituto Butantan.

Todas as vacinas serão destinadas para a segunda dose, completando o esquema vacinal de quem recebeu a primeira dose, informou a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).

Todos os municípios baianos vão receber doses. O envio começará ainda hoje para as regionais de saúde, usando aeronaves do Grupamento Aéreo da PM e da Casa Militar. Isso acontecerá logo após a conferência da equipe da Coordenação de Imunização.

Depois de chegar nas regionais, as vacinas serão distribuídas para todos os municípios de abrangência, chegando a todas as 417 cidades da Bahia.

Com a nova carga, a Bahia chega ao total de 5.683.440 doses de vacinas recebidas, sendo 2.984.800 da Coronavac, 2.602.700 AstraZeneca/Oxford e 95.940 da Pfizer. O cenário agora fica preocupante, após o Butantan anunciar que suspendeu a produção de vacinas pela falta de insumos.

“Caso seja necessário, teremos que adotar um plano de contingência emergencial para garantir as segundas-doses de quem fez uso da Coronavac”, diz o secretário Fábio Villas-Boas.

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A administradora Patrícia Orrico, 63 anos, deveria ter recebido a segunda dose da vacina Coronavac no dia 2 de maio, mas não foi isso que aconteceu. Ela só conseguiu se vacinar nesta terça (11) devido à falta de doses do imunizante, que atinge a maioria dos municípios baianos, inclusive a capital, e também outros estados do Brasil. O atraso e as incertezas têm preocupado quem espera pelas doses. “Foi muito frustrante. Esses dias não foram de espera, porque a gente não sabia quando ia poder tomar, foram dias de incerteza e angústia mesmo”, diz Patrícia.

A aposentada Nara Pizarro, 67 anos, também passou pelo mesmo problema. Ela deveria ter completado a imunização com a Coronavac no dia 30 de abril, mas só conseguiu se vacinar no dia 10 de maio. “Eu fiquei muito apreensiva, muito ansiosa, pensando que não ia conseguir me vacinar, mas procurando me controlar porque eu não tenho mais 20 anos de idade. Fiquei com medo de pegar covid nesse tempo de espera”, conta a aposentada.

De acordo com o secretário municipal da Saúde (SMS), Leo Prates, a falta de doses da Coronavac teve início no dia 29 de abril e atingiu cerca de 84 mil pessoas. Com a chegada de três mil doses da vacina nos dias seguintes, foi possível suprir a demanda de quem estava com os dias 29 e 30 de abril - e algumas com o dia 1º de maio - marcados no cartão de vacinação como a data para a segunda dose. Mas, depois disso, o cenário ficou mais complicado. Somente a partir da chega de 26 mil doses à capital no último sábado (8), é que Salvador pode dar continuidade à imunização desse público.

Na segunda (10), a vacinação seguiu para as pessoas que tinham segunda dose prevista para o dia 1º de maio, um total de 13.191 pessoas. Nessa terça (11), além dos remanescentes do dia anterior, foi a vez dos que estavam sinalizados para 2 de maio, que somam 7.666 pessoas. Até o próximo domingo, o número de atrasos, antes de 84 mil pessoas, deve diminuir para 58 mil.

A falta de doses, porém, tem explicação: o atraso no envio de imunizantes da Coronavac pelo Ministério da Saúde para os estados e municípios. “Nós tínhamos um estoque controlado para 12 dias e o Ministério da Saúde ficou cerca de 20 dias sem nos enviar”, afirma Prates. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), o Ministério da Saúde alega que os fabricantes não estão conseguindo entregar as vacinas conforme contrato estabelecido, sobretudo, por dificuldades na importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), que é a base da produção da vacina.

A recomendação inicial do Ministério da Saúde era de que fossem reservadas pelos estados as doses referentes à segunda aplicação. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a recomendação mudou no dia 21 de março deste ano, a partir do 8º lote das vacinas. Ou seja, a orientação passou a ser de que não fosse feita mais reserva de segunda dose e que todas as doses recebidas fossem logo aplicadas. Na prática, isso significa que o Ministério tem a obrigação de garantir a segunda dose em tempo hábil.

Mas, de acordo com o secretário municipal, Salvador não seguiu essa orientação e reservou uma parte das doses, mas, mesmo assim, não foi suficiente. “Não aplicamos logo tudo que recebemos e, por isso, pudemos passar um longo período sem falta de Coronavac, mesmo sem o envio pelo Ministério, mas não conseguimos sustentar isso por tanto tempo. Alguns membros do governo federal falavam que os municípios não aplicavam as doses no mesmo ritmo que elas eram enviadas, mas a história está respondendo agora a eles que não era isso”, explica o secretário.

Além da demora no envio de doses, Prates também culpa a quantidade de líquido nos frascos do imunizante. “Outro problema noticiado pelo Brasil todo é que imaginávamos ter uma quantidade em estoque que não era verdadeira porque os frascos estavam com menos doses do que deveriam. No nosso entender, a máquina do Butantan estava descalibrada e, ao invés dos frascos virem com 10 doses, vieram com nove ou oito. Em Salvador, isso representou cerca de 23 a 25 mil doses”, afirma.

O problema não se restringe à Salvador e nem à Bahia. Segundo informações divulgadas pela TV Globo, um levantamento feito com as secretarias estaduais de saúde aponta que ao menos 19 estados do país estão sendo atingidos pela falta de Coronavac. Esses 19 estados necessitam de mais de 1,5 milhão de doses para completar a imunização de todas as pessoas que já tomaram a primeira dose da Coronavac. São eles: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Ceará e Piauí.

Qual a consequência desse atraso?

O fabricante da Coronavac, que é o Instituto Butantan, determina que o prazo máximo entre as duas doses de Coronavac seja de 28 dias. No entanto, o Ministério da Saúde tem sinalizado que este prazo pode ser ampliado para 40 dias, sem que haja redução da eficácia.

“O Ministério da Saúde diz que não há ainda registro de comprometimento da eficácia. Ele diz que nós devemos garantir as segundas doses, que o importante é completar a imunização, independentemente do tempo que exceder”, diz o secretário de saúde municipal, Leo Prates.

A infectologista Fernanda Grassi, pesquisadora da Fiocruz, tenta tranquilizar quem está na fila de espera ou que recebeu a segunda dose após o prazo. “Não é um número mágico, são números com ensaios clínicos. A Coronavac está indicada para 28 dias, mas acreditamos que com uma, duas semanas de atraso, não terá perda significativa de imunização, porque não é algo matemático”.

A infectologista, porém, explica que não há estudos definitivos sobre as consequências de tomar a segunda dose depois do prazo, apenas antes. “No caso da Coronavac, já há um estudo que indica que, quando a segunda dose é aplicada após 14 dias da primeira, há uma resposta muito baixa. O intervalo de 28 mostrou uma resposta melhor. Esse é o prazo recomendado agora e que o Brasil está seguindo. Ou seja, com um prazo menor do que o indicado, já sabemos que a eficácia cai, mas é importante ressaltar que não sabemos o que acontece se for um prazo maior”, conclui.

Filas
Ao longo desses dois dias, foram registradas longas filas nos postos de vacinação da capital. Um dos locais com maior movimentação foi o ponto montado na UniFTC, na Avenida Paralela, com relatos de algumas pessoas que aguardam na fila há mais de 6 horas nesta segunda (10). Nesta terça (11), o problema continuou e, pela manhã, também foi registrada uma longa fila no local. Por volta das 17h, porém, não havia mais pessoas à espera de vacinação na fila destinada aos pedestres.

De acordo com Leo Prates, o grande problema das filas é que muitas pessoas estão indo se vacinar sem terem agendado o atendimento. “O sistema pode suportar 7.666 ou 10 mil pessoas, mas os postos não dão conta de 84 mil”, diz. O secretário alerta que a prefeitura não está mais agendando vacinação para as pessoas com segunda dose de Coronavac atrasada. “Nós abrimos no domingo (9) todas as vagas para até amanhã, cerca de 8 mil vagas. Então paramos aí porque não há mais doses”.

Ainda não há previsão para a vacinação correspondente ao dia 3 de maio. Notícia ruim para Viviana Martin, de 62 anos. Ela tem o dia 3 de maio marcado no cartão de vacinação como data para a aplicação da segunda dose. A filha, Emília Marini, de 36 anos, estava na expectativa de conseguir vacinar a mãe ainda nesta quarta (12). “Eu já estava pronta para levar ela nesta quarta. Estava acontecendo vacinação para o pessoal do dia dois, então acreditei que nesta quarta já seria o pessoal do dia três. A gente fica ansioso, preocupado para que ela fique logo imunizada. Soube que está tendo bastante fila, mas não tem problema, a gente encara a fila mesmo", diz Emília.

Quando chegam mais doses?

O prefeito de Salvador, Bruno Reis, anunciou durante entrevista coletiva na manhã desta terça (11), que a cidade deve receber 70 mil doses da Coronavac até domingo (16). A Bahia vai receber, ao todo 400 mil doses. Com o recebimento, a previsão é de que a situação dos atrasos seja regularizada.

As doses vêm do lote de 2 milhões de doses da Coronavac que foi entregue ao Ministério da Saúde pelo Instituto Butantan nesta segunda (10) e dos demais que chegarão ao longo da semana, totalizando 5,1 milhões de doses a serem entregues até o final desta semana.

Durante a entrega de doses para o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, o Instituto Butantan demonstrou preocupação com os próximos prazos. O diretor do Instituto afirmou que a indefinição para o governo da China liberar a exportação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para a produção da Coronavac, pode afetar o cronograma de vacinação contra a covid-19 a partir de junho.

Há a expectativa de que o insumo seja liberado até próxima quinta-feira (13) e, assim, chegaria até o dia 18, mas o envio ainda não foi confirmado.

Em depoimento à CPI da Covid, nesta terça (11), o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, reforçou que existem problemas no recebimento do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) usado na produção de vacinas contra a covid-19. "Temos visto problemas de demora pontual de chegada da IFA, em especial da China", disse.

"Temos dois grandes países que detém primazia na produção do IFA, um a Índia e outro a China. Esses países acabam influenciando um porcentual maior que 50% da produção de medicamentos do mundo. Observamos dificuldades, momentos que IFA demora a chegar", afirmou o presidente da Anvisa, segundo quem não existem dados que apontem para uma menor qualidade de produtos advindos da China”, completou o presidente da Anvisa.

Chegada de mais doses da vacina Pfizer

Um novo lote de vacinas contra covid-19 produzidas pela farmacêutica norte-americana Pfizer, em parceria com a empresa alemã BioNTech, chegou à Bahia nesta terça (11), reforçando o estoque de imunizantes. São 69.030 doses para o estado, sendo 17.500 delas para Salvador. O restante, cerca de 80%, fica com os 12 municípios da Região Metropolitana de Salvador.

O avião trazendo a carga pousou no aeroporto de Salvador às 0h45 desta terça-feira (11). Com mais este envio, a Bahia soma 95.940 imunizantes da Pfizer/BioNTech. Além dessas, o estado já recebeu 2.794.200 doses da Coronavac e 216.3950 Oxford/AstraZeneca, totalizando 5.054.090.

As Secretarias Municipais de Saúde podem fazer a retirada gradual das vacinas na Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CEADI), em Simões Filho, em virtude do prazo de aplicação de até cinco dias quando refrigerado em temperaturas de 2°C e 8°C.

De acordo com o secretário Leo Prates, as doses destinadas à Salvador já estão no Complexo Municipal de Vigilância à Saúde, na Avenida Vasco da Gama. Lá, estão armazenados nos ultracongeladores, que chegam a uma temperatura de - 86 ºC, permitindo um armazenamento de até seis meses.

Vacinação nesta terça (11)

Salvador começou a vacinar nesta terça pessoas com Anemia Falciforme, trabalhadores das Escolas de Ensino Profissionalizante formal e trabalhadores de farmácia estão incluídos na vacinação na capital.

Para ser imunizada, a pessoa com Anemia Falciforme, precisa ter a idade igual ou superior a 40 anos, estar com o nome na lista do site da Secretaria Municipal da Saúde e no ato da vacinação deve apresentar um documento de identificação com foto, além de levar a cópia de um relatório médico com o número da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) para falciforme com qualquer data de emissão, exame de diagnóstico para a doença (Eletroforese de Hemoglobina) e carteira de identificação dos serviços especializados que atendem a doença em Salvador.

Para os trabalhadores de farmácia é necessário estar com o nome no site da Secretaria Municipal da Saúde e no ato da vacinação levar documento oficial com foto e uma cópia do contracheque. Para os trabalhadores das escolas de ensino profissionalizante, que fazem parte da rede básica de educação, é necessário ter o nome no site da Secretaria Municipal da Saúde e no ato da vacinação levar documento oficial com foto e cópia do contracheque.

Vacinação nesta quarta (12)

Salvador amplia, nesta quarta-feira (12), os grupos habilitados para vacinação contra covid-19. Estão inclusos na estratégia as pessoas com comorbidades, agentes das forças de segurança e salvamento, trabalhadores da limpeza urbana e professores do ensino superior com idade igual ou superior a 35 anos.

Os trabalhadores da saúde que atuam em policlínicas, consultórios e clínicas/ambulatórios especializados com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes) ativo também têm o acesso às doses retomado a partir de hoje.

Nesta quarta, não haverá a aplicação da 2ª dose do CoronaVac nos postos por demanda aberta. A partir das 8h, será aberta o agendamento através do portal Hora Marcada (www.vacinahoramarcada.saude.salvador.ba.gov.br) para as pessoas com a segunda dose prevista no cartão de vacina ou descrita no site da SMS para data igual ou anterior a 12 de maio.

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O problema de falta de Coronavac para a segunda dose da vacinação também é compartilhado por outras grandes cidades do estado. Dos 20 maiores municípios da Bahia, sem contar a capital, um levantamento do CORREIO aponta que pelo menos 10 estão com alguma limitação na aplicação da segunda dose por falta de vacina. Desses, nove já interromperam a aplicação do reforço: Vitória da Conquista, Camaçari, Itabuna, Lauro de Freitas, Barreiras, Candeias, Ilhéus, Jequié e Santo Antônio de Jesus.

Já Teixeira de Freitas, no extremo-sul, ainda tem vacina, mas não o suficiente para toda a demanda. Até a semana passada, o município não tinha problemas com a CoronaVac, mas a falta progressiva está fazendo a prefeitura tomar decisões mais duras. Na segunda-feira, 03, foi suspenso o agendamento para a segunda dose.

“Ainda temos vacina, mas vamos aplicar apenas em quem agendou na semana passada para receber agora. Não vão ter mais novos agendamentos até que se receba novas doses da CoronaVac”, disse a assessoria de comunicação da prefeitura.

Em Vitória da Conquista, segunda maior cidade baiana, a suspensão da aplicação de 2ª dose completou uma semana nesta terça-feira, 04. Desde o dia 27 de abril a cidade não tem CoronaVac. A prefeitura ainda não sabe estimar a quantidade de pessoas que estão com o reforço atrasado, mas lamenta que o município não tenha recebido novas doses da Sesab.

“A previsão do estado é que haja um novo reabastecimento apenas no dia 10 de maio. Até então não recebemos nada e eles não explicaram o motivo de não ter enviado para Conquista. Seguimos vacinando apenas com as doses de Oxford/AstraZeneca, que também está com estoque baixo para o reforço. Acho que eles concentraram mais nos grandes polos pensando no quantitativo populacional, o que é injusto”, afirma Ana Maria Ferraz, diretora de Vigilância à Saúde do município.

Vânia Rebouças, coordenadora de imunização do Estado, explicou que a entrega é sempre proporcional, de acordo com os grupos prioritários de cada localidade. “Estamos enviando regularmente remessas para todos os municípios baianos, conforme a entrega do Ministério da Saúde", disse.

Vacina em falta também no Brasil
O problema vivido na Bahia não é exclusivo. Segundo apuração da TV Globo, cidades de outros 16 estados de todas as regiões brasileiras estão com atraso na imunização da segunda dose de CoronaVac por ter acabado o estoque de vacina. No Nordeste, Sergipe, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte são alguns dos estados afetados.

No Norte, Roraima está com esse problema. No Centro-Oeste, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Já no Sul, Paraná e Rio Grande do Sul enfrentam a falta do imunizante e no Sudeste todos os estados passam pela situação: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Dos 16 estados, oito capitais também estão com a vacinação atrasada: Porto Velho, Campo Grande, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Aracaju, Recife e Fortaleza. Salvador só não está nessa lista pelo esquema fracionado de vacinação feito pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

 

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A aplicação da 2ª dose da CoronaVac será suspensa em Salvador a partir desta quarta-feira (5), por conta do desabastecimento do imunobiológico pelo Governo Federal. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aguarda o recebimento de novo lote para regularizar a situação na capital baiana e, assim, realizar o fechamento do esquema vacinal daqueles que já receberam a primeira dose.

A imunização domiciliar, através do Vacina Express, está mantida para a segunda dose da CoronaVac nesta quarta-feira (5). A segunda aplicação das doses da vacina Oxford também segue sem restrição para os indivíduos habilitados no município.

Salvador recebeu 3.330 doses da Coronavac para dar continuidade à vacinação contra a covid-19 na cidade. O problema é que 36 mil pessoas precisam receber a segunda dose desse imunizante, para completar o esquema vacinal que garante a imunidade contra o coronavírus. Ou seja, as ampolas recebidas não são suficientes para atender todo esse contingente. Na manhã desta quinta-feira (30) a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) chegou a confirmar, via assessoria de imprensa, que a capital não receberia nenhuma das 6,8 mil ampolas de Coronavac do lote que o Ministério da Saúde entregou na própria quinta-feira.

A explicação da assessoria da Sesab para que Salvador não recebesse doses de Coronavac foi que, em 6 de abril, 40 mil ampolas da reserva técnica do estado foram liberadas para a capital não interromper a vacinação. Essa entrega extra, por sua vez, seria em parte descontada na remessa desta quinta. À noite, quando confirmou que a cidade receberia 3.330 doses da vacina, a Sesab informou que juntou as 6,8 mil doses entregues pelo MS pela manhã com um pequeno estoque remanescente que estava guardado no estado.

Na quarta-feira, 28, o MS havia divulgado que distribuiria na quinta, 29, 104 mil doses do imunizante chinês para todos os estados brasileiros, depois que o Jornal Nacional divulgou reportagem mostrando que 18 cidades, em 14 estados, estavam com a vacinação suspensa por conta da falta da Coronavac. Nesta quinta, 29, também, o MS distribuiu cerca de 5 milhões de ampolas da vacina Oxford/AstraZeneca para todo o país. A Bahia recebeu 329.500 doses dessa substância e Salvador ficou com 69.900 no rateio do lote entre os municípios do estado.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde disse que não há prazo para envio de mais vacinas para a Bahia ou qualquer outro estado. "O Ministério da Saúde atende de acordo com a quantidade recebida pelos laboratórios e, assim que tiver mais vacina, vai ter uma nova pauta de distribuição. A última pauta foi divulgada ontem [anteontem] e dependemos da entrega dos laboratórios", disse a pasta.

Ainda segundo o MS, o Brasil deverá receber nesta sexta-feira, 30, seu primeiro lote do imunizante do laboratório norte-americano Pfizer, mas ainda não há prazo ou informações sobre a distribuição das doses entre os estados da federação.

Cidades sem vacina

As 329.500 doses da vacina de Oxford destinadas à Bahia estão sendo distribuídas para 388 cidades do estado. Outros 29 municípios ficaram de fora porque não atingiram 85% no percentual de primeiras doses aplicadas. A Sesab não divulga a quantidade de vacinas distribuídas para cada cidade.

O voo com o novo lote de imunizantes aterrissou no Aeroporto Internacional de Salvador por volta das 11h desta quinta-feira, 29. A quantidade de Coronavac enviada pelo governo federal é o menor lote desde o início das remessas, em janeiro. As quase 6,8 mil vacinas são sete vezes menos do que as 42 mil doses que chegaram em 22 de abril e que, até então, ocupavam o lugar de menor lote já recebido pela Bahia. Por outro lado, as 329.500 doses da AstraZeneca é o maior enviado até agora ao estado.

Interior

De acordo com a coordenadora de Imunização do Estado, Vânia Rebouças, cerca de 15 mil doses da Coronavac serão distribuídas entre os municípios. Além das 6,8 mil enviadas pelo Ministério da Saúde, outras 8 mil eram da reservada da Sesab para a segunda aplicação. Segundo a pasta, esse armazenamento foi feito antes da recomendação do Ministério da Saúde para distribuir todo o lote para a aplicação como primeira dose.

Na época, o governo federal previa que o ritmo de chegada das novas doses seria acelerado, o que não se concretizou. Nessa semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga admitiu que há preocupação com a falta da 2ª dose da vacina Coronavc.

Das 10 maiores cidades baianas, além de Salvador, pelo menos outras quatro tiveram que interromper a vacinação da segunda dose de CoronoVac nas últimas semanas por falta do imunizante: Vitória da Conquista, Itabuna, Jequié e Ilhéus. Nessa última, as doses terminaram na terça-feira (21) e, segundo a prefeitura, são cerca de 3,5 mil pessoas que estão com risco de atraso na aplicação da segunda dose por falta de vacina

"O município está na expectativa de receber novos lotes. Com expectativa e acúmulo de pessoas que precisam tomar essa segunda dose no prazo correto. Estamos numa pendência com a população, pois não há um parecer de quando vai receber. O bom é que o próprio Ministério da Saúde e a Sesab informaram que não há problema em atrasar um pouco a aplicação do reforço”, disse Jeovana Catarino, diretora do departamento de Vigilância em Saúde de Ilhéus.

No entanto, no início do ano, o Instituto Butantan afirmou que não tinha como garantir a eficácia da Coronavac se a segunda dose fosse adiada. Isso acontece, porque o estudo que desenvolveu a vacina se baseou na aplicação de duas doses em um intervalo de duas a quatro semanas, ou seja, até 28 dias. Os especialistas alertam que seguir o calendário de imunização à risca é o ideal, mas concordam que atraso de poucos dias não vai trazer grandes problemas.

"Ainda não sabemos o tempo exato que é aceitável um atraso. A Coronavac tem uma melhor eficácia quando a segunda dose é aplicada 28 dias após a primeira. Podemos imaginar que uma ou duas semanas não tenha efeitos tão grandes, mas mais que isso, não podemos garantir que a segunda resposta será ótima", diz a infectologista Fernanda Grassi, da Rede Covida.

Em Santo Antônio de Jesus, a 200 quilômetros de Salvador, há menos de 60 doses de Coronavac disponíveis, segundo a vigilância epidemiológica do município. O problema é que, para hoje, 800 pessoas estão programadas para receber a segunda dose e a prefeitura acredita que também faltará a vacina do laboratório Sinovac/Instituo Butantan na cidade.

“Amanhã [hoje, sexta-feira, 30] vai chegar, mas ainda não sabemos a quantidade. Acreditamos que o déficit será maior do que eles vão enviar”, lamentou a Vigilância Epidemiológica do município. “Não dá para entender o motivo disso estar acontecendo. O povo chega para tomar a segunda dose e a gente vai aplicando. Amanhã vamos sentar, fazer estudo e comparar todas as notas fiscais para entender o que veio de primeira dose, o que veio de segunda e como chegamos nesse cenário”, disse a administração municipal.

Em Guanambi, a realidade de apreensão com a falta de doses é parecida. Segundo a prefeitura, foi encerrada nesta semana a aplicação da segunda dose dos idosos com 67 a 72 anos.

“Para a próxima semana, a partir da terça-feira (4), temos previsão para vacinar as idades de 65 e 66 anos, também com a segunda dose da Coronavac, mas pelo que nos foi informado pelo Núcleo Regional de Saúde, apenas 60% da demanda necessária chegará”, diz a prefeitura local.

O Instituto Butantan disse que um novo lote de Coronavac estará disponível para o governo federal a partir do dia 3 de maio.

Em Salvador faltou 1ª dose em alguns postos

Todo o estoque de Coronavac existente em Salvador - antes da Sesab reservar mais 3.330 doses para a cidade - se esgotou nesta quinta-feira, 29. Pela manhã, além da falta de segunda dose de Coronavac, também houve confusão na aplicação da primeira dose das vacinas, tanto da Coronavac quanto da AstraZeneca. Em pelo menos três postos houve relato de falta de vacina para os profissionais da educação que estão sendo imunizados: Fundação Bahiana para Desenvolvimento das Ciências, em Brotas, na Vila Militar de Dendezeiros e no Centro Universitário Jorge Amado (unijorge), na Avenida Paralela.

Na Bahiana era permitida a aplicação da 1ª dose da Astrazeneca em idosos, pessoas com Síndrome de Down, pacientes em hemodiálise, transplantados, rodoviários, trabalhadores da limpeza urbana e pessoas com deficiência permanente. Já na Vila Militar e Unijorge eram os trabalhadores da saúde, autônomos, agentes de segurança e salvamento, doulas e trabalhadores da educação os grupos permitidos para serem vacinados.

No entanto, com a falta de doses, houve gente que não conseguiu ser imunizado. A funcionária de uma escola particular que preferiu não se identificar contou que percorreu os três postos em busca de vacina, dirigindo da Paralela até o Dendezeiros e depois para Brotas, sem sucesso. À reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS) afirmou que foram enviadas novas doses para esses locais e que a vacinação seguiu até às 13h.

Na quinta-feira, 29, só quem tomou o reforço da Coronavac foram as pessoas que fizeram agendamento pelos serviços Hora Marcada e Vacina Express. No entanto, houve relatos nas redes sociais de pessoas que tentaram fazer esse agendamento desde anteontem e não conseguiram.

A SMS explicou que, com o anúncio da iminente escassez da Coronavac, as pessoas correram para agendar e as vagas acabaram logo.

Cidades que não receberam vacina:
São Félix
Conceição do Almeida
Quixabeira
Cravolândia
Belmonte
Irajuba
Crisópolis
Cardeal da Silva
Piraí do Norte
Barra
Ibirapitanga
Mirangaba
Santa Luzia
Barra da Estiva
Sebastião Laranjeiras
Itororó
Igrapiúna
Nilo Peçanha
Senhor do Bonfim
Jucuruçu
Firmino Alves
Planaltino
Lajedo do Tabocal
Campo Formoso
Wenceslau Guimarães
Aramari
Antônio Cardoso
Paratinga
Cairu

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, reforçou na manhã desta terça-feira (27) que, apesar de um "pequeno" atraso, a entrega de vacinas contra a covid-19 ao Ministério da Saúde deverá ser retomada no próximo dia 3 de maio. A previsão inicial era que o instituto concluísse o primeiro contrato com o Ministério da Saúde para o fornecimento de 46 milhões de doses até o fim de abril. Ao todo, restam ser entregues 3,2 milhões de doses.

Em entrevista à rádio CBN, Covas rebateu as declarações do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que ontem, durante audiência no Senado, disse haver "dificuldades com a segunda dose". Segundo o diretor do Butantan, a programação foi feita com antecedência e o Ministério da Saúde imediatamente avisado da possibilidade de "qualquer interveniência".

No fim de março, o governo federal passou a orientar que não era mais preciso reservar metade dos lotes da Coronavac para garantir a segunda dose e municípios correm o risco de suspender a campanha vacinal até que as entregas sejam restabelecidas - ou de vacinar pessoas além do período previsto para eficácia máxima do imunizante.

"Alguns Estados fizeram a reserva para a segunda dose, como é o caso de São Paulo, portanto aqui não tem faltado a segunda dose no prazo determinado. Agora, outros não fizeram essa reserva, inclusive por conta da orientação do próprio ministério", afirmou Covas.

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