A Bahia registrou 54 mortes e 1.337 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,1%) em 24h, de acordo com dados do relatório epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) até o final da tarde desta terça-feira (27). No mesmo período, 2.059 pacientes (+0,2%) foram considerados curados da doença.

Dos 1.187.550 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.154.936 já são considerados recuperados, 7.020 encontram-se ativos. Na Bahia, 51.350 profissionais da saúde foram confirmados para covid-19.

Apesar das 54 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta terça. A Sesab não divulgou as datas em que ocorreram os óbitos. O número total de óbitos por covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 25.594, representando uma letalidade de 2,15%. Desde 16 de julho, quando registrou 65 mortes, a Bahia tem mantido registros de mortes por covid abaixo de 60 óbitos por dia, com uma média de 44 mortes por dia entre 17 e 27 de julho.

A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

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A Bahia vai receber mais de 600 mil doses de vacinas contra a covid-19 a partir desta terça-feira (27). A informação foi divulgada pelo secretário estadual da Saúde (Sesab), Fábio Vilas-Boas.

Ao todo, serão 613 mil doses, sendo 143.910 doses da Pfizer, 255.300 do Butantan/Coronavac e 213.850 da Astrazeneca/Oxford. Os lotes serão entregues até quarta (28). As vacinas serão destinadas para primeira e segunda doses.

A primeira remessa, com 255.300 doses da Coronavac e 63.600 da Oxford/AstraZeneca, chegará ao aeroporto de Salvador em um voo com pouso marcado para às 7h20 de terça. A segunda carga, com 150.250 imunizantes da Oxford/AstraZeneca, chegará em um voo com aterrissagem programada para 19h15, também de terça-feira. A terceira remessa, com 143.910 doses da Pfizer/BioNTech será trazida em um voo previsto para às 15h de quarta-feira (28). São doses para primeira e segunda aplicação.

As vacinas devem começar a ser distribuídas ainda na terça-feira por via terrestre e também em aeronaves do Grupamento Aéreo da Polícia Militar e da Casa Militar do Governador, após conferência da equipe da Coordenação de Imunização do Estado. Elas serão remetidas, exclusivamente, aos municípios que aplicaram 85% ou mais das doses anteriores. Esta foi uma decisão da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que é uma instância deliberativa da saúde e reúne representantes dos 417 municípios e o Estado.

Com estas novas remessas, a Bahia chegará ao total de 10.835.440 doses de vacinas recebidas, sendo 3.809.700 da Coronavac, 5.586.900 da Oxford/AstraZeneca, 1.184.040 da Pfizer e 254.800 da Janssen.

Os últimos lotes que o estado recebeu foram no início da semana passada, totalizando 607 mil doses. Em Salvador, a vacinação para primeira dose foi suspensa na última sexta-feira (23), devido à falta de imunizantes. A capital parou na imunização de pessoas acima dos 34 anos.

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O número de mortes diárias por covid-19 no país, segundo a média móvel de sete dias, divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, chegou ontem (20) a 1.192. Esse é o menor patamar desde 27 de fevereiro, quando houve uma média de 1.178 óbitos.

De acordo com os dados da Fiocruz, as mortes também registraram quedas de 23,5% em relação a duas semanas antes e de 42,2% na comparação com um mês atrás.

A média de ontem está abaixo da metade do pico da pandemia anotado em 12 de abril deste ano, quando os óbitos diários atingiram 3.124. Apesar disso, ainda se encontra acima do número mais alto observado em 2020 (1.097 em 25 de julho daquele ano).

Casos
O número de casos, também segundo a média móvel de sete dias, chegou a 38.206 ontem, o menor nível desde 6 de janeiro (36.376). Foram observados recuos de 21,7% em relação a 14 dias antes e 48,1% na comparação com um mês atrás.

A média móvel de sete dias é calculada pela Fiocruz através da soma dos registros do dia em questão com os seis dias anteriores e da divisão do resultado por sete.

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Salvador está com menor número de casos ativos de covid-19 dos últimos nove meses. A informação foi divulgada pelo prefeito Bruno Reis, na noite dessa terça-feira (13). Ainda de acordo com o prefeito, a taxa de ocupação de UTI também atingiu o menor patamar: 49%.

Apesar dos índices animadores, Bruno ressaltou a importância de manter as medidas sanitárias. "Seguir os protocolos, avançar na vacinação e manter os cuidados no dia a dia são atitudes fundamentais para superarmos o coronavírus e avançarmos na retomada segura da economia", escreveu, no Twitter.

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), a capital tem 693 casos ativos da doença. Ao todo, Salvador registrou, desde o começo da pandemia, 229.121 casos de covid.

A Bahia registrou 79 mortes e 3.088 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,3%)em 24h, de acordo com dados do relatório epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) até o final da tarde desta quinta-feira (8). No mesmo período, 2.804 pacientes (+0,3%) foram considerados curados da doença.

Dos 1.147.552 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.111.853 já são considerados recuperados, 11.125 encontram-se ativos. Na Bahia, 51.154 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Apesar das 79 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta quinta. 77 delas ocorreram em 2021, e 53 em julho. O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 24.574, representando uma letalidade de 2,14%.

Dentre os óbitos, 55,77% ocorreram no sexo masculino e 44,23% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,97% corresponderam a parda, seguidos por branca com 22,37%, preta com 15,35%, amarela com 0,42%, indígena com 0,15% e não há informação em 6,75% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 60,31%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (72,70%).

A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Situação da regulação de Covid-19
Às 12h desta quinta-feira, 15 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 11 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

Taxas de ocupação de UTI
Às 17h40 desta quinta, a taxa de ocupação de leitos de UTI adulto na Bahia é de 67%, com 1.062 leitos ocupados. O estado conta neste momento com 1.588 leitos. Já a ocupação dos leitos de enfermaria adulto é de 47%, com 784 leitos ocupados entre os 1.653 disponíveis nesta quinta-feira.

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Os anticorpos contra o novo coronavírus SARS-CoV-2 podem durar até 12 meses em mais de 70% dos pacientes que superaram a doença, diz estudo publicado por pesquisadores chineses.

A pesquisa também conclui que a vacinação pode "restringir efetivamente a propagação" do novo coronavírus, promovendo resposta imunológica semelhante à forma como o corpo gera anticorpos contra vírus vivos.

O estudo foi realizado por uma subsidiária da farmacêutica estatal Sinopharm - que produz duas das vacinas aprovadas pelo governo chinês - e pelo Centro Nacional de Pesquisa para Medicina Translacional da Universidade Jiaotong, em Xangai, a capital econômica da China.

Cerca de 1.800 amostras de plasma foram coletadas entre 869 pessoas que superaram a covid-19 em Wuhan, a cidade no centro da China onde o primeiro surto global de covid-19 foi registado, em dezembro de 2019.

Os pesquisadores verificaram a presença e a quantidade nessas amostras de RBDIgG, um tipo de anticorpo que indica a força da imunidade contra o vírus, informou o jornal oficial em língua inglesa China Daily.

De acordo com os resultados, em nove meses os níveis de anticorpos caíram para 64,3%, em relação ao nível atingido após os pacientes contraírem o vírus e, a partir desse período, estabilizaram até o décimo segundo mês.

A resposta imunológica foi mais forte nos homens do que nas mulheres durante os estágios iniciais da infeção, mas a diferença diminui com o tempo, tornando-se praticamente igual após 12 meses.

Pessoas na faixa etária entre 18 e 55 anos desenvolveram níveis mais elevados de anticorpos, segundo o estudo.

De acordo com o Grupo Nacional de Biotecnologia da China, a subsidiária da Sinopharm, o estudo é o mais extenso dos que verificaram a continuidade da resposta imunológica em pacientes recuperados.

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Cinco meses depois do começo da vacinação contra a covid-19, a Bahia registrou uma queda de até 77% nas internações de pessoas acima de 60 anos, comparando os meses de março e junho desse ano, diz a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Mais de 4,8 milhões de baiano já tomaram a primeira dose ou foram imunizados com dose única.

"Os dados comprovam a eficácia da vacinação", considera o secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas. Ele destaca a importância do trabalho do governo estadual na compra de insumo, aplicação de vacinas e distribuição de doses para todos os municípios baianos. "Os gestores municipais também estão de parabéns ao criarem estratégias para vacinar rapidamente”, acrescenta.

Os dados do SivepGripe, do Ministério da Saúde, mostram uma queda de internação em todas as faixas etárias analisadas. Apesar disso, a Diretoria da Vigilância Epidemiológica da Bahia (Divep) destaca que há um grupo que tem representado a maior parte das internações nesse momento.

“A faixa etária de 30 a 49 anos atualmente representa mais de 40% das internações, que são os públicos não imunizados ou que iniciaram recentemente", diz a diretora da Divep, Márcia São Pedro. Ela lembra que é importante manter o distanciamento social, uso de máscara e a higiene para evitar infecções.

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A variante gama ou P1, descoberta originalmente em amostras coletadas na cidade de Manaus, está circulando na Bahia e de forma descontrolada. Só em Feira de Santana, 11% das pessoas estão infectadas de forma assintomática por essa cepa. Isso, pelo menos, é o que mostra um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizado na cidade baiana, que é a maior do interior das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil.  

Dos 620 mil habitantes, a instituição testou 1,4 mil pessoas escolhidas ao acaso que circulam no Centro de abastecimento, na praça da prefeitura e na feira livre do bairro Tomba. Todos os participantes do estudo não tinham sintomas de covid e afirmaram que nunca tinham pego a doença. Os testes feitos foram o RT-PCR, aquele em que é usado um cotonete para coletar secreções região nasal do paciente e enviados ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Salvador. 

Dos testados, 154 pessoas foram confirmadas com a doença, o que equivale a 11%. “As amostras positivas foram sequenciadas pelos cientistas, que observaram que todos os casos positivos tratavam-se da linhagem gama. Todas eram P1!”, disse o coordenador do estudo, Luiz Carlos Júnior Alcântara, pesquisador titular da Fiocruz.  

O cientista ficou assustado com os resultados encontrados. Para ele, o grande problema da explosão de casos em assintomáticos é o fato deles não adoecem e, se não fizerem distanciamento social e uso de máscara, espalham sem saber o vírus para outras pessoas. 

“O estudo mostra que, nos assintomáticos, também tá circulando e muito a variante de Manaus. Isso nos dá suporte, nessa atual situação do pais, em dizer que é importante fazer uma investigação profunda nas pessoas que não tem sintomas e manter uso da máscara e distanciamento. Não adianta estar com pessoas que não tem sintomas, pois tem gente próxima de você que pode estar infectado sem saber e transmitindo o vírus”, explica.  

E se a circulação dessa cepa é alta entre os assintomáticos, isso demonstra a capacidade do vírus de se multiplicar e infectar cada vez mais pessoas, o que o torna mais perigoso. “A variante se multiplica mais facilmente, tanto nos assintomáticos como sintomáticos. Os sintomáticos procuram o sistema de saúde e são notificados, são reconhecidos. Esse não é o caso dos assintomáticos. Logo, a cepa aumenta o número de indivíduos infectados e o sistema de saúde não tem condição de atender a todos”, relata o professor Luiz Carlos.  

Estudo foi realizado em parceria com a Uefs e a Prefeitura de Feira de Santana 

O estudo foi feito em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e a Prefeitura de Feira de Santana. Foi função dessas duas instituições a coleta das amostras e envio ao Lacen para a realização da testagem. O grupo que testou positivo, inclusive, foi monitorado e isolado pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde e cerca de 5% apresentaram sintomas leves da doença, posteriormente. 

“A partir desse estudo pioneiro, com a avaliação dos dados e do comportamento da doença, podemos traçar estratégias para orientar o sistema de saúde com relação às medidas de contenção, prevenção e controle da covid-19. Esses dados são muito importantes para ajudar não só Feira de Santana, como também outros municípios”, afirma a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Vigilância da Saúde da Uefs, Erenilde Cerqueira.  

A pesquisa foi realizada entre os dias 8 de abril e 18 de maio. Na época, já tinham casos da variante P1 identificadas em Feira de Sanatana. A cidade também vivia um aumento expressivo de casos da doença. “Eu me reuni com o secretário e o prefeito e eles me pediram uma sugestão de trabalho para explicar o aumento de casos que estava tendo lá. Não tem nenhum estudo como esse que demonstre essa questão dos assintomáticos”, diz o coordenador da equipe.  

Para o cientista, os resultados encontrados em Feira de Santana não são um caso isolado da cidade e refletem o quanto a cepa P1 está circulando em todo o país. “Nós estamos sequenciando ssa variante no país todo. A depender do local, ela já é predominante. E o problema nacional é esse, a variante tá circulando em tudo, sintomáticos e assintomáticos”, explica.  

Na semana passada, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) publicou que a variante P1 foi responsável por 78,1% das infecções analisadas na Bahia durante o mês de maio. Dos 32 casos analisados pelo Lacen, 25 eram da P1. Além disso, essa variante também foi a que mais matou. Dos 10 casos de óbitos analisados, oito estavam infectados com a variante de Manaus. Os outros dois casos de morte analisados foram de pacientes que tinham a variante britânica. 

O último boletim informativo que o Lacen emitiu aponta que foi identificada a co-circulação de 22 linhagens diferentes no estado desde fevereiro de 2020 e ainda não foram identificados casos da variante indiana na Bahia.  A variante P1 é reconhecida por ter maior agressividade tanto no seu potencial de transmissão quanto nas consequências, aumentando as chances de internação.  

Secretário de Saúde no Estado, Fábio Vilas-Boas aponta que a Bahia registra uma variedade de cepas e atualmente há oito em circulação. "Entretanto, nos meses de fevereiro a maio deste ano, a variante P1 se tornou predominante, sendo a responsável pela aceleração do número de internações e elevação do número de óbitos em todo o Brasil, inclusive, na Bahia", afirmou. 

 A Bahia ainda é um dos poucos estados que têm conseguido fazer sequenciamentos genéticos do coronavírus no país. A maioria das amostras tem sido sequenciada pelo Lacen, que já realizou o sequenciamento de 257 amostras provenientes de pacientes de 98 municípios dos nove Núcleos Regionais de Saúde. 

A variante gama ou P1, descoberta originalmente em amostras coletadas na cidade de Manaus, está circulando na Bahia e de forma descontrolada. Só em Feira de Santana, 11% das pessoas estão infectadas de forma assintomática por essa cepa. Isso, pelo menos, é o que mostra um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizado na cidade baiana, que é a maior do interior das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil.  

Dos 620 mil habitantes, a instituição testou 1,4 mil pessoas escolhidas ao acaso que circulam no Centro de abastecimento, na praça da prefeitura e na feira livre do bairro Tomba. Todos os participantes do estudo não tinham sintomas de covid e afirmaram que nunca tinham pego a doença. Os testes feitos foram o RT-PCR, aquele em que é usado um cotonete para coletar secreções região nasal do paciente e enviados ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Salvador. 

Dos testados, 154 pessoas foram confirmadas com a doença, o que equivale a 11%. “As amostras positivas foram sequenciadas pelos cientistas, que observaram que todos os casos positivos tratavam-se da linhagem gama. Todas eram P1!”, disse o coordenador do estudo, Luiz Carlos Júnior Alcântara, pesquisador titular da Fiocruz.  

Leia mais: Sesab alerta para os perigos de propagação da variante P1 nas festas juninas

O cientista ficou assustado com os resultados encontrados. Para ele, o grande problema da explosão de casos em assintomáticos é o fato deles não adoecem e, se não fizerem distanciamento social e uso de máscara, espalham sem saber o vírus para outras pessoas. 

“O estudo mostra que, nos assintomáticos, também tá circulando e muito a variante de Manaus. Isso nos dá suporte, nessa atual situação do pais, em dizer que é importante fazer uma investigação profunda nas pessoas que não tem sintomas e manter uso da máscara e distanciamento. Não adianta estar com pessoas que não tem sintomas, pois tem gente próxima de você que pode estar infectado sem saber e transmitindo o vírus”, explica.  

E se a circulação dessa cepa é alta entre os assintomáticos, isso demonstra a capacidade do vírus de se multiplicar e infectar cada vez mais pessoas, o que o torna mais perigoso. “A variante se multiplica mais facilmente, tanto nos assintomáticos como sintomáticos. Os sintomáticos procuram o sistema de saúde e são notificados, são reconhecidos. Esse não é o caso dos assintomáticos. Logo, a cepa aumenta o número de indivíduos infectados e o sistema de saúde não tem condição de atender a todos”, relata o professor Luiz Carlos.  

Leia mais: Caso da variante Alfa, do Reino Unido, é confirmado em Cândido Sales

Estudo foi realizado em parceria com a Uefs e a Prefeitura de Feira de Santana 
O estudo foi feito em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e a Prefeitura de Feira de Santana. Foi função dessas duas instituições a coleta das amostras e envio ao Lacen para a realização da testagem. O grupo que testou positivo, inclusive, foi monitorado e isolado pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde e cerca de 5% apresentaram sintomas leves da doença, posteriormente. 

“A partir desse estudo pioneiro, com a avaliação dos dados e do comportamento da doença, podemos traçar estratégias para orientar o sistema de saúde com relação às medidas de contenção, prevenção e controle da covid-19. Esses dados são muito importantes para ajudar não só Feira de Santana, como também outros municípios”, afirma a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Vigilância da Saúde da Uefs, Erenilde Cerqueira.  

A pesquisa foi realizada entre os dias 8 de abril e 18 de maio. Na época, já tinham casos da variante P1 identificadas em Feira de Sanatana. A cidade também vivia um aumento expressivo de casos da doença. “Eu me reuni com o secretário e o prefeito e eles me pediram uma sugestão de trabalho para explicar o aumento de casos que estava tendo lá. Não tem nenhum estudo como esse que demonstre essa questão dos assintomáticos”, diz o coordenador da equipe.  

Leia mais: Jovem de 23 anos diagnosticado com variante peruana morre no Rio Grande do Sul

Para o cientista, os resultados encontrados em Feira de Santana não são um caso isolado da cidade e refletem o quanto a cepa P1 está circulando em todo o país. “Nós estamos sequenciando essa variante no país todo. A depender do local, ela já é predominante. E o problema nacional é esse, a variante tá circulando em tudo, sintomáticos e assintomáticos”, explica.  

Todos os assintomáticos que testaram positivo em Feira de Santana estavam com a cepa P1 (Foto: AFP)

Relembre: variante P1 foi a que mais matou na Bahia em maio 
Na semana passada, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) publicou que a variante P1 foi responsável por 78,1% das infecções analisadas na Bahia durante o mês de maio. Dos 32 casos analisados pelo Lacen, 25 eram da P1. Além disso, essa variante também foi a que mais matou. Dos 10 casos de óbitos analisados, oito estavam infectados com a variante de Manaus. Os outros dois casos de morte analisados foram de pacientes que tinham a variante britânica. 

O último boletim informativo que o Lacen emitiu aponta que foi identificada a co-circulação de 22 linhagens diferentes no estado desde fevereiro de 2020 e ainda não foram identificados casos da variante indiana na Bahia.  A variante P1 é reconhecida por ter maior agressividade tanto no seu potencial de transmissão quanto nas consequências, aumentando as chances de internação.  

Secretário de Saúde no Estado, Fábio Vilas-Boas aponta que a Bahia registra uma variedade de cepas e atualmente há oito em circulação. "Entretanto, nos meses de fevereiro a maio deste ano, a variante P1 se tornou predominante, sendo a responsável pela aceleração do número de internações e elevação do número de óbitos em todo o Brasil, inclusive, na Bahia", afirmou. 

 A Bahia ainda é um dos poucos estados que têm conseguido fazer sequenciamentos genéticos do coronavírus no país. A maioria das amostras tem sido sequenciada pelo Lacen, que já realizou o sequenciamento de 257 amostras provenientes de pacientes de 98 municípios dos nove Núcleos Regionais de Saúde.  

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro. 

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Após a experiência com o São João do ano passado, quando cidades do interior tiveram aglomerações e chegaram a registrar mais de 600% de aumento de casos de covid-19, o objetivo em 2021 é não repetir esse cenário. Para isso, agora as prefeituras reforçaram a fiscalização, fizeram campanhas de conscientização e adotaram novas estratégias para evitar um colapso nos hospitais, já que não há margem para aumento de infectados e os municípios não têm um sistema de saúde com estrutura adequada para suportar uma nova explosão.

Cidades como Senhor do Bonfim, Cruz das Almas, Cachoeira, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Ibicuí e Mucugê, tradicionalmente conhecidas pelas festas, apresentaram uma alarmante alta de casos de covid-19 na comparação entre 20 de junho e 20 de julho de 2020, de acordo com dados retirados dos boletins da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). No quadro geral, a Bahia subiu de 45.304 para 123.292 casos confirmados, com aumento percentual de mais de 170% neste período.

O maior percentual entre as sete cidades foi registrado em Cachoeira: 674%. A cidade passou, em um mês, de 27 para 209 casos confirmados. A preocupação para o São João já ligou o alerta por lá. Segundo a assessoria da prefeitura, um decreto foi publicado na última quarta-feira (16) proibindo a guerra de espadas, fogueiras e fogos de artifício. A entrada de turistas está suspensa até o dia 29 de junho. A prefeitura também informou que está realizando uma campanha educativa, através das redes sociais e rádios locais, para conscientizar a população.

“Não estamos recomendando, estamos decretando que não aconteçam os festejos e tradições de São João; não é momento festivo”, diz a secretária de saúde de Cachoeira, Maria José Silva. Para a gestora, mesmo com o andamento da vacinação, ainda há motivos de sobra para preocupação. “Já sabemos das variantes e da doença atingindo os jovens. Temos uma UTI que foi inaugurada na cidade há uma semana e está com 100% de ocupação desde então”, acrescenta.

Maria José ressalta que, na próxima semana, serão inauguradas duas unidades de atendimento para pacientes com covid-19. Mesmo com esse esforço da prefeitura, ela diz que o papel da população é fundamental. “A gente precisa que as pessoas compreendam e atendam aos nossos pedidos, até mesmo para que seja possível realizar a festa no próximo ano”, finaliza a secretária.

Em Ibicuí, ordem é seguir o decreto estadual
O segundo percentual mais alto registrado entre junho e julho do ano passado foi o de Ibicuí, com 446%, saltando de 15 para 82 casos. O CORREIO entrou em contato com a prefeitura da cidade, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. No entanto, nas redes sociais, a prefeitura informou que vai segui à risco todas as medidas vigentes no decreto estadual. Isso significa que, na cidade, está proibida a realização de festas e venda de bebidas alcoólicas a partir das 18h de hoje até às 5h do dia 28 de junho.

Logo em seguida vem o município de Amargosa. Por lá, o número de casos subiu de 22 para 119, um aumento de 440%. Ainda com as barreiras sanitárias nas entradas da cidade implementadas em 2020, chegou ao conhecimento da prefeitura que houve ocorrências de gente que driblou a fiscalização ingressando na cidade por vias marginais e através da zona rural.

Para este ano, portanto, o foco da prefeitura será em outras medidas. “Vamos adotar uma estratégia diferente da do ano passado, já que as barreiras não foram tão efetivas porque Amargosa tem muitas estradas. A aposta desse ano é nos bloqueios nas ruas da cidade. Decretamos um toque de recolher a partir das 18h até às 5h do dia seguinte e o fechamento total de todos os bares até o dia 30 de junho”, disse o prefeito Júlio Pinheiro (PT).

“Já estamos com aumento do número de casos de covid mesmo antes do São João, então o risco de uma explosão de infecções pós-festejos”, alertou o prefeito. Mas Pinheiro destaca que, mesmo com as diversas medidas, é quase impossível que aglomerações não aconteçam. “Queremos minimizar os efeitos das aglomerações porque sabemos que são inevitáveis. Mesmo sem as festas oficiais, parentes e amigos de moradores vêm para a cidade. É uma questão cultural difícil de ser desestimulada. Justamente por isso a gente se preocupa”, finaliza.

Na Chapada Diamantina, Mucugê aposta em barreiras sanitárias
Em Mucugê, o aumento foi de 325%. Localizado na Chapada Diamantina, o município de pouco mais de 9 mil habitantes saltou de 4 para 17 infectados. Para evitar que isso se repita, a prefeitura iniciou a Campanha São João Seguro com intuito reforçar o uso da máscara, higienização das mãos, evitar contato físico, respeitar o distanciamento social e não realizar ou participar de festas clandestinas e aglomerações em casa.

Para isso, neste último sábado (19), começaram os trabalhos nas barreiras sanitárias localizadas nas entradas da cidade. "Além disso, contamos com: fiscalizações nas ruas através da Vigilância Sanitáriaria e da Polícia Militar. Por meio de carros de som, divulgamos orientações dos decretos municipais, que seguem o estadual. A Secretaria de Saúde trabalha arduamente para que as medidas de prevenção sejam sempre compridas, até porque a luta contra a covid não é unilateral e uma população conscientizada é uma população segura", disse a prefeitura, em nota.

Já em Cruz das Almas, o crescimento foi de 65 para 275, ou seja, de 323%. Nesta segunda (21), 142 camisas de um bloco junino que aconteceria no dia 24 foram apreendidas na cidade. A festa foi descoberta por policiais da Delegacia Territorial (DT) do município, que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do organizador do evento, onde também foi encontrado um caderno de anotações de compra e venda dos abadás.

O Secretário de saúde da cidade, Sandro Borges, também destaca o perigo do aumento de casos que os festejos de São João podem provocar. “Toda a região aqui tem tido um aumento de casos e Cruz das Almas não fica de fora disso. E não adianta o poder público manter leito de UTI, estrutura de atendimento para covid. Se a população não se conscientizar, eles podem não ser suficientes e, de qualquer forma, não são garantia de vidas salvas”, diz o secretário.

“A pandemia ainda não passou. Apesar de todo mundo já saber das medidas preventivas, as pessoas acabam se descuidando e aí acontece o aumento de casos. No período junino, as pessoas querem estar juntas, querem se aglomerar, mas o momento não é oportuno, precisamos esperar. Nossa preocupação principal é fazer com a que a população entenda e embarque nessa prevenção junto com a gente”, coloca Borges.

Santo Antônio de Jesus tem histórico de aglomeração no São João
Em Santo Antônio de Jesus, os números após o São João do ano passado saltaram de 226 para 909, um aumento de 302%. Também mesmo com a montagem de barreiras sanitárias nas entradas da cidade com apoio da Polícia Militar, foram registradas festividades volumosas e paredões de som com famílias reunidas.

A principal ocorrência do ano passado aconteceu no dia 21 de junho e foi noticiada inicialmente pelo site local Andaia. Mais de cem pessoas se aglomeravam em um forró no bairro da Juerana, na zona rural, a cerca de 5 km do centro da cidade, descumprindo as regras de isolamento, o afastamento social e o toque de recolher das 20h às 5h. Procurada pelo CORREIO, a prefeitura de Santo Antônio de Jesus não respondeu sobre as medidas preventivas adotadas para o período de São João deste ano.

Em Senhor do Bonfim, o número de infectados pulou de 78 para 214 nestes 30 dias (174%). A secretária de saúde do município, Renata Maia, também demonstrou preocupação com a possível explosão do número de casos após os festejos. “Hoje temos 16 pacientes internados em UTI, o que representa uma taxa de ocupação de 80%. Se as aglomerações acontecerem, os casos vão aumentar, isso é algo comprovado cientificamente. Então estamos fazendo o possível para evitar que o cenário do ano passado se repita”, afirmou.

“Tivemos uma reunião com o Ministério Público e o delegado de polícia do município na semana passada para tratar das medidas que seriam tomadas em relação ao São João. Nós não faremos festejos oficiais, vamos intensificar a fiscalização nas ruas, a vigilância sanitária está fazendo distribuição de máscaras e o prefeito decretou que o feriado será somente no dia 24, não se estendendo para o dia 25, para evitar que as pessoas viagem e façam festas”, acrescentou a secretária.

Reflexo de aglomerações no São João podem ser sentidas em julho
Os cientistas do Portal Geocovid projetam 2,5 mil mortes pela doença na Bahia para junho de 2021. Até o boletim do dia 21, o estado registrava 1.925 mortes. Mas, de acordo com autoridades de saúde, os reflexos do período festivo devem aparecer após 15 a 30 dias. O governador Rui Costa já demonstrou preocupação com a situação da Bahia em julho, por conta do cenário atual e pensando no período pós-São João.

Durante a inauguração de policlínica em Eunápolis, no sul da Bahia, no último dia 10, Rui disse que pode haver um aumento significativo de casos e que o número de leitos pode não ser suficiente. Para o governador, se isso vai acontecer ou não, "depende do comportamento das pessoas" durante o período junino. "Já vimos que até pequenas aglomerações como no Dia das Mães afeta nos índices", explicou.

Por determinação do governo estadual, nenhuma cidade pode promover festas públicas durante o São João. As festas particulares também estão suspensas, independentemente do número de pessoas. Alguns municípios também estabeleceram decretos para tentar conter as aglomerações durante as festividades juninas.

Fogueiras estão proibidas em municípios do interior
Em Mata de São João, um decreto com medidas restritivas de combate ao coronavírus proibiu a montagem e acendimento de fogueiras em toda a cidade, que fica na região metropolitana de Salvador. As cidades de Coaraci, Almadina e Itapitanga, no sul da Bahia, também não poderão ter fogueira, nem fogos de artifício após prefeituras atenderem recomendação do Ministério Público Estadual (MP-BA).

Para cumprir com as medidas, os municípios precisarão suspender a concessão de alvarás para barracas de venda de fogos, além de proibir toda e qualquer comercialização dos artigos. Quanto aos festejos, a Polícia Militar e as Guardas Municipais de cada uma das cidades foram acionadas para aumentar a fiscalização de eventuais aglomerações.

Em decreto divulgado pela prefeitura de Coaraci, foi definido a proibição, em todo território municipal, de quaisquer festejos juninos, tais como: acender fogueiras em espaços públicos e privados; soltar fogos de artifício; eventos festivos pertinentes ao período, como shows musicais e quadrilhas; e concessão de espaços públicos para realização de eventos particulares.

Para garantir a adoção das medidas, foi determinado que haverá fiscalizações nas ruas para impedir o acendimento de fogueiras, com a aplicação de multa e desmanche em caso de descumprimento. Além da Guarda Municipal e da Polícia Militar da Bahia, fiscais da Vigilância Sanitária e os destacados pelo Poder Público - Fiscal Covid-19, foram mobilizados para garantir o cumprimento do decreto.

Uma ação integrada entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar vai impedir a comercialização de fogueiras em Feira de Santana. O trabalho visa cumprir o decreto municipal publicado no Diário Oficial Eletrônico da última segunda-feira (21), pelo prefeito Colbert Filho. Denominada "Operação Fogueira", a fiscalização terá a participação de duas companhias da Polícia Militar e prepostos da Guarda Municipal.

Segundo a comandante da Guarda Municipal, Cássia Dias, os guardas municipais estarão nas ruas na Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) a fim de constatar o cumprimento do toque de recolher até a próxima segunda-feira, 28, sempre das 20h às 5h. "Esse é um momento atípico por conta da pandemia e a intenção é coibir as aglomerações", ressalta. Desta forma, eventos e atividades com a presença de público permanecem suspensos. A venda de bebida alcoólica também está proibida durante o toque de recolher.

PGJ quer impedir festas com aglomerações nesse São João
A Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) expediu recomendação-geral aos promotores de Justiça para que os municípios adotem medidas que impeçam a realização de festejos juninos com aglomerações de pessoas. A recomendação vale para qualquer evento presencial público, planejado ou patrocinado pelo município, que se destine às tradicionais comemorações juninas e gere aglomerações, independentemente do número de participantes, com ou sem comercialização de ingresso.

Além disso, foi recomendada a revogação de quaisquer autorizações e alvarás sanitários eventualmente expedidos para a realização de festejos juninos privados que importem em aglomeração de pessoas, com ou sem comercialização de ingresso, em ambientes públicos ou privados de qualquer natureza, independentemente do número de participantes.

Vale ressaltar que o governo da Bahia suspendeu a venda de bebida alcoólica das 18h de sexta-feira (18) até as 5h de segunda (21) e também no período do São João, das 18h do dia 23 até as 5h de 28 de junho. Além disso, o transporte intermunicipal também será interrompido durante o São João.

Procurada pelo CORREIO para responder sobre as ações previstas para coibir as aglomerações durante o São João na Bahia, a Polícia Militar informou que contará com um aporte de 7500 PMs em todo estado, reforçando o policiamento entre os dias 23 e 27 de junho. O foco da operação será no interior, em especial em cidades como Amargosa, Santo Antônio de Jesus e Senhor do Bonfim. Na capital, a operação concentrará 500 policiais além daqueles que já fazem parte dos serviços diários já existentes.

Em caso de desrespeito aos decretos, os cidadãos devem realizar denúncias através do número 190 ou do disque-denúncia no número 181 (válido para toda a Bahia).

Guerra de espadas tambémm estão proibidas
Uma prática junina que vem preocupando gestores das cidades baianas é a guerra de espadas. Mesmo proibida desde 2011, muitos espadeiros insistem em dar continuidade à tradição, que sempre provoca aglomerações, atrai turistas e pode, até mesmo, causar ferimentos e aumentar a demanda por atendimento nos hospitais.

Segundo informações da TV Bahia, já houve registro este ano de dois dias de guerra de espadas e brincadeiras com fogos de artifício em Cruz das Almas. O primeiro aconteceu no dia 1º de junho, provocando aglomeração na Rua Ruy Barbosa. Vídeos circularam nas redes sociais mostrando pessoas reunidas e espadeiros também soltando rojões.

No último final de semana, mais um registro de ilegalidade por lá. Um vídeo mostra a Rua Arapiraca completamente tomada pelas faíscas das espadas por volta das 22h de sábado (19). Segundo os moradores, no dia seguinte também houve guerra de espadas em outras localidades da cidade durante todo o dia. Por lá, alguns moradores chegaram a colocar tapumes nas portas e janelas das casas para se proteger dos riscos que a prática pode provocar.

Para o secretário de planejamento e desenvolvimento econômico de Cruz das Almas, Euricles Neto, a prática persiste, mesmo sendo proibida na cidade, e acaba se tornando uma preocupação a mais durante o período de pandemia. “A guerra de espadas está proibida, mas, mesmo assim, nesses 10 anos, nunca deixamos de ter essa prática aqui em Cruz das Almas. Todos os anos, a guerra acontece e as pessoas vão às ruas, ainda que correndo o risco de sofrer os rigores da lei”, diz.

O secretário destaca as ações que vêm sendo feitas desde o ano passado e que terão continuidade neste ano de 2021 para tentar coibir a prática. “O que o poder público municipal pode fazer é dar apoio ao Ministério Público Estadual e às polícias militar e civil com decretos e direcionamentos para fiscalização”, afirma. Mesmo que o prejuízo econômico estimado para 2021 no município de Cruz das Almas seja de R$ 50 milhões por conta da ausência dos festejos, o secretário reafirma a necessidade de seguir os decretos e determinações de segurança.

“Nesse momento, mais do que nunca, a gente vem fazendo uma campanha apelativa para que os irmãos e irmãs espadeiros não soltem as espadas e não aglomerem. Nós estamos bastante temerosos porque a espada é um atrativo turístico, as pessoas vêm ver e tudo isso gera aglomeração. Esperamos contar com o apoio da população”, finaliza Neto.

Em Senhor do Bonfim, a prática também é tradição, mas está proibida desde 2017. Segundo a secretária de desenvolvimento econômico Ana Cláudia Matos, a prefeitura segue monitorando e tentando coibir as ações. “Nós temos uma força tarefa do poder público municipal para fiscalizar isso. A ação envolve a Guarda Municipal, a Vigilância Sanitária, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o órgão de trânsito municipal”, afirma a secretária.

“A gente também trabalha para disseminar informação e promover a conscientização da população. Fazemos distribuição de máscaras nas praças e circulação de carro de som e utilizamos nossas redes sociais. Aí, junto com a Polícia Militar, fazemos a fiscalização”, acrescenta Ana Cláudia. A secretária também divulga o canal através do qual a população pode denunciar qualquer irregularidade ou descumprimento de determinações locais. O telefone é o (74)99161651.

Mesmo com um prejuízo econômico elevado por conta da ausência das festas, estimado em mais de 15 milhões de reais para Senhor do Bonfim, a secretária também defende a importância de seguir as determinações e ligar o alerta para a pandemia. “Estamos seguindo o governo estadual e fechando bares nos finais de semana, proibindo bebida alcoólica, intensificando a fiscalização, além do fato de os ônibus intermunicipais estarem suspensos. Isso tudo conta para evitar a proliferação do vírus após esse período de São João”, finaliza a secretária.

De acordo com o Ministério Público Estadual (MP-BA), fabricar, possuir e soltar espadas é crime cuja pena pode chegar a até seis anos de prisão. A fabricação, comercialização e a utilização do artefato são vedadas em diversos diplomas legais, como o Código Penal, Estatuto do Desarmamento, Lei de Crimes Ambientais e Código de Defesa do Consumidor.

Associação defende regulamentação da prática
Até mesmo alguns espadeiros compreendem que não é o momento para guerra de espadas. O presidente da Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim (Acesb), Darlan Valverde, afirma que a associação não defende que a guerra aconteça enquanto estiver proibida, ainda mais durante a pandemia e que, para coibir a prática, vem promovendo diversas ações durante o período de São João.

“As pessoas precisam esperar que o artefato seja regulamentado e que a pandemia acabe para que a gente possa, finalmente, seguir com a nossa prática cultural. A gente já está arrecadando máscaras e álcool em gel para fazer a distribuição e continuar o trabalho de conscientização. Infelizmente, temos algumas pessoas que acabam subvertendo as determinações, mas a maioria esmagadora das pessoas atendem ao nosso apelo e permanecem em casa”, finaliza.

A proibição, no entanto, vem sendo contestada. “A guerra de espadas é uma prática secular da região e envolve o conhecimento que é passado de geração em geração. Além disso, existem famílias que se sustentam com a movimentação econômica que a prática gera. A espada não é uma arma de fogo. Estamos tentando adequar o artefato dentro das exigências dos órgãos para regulamentar a guerra de espadas”, defende Valverde.

Queimaduras são fator de perigo no São João
As autoridades de saúde alertam que, durante o período de São João, os casos de queimaduras aumentam consideravelmente. Segundo dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), de 20 a 25 de junho de 2020, o Hospital Geral do Estado (HGE), referência no atendimento de casos de queimadura, registrou 42 ocorrências. No mesmo período de 2019, o número foi ainda maior: 88 casos. Além das queimaduras aumentarem a demanda pelo sistema de saúde em plena pandemia, a queima de fogos está associada à fumaça, que pode trazer prejuízos ao sistema respiratório, agravando o quadro de quem já está infectado com a covid-19.

O cirurgião plástico e diretor científico da Sociedade Brasileira de Queimaduras - Regional Bahia (SBQ-BA), Vitor Felzemburgh, destaca os riscos à saúde que a queima de fogos de artifício podem causar. “As bombas e fogos têm pólvora, que podem explodir. Então é muito comum vermos explosão de bomba ou de espada na mão das pessoas. Essas lesões causam alterações motoras irreversíveis, com perda de dedos ou até mesmo da mão toda”, alerta.

O cirurgião também ressalta os perigos das guerras de espadas. “A espada pode causar queimadura, lesão por explosão e mal funcionamento ou ainda lesão por trauma. Conheço casos de pacientes que perderam o globo ocular por conta de uma espada que foi diretamente no olho e teve um impacto muito grande”, diz.

Felzemburgh explica que também sobre as consequências das queimaduras. “As queimaduras por espada, bomba ou fogueira, geralmente, são de segundo grau, ou seja, provoca bolhas e machucados. Às vezes, também pode ser de terceiro grau, quando acomete, além da pele, também músculo e osso. Tudo depende da fonte de calor e, no caso da pólvora, é uma fonte de calor muito grande, bastante perigosa”, pontua.

“As queimaduras acometem muito as crianças. Muitas daquelas roupinhas de festejos juninos são de alguma fibra sintética e isso, com qualquer fonte de calor, mesmo que não muito elevado, entra em chamas e se espalha muito rápido, causando graves lesões”, lembra o diretor da SBQ-BA, que traz ainda mais um alerta para o uso de álcool em gel.

“Tem aumentado de uma forma absurda o número de atendimentos nas enfermarias de queimaduras provocadas pelo mau uso desse recurso. As pessoas, às vezes, passam álcool em gel e esquecem que aquilo é inflamável e vão manusear uma panela no fogo, por exemplo. Isso causa queimaduras. Então é preciso alertar que devemos usar o álcool, mas saber que ele é inflamável e mantermos os cuidados após a aplicação, principalmente durante o São João”, finaliza Felzemburgh.

Publicado em Bahia

Já pensou ir ao posto de saúde tomar a vacina contra a covid-19 e sair de lá com um liquidificador ou batedeira? Se estiver grávida, pode levar até enxoval completo e um berço para o bebê. Em cidades baianas como Bom Jesus da Lapa e Sítio do Mato, no oeste do estado, é possível. Isso porque, para estimular a vacinação, as prefeituras dessas cidades começaram a sortear prêmios entre os imunizados.

Em Bom Jesus da Lapa, com quase 70 mil habitantes, a iniciativa ocorre desde a quinta-feira (17) focada, inicialmente, nas gestantes. Segundo o secretário de Saúde Euler Nogueira, o município tem cerca de 850 mulheres grávidas, mas apenas 98 compareceram para tomar a 1ª dose da Pfizer. Foi então que o gestor pensou em criar o sorteio valendo o enxoval completo e um ensaio fotográfico. Três dias depois, o número de imunizadas saltou para 400.

“As gestantes estavam com receio de receber a vacina. Tivemos dia em que nenhuma delas procurou a 1ª dose. E se elas não tomam, temos que dar vazão, vacinar outro grupo. Só que elas são prioridade e precisam ficar imunizadas”, diz o secretário, que fez contato com os comerciantes do município para conseguir os prêmios.

“Liguei para o pessoal, pedi ajuda e ainda brinquei que só queria coisa boa. Em pouco tempo, tínhamos 20 tipos de prêmios. Depois, os próprios comerciantes começaram a aparecer para fazer doação. Arrecadamos liquidificador, batedeira, ferro de passar, espremedor de fruta, purificador de ar”, enumera.

A participação dos comerciantes fez a ação ser ampliada para o público que não retornou para a 2ª dose. Em Bom Jesus da Lapa, havia 600 ampolas da AstraZeneca paradas aguardando as pessoas que tem direito de tomar o reforço. Com a iniciativa, qualquer um que tomar a 2ª dose na cidade pode participar do sorteio, que é semanal. O primeiro ocorre amanhã, com cinco prêmios. Já o sorteio das gestantes ocorrerá quando todas forem vacinadas ou as doses da Pfizer acabarem.

“Por causa do show de prêmios, vacinamos até domingo 180 pessoas que estavam com a data de retorno atrasada”, aponta o secretário.

Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), as vacinas enviadas para aplicação da segunda dose não podem ser destinadas para outra função, o que ligou o alerta da equipe de saúde para acelerar a imunização na cidade.

Até esse domingo, 21 mil pessoas tomaram a primeira dose da vacina em Bom Jesus da Lapa, o que equivale a 31% do público alvo, mas apenas 6,6 mil pessoas (9%) tomaram a segunda dose.

Outras cidades também realizam ações

Segundo a prefeitura de Bom Jesus da Lapa, a iniciativa do município inspirou a vizinha Sítio do Mato a fazer o mesmo. Por lá, as gestantes e puérperas (mulheres com até 45 dias após o parto) com 18 anos ou mais que tomarem a 1ª dose da vacina concorrerão a um enxoval completo e um berço. Ainda de acordo com o que a prefeitura informou em redes sociais, a imunização pode acontecer até o dia 5 de julho no posto de vacinação da sede ou da zona rural.

Em Ribeira do Pombal, nordeste da Bahia, não há entrega de prêmios mas, por lá, segundo a prefeitura, a vacinação segue tranquila e com participação da população. O que tem ajudado é o serviço de busca ativa lançado pela Secretaria da Saúde. Através das Equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários, a equipe faz contato para informar a data de retorno para a 2ª dose.

“Nosso objetivo é reduzir ao máximo o número de faltosos e, consequentemente, ampliar a eficácia da cobertura vacinal para a população”, explica a secretária Lakcelma Costa. Até o momento, a prefeitura aplicou 16,8 mil primeiras doses e 6,1 mil segundas. Há ainda 505 segundas doses em estoque, mas com a vacinação já programada.

Já em Crisópolis, também no nordeste da Bahia, a prefeitura colocou um carro de som para informar à população que vive nos povoados mais afastados a data, horário, local e o público-alvo da vacinação. “O carro vai para todas as ruas, becos e vielas das áreas mais remotas ou descobertas por agentes de saúde. São, geralmente, áreas que não tem acesso a internet e o público é carente”, explica o coordenador da Vigilância Epidemiológica, Tiago Argolo. Na cidade, já foram aplicadas 5,4 mil primeiras doses e 2,2 mil segundas.

Salvador também tem utilizado busca ativa e carro de som para estimular a vacinação e o retornaram para a segunda dose.

“Existe vacina disponível para as pessoas tomarem. Nós vemos que, para a 1ª dose, muitos ficam na expectativa de tomar logo. Nós pedimos para que as pessoas tenham também pressa para a 2ª. Todos são bem-vindos, mas devem retornar”, diz Andréa Salvador, Diretora de Vigilância à Saúde do município.

Noventa mil pessoas não voltaram para a 2ª dose

Na Bahia, quase 90 mil pessoas já poderiam ter completado o esquema vacinal, mas não retornaram aos postos para a segunda dose de CoronaVac e AstraZeneca, segundo dados da Sesab. Há duas semanas, o número de faltosos no estado era praticamente o mesmo: 91 mil.

A vacina mais preterida pelos baianos é a CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. No total, são 63.955 pessoas que deveriam ter tomado a 2ª dose do imunizante e não retornaram. Já a AstraZeneca, produzida nacionalmente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem 25.533 faltantes no estado. Os ausentes representam 1,1% de todas as doses de vacina recebidas pela Bahia.

No total, 8 milhões de ampolas foram enviadas ao estado, sendo 3,1 milhões de Coronavac, que tem intervalo entre as doses de 28 dias, e 4,3 milhões da AstraZeneca, cujo período entre a 1ª dose e o reforço é de 90 dias. A Bahia ainda recebeu outras 540 mil doses da Pfizer/BioNTech, que começou a ser aplicada em 4 de maio e possui intervalo de 90 dias, ou seja, ainda não existem baianos que podem tomar a 2ª injeção.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), para que a vacina tenha efeito coletivo, é preciso que cerca de 70% da população esteja imunizada com as duas doses. Uma só não basta, pois os fabricantes ponderam que só com o esquema vacinal completo é possível garantir 100% de eficácia contra casos graves.

A Sesab também segue essa linha. “A primeira dose já garante alguma proteção, mas a imunidade completa, indicada pelo fabricante, só com a segunda”, diz o órgão.

Infectologista da SMS, Adielma Nizarala enxerga outros problemas associados ao ato de não tomar a 2ª dose da vacina.

“Tem gente com menos de 18 anos que precisa se vacinar e não pode. A chance dela ficar protegida é a imunidade coletiva vinda com a vacinação. A pessoa que não toma as duas doses não vai estar completamente imunizada e protegida para os casos graves, mas também não estará contribuindo para a imunização coletiva, contribuindo para que toda sociedade seja beneficiada”, explica.

Nizarala também diz que guardar a 2ª dose, por enquanto, é a única alternativa do poder público. “E nós temos que arcar com essa logística de armazenamento. Se a pessoa não aparecer, essa dose pode ser perdida, a não ser que haja determinação futura. Mas hoje, a primeira dose só pode ser usada como primeira e a segunda somente como segunda. É verba pública que pode ser perdida e nós, como cidadãos, precisamos de mais conscientização”.

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