Venda de carros usados cresce 46,5% na Bahia; veja os 10 modelos mais vendidos

Venda de carros usados cresce 46,5% na Bahia; veja os 10 modelos mais vendidos

Enquanto o ritmo de produção da indústria dos automóveis zero km não consegue acompanhar a demanda, a venda dos seminovos está em alta na Bahia. Houve um aumento de 46,5% de janeiro a julho de 2021, quando comparado ao mesmo período de 2020, segundo último levantamento da Associação de Revendedores de Veículos Seminovos do Estado da Bahia (Assoveba).

Como rege a lei da oferta e procura, os preços dos usados também subiram. Tem gente que está até lucrando com os modelos antigos, se desconsiderarmos a inflação acumulada. É o caso de uma administradora que não quis se identificar, que comprou, em 2017, um Corolla ano 2014 por R$ 49 mil e conseguir vender o mesmo veículo por R$ 57 mil, sem ter feito reparos. Em 7 anos de uso, o preço do carro valorizou 16,3%.

“Decidi trocar para não ficar tanto tempo com o carro e tive a oportunidade de vender por um preço maior que comprei, então preferi vender”, conta a administradora.

Ela ainda está incerta sobre qual modelo comprará, mas pensa no HB20, ou usado ou zero, a depender do valor. Desde que se mudou para Abrantes, na cidade de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), passou a usar menos o automóvel, pois teve uma filha e decidiu dar uma pausa no trabalho.

O gastrônomo Esmeraldo Camurugi, 30 anos, foi outro que lucrou com o carro velho. Ele vendeu o Nissan March, adquirido em 2020, por R$ 3 mil a mais que o valor de compra. Agora, ele tem um Caoa Chery Tiggo 5x, comprado por R$ 87 mil. “Quis mudar de categoria, queria um SUV”, explica Camurugi. O veículo, na verdade, será usado por sua esposa, Andreza.

“Ela usa para trabalhar, no dia-a-dia. Como moro em Lauro de Freitas e trabalho em Salvador, prefiro ir de metrô porque é mais barato. Pago R$ 300 por mês e o carro é em torno de R$ 800 só de gasolina, porque o deslocamento, por dia, gira em torno de 50km ida e volta. Quando pega engarrafamento, o carro bebe mais”, esclarece o gastrônomo.

Crescimento
Todos os cenários mostram como o mercado de usados e seminovos está aquecido. No comparativo julho e junho deste ano, ainda de acordo com a pesquisa da Assoveba, o crescimento das vendas foi de 11,6%. Já na comparação julho de 2021 com julho de 2020, a alta foi de 11,1%. Dos nove estados do Nordeste, a Bahia ficou em sexto lugar em julho de 2021.

Os veículos mais vendidos são os mais velhinhos, com tempo de uso superior a 13 anos (43%). Em segundo lugar, são usados entre 9 e 12 anos (22,7%). Já os seminovos, com até três anos de uso, tiveram queda nas vendas em julho, na comparação com junho de 2021 (-16%). Ou seja, a preferência do público baiano é pelos mais rodados.

Justamente o que o militar Danilo Azevedo, 35, gosta de comprar: sempre entre os anos 2008 e 2011. Para fazer uma renda extra, ele compra veículos bem usados, reforma, e vende mais caro. Só neste ano, ele fez isso com seis carros. “Não sou revendedor, mas estou sempre comprando e revendendo. Ajeito eles para ganhar algo em cima. Normalmente, pago R$ 20 mil na compra, mais R$ 3 mil de conserto, e vendo por uns R$ 30 mil”, narra Azevedo.

O militar afirma que o preço dos usados está em torno de R$ 4 mil acima da tabela FIPE. Antes da pandemia da covid-19, eles eram vendidos R$ 4 mil abaixo da tabela.

“Com a pandemia, muita gente preferiu não vender o carro, então ficou escasso o mercado. Os valores aumentaram muito também, cerca de 20%”, acrescenta.

Seminovos em falta
Segundo o presidente da Assoveba, Ari Pinheiro Júnior, os carros usados estão em falta, tamanha a procura. “A falta de fabricação do carro zero fez com que o carro seminovo vivesse esse momento de alta nas vendas. Não estamos conseguindo repor o estoque com velocidade. Como não tem carro zero, não tem seminovo, porque é um ciclo: quando você compra o zero, você dá o seminovo de entrada. Como esse ciclo não está acontecendo, estamos tendo dificuldade de achar”, relata Júnior.

Essa é uma dificuldade para o empresário Daniel Júnior, proprietário da Danautos. “Estamos com dificuldade de comprar carro, principalmente carro bom. O estoque de usados consigo manter em apenas 70% do estoque normal. Mas o problema é que as fábricas ainda estão voltando aos poucos a produção e isso fez o preço subir demais, até 25%. E o seminovo acompanhou”, pontua Daniel Júnior.

O presidente da Assoveba também relata a subida de preços. “A gente está comprando mais caro, porque a tabela FIPE está aumentando todo mês, pelo menos 2 a 3%, coisa que nunca tinha visto antes”, afirma. Os modelos de seminovos mais difíceis de serem encontrados, por agora, são o HB20 e o Ônix, que aumentaram cerca de R$ 8 a 10 mil, isto é, 20% em relação ao valor de 2018 e 2019.

Mesmo com os valores altos, o gerente de seminovos da Guebor, na Bonocô, Marco Aurélio, diz que consegue manter o estoque. Os custos, no entanto, estão mais altos.

“Estamos com muita dificuldade de encontrar veículos, mas estamos conseguindo manter o estoque Estamos pagando mais caro, para não deixar faltar, só que a escassez está geral”, conta.

Aurélio diz que não há previsão de os valores voltarem ao normal antes de 2022. “Não tem previsão, até porque todo mês os preços estão tendo reajuste do carro zero e, consequentemente, aumenta a FIPE e os preços dos usados”, explica. Os modelos mais procurados, agora, são os mais baratos. “Como todos os preços aumentaram, todo mundo quer carro barato, de R$ 30 mil. Mas, seminovo não acha por esse preço, só de, no mínimo, R$ 35 mil”, acrescenta o gerente.

Ari Pinheiro Júnior pontua, contudo, que essa alta de vendas registrada em 2021 é fruto do comparativo com 2020, que foi um ano atípico, devido à pandemia da covid-19. “Em 2020, a gente passou muito tempo com a loja fechada e agora a gente está recuperando esse tempo perdido. Ainda não está normal que nem 2018, 2019, mas está melhor. Se compararmos com esses anos, teremos queda de cerca de 10% nas vendas”, completa.

Produção de veículos cai mais de um terço em 2020
Em 2020, a produção de veículos novos teve o pior ano da indústria desde 2003, quando 1.428.270 carros foram fabricados. Ano passado, esse número foi de 1.607.175, cerca de 34% a menos que em 2019, quando 2.448.490 exemplares foram produzidos. Consequentemente, o número de licenciamento de veículos também caiu: saiu de 76.008, em 2019, para 57.202, em 2020, o que representa uma queda de 24,8%. Os dados são do anuário de 2021 da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

De acordo com Gleidemilton Campos, gerente de vendas da Hyundai da Avenida Paralela, algumas fábricas pararam por falta de insumos. “Temos várias fábricas paradas, como a GM [General Motors], que ficou quatro meses sem produzir e deixamos de ter o Ônix, que é um veículo de entrada. Isso afetou uma grande fatia do mercado. A própria Ford, em Camaçari, que fechou, e lá se vai o Ford KA e Fiesta; a Hyundai, que parou por duas semanas por falta de insumos; e a Volkswagen, que está com produção bem limitada, diria que 30%”, alerta Campos.

O gerente conta que, no caso da Hyundai, a produção está 60% do que era em 2020. Os principais produtos em falta são os de eletroeletrônicos.

“Os semicondutores, que são os chips, acabaram indo para os eletrônicos e os veículos ficaram em segundo plano. Na pandemia, se vendeu muito mais videogame, celular, computador e tablet, então as fábricas não deram conta. Acabou faltando para os carros”, esclarece Campos.

O gerente da Hyundai também fala da dificuldade de encontrar veículos seminovos na praça. Em um ano, os preços subiram, segundo ele, no mínimo, 18%. O preço de um HB20 zero, por exemplo, que custava R$ 44 mil há três anos, é o mesmo hoje para um usado. “Os usados estão com preço de carro zero. Cheguei até a fazer campanha aqui na loja, para o pessoal trazer seu seminovo e a gente paga o mesmo valor da nota fiscal, porque a tabela FIPE subiu demais”, afirma.

Modelos mais vendidos em julho 2021 (fonte: Assoveba)
Gol - 9,53%
Palio - 7,22%
Uno - 6,63%
Celta - 4,84%
Siena - 3,72%
Ka - 3,65%
HB20 - 3,62%
Ônix - 3,42%
Fiesta - 3,17%
Corolla - 3,08%

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