Cresce em 73% infrações por uso de celular nas rodovias federais que cortam a Bahia

Cresce em 73% infrações por uso de celular nas rodovias federais que cortam a Bahia

Usar o celular e dirigir é infração gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Mas, nas rodovias federais que cortam a Bahia, os motoristas ignoram a legislação. Somente em 2021, cresceu em 73% o número de multas emitidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por causa do uso indevido do aparelho nas estradas. Enquanto de janeiro a setembro de 2020 foram registradas 649 ocorrências do tipo, no mesmo período deste ano, foram 1.124 multas.

Mexer no smartphone dentro do carro só é permitido quando o veículo está parado no estacionamento. Nem mesmo quando se trata de GPS a situação é aliviada. “Se o celular está fixo no painel do carro, ou seja, se o celular está parado, não há manuseio, não há infração. O problema é o motorista alterar o trajeto enquanto dirige, por exemplo. Isso é infração gravíssima”, explica o chefe de operações da PRF na Bahia, Jeferson Almeida.

Segundo o CTB, a violação gera uma multa de R$ 293,47 e sete pontos anotados na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Até quando o carro está parado no sinal, por exemplo, o motorista não pode usar o celular”, acrescenta Jeferson Almeida, que trabalha na PRF há 27 anos e acredita que o aumento desse tipo de infração se dá por dois fatores: a popularização dos smartphones e a maior vigilância dos agentes.

João* ainda não foi multado, mas acredita que será por causa do GPS. Ele mora no centro da cidade e, em setembro, teve que ir para a casa da tia que fica em Cajazeiras. No caminho, ele tinha de enfrentar um trecho urbano da BR-324. “Como eu não sabia chegar, tinha que futucar o celular pra olhar o mapa. Eu demorei uns dois a três dias para decorar o trajeto. É bem capaz de aparecer alguma multa dessas para mim”, relata.

Segundo o chefe de operações da PRF, casos com essas características relatadas pelo rapaz são comuns. “O uso indevido do celular é mais frequente em centros urbanos ou rodovias que têm influência de áreas urbanas. Muitos alegam o uso do GPS para justificar”, aponta Almeida. O engenheiro civil Rafael Ribeiro, 27 anos, foi pego manuseando o celular num desses centros urbanos de Salvador, enquanto o carro estava parado.

“Eu não estava no estacionamento, mas sim num local onde era permitido parar. Peguei o telefone para saber onde meus amigos estavam exatamente e ver onde deveria estacionar. Eu vi o pessoal da fiscalização, mas achei que eles estavam de olho em quem estava estacionado irregularmente. Eles nem chegaram a conversar comigo ou fazer uma notificação. Só depois que a multa chegou em casa e não recorri, pois acho que seria só mais dor de cabeça”, lembra.

PRF promete aumentar fiscalização
Segundo Jeferson Almeida, a PRF vive um momento de intensificar a fiscalização desse tipo de infração de trânsito devido ao crescimento de acidentes ocasionados pelo uso do celular. “Nós estamos mais focados nisso. Em todas as operações, tem momentos que fazemos essa fiscalização específica. Estamos agora na Operação Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, e há comandos específicos voltados para essa infração”, conta.

Com esse aumento da fiscalização e a popularização cada vez maior do uso do celular, Almeida acredita que os números de multas podem aumentar nos próximos anos. “A gente quer é que o comportamento do condutor mude, mas, com certeza, a fiscalização vai ser intensificada, pois ela também é um instrumento de educação no trânsito”, argumenta.

Nilton Júnior, 48, trabalha na construção civil e tirou sua carteira de motorista há cerca de 25 anos. O rapaz conta que muitas vezes foi necessário utilizar o celular no carro para fins laborais.

“Infelizmente, recebo muitas ligações urgentes enquanto estou me deslocando de uma obra para outra e já acabei sendo pego pelo radar fotográfico em uma delas”, lembra.

Apesar de ter cometido o erro, Nilton diz que hoje já tenta utilizar de outros meios para realizar suas tarefas. “Tento resolver enquanto estou no escritório. Nas ligações mais urgentes, uso o bluetooth do carro e não preciso pegar no aparelho”, diz. Mesmo não estando tipificada no CTB como violação, essa estratégia ainda divide opiniões sobre sua validade.

O agente de fiscalização de transportes e educador de trânsito, Germano Lago, 56, vê nessa prática uma saída duvidosa. “É melhor do que manusear o celular, mas ainda é muito perigoso. Você pode receber uma ligação que vai mexer psicologicamente com você, por exemplo, e acabar tirando sua atenção do trânsito”, explica. Para os profissionais, se quer evitar problemas, o ideal é não utilizar o aparelho sob quaisquer circunstâncias.

Infração por falta do cinto aumenta na BR-324
As multas por não uso do cinto de segurança cresceram 69% no acumulado de setembro de 2021, comparado a 2020, além de ocupar o terceiro lugar do ranking das infrações mais comuns na BR-324. Enquanto de janeiro a setembro do ano passado foram registradas 1.376 infrações desse tipo, esse ano, no mesmo período, já são 2.323 multas.

De acordo com Jeferson Almeida, diferente do caso do celular, no qual só o motorista é proibido de manusear o aparelho, a obrigação do uso do cinto de segurança é válida para todos os passageiros dentro do veículo.

“É difícil pegar o motorista e o passageiro do banco da frente sem cinto. O problema é quem vai no banco de trás. Essa é outra infração que fiscalizamos muito, pois as pessoas sem cinto, envolvidas num acidente ou até mesmo numa freada mais brusca, tem mais chance de ter o quadro de saúde agravado”, explica.

A punição por não usar o cinto de segurança é a mesma para qualquer pessoa dentro do veículo, condutor ou passageiro. Caso o agente identifique algum ocupante desrespeitando essa regra, a infração é considerada grave, com valor de R$195,23 e cinco pontos na CNH.

A professora Adriana Souza, 45, conta que, em um passeio de família, foi parada pela polícia e seu marido foi multado por esse motivo. É que uma criança e um adolescente, ambos no banco de trás, estavam sem o cinto de segurança. "Apesar de sempre orientar meus filhos sobre a importância desse instrumento, não nos atentamos naquele momento", lembra.

Conheça as 10 infrações mais recorrentes na BR-324:
1 - Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% - 96.259 multas
2 - Transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50% - 11.419 multas
3 - Deixar o condutor de usar o cinto de segurança - 2.323 multas
4 - Em movimento de dia, deixar de manter acesa luz baixa nas rodovias - 1.355 multas
5 - Conduzir o veículo registrado que não esteja devidamente licenciado - 1.107 multas
6 - Transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 50% - 1.070 multas
7 - Conduzir o veículo em mal estado de conservação, comprometendo a segurança - 1.011 multas
8 - Ultrapassar pela contramão linha de divisão de fluxos opostos, contínua amarela - 978 multas
9 - Dirigir o veículo usando calçado que não se firme nos pés ou compromete a utilização dos pedais - 940 multas
10 - Deixar o passageiro de usar o cinto de segurança - 873 multas

*Nome alterado a pedido do entrevistado

Itens relacionados (por tag)

  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.