Volta às aulas presenciais terá calendário até 28 de dezembro na Bahia

Volta às aulas presenciais terá calendário até 28 de dezembro na Bahia

A volta às aulas na rede estadual entrou em contagem regressiva na Bahia. Na próxima segunda-feira (18), o ensino 100% presencial será retomado pela primeira vez desde que foi interrompido, em março do ano passado, mas cerca de 50% dos estudantes estão frequentando as aulas híbridas iniciadas em julho. Professores entraram com representações judiciais para impedir o retorno presencial, e o governo teme que a pandemia provoque uma evasão de 30% nas escolas.

O secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, comentou sobre a volta às aulas durante a assinatura de uma ordem de serviço para reformar escolas, em Mussurunga I, na quarta-feira (13). Desde julho, os 840 mil estudantes do estado estão no modelo híbrido, ou seja, com parte das aulas em casa e outra parte nos colégios. Segundo o secretário, cerca de metade dos matriculados aderiram a esse modelo semipresencial.

“Estamos fazendo esse balanço porque como tem muita gente que não vai à escola, mas pega o material, tem muita gente que está no remoto pela comodidade, estamos levantando esses dados, mas a gente está com número acima de 50% de presença. Tem escolas no interior que conseguimos ver 80% a 90% de frequência. Então, esse retorno vai acontecer aos poucos”, afirmou.

O secretário comentou também sobre as críticas de pais e professores sobre a retomada presencial de todos os alunos da rede em um momento em que a quantidade de casos da variante delta está em crescimento no estado. Ele afirmou que é preciso cumprir os protocolos e o cuidado com a saúde, mas que a aprendizagem não pode ser deixada de lado e disse estar preocupado com os efeitos da pandemia na evasão escolar.

“Se em 1 ano e 7 meses estamos com prejuízo por conta da pandemia, esse custo será muito alto nos próximos cinco e dez anos. Em uma época normal, de recesso do natal e do ano novo, o retorno às aulas é sempre um prejuízo, com evasão de 10% a 12%. Em uma situação como essa, com certeza, ultrapassará 20% a 30%, e em alguns lugares essa evasão será ainda mais forte”, disse.

Para atender aos protocolos de segurança o governo instalou pias nas escolas, marcou o distanciamento entre as cadeiras, e instalou dispersores de álcool em gel e ventiladores nas salas de aulas. O uso da máscara e a aferição da temperatura são obrigatórios e o uso dos bebedouros é restrito a copos individuais ou descartáveis e garrafas.

Ainda assim, alguns pais disseram que estão inseguros em mandar os filhos. Já os estudantes estão indecisos. Maria Eduarda Santos, 16 anos, disse que conseguiu se adaptar bem ao modelo remoto, mas que alguns amigos dela não renderam tão bem.

“Tem gente dizendo que vai deixar para voltar no ano que vem. Eu nem sei o que é melhor, porque com muito aluno sem ainda ter sido vacinado, casos aumentando e o recesso de fim de ano chegando, talvez fosse melhor deixar para começar no ano que vem mesmo, mas por outro lado quanto antes começar melhor”, disse.

O ano letivo na rede estadual começou em 15 de março de forma apenas virtual. Em 26 de julho, estudantes do ensino médio, profissionalizante e de jovens e adultos (EJA) migraram para o semipresencial, e em 9 de agosto foi a vez dos alunos do fundamental. A partir de segunda-feira todos estarão na fase totalmente presencial, de segunda à sábado. A data de encerramento do ano letivo será em 28 de dezembro.

O evento em Mussurunga I contou com a presença do governador Rui Costa que assinou uma ordem de serviço no valor de R$ 100 milhões para obras de infraestrutura em 24 escolas da Rede Estadual de Educação em Salvador. Ele disse que R$ 100 milhões já estão em execução e que outros R$ 100 milhões serão autorizados até o final do ano, e pediu para os estudantes seguirem os protocolos no retorno definitivo às aulas presenciais.

“O uso da máscara continua obrigatório e eu peço a todos que usem a máscara, principalmente dentro da escola e em qualquer outro ambiente fechado. Os números da pandemia caíram, mas os vírus ainda não foi embora, ele continua circulando e enquanto a gente não derrotar esse vírus e reduzir a contaminação, e se surgirem variantes que a vacina não dê jeito, o número de mortos pode ser novamente muito alto”, afirmou.

Ao todo, foram seis ordens de serviço assinadas para a construção de duas novas unidades escolares; modernização de 14 escolas; ampliação de outros seis colégios estaduais; além da construção de um complexo poliesportivo e uma quadra coberta.

Professores
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) acionou o Ministério Público da Bahia (MP) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) na tentativa de que as duas entidades ajudem na intermediação da classe junto ao governo do estado. Segundo o coordenador geral do Sindicato, Rui Oliveira, a categoria não se sente segura e quer manter o modelo híbrido de ensino.

“Fizemos as representações essa semana e teremos uma reunião com o governo nesta quinta-feira (14). Quando o governo anunciou o retorno das aulas fez isso sem conversar com o sindicato. O que nós queremos é que os protocolos de biossegurança sejam respeitados, incluindo o que trata do distanciamento, e nós sabemos que é impossível em uma sala com 40 alunos haver distanciamento de 1,5 metro”, disse.

O sindicalista afirmou que a adesão dos estudantes ao modelo semipresencial está sendo menor do que o divulgado pelo governo. O estudante do ensino médio Matheus Barbosa, 16 anos, voltou para a sala de aula em agosto e disse que está tranquilo.

“Como estamos no modelo semipresencial eu não vejo metade da turma, e como muita gente não está indo para a escola o número de alunos é pequeno, mas estou feliz com o retorno. Eu queria muito voltar a ter aula presencial, estava cansado do on-line e estudar na escola é muito diferente de fazer isso de casa”, disse.

Itens relacionados (por tag)

  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.