Reinvenção e resiliência aceleram retomada da indústria na Bahia

Reinvenção e resiliência aceleram retomada da indústria na Bahia

Enfraquecimento na economia, restrições, desaquecimento na oferta e demanda. Não foram poucos os impactos que o coronavírus foi capaz de provocar em toda a cadeia produtiva. E a indústria sentiu o peso de tudo que a covid-19 trouxe. Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde que iniciou a pandemia, a indústria baiana chegou a operar num patamar 19,9% abaixo de fevereiro/20. Porém, esse cenário já apresenta mudanças favoráveis para o momento de recuperação do setor, trazendo junto também oportunidades que podem fomentar uma retomada mais forte e competitiva.

Ainda de acordo com o IBGE, já no início desse ano, a produção industrial baiana avançou: voltou a crescer em março (8,6%), após 14 quedas seguidas, com o segundo melhor resultado do país no mês e o maior avanço para março no estado em 12 anos. Só para se ter uma ideia, no mesmo período, 6 das 11 atividades da indústria de transformação avançaram, e o crescimento geral no estado foi puxado pelos derivados do petróleo que alcançou 37,9%. No acumulado nos três primeiros meses do ano, a Bahia é um dos seis locais com resultado positivo (2,3%), bem à frente do registrado no país como um todo que apresentou queda de 4,5%.

“De modo geral, a pandemia trouxe impactos significativos no ambiente econômico. A paralisação de setores importantes da oferta acabou reduzindo encomendas, gerando problemas sérios em um conjunto de cadeias produtivas, faltando o fornecimento de insumos, gerando o que a gente chama de choque de oferta e, além disso, a gente teve também a questão da logística internacional”, explica o superintendente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Vladson Menezes.

Além da pandemia, a indústria baiana ainda teve outros fatores mais específicos que aumentaram os desafios para o setor: “Um, diz respeito ao fechamento da Ford, em janeiro de 2021, que fez com que a produção de veículos automotores caísse 95%. Em seguida, o refino, com a privatização da refinaria e que teve no seu primeiro ano esse processo de repasse das suas operações para a iniciativa privada com a paralisação das suas instalações e uma redução inicial. Porém, isso já está sendo revertido na indústria de transformação”.

E essa virada de jogo já aponta para uma perspectiva de retomada de crescimento a curto prazo, sobretudo, favorecido pela recente ampliação do Tecom e aeroporto também, além da retomada da produção dos derivados de petróleo no estado pela Acelen, como complementa Menezes.

“Temos ainda vários protocolos de intenção de investimento foram realizados na Bahia. Boa parte em energias renováveis, o que é uma tendência. Em seguida, vem a mineração, além de outros investimentos previstos na química, petroquímica, no setor metalúrgico, siderúrgico e também na produção de minerais não metálicos. Tudo isso aponta oportunidades importantes”.

Avanços
Para o diretor industrial da Braskem na Bahia, Carlos Alfano, a resiliência, investimento em tecnologia e agilidade na adequação da forma de trabalho são mais alguns fatores que transformaram também a pandemia em um ambiente de oportunidades e estimularam novamente o crescimento. A empresa manteve suas operações industriais, e saiu mais fortalecida com resultados positivos.

“A pandemia reforçou o caráter estratégico da indústria química, essencial para fornecer insumos para várias outras indústrias, como a de alimentos, transportes, construção civil, higiene e, em especial, dos serviços de saúde. A química está presente, por exemplo, nas máscaras, seringas das vacinas, desinfetantes e álcool gel, medicamentos e várias outras aplicações fundamentais. Ao mesmo tempo, a crise sanitária aqueceu o debate sobre o uso do plástico, trazendo um novo olhar para os benefícios desse material para a sociedade”, diretor industrial da Braskem na Bahia, Carlos Alfano.

Para o presente e futuro, a Braskem deve continuar investindo no fomento a economia circular. “Como uma solução simples, barata e eficaz, o plástico cumpre um papel significativo na segurança e prevenção, principalmente em momentos de crises sanitárias como a que vivemos. Vamos continuar investindo em materiais inovadores e sustentáveis e estimulando o uso consciente, o descarte adequado, a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos”, pontua Alfano.

Quem também aposta no cenário favorável ao crescimento do setor é o diretor-executivo da Larco, Alberto Costa Neto.

“A gente buscou ter muita flexibilidade e resiliência no momento em que não sabíamos até onde a pandemia ia. A principal atitude foi se reinventar sem perder o seu foco de performar dentro do seu planejamento estratégico. Claro, que algumas ações foram congeladas e postergadas em determinados momentos, mas nunca deixamos de entregar e realizar nossos planos, seja de crescimento de frota ou de operações”, diretor-executivo da Larco, Alberto Costa Neto.

Como a indústria conseguiu lidar com a pandemia? É justamente esse aprendizado que o Caderno Indústria Forte, que será publicado na próxima quarta-feira, compartilhará com o leitor do CORREIO. O especial vai trazer ainda expectativas de investimentos e avanços tecnológicos que acompanham a linha do tempo da indústria da Bahia, que tornam o setor tão importante para a economia do estado e mostram a sua capacidade de resiliência. Não deixe de conferir.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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