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O futuro de qualquer cidade é sustentável e o presente é uma smart city (cidade inteligente, em inglês). Isto porque só haverá futuro possível para qualquer aglomeração humana se ela for sustentável e gerar comportamentos que preservem em pé de igualdade tanto a produção econômica quanto a interação social e a preservação ambiental.

E é em uma smart city que são criadas e testadas soluções urbanísticas que podem ser ampliadas e aplicadas em metrópoles. Maurício West Pedrão, assessor da Superintendência de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), é um estudioso do tema.

Segundo ele, não há um conceito estabelecido para definir o que é uma smart city. Mas há algumas características que unificam as experiências adotadas por cidades em todo o mundo que as fazem ser classificadas como inteligentes.

A principal é que elas adotam aplicações de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) articuladas entre si para promover a identificação e a solução de problemas urbanos automaticamente. Ou seja, uma solução para um ou dois problemas isolados – que não se comunicam ou se articulam - não torna uma cidade inteligente.

E é aqui que entra o uso massificado da chamada “internet das coisas”. Então, outra característica de uma smart city é uma infraestrutura tecnológica que garanta a funcionalidade e a aplicação de diversos sistemas informatizados, principalmente os baseados em telefonia móvel.

A ideia é que os celulares dos cidadãos enviem para uma central coletora - por meio de aplicativos instalados no aparelho - informações sobre os problemas enfrentados no cotidiano do dono do celular.

Essas informações são enviadas automaticamente, sem que o dono do aparelho autorize ou faça qualquer ação nesse sentido. De posse das informações de milhares de celulares, a central desenvolve e cria as soluções para os problemas.

Funciona assim: o cidadão vai se deslocar para o trabalho e usa a rota habitual. Preso em um engarrafamento, seu telefone celular – ou outro dispositvo inteligente - envia a informação de que, naquele dia e horário, a velocidade média do deslocamento por aquela via está bem menor que a de costume.

A central recolhe essa informação, identifica o congestionamento e envia um sinal para placas luminosas espalhadas pela cidade para desviar o trânsito da via engarrafada. As mesmas placas, inclusive, podem informar sobre vias alternativas.

Fuga do trânsito  

Parece ficção científica. Mas não é. Esse tipo de solução, porém, segundo Pedrão, já é uma realidade, por exemplo, em cidades dos Estados Unidos a partir do aplicativo Waze, esse mesmo que já está no Brasil, mas que aqui só é usado com uma plataforma colaborativa para que os motoristas informem uns aos outros onde estão os engarrafamentos.

Colaboração é uma ação que também aponta que estamos em uma cidade inteligente. No Brasil, o Waze ainda exige que o motorista entre na plataforma e digite o local do engarrafamento. Nos EUA não, essa informação é enviada automaticamente.

Há outras formas e meios para recolher a colaboração dos cidadãos, automaticamente ou não. Mas, independente da forma, colaborar exige envolvimento com a comunidade e seus problemas e comprometimento com as soluções. O pesquisador acredita que, pelo menos neste momento, a distância entre Salvador e uma smart city é grande.

Nada, contudo, que não possa ser revertido com investimentos e boa vontade. “Nós aqui não temos o básico do básico, que é um serviço de telefonia móvel que funcione adequadamente”, observa ele.

Mas Maurício Pedrão não é tão fatalista quanto parece, pois admite também que uma smart city, que consome muito dinheiro, geralmente é financiada por parcerias com conglomerados empresariais e centros de pesquisas de universidades.

“Geralmente, uma cidade inteligente é de porte pequeno ou médio. Ou, ainda, um bairro específico de uma grande cidade”, esclarece. “E grandes empresas investem pesado para criar e manter a infraestrutura necessária e os especialistas das universidades trabalham nas aplicações que vão desenvolver as soluções urbanas. Uma experiência como essa não deixa de ser um laboratório de pesquisas que pode gerar um produto de alto valor comercial”, completa.

Bairro histórico

Entre alguns exemplos de smart cities, Pedrão cita duas cidades europeias: Barcelona e Copenhague. Na primeira, as ruas apertadas de um bairro histórico impedia a entrada de caminhões para a coleta de lixo. A solução foi adotar um sistema de recolhimento por canais de ar.

Os moradores levam seu lixo – devidamente separado entre metal, plástico, papel e orgânico – para os tubos e lá despejam o material, que é sugado diretamente para a central de recolhimento.

Bicicleta 

A capital da Dinamarca foi a primeira a adotar a bicicleta como principal meio de transporte dos cidadãos. Todo o sistema de transporte foi revisto, para privilegiar tanto a bicicleta quanto o transporte público de massa integrados entre si.

O futuro é sustentável. E ele está perto. Uma das maiores preocupações da indústria automobilística dos Estados Unidos é que pesquisas de opinião feitas com jovens consumidores – que são clientes potenciais em poucos anos – indicam que esse público já não sonha mais em ter um carro para si ou para a família.

Dado que indica um encolhimento do mercado consumidor para automóveis e maior pressão para o poder público investir em novas soluções de transporte de massa, o que, por sua vez, exige investimentos em pesquisa e inovação para achar essas novas soluções. O presente é uma smart city.

Cidades baianas com perfil inteligente

Apesar de Salvador, neste momento, ainda estar longe das smart cities europeias e americanas, o pesquisador do tema Maurício Pedrão acredita que há cidades baianas que podem se tornar inteligentes. Entre elas, cita Vitória da Conquista, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. “É possível fazer os investimentos necessários em cidades de médio porte e que são centros urbanos naturais”, falou.

A vantagem para Conquista é que ela já é um centro de atendimento à saúde reconhecido. Barreiras e Luís Eduardo Magalhães contam com recursos financeiros oriundos da produção agrícola e devem receber campi da Universidade do Oeste da Bahia (Ufoba).

Pesa contra Salvador o fato de ser uma cidade grande, sem recursos e infraestrutura adequados, mas as ações podem começar por bairros, como aconteceu em outras partes do mundo.

“Imagine que nos EUA tem um aplicativo que pela trepidação do carro avisa à prefeitura as vias que têm buracos ou problemas de pavimentação. De posse da informação, uma equipe vai lá e conserta. Com a qualidade das nossa vias, isso não seria possível”, explica.

Outra ausência destacada pelo pesquisador na Bahia é a de uma sociedade civil forte, capaz de dialogar em alto nível com empresas e com a prefeitura. “Uma iniciativa interessante para mudar esse cenário foi o Movimenta, uma organização liderada pela Fieb que reuniu outras instituições da sociedade para pensar soluções para a mobilidade de Salvador”, lembra.

Sinal solar

Ainda assim, Pedrão observa que algumas soluções nascidas em smart cities podem ser adotadas por aqui. Um exemplo são sinaleiras alimentadas por energia solar. O poste que as abriga é mais alto, com uma placa fotovoltaica no topo.

Além de sinaleiras, esses postes também sustentam câmeras de segurança eletrônica e um ponto de acesso público à internet (wi fi), alimentados pela energia solar captada pelo próprio poste. Esse tipo de equipamento já é usado em Amsterdã, na Holanda.

Laboratório de testes para soluções urbanísticas

O que é uma smart city?

Não há consenso sobre a definição de uma cidade inteligente, mas ainda asim existem características comuns a elas: são de médio porte, providas de infraestrutura tecnológica de ponta e que adotam soluções urbanas automatizadas e articuladas entre si.

Onde elas estão?

Podem estar em qualquer continente.

Por que elas existem?

Elas passaram a existir para criar e testar soluções urbanas, principalmente aquelas ligadas à mobilidade. Isto porque a rápida urbanização de países em desenvolvimento gerou pressões sobre a infraestrutura física e a oferta de serviços dos centros urbanos.

Existe alguma cidade baiana que seja inteligente ou que possa vir a ser?

Infelizmente, ainda não. Segundo Maurício Pedrão, para cidades como Salvador se tornarem smart city é necessário investimento em tecnologia. Atualmente, não há o mínimo necessário, que é um bom sinal de telefonia móvel. No entanto, a capital baiana pode adotar algumas soluções testadas por smart cities. Um exemplo já implantado pela prefeitura é o programa Salvador vai de Bike.

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    Drones

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