A rede de assistência oncohematológica do estado foi expandida com a inauguração, nesta quarta-feira (21), da Unidade de Oncohematologia do Hospital Geral Roberto Santos, primeiro serviço da rede da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Com a abertura da unidade, a fila dos pacientes que aguardam para iniciar o tratamento nesta área será zerada. O governador Jerônimo Rodrigues e a secretária da Saúde, Roberta Rodrigues, estiveram presentes na entrega do novo serviço. Para a estruturação do espaço foram investidos cerca de R$ 5,6 milhões entre obras e equipamentos. São 14 Leitos, sendo 11 de isolamento e uma enfermaria com três leitos.

Jerônimo vistoriou a estrutura da unidade e conheceu parte da equipe dedicada aos cuidados dos pacientes. "É um dia de muita felicidade e celebração porque representamos o Estado nesta entrega de muita importância para a saúde da Bahia. O Hospital Roberto Santos é uma referência em um conjunto de serviços e possui uma equipe de profissionais muito capacitada e dedicada em cuidar bem. Hoje estamos entregando a oportunidade de atender 14 pessoas, número que zera a fila da regulação desta área. E ainda temos capacidade de ampliar esse número". De acordo o governador, a satisfação de entregar o novo serviço é imensurável, pois seu pai foi vítima de leucemia.

Na nova unidade, além do serviço de internamento, os pacientes também terão atendimento de emergência e acesso a atendimentos ambulatoriais com aplicação de quimioterápicos e tratamento clínico das doenças na área de oncologia, que cuida dos tumores malignos que afetam o sangue e os gânglios. Alguns dos tipos de câncer que fazem parte deste grupo são linfoma, leucemia, mieloma múltiplo, entre outros. Os tumores que afetam o sangue precisam de atenção especial e tratamentos específicos.

A Unidade de Oncohematologia será um serviço de referência estadual, estruturado com uma equipe de 51 profissionais, instalações físicas e equipamentos adequados a prestação de assistência ao paciente. O espaço conta ainda cinco poltronas para quimioterapia, sala de pequenos procedimentos, farmácia e sala de preparação de quimioterápicos. Segundo a Diretora-geral do Roberto Santos, Drª Lucrécia Savernini, a estrutura e a equipe já estão aptas para iniciar os trabalhos. "A instalação deste serviço é um ganho enorme para a saúde de toda a Bahia. A equipe já vem de treinamentos há cerca de dois meses para estar pronta para receber essas pessoas com acolhimento técnico, profissional e afetivo".

A secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, destacou que a abertura da unidade contribuirá de forma muito importante para ampliação da assistência a esses pacientes. “São poucas as unidades especializadas em oncohematologia e são pacientes, muitas vezes, com longa permanência. A nova unidade resolverá essa questão, fazendo com que a espera por um leito não ultrapasse 48 horas”, ressaltou.

Atualmente, os pacientes que necessitam de internamento e tratamento pelo Sistema Único de Saúde com este tipo de agravo são atendidos apenas nos hospitais Aristides Maltez, Universitário Professor Edgard Santos e Santa Izabel, sendo todos em Salvador.

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Um dia depois de se tornar público o surto de covid-19 no Hospital Roberto Santos, no Cabula, o movimento na frente do local estava menor do que antes. A reportagem esteve na unidade ontem e anteontem e pôde perceber a queda na circulação de pessoas. As visitas estão suspensas, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). “Eles não estão deixando mais todo mundo entrar. Meu pai levou uma facada e a gente tem que ficar aqui do lado de fora”, disse uma jovem, que não quis ser identificada.

Ela era uma das poucas pessoas que estavam na frente da emergência. “Acho que meu pai deu sorte, pois o caso dele era muito sério. Se não fosse, talvez ele nem seria recebido aqui. Eu cheguei a ver pessoas buscando atendimento e sendo orientadas a procurar outro lugar”, revela. A suspensão das visitas no local é uma das medidas adotas pela Sesab como “reforço de condutas na assistência ao paciente”.

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde está acompanhando o caso e, em conjunto com outros setores do hospital, está identificando, rastreando as equipes e monitorando os casos negativos que permanecem internados na Emergência para avaliar possíveis sinais e sintomas sugestivos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. No entanto, a pasta não confirmou se essas ações estão sendo feitas também em outras unidades do hospital.

A esposa de Zenildo de Jesus Santos é uma das internadas na emergência. Ela chegou a ser testada três vezes e todos os resultados foram negativos. “Graças a Deus, a parte onde aconteceu o surto foi do outro lado da emergência. Mas a gente ficou com muito medo, pois ela faz diálise e está no grupo de risco”, diz o rapaz, que revela estar no hospital desde o dia 26 de outubro aguardando a marcação de uma cirurgia da esposa.

“Quando aconteceu o surto, eu pressionei para que a cirurgia fosse logo marcada, pois seria inadmissível a gente passar quase um mês aqui dentro para ela sair com covid. Aí eles marcaram para essa quarta, às 19h”, afirma.

Zenildo e a esposa são de Valença e foram transferidos para o Roberto Santos após um problema de saúde da sua esposa. “Desde então, tenho que ficar aqui no hospital, correndo o risco de pegar covid”, reclama. Apesar da proibição das visitas, ele não foi orientado a deixar a emergência. Ele argumenta que isso aconteceu por ele já estar no local quando o surto aconteceu e por causa da dependência da esposa dos seus cuidados. “Sou eu que a levo no banheiro, faço tudo, pois ela não consegue ir sozinha”, afirma.

Funcionários da emergência evitam falar sobre o assunto
Enquanto esteve na frente da unidade, nesta terça-feira (23), ou seja, um dia após o surto de covid ter se tornado público, a reportagem teve dificuldade em conversar com funcionários da emergência. Alguns não queriam falar sobre o assunto, nem mesmo sob a condição de anonimato. Outros disseram que não tinham muita informação sobre o caso, mas afirmaram que as medidas estão mais rigorosas, inclusive com a substituição das máscaras descartáveis pela PFF2, considerada mais segura.

“Eu até prefiro a antiga, pois essa me dá a sensação de que estou levando o vírus para casa, pois não posso descartar. Mas se dizem que é a mais adequada, eu confiro”, revelou uma funcionária da parte administrativa da emergência. “Antes a gente podia circular normalmente em toda unidade. Agora, eu fico apenas exercendo o trabalho na minha parte, para evitar contatos”, afirma.

Outra trabalhadora, que também não se identificou, disse que a sensação é de melhora na situação de surto. “Eu soube que todos os pacientes que tinham covid já foram transferidos. Isso já dá um alívio. Acho que a tendência agora é melhorar”, aponta.

Ivanilda Souza Brito, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (SindSaúdeBahia), disse que notificou a Sesab a prestar mais informações sobre o surto, mas até agora não obteve nenhuma reposta. “Nesse momento tão delicado, onde as pessoas estão brigando por causa de carnaval, é preciso a gente se apropriar desse assunto o mais urgente possível e evitar que o pior aconteça”, pede. O Ministério Público da Bahia também vai acompanhar a situação.

“O Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau) tomou conhecimento do fato hoje, dia 23, por meio de matéria veiculada pela imprensa e encaminhou o caso para atuação das Promotorias de Justiça com atribuição na área. O procedimento está sob a competência do promotor de Justiça Rogério Queiroz, que já enviou ofício à Diretoria do Hospital Roberto Santos, solicitando que informe, no prazo de 72 horas, o número de pessoas infectadas e as providências adotadas para mitigação dos efeitos e controle do surto. Além disso, ofício foi encaminhado à Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa/Sesab) para que informe quais medidas foram recomendadas para a mitigação e controle do surto no hospital”, disse o MP, em nota.

Relembre
De acordo com a Sesab, houve registro de um surto de Covid-19 na última quinta-feira (18) na emergência do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). “Todas as medidas de contenção foram feitas para que não houvesse espalhamento do vírus nos demais setores do hospital”, disse a pasta, em nota. Ao todo, nove pacientes testaram positivo para a doença. Eles foram transferidos para unidades de referência para a Covid-19.

À reportagem, a Sesab chegou a confirmar que outros nove funcionários também tinham testado positivo para covid. Porém, nesta terça-feira, a pasta explicou que houve um equívoco em uma de suas respostas e que não há confirmação de casos em profissionais. De qualquer modo, a Sesab explicou que, quando um trabalhador da saúde é contaminado, seja no Roberto Santos ou em qualquer outra unidade estadual, ele é afastado de suas atividades para que possa se recuperar e também para que não haja espalhamento do vírus.

Os nomes, idades e estados de saúde dos pacientes que pegaram covid não foram divulgados, nem mesmo o nome do hospítal para onde eles foram transferidos. Na tarde da segunda, uma trabalhadora da emergência, sob a condição de anonimato, chegou a afirmar que ainda haviam seis pacientes contaminados com a covid aguardando a transferência.

“Tem cinco pacientes com covid. Na verdade, são seis, pois acabou de sair um resultado positivo. O local onde eles estão é vazio, mas a gente tem que entrar para fazer os procedimentos”, disse a moça, que aproveitou para reclamar da sobrecarga de trabalho. “Normalmente, umas 25 pessoas estariam trabalhando aqui e só tem oito. Muita gente está afastada. E isso é ruim, pois o pessoal fica sobrecarregado”, revela.

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