Ministro Marco Aurélio, do STF, determina que governo tome medidas para realizar o Censo

Ministro Marco Aurélio, do STF, determina que governo tome medidas para realizar o Censo

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (28) que o governo federal tome as providências para realizar o Censo demográfico.

A decisão atendeu a um pedido do governo do Maranhão.

Na semana passada, o governo confirmou que o Orçamento de 2021 não reservava recursos para o Censo e, portanto, ele não seria realizado neste ano.

Por lei, o Censo deve ser realizado a cada dez anos. O último ocorreu em 2010. No ano passado, a pesquisa, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), não seria realizado em 2020, foi adiada devido à pandemia de Covid-19.

“Defiro a liminar, para determinar a adoção de medidas voltadas à realização do Censo, observados os parâmetros preconizados pelo IBGE, no âmbito da própria discricionariedade técnica”, diz Mello na decisão.

Na decisão, Marco Aurélio criticou o corte no orçamento para o censo. Para o ministro, a decisão fere a Constituição.

“A União e o IBGE, ao deixarem de realizar o estudo no corrente ano, em razão de corte de verbas, descumpriram o dever específico de organizar e manter os serviços oficiais de estatística e geografia de alcance nacional – artigo 21, inciso XV, da Constituição de 1988”, escreveu o ministro.

O ministro negou que a decisão represente interferência. “Surge imprescindível atuação conjunta dos três Poderes, tirando os compromissos constitucionais do papel. No caso, cabe ao Supremo, presentes o acesso ao Judiciário, a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais e a omissão dos réus, impor a adoção de providências a viabilizarem a pesquisa demográfica”.

Marco Aurélio destacou a importância da pesquisa para o país. “O direito à informação é basilar para o Poder Público formular e implementar políticas públicas. Por meio de dados e estudos, governantes podem analisar a realidade do País. A extensão do território e o pluralismo, consideradas as diversidades regionais, impõem medidas específicas”.

Ação
Na ação, o estado sustenta que "a ausência do censo demográfico afeta de maneira significativa a repartição das receitas tributárias, pois os dados populacionais são utilizados para os repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), bem como do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e ainda para uma série de outras transferências da União para os entes subnacionais".

Também pontua que "o cancelamento do Censo traz consigo um imensurável prejuízo para as estatísticas do país, pois sem o conhecimento da realidade social, demográfica e habitacional, tornam-se frágeis as condições que definem a formulação e avaliação de políticas públicas".

Aponta ainda que não cabe usar a pandemia da Covid-19 como justificativa para não realizar o Censo.

"A realização do censo nacional pressupõe a ordenação de uma série de atos administrativos que não restariam prejudicados pelo risco sanitário decorrente da pandemia da COVID-19, não podendo esse fato se utilizado pelo governo federal como justificativa para a paralisação das providências preparatórias imprescindíveis a sua realização"

 

Itens relacionados (por tag)

  • Aposentadoria de Marco Aurélio Mello é publicada no Diário Oficial

    O decreto presidencial que concede aposentadoria ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello foi publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (9). A aposentadoria do ministro já estava prevista pelo fato de ele estar completando 75 anos de idade.

    Marco Aurélio ingressou no STF em 13 de junho de 1990 e foi presidente da Corte entre 2001 e 2003. Nesse período, por estar na linha sucessória, exerceu a Presidência da República em quatro oportunidades. Numa delas, sancionou a lei que criou a TV Justiça, em 2002. Desde então, os julgamentos no plenário passaram a ser transmitidos ao vivo.

    Ele também foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral por três vezes. Uma delas, durante as eleições municipais de 1996 – a primeira realizada integralmente utilizando urnas eletrônicas.

  • IBGE prepara plano para cumprir decisão do STF e realizar o Censo em 2022

    Na esteira da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a realização do Censo Demográfico em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira, 18, em comunicado, que prepara um plano para realizar a pesquisa, que incluirá a necessidade de recursos orçamentários a serem repassados ainda este ano. Segundo o órgão, é urgente a recomposição do orçamento de 2021 para dar conta das etapas preparatórias do Censo 2022.

    "A Direção do IBGE prepara um plano para cumprimento da decisão judicial que estabeleceu a realização do Censo Demográfico em 2022. O projeto descreverá as demandas de recursos a serem repassados ao Instituto ainda este ano, para que o Censo ocorra no ano que vem - por enquanto, sem data definida. A prioridade, agora, é fechar a proposta, já que há necessidade urgente de recomposição do orçamento para conclusão de etapas preparatórias essenciais ao longo de 2021", diz um comunicado divulgado nesta terça pelo IBGE.

    O comunicado não informa um prazo exato para a conclusão do plano. "Após a elaboração do plano de trabalho, serão retomadas reuniões com as áreas técnica, consultiva e operacional, que vão definir as melhores condições e o período adequado para realização do Censo em 2022", continua o texto.

    Na sexta-feira, 14, quando o Plenário do STF tomou a decisão, o IBGE já havia informado que estava trabalhando em um plano para levar o Censo Demográfico a campo em 2022, mas não havia ressaltado a necessidade de recomposição orçamentária em 2021, para dar conta das etapas preparatórias.

    Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico visita todos os cerca de 71 milhões de lares brasileiros. O levantamento foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em cerca de R$ 3 bilhões, para ir a campo em 2020, como previsto. Em meio a pressões do governo pela redução no orçamento, os questionários originais foram enxugados, e a verba encolheu para R$ 2,3 bilhões, ainda em 2019.

    Ano passado, diante da pandemia de covid-19, o IBGE suspendeu todas as entrevistas presenciais em suas pesquisas. O Censo foi adiado para 2021. Nessa ocasião, o governo federal reduziu ainda mais o montante previsto no projeto de lei orçamentária de 2021 para o Censo, para R$ 2 bilhões.

    Nas discussões no Congresso, o valor acabaria cortado para R$ 71 milhões. O Orçamento sancionado e publicado no Diário Oficial da União trouxe um veto do presidente Jair Bolsonaro, que cortou o valor ainda mais, para R$ 53 milhões. Esse montante é tido como insuficiente para realizar o Censo e motivou o pedido de demissão da então presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra.

    No fim de abril, antes da decisão do STF, o novo presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, afirmou que o órgão estava preparado tecnicamente para realizar o Censo Demográfico em 2021, "a depender das condições sanitárias" e da recomposição integral do orçamento de R$ 2 bilhões. Mesmo assim, os recursos precisariam chegar a tempo de os preparativos serem retomados de forma a levar a campo a coleta ainda este ano. O plano de iniciar a coleta em agosto já não seria cumprido.

  • Sem recursos no Orçamento, governo confirma que Censo 2021 não vai ocorrer


    O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Walderly Rodrigues, confirmou nesta sexta-feira (23) que o Censo Demográfico será adiado porque o Orçamento de 2021 não traz verbas para realização da pesquisa. "Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021. As consequências e gestão para um novo Censo serão comunicadas ao longo desse ano, em particular em decisões tomadas na Junta de Execução Orçamentária", afirmou, segundo o G1.

    "As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo não teve o recurso alocado no processo orçamentário e, como falado aqui, novas decisões sobre alocação e realização do Censo têm a fase preparatória, serão comunicadas, sempre atentando para as orientações que, do ponto de vista da saúde, vierem determinadas pelo Ministério da Saúde", acrescenta o secretário.

    No Congresso, a verba do Censo já tinha sido cortada de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. Com esse valor, a realização da pesquisa era inviável, já havia dito o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável por conduzir o Censo. No início do mês, o IBGE já havia suspendido a realização de provas do concurso que selecionaria os recenseadores.

    A direção do IBGE afirmou em março que sem o Censo 2021 as ações do governo para o pós-pandemia ficam fragilizadas. "Sem o Censo em 2021, as ações governamentais pós-pandemia serão fragilizadas pela ausência das informações que alicerçam as políticas públicas com impactos no território brasileiro, particularmente em seus municípios", afirma a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, e o diretor de Pesquisas, Eduardo Rios-Neto, em artigo publicado pelo jornal "O Globo" e reproduzido na página do órgão.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.