Não se pode transformar covid-19 em 'futebol político', diz OMS

Não se pode transformar covid-19 em 'futebol político', diz OMS

O principal especialista em emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que era importante para todos os países ter "mensagens consistentes" sobre a pandemia do novo coronavírus e não torná-la um "futebol político". A declaração veio após ser questionado, nesta quinta-feira, 17, sobre comentários contraditórios do presidente Donald Trump e das autoridades de saúde dos Estados Unidos.

Trump se opôs na quarta-feira às declarações do diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Robert Redfield, que disse que uma vacina para a covid-19 poderia ser amplamente lançada em meados de 2021 e que as máscaras poderiam ser ainda mais eficazes.

"O que é importante é que os governos, instituições científicas, deem um passo para trás, revisem as evidências e forneçam as informações mais abrangentes e fáceis de entender para que as pessoas possam tomar as medidas adequadas", disse Ryan durante evento que marcou o Dia Mundial da Segurança do Paciente. "É entender a confusão, preocupação e apreensão. E não rir disso e não transformar em algum tipo de futebol político."

Proteção para trabalhadores da saúde
Quatorze por cento dos casos globais de covid-19, ou seja, 4 milhões dos 29 milhões confirmados, são de profissionais de saúde, destacou a OMS, nesta quinta, apelando aos governos por maiores esforços para proteger este setor tão atingido pela pandemia.

Em alguns países, esse porcentual chega a 35%, sublinhou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, em seu discurso no Dia Mundial da Segurança do Paciente - este ano especialmente dedicado a homenagear os trabalhadores da saúde.

Na maioria dos países, esses profissionais não representam mais do que 2% ou 3% da população total, então os números mostram o alto risco que esses trabalhadores enfrentam. "A covid-19 nos lembrou do papel vital que os trabalhadores da saúde desempenham em salvar vidas", disse Tedros, que afirmou que, na atual pandemia, eles lidam não só com o risco de contágio, mas também de discriminação ou mesmo de ataques verbais ou físicos.

Além disso, segundo a OMS, um em cada quatro profissionais de saúde afirma ter sofrido ansiedade ou depressão durante a pandemia e um em cada três sofreu insônia.

Por ocasião do Dia Mundial, a OMS, em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), lançou uma Declaração sobre a Segurança dos Trabalhadores da Saúde que inclui diversos apelos à ação dos governos.

A declaração preconiza, entre outras coisas, o desenvolvimento de programas nacionais de proteção destes trabalhadores, medidas legais que garantam a "tolerância zero" aos ataques aos profissionais do setor, e melhor acesso a serviços de apoio psicológico. (Com agências internacionais).

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  • OMS: surto de dengue no Brasil faz parte de aumento em escala global

    Em visita ao Brasil, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta quarta-feira (7) que o surto de dengue registrado no país faz parte de um grande aumento de casos da doença em escala global. Segundo ele, foram relatados, ao longo de 2023, 500 milhões de casos e mais de 5 mil mortes em cerca de 80 países de todas as regiões, exceto a Europa.

    Durante a cerimônia de lançamento do programa Brasil Saudável, Tedros lembrou que o fenômeno El Niño, associado ao aumento das temperaturas globais, vem contribuindo para o aumento de casos de dengue no Brasil e no mundo. O diretor-geral da OMS comentou ainda a vacinação contra a doença e disse que o país tem uma capacidade gigantesca de produção de insumos desse tipo.

    “O Brasil está fazendo seu melhor. Os esforços são em interromper a transmissão e em melhorar o controle da doença”, disse. “Temos a vacina e isso pode ser usado como uma das ferramentas de combate”, completou.

  • Consumo mundial de tabaco cai, informa relatório da OMS

    O número de adultos que consomem tabaco tem diminuído nos últimos anos, revela a Organização Mundial de Saúde (OMS) num novo relatório sobre as tendências mundiais do tabagismo. Em 2022, um em cada cinco adultos fumava ou consumia derivados do tabaco, em comparação com um em cada três na virada do milênio.

    No documento, a OMS analisa as tendências na prevalência do tabagismo entre 2000 e 2030. Os dados mostram que 150 países reduziram com sucesso o consumo de tabaco.

    Embora as taxas de tabagismo estejam diminuindo na maioria dos países, a OMS alerta que as mortes relacionadas com o tabaco deverão permanecer elevadas nos próximos anos.

    As estatísticas mostram que fumar mata mais de 8 milhões de pessoas todos os anos, incluindo cerca de 1,3 milhão de não fumadores expostos ao fumo passivo.

    O relatório informa ainda que o período de tempo entre a aplicação de medidas rigorosas de controle do tabaco e a redução do número de mortes por tabagismo é de cerca de 30 anos.

    Mesmo que o número de fumantes continue a diminuir, a OMS estima que o objetivo de uma redução de 30% no consumo de tabaco entre 2010 e 2025 não deve ser alcançado.

    Segundo os dados, 56 países deverão alcançar esse objetivo, incluindo o Brasil, que já conseguiu reduzir o consumo de tabaco em 35% desde 2010.

    Por outro lado, seis países registraram um aumento no consumo de tabaco desde 2010: Congo, Egito, Indonésia, Jordânia, Omã e Moldávia.

    No geral, os autores do relatório consideram que o mundo está no bom caminho para reduzir o consumo de tabaco em um quarto durante o período 2010-2025.

    Contudo, a OMS alerta que a indústria do tabaco não tem intenção de ficar de braços cruzados.

    “Foram feitos progressos notáveis no controle do tabaco nos últimos anos, mas agora não é tempo de permanecer inativo”, alertou Ruediger Krech, diretor do Departamento de Promoção da Saúde da OMS, em comunicado.

    O diretor disse ainda estar espantado “ao ver até onde a indústria do tabaco está disposta a ir para obter lucros à custa de inúmeras vidas”, sublinhando que, assim que um país pensa que ganhou a guerra ao tabaco, a indústria do tabaco reabre uma nova frente.

    No documento, a OMS apela ao combate à “interferência da indústria do tabaco”, chamando a atenção para os novos produtos denominados sem fumo, e apela à recolha do máximo de dados possíveis sobre o seu sucesso junto dos adolescentes.

    Os dados disponíveis indicam que 10% dos jovens entre os 13 e os 15 anos de idade em todo o mundo consomem um ou mais tipos de tabaco.

    Esse valor representa pelo menos 37 milhões de adolescentes consumidores de tabaco, incluindo pelo menos 12 milhões que utilizam esses novos produtos.

    Esses números estão largamente subestimados, uma vez que mais de 70 países não fornecem dados.

    Apesar dos esforços de sensibilização, “os jovens reconhecem o uso regular desses produtos, o fácil acesso para os adquirir e pouca preocupação com o risco de dependência”, sublinha a OMS.

  • Unicef lança inteligência artificial para apoiar adolescentes com HIV

    Dois escritórios das Nações Unidas se juntaram para criar uma ferramenta de inteligência artificial que ajude adolescentes e jovens com HIV a terem uma vida saudável por meio da correta adesão ao tratamento. Lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), o chatbot Kefi é a primeira inteligência artificial não-binária "vivendo com HIV", desenvolvida para oferecer apoio anônimo e gratuito. O acesso à IA pode se dar, inclusive, por meio do Whatsapp.

    Kefi foi desenvolvida pela startup (empresa de tecnologia e inovação) de impacto social Talk2U e seu conteúdo foi cocriado por jovens e especialistas da área. “Ela foi construída para dialogar com os adolescentes e jovens”, disse, nesta segunda-feira (13), à Agência Brasil, a chefe de Saúde, Nutrição e HIV/Aids do Unicef no Brasil, Luciana Phebo. A Kefi pode ser acessada por meio do Whatsapp ou pelo número +55 11 5197-4395.

    Dados mais recentes do Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde mostram que, em 2021, foram notificados 40.880 casos de HIV positivo no Brasil, sendo quase a metade (18.013) no grupo etário de 15 a 29 anos de idade. A notícia do diagnóstico, porém, nem sempre vem acompanhada de acolhimento e informação adequada para esse público.

    Transformando vidas
    “Vimos uma enorme necessidade de levar informações que transformam a vida das pessoas com HIV sobre como fazer o teste".

    A adesão ao tratamento deve ser feita logo que recebe o resultado. São informações que ajudam o jovem que recebe diagnóstico de Aids, e também apoia no coletivo.

    "Sabemos que a adesão ao tratamento cada vez mais precoce diminui a chance de transmitir o vírus da Aids. E a inteligência artificial não só atende ao indivíduo, mas também ao coletivo”, destacou Luciana Phebo. O chatbot oferece também apoio psicossocial.

    Luciana reconheceu que muitos adolescentes e jovens, quando recebem o diagnóstico de Aids, se revoltam e têm muito medo. Por outro lado, apontou que alguns profissionais de saúde não estão preparados, muitas vezes, para tratar com essa parcela da população, e acabam causando seu afastamento do tratamento necessário.

    Peça chave
    Pesquisa realizada pelo Unicef identificou que informação acessível é peça chave para acolher adolescentes e jovens recém-diagnosticados com HIV e levá-los a aderir ao tratamento de saúde. O chatbot Kefi oferece um espaço humanizado, com empatia e confiança. Por isso, a conversa conduzida por inteligência artificial é 100% confidencial. O conteúdo não será vazado.

    “O Unicef pensou em todas essas questões para chegar à conclusão de construir uma ferramenta com inteligência artificial. Não foi à toa”, afirmou a chefe de Saúde, Nutrição e HIV/Aids do Unicef no Brasil. Não é um modismo, assegurou. “Mas, sim, porque a gente está tratando desse tema específico de um adolescente ou jovem soropositivo que precisa de orientação para se sentir seguro e, rapidamente, fazer adesão ao tratamento. Essa foi a nossa intenção”.

    Luciana Phebo admitiu que a inteligência artificial pode ser usada para o bem ou para o mal. “Este é um excelente exemplo de como a IA pode ser usada para o bem da juventude e dos adolescentes, promovendo saúde. É uma inteligência artificial totalmente acessível, com acesso democratizado”.

    Diretora e representante do Unaids no Brasil, Claudia Velasquez destacou a importância do Kefi para permitir aos adolescentes e jovens com HIV terem acesso à informação e à orientação de forma simples, em seus celulares. “Isso pode ter um impacto significativo para diminuir a ansiedade, estimular o início ou continuidade do tratamento e combater o estigma e discriminação.”

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