Menina morta em roleta-russa em Jequié foi atingida pelo ex-namorado

Menina morta em roleta-russa em Jequié foi atingida pelo ex-namorado

Uma ‘brincadeira’ de adolescentes terminou em tragédia, no bairro Vila Vitória, em Jequié. Em um jogo de roleta-russa, Taila Jesus de Souza, 11 anos, foi atingida com uma bala na cabeça e morreu na hora. A morte da menina ocorreu às 14h30 da segunda-feira (14), mas, segundo informações da Polícia Civil, ainda pela manhã, no anel viário da cidade, quatro adolescentes e uma criança - a vítima – deram nove tiros para o ar, assustando moradores locais.

Após os tiros, os cinco teriam se reunido em uma casa, que a polícia ainda não sabe a quem pertencia, onde foi proposto o jogo, que se caracteriza por colocar uma bala no tambor de um revólver, girá-lo, apontar para um dos participantes e acionar o gatilho, desafiando a morte e contando com a sorte para que o tiro não seja disparado.

Depois de apontar para dois dos participantes e acionar o gatilho sem que a arma fosse disparada, o ex-namorado da vítima, de 14 anos, deu o tiro que matou Taila. O jogo contava ainda com a participação do namorado dela, também de 14 anos, seu irmão e uma amiga, de acordo com informações do delegado que apura o caso, Moabe Macedo.

A Polícia Militar foi acionada após o barulho e chegou até a casa, onde apreendeu o namorado e o ex-namorado, que são envolvidos com o tráfico na cidade. A arma do crime não foi encontrada e um adulto, que não teve a identidade revelada e é suspeito de esconder o revólver, foi detido também.

Jogo da morte

Moabe Macedo informou que o jogo teria sido idealizado pelo ex-namorado, que convenceu os outros quatro a participar da roleta-russa. "O ex-namorado pegou um cartucho, colocou dentro do tambor e girou. Depois, apontou uma vez para um, acionou o gatilho e não deflagrou. Apontou para outro e também não houve disparo. Na terceira vez, quando a arma foi apontada para ela, a arma disparou", explicou o delegado, que afirmou ainda que a vítima não tinha envolvimento com o crime.

Ainda de acordo com informações da Polícia Civil, pouco depois do disparo ser realizado, uma denúncia anônima alertou a central de comunicação da polícia tanto sobre o disparo quanto sobre a morte da criança. Quando a polícia chegou no cômodo onde Taila estava caída, os outros quatro adolescentes ainda estavam lá e não tinham tentado fugir do local.

O delegado disse também que ainda não existem informações concretas que indiquem que a roleta-russa era prática comum do grupo. Pelos depoimentos, os jovens teriam realizado a ‘brincadeira’ pela primeira vez. "Não temos informação que conclua que já era uma brincadeira praticada entre eles. O que já sabemos é que, pela manhã, já estavam fazendo ações com o revólver e já tinham disparado com essa arma. Todos estavam lá e tinham feito disparos para o ar, menos a vítima. Foram registrados nove tiros".

A família de Taila não foi encontrada e, de acordo com a polícia, teme retaliações do tráfico se falar sobre o caso.

Menores apreendidos

Apesar da participação dos cinco no jogo, nem todos foram conduzidos à delegacia. O irmão e a amiga de Taila foram liberados e a polícia ouviu apenas o namorado e o ex. Em depoimento, os dois se mostraram abalados com a morte da menina. "O namorado disse se arrepender de ter levado o amigo que é ex e propôs a roleta-russa. Já o autor do disparo também afirmou que não queria que ela tivesse morrido porque a relação entre eles era boa. Foi uma infantilidade, momento de loucura e falta de juízo", disse o delegado.

O namorado, por não ter efetuado o disparo, vai ser liberado pela polícia, assim como o adulto, que foi dispensado após ser ouvido. Segundo a polícia, apesar da suspeita, o adulto não foi pego em flagrante. No entanto, a Polícia Civil afirmou que o suspeito será responsabilizado pela atuação no caso.

Já o autor do disparo deve ser enquadrado no ato infracional análogo a crime de homicídio por ainda ser adolescente. De acordo com informações da polícia, a internação dele já foi representada e, agora, é preciso aguardar o Ministério Público solicitar a apresentação e a Vara da Infância e da Juventude se manifestar sobre o caso. Se sair a decisão de internação, o ex-namorado da vítima deve ser transferido para Serrinha ou Feira de Santana, a depender das vagas.

Menores que cometem infração ficam internados

O advogado especialista em direito público Kleber Freitas explica que o fato do Brasil ter adotado a maioridade penal aos 18 anos faz com que, desde que uma pessoa não tenha os 18 completos, ela não responde por crime.

"Ela pode ter 17 anos, 11 meses e 29 dias quando cometer alguma irregularidade e, mesmo que seja julgada com 18, vai responder como adolescente, que não comete crime e sim ato infracional", diferencia.

Sobre a morte de Taila, ele explica que o autor do disparo responderá por "um ato infracional análogo a homicídio qualificado por motivo fútil. Ele será internado e, por ser menor, o período máximo de internação será de três anos. Se ele fosse maior de idade, poderia pegar de 12 a 30 anos de reclusão".

Ainda de acordo com o advogado, é possível que o tempo de internação nem chegue a 3 anos. "O ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] estabelece que, a cada seis meses, o menor pode passar por avaliação para decidir se está liberado ou não. Dentro do estabelecimento de internação, o conselho vai fazer a reavaliação do caso e comunicar à justiça. Então, pode ser que ele fique três anos, como é possível que o período de internação fique em seis meses”.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não tem dados sobre mortes de menores em roletas-russas. No entanto, nos últimos 10 anos, pelos menos 5 casos foram registrados na Bahia: um em 2011, em Lauro de Freitas; dois em Salvador, um em 2016 e outro em 2018; um em Feira de Santana, em 2019; e agora o caso de Taila, em Jequié.

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    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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