Alunos denunciam ambiente violento em escola que sofreu ameaça de atentado

Alunos denunciam ambiente violento em escola que sofreu ameaça de atentado

Ambiente de constantes brigas, muita agressividade e que passa por uma escalada de violência. É assim que estudantes do Colégio Estadual Raphael Serravalle descrevem o seu ambiente escolar. Localizado na Pituba, em Salvador, o Serravalle precisou suspender provas nesta segunda-feira (25) e viu suas salas se esvaziarem após o espelho de um banheiro da instituição aparecer pichado com a ameaça "Massacre Dia 25/04" na última quarta-feira (20).

De acordo com um estudante que não quis se identificar e foi um dos poucos a aparecer para aula, apenas cerca de 30 alunos foram ao colégio depois da suspensão. Isso porque os discentes e seus responsáveis têm medo de que a ameaça se concretize, mesmo com viaturas e agentes da Polícia Militar (PM) na porta do colégio reforçando o patrulhamento.

A reportagem do CORREIO esteve no local, mas não conseguiu falar com professores ou com a direção sobre o assunto. Procurada, a Secretaria de Educação do Estado (SEC) afirmou que já acionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para investigar o que chamou de “suposta ameaça” e enviar apoio para garantir que as atividades aconteçam normalmente na escola.

Violência diária

Mesmo com essas garantias das autoridades, os jovens relatam receio por conta do que se tornou o colégio. “Neste ano, está rolando muita violência, praticamente todos os dias. Muitas brigas até com sangue e não para. A gente não sabe a razão, não sei dizer se é bullying. O que assusta é que não é um grupinho, rola briga com um monte de gente diferente”, conta outro estudante, também em anonimato.

Outra aluna diz que, se fosse por ela, não voltaria mais no Raphael Serravalle por conta do clima de violência nas salas e nos corredores. “Preferia não ir nunca mais para lá. Nem é só por causa do massacre, as brigas também estão muito chatas. Mas, por causa das provas, minha mãe quer que eu vá. Só com os policiais fico um pouquinho mais calma”, relata.

Ao ser questionada sobre o caso, a SSP informou que a Polícia Civil (PC) está investigando a ameaça pichada no espelho. Além disso, reiterou que as aulas na instituição vão continuar mantidas com o reforço da segurança.

Medo na rotina

Apesar da manutenção das atividades no colégio, muitos pais foram às redes sociais da representação estudantil do Serravalle para reclamar e dizer que os filhos não vão comparecer nos próximos dias. “Não vejo coerência em cancelar as provas e não cancelar as aulas”, apontou uma mãe. “Como vou mandar meus filhos para aula sabendo de uma ameaça dessa? Eles não vão”, garantiu outra.

E a preocupação não se restringe aos pais, mães e responsáveis. Os estudantes também têm temor de voltar à escola e serem vítimas do massacre prometido. “Todo mundo ficou preocupado depois de ver o que tinha sido escrito e, como ninguém sabe quem foi, não temos como saber se é verdade ou não. A gente tem medo e, pela violência que está lá, não duvido que isso seja possível”, conta um outro aluno.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) mostrou preocupação com o ocorrido no Serravalle. De acordo com o presidente Rui Oliveira, a entidade vai observar a situação de perto. “O sindicato está acompanhando o caso, vai colocar o departamento jurídico da entidade também para acompanhar, pedir providências da Secretaria Estadual de Educação e continuar trabalhando para que isso não se repita. Pode ser uma bravata, mas pode ser um atentado que afetaria alunos e trabalhadores da educação”.

Caso repetido

Esse não é o único caso de ameaça de massacre em Salvador recentemente. No início do mês, uma ameaça de atentado amedrontou os pais de estudantes do Centro Educacional Titânia, em Cajazeiras. Suspeita-se, no entanto, que seja apenas uma brincadeira espalhada em uma rede social.

Um perfil anônimo, intitulado com as iniciais do colégio, publicou no dia 1º de abril, uma sexta-feira, um texto informando que “haveria um massacre segunda-feira”. Pais ficaram nervosos e foram até a escola para acompanhar a situação. Outros preferiram não mandar os filhos. A Polícia Civil informou que a página foi apagada após a repercussão. O caso é investigado pela 13ª Delegacia Territorial (DT/Cajazeiras).

Ainda no começo do mês de abril, alunos do Colégio Salesiano Dom Bosco, na Avenida Paralela, ficaram assustados depois que mensagens sobre um suposto "massacre" na instituição viralizaram por meio de um aplicativo de mensagens.

O texto dizia que o crime seria cometido por uma aluna do oitavo ano da escola, no dia 8. Com medo, pais de alguns estudantes decidiram não enviar os filhos para o colégio. Segundo a escola, as ameaças eram falsas. “Ao contrário do que está sendo divulgado, as informações tratam-se de fake news veiculadas por uma conta de Instagram anônima”, disse a instituição por meio de nota.

Itens relacionados (por tag)

  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.