Covid-19: ocupação de leitos de UTI pediátrica chega a 93% na Bahia

Covid-19: ocupação de leitos de UTI pediátrica chega a 93% na Bahia

Dos 29 leitos de UTI pediátricos disponíveis na Bahia, 27 estão ocupados, um percentual de 93% dos leitos do estado, segundo dados da Secretaria de Saúde (Sesab). O Boletim Epidemiológico do último domingo (16), confirmou o total de 103 crianças entre 0 e 11 anos contaminadas com covid-19, das quais 46 são do sexo feminino e 57 são do sexo masculino. O levantamento da Sesab também indica que a letalidade da covid-19 é maior nas crianças mais novas. Enquanto a taxa é de 0.08% em crianças entre 5 e 9 anos que foram infectadas, o número chega a 0,13% na faixa etária de 1 a 4 anos. Para os bebês que ainda não completaram 1 ano de vida, a taxa de letalidade sobe para 0,46%.

A Bahia é o segundo estado do Brasil com mais mortes de crianças entre 5 e 11 anos por covid-19 desde o início da pandemia, só perdendo para São Paulo, que registrou 22,8% dos 324 óbitos já ocorridos no país nessa faixa etária por conta do coronavírus. Aqui, foram 30 mortes registradas (9,8%), segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). As pessoas dessa faixa etária, que até então estavam sem a proteção da vacina, começaram a receber o imunizante no último sábado (15), em Salvador. Por enquanto, apenas as crianças de 11 anos sem comorbidade estão sendo imunizadas, mas a Secretária Municipal de Saúde (SMS) pretende atingir a idade de até 5 anos.

A reportagem entrou em contato com a Sesab para saber se há previsão de abertura de novos leitos de UTI pediátricos, mas até o momento não foi respondida pela secretaria.

Já a enfermaria pediátrica registrou 72% de ocupação, com 43 das 60 vagas oferecidas estando preenchidas até o último domingo (16), de acordo com os números apresentados pela Sesab, como é o caso de Artur Santos Conceição, de 13 anos, que se infectou com covid-19 no começo do ano passado, quando ainda tinha 12 anos e a vacinação de crianças ainda não havia atingido essa faixa etária. Sua mãe, Adailza Santos, de 44 anos, conta que Artur contraiu o vírus dela, que trabalha na área da saúde e testou positivo antes dele. Assim que descobriu sua infecção, Adailza levou Artur para realizar um teste, mas como a criança não estava apresentando sintomas, não pôde ser testada. Mas três dias após o fim do seu isolamento, seu filho começou a apresentar sintomas de febre, cansaço, perda de olfato e dores no corpo e ela o levou novamente para a emergência.

“Logo de cara o médico não quis realizar os exames e me indicou voltar pra casa e só retornar se os sintomas do meu filho piorassem. Foi exatamente o que aconteceu. Apesar de ser criança, ele teve os sintomas bem mais fortes que os meus. Quando fui de novo ao médico, se sentindo pior, precisou fazer um raio x, quando o resultado saiu, ele já estava com 25% do pulmão comprometido, mas graças a Deus não precisou internar, ele ficou apenas em observação por algumas horas e o médico receitou um antibiótico por 5 dias para reduzir a inflamação. Foi daí que ele começou a melhorar”, lembra Adailza.

Apesar da recuperação, Artur ficou com sequelas da covid, até hoje ele não tem 100% do olfato e ainda não havia sido vacinado contra o vírus. “Quando ele se infectou, nós ainda não sabíamos como lidar. Eu achei até que por ele ser criança não pegaria ou teria sintomas bem leves, até porque era o que se especulava na época. Não fiquei tão preocupada no começo da infecção, mas mesmo assim eu tomei o cuidado de ficar de máscara em casa, passei 18 dias isolada dele no quarto, mas infelizmente não adiantou, meu filho se infectou do mesmo jeito e ficou bem mal. Foi uma tristeza para mim saber que eu o infectei”, completa Adailza.
Para ela, a possibilidade de vacinar seu filho foi motivo de alegria, assim que a idade dele passou a ser atendida, ela o levou a um ponto de vacinação. Já vacinado, Artur conta que não gosta de agulhas, mas foi tomar a vacina e ficou feliz de não ter sentido nada. “Eu senti muita dor de cabeça, nas minhas pernas, perdi o meu cheiro e até hoje ele não está tão bom. Na hora de tomar a vacina eu fiquei com medo, mas minha mãe disse que não precisava e eu fui, tomei e fiquei feliz porque não doeu e eu não vou mais ficar doente”, conta Artur, sobre a experiência de ter recebido a vacina da Pfizer.

Vacinar as crianças se tornou uma prioridade

Até por volta do fim do ano passado, a preocupação em relação a infecção das crianças era menor, acreditava-se que a infecção dificilmente causaria mais que sintomas leves e agora isso está mudando, o número de crianças infectadas pela covid-19 têm chamado atenção para a importância da vacinação infantil.

A infectologista Clarissa Cerqueira, explica que o aumento do número de crianças infectadas com o vírus da Sars-cov-2 acontece, porque a vacinação começou em ordem decrescente de idade, primeiro foram os idosos e as crianças ficaram por último, por isso, agora se observa uma maior prevalência da positividade infantil em relação ao início da imunização no país.

“Os idosos e os adultos estão vacinados, mas as crianças não. Apesar de serem menos suscetíveis ao agravamento de sintomas, elas podem se infectar e são possíveis transmissores. Elas estão se contaminando mais porque o número de pessoas não vacinadas está mais restrito, dessa forma o vírus tende a circular entre os grupos que ainda não estão vacinadas, que infelizmente são elas agora”, explica a infectologista.

Laisa Pita, de 8 anos, foi outra criança que testou positivo para a Covid-19 no ano passado e apresentou sintomas como febre, dor de cabeça e cansaço. Sua mãe, Laís Pita, de 35 anos, percebeu que a filha poderia estar com a doença depois que ela começou a ter febre alta, logo após o pai da criança também ter sido infectado. “O pai dela pegou, depois ela pegou e por último eu. Ficamos todos preocupados com a saúde dela. Uma criança com sintomas não era pra ser comum”, destaca Laís. Laisa ainda não pôde ser vacinada por causa da sua idade. Entretanto, o lote de vacinas destinadas à imunização de crianças entre 5 e 11 anos chegou a Salvador na última sexta-feira (14) e foi dado início a vacinação do público infantil de 11 anos no último sábado (15). Segundo a Secretária Municipal de Saúde (SMS) a campanha de imunização será decrescente.

Não vacinar as crianças pode significar a perpetuação da circulação do vírus por mais tempo, assim como as chances de elas serem acometidas com doenças graves. Para Clarissa, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica é a principal forma grave de doença que pode atingir as crianças infectadas pela Covid-19. Essa é uma doença inflamatória rara, com amplo espectro de sinais e sintomas, que afeta os vasos sanguíneos (veias e artérias) de crianças e adolescentes. Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, a doença se manifesta entre 0 e 19 anos e está associada à infecção aguda pelo vírus. “São casos raros, mas que podem acontecer com as crianças e a melhor forma de evitar é a não infecção”, diz Clarissa.

Mas o que fazer para manter as crianças seguras em um cenário como esse durante a volta às aulas? A infectologista esclarece que é possível haver uma volta segura à sala de aula desde que as crianças sejam bem orientadas pelos pais e que o ambiente escolar esteja adaptadas às medidas de higienização e distanciamento na maior extensão possível de tempo de permanência das crianças no local, e mais importante do que tudo isso é garantir que elas estejam vacinadas.

Onde vacinar as crianças

Salvador começou a imunizar crianças de 11 anos no último sábado (15), e cerca de 2 mil delas foram vacinadas no primeiro dia de campanha. Segundo o secretário de saúde do município, Leo Prates, 12 mil doses foram distribuídas nos pontos de vacinação da cidade. “Esperávamos uma maior procura. Isso, claro, não anula a grande felicidade pela conquista das famílias em conseguirem proteger suas crianças e, a partir de agora, poderão retomar gradualmente suas atividades rotineiras e convívio social de forma mais segura. Além disso, possibilita também avançarmos na cobertura vacinal como um todo”, apontou Prates.

No domingo (16), a vacinação contra a covid-19 foi suspensa para todos os públicos e retorna nesta segunda-feira (17), com a aplicação da primeira dose para a idade de 12 anos com e sem comorbidade. Confira os locais de vacinação abaixo:

Drive-thrus: Shopping Bela Vista (9h às 16h), Vila Militar (Dendezeiros), Atakadão Atakarejo (Fazenda Coutos) e Unijorge (Paralela).

Pontos fixos: Estação da Lapa, Estação Mussurunga, USF Resgate, USF Antônio Ribeiro Neiva (Arraial do Retiro), USF Eduardo Mamede (Mussurunga), USF Jardim das Margaridas, UBS São Cristóvão, USF Cajazeiras X, USF Joanes Leste, USF Tubarão, USF Alto de Coutos II, USF Vista Alegre, USF Plataforma, USF Teotônio Vilela II, USF Menino Joel (Nordeste de Amaralina), USF Santa Luzia (Engenho Velho de Brotas), USF João Roma Filho (Jardim Nova Esperança), UBS Ramiro de Azevedo (Campo da Pólvora), USF San Martin I, USF San Martin III, USF Parque de Pituaçu e USF Boa Vista de São Caetano.

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    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

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    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

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    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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