Menos de um terço das crianças de 5 a 11 anos foram vacinadas contra a covid na Bahia

Menos de um terço das crianças de 5 a 11 anos foram vacinadas contra a covid na Bahia

Um mês e uma semana após a chegada da primeira remessa das vacinas pediátricas contra a covid-19 à Bahia, o estado possui menos de um terço do público alvo imunizado. No total, 465.768 crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira dose do imunizante, o que representa 31,5% do grupo que deve ser protegido. Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Em Salvador, o percentual de vacinados é maior e 58% do grupo alvo já tomou a 1ª injeção.

Wilde Barreto é mãe de um menino de 5 anos. Pela idade, ele já poderia ter sido imunizado em algum dos pontos de vacinação da capital, mas como foi infectado pela covid-19 um pouco antes do dia em que poderia se vacinar, a família tem de esperar completar um mês, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, para que ele enfim receba a primeira dose.

“Você não sabe a minha tristeza de não poder ter vacinado ele ainda. Ele pegou covid no primeiro dia da vacina das crianças de 5 anos, mas devemos vacinar ele essa semana e estou muito ansiosa. Temos que cumprir esse período para que ele tenha uma imunização completa”, diz Wilde.

Apesar de ele usar máscara ao brincar com os colegas e os familiares seguirem todos os protocolos sanitários, o pai acabou se contaminando em uma viagem de trabalho. Felizmente, o menino teve apenas sintomas leves e se recuperou bem da doença. Mesmo assim, Wilde não abre mão de vacinar o pequeno.

O avanço lento da vacinação no interior da Bahia confirma a pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), que indica que mais de 59% das cidades brasileiras relataram resistência da população à vacinação de crianças entre 5 e 11 anos. Para o levantamento, a entidade ouviu 2.193 gestores municipais entre 14 e 17 de fevereiro.

Pelo menos 98,9% dos municípios ouvidos pela Confederação iniciaram a vacinação neste grupo, sendo que apenas 2,3% dos gestores afirmaram que houve reações adversas graves em crianças que tomaram a vacina. Das cidades ouvidas pela pesquisa, 11,2% disseram que faltam doses pediátricas para imunizar a população.

A autorização de uso da primeira vacina para crianças com menos de 12 anos foi feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 16 de dezembro de 2021. Mais recentemente, em 20 de janeiro, a Anvisa autorizou o uso da Coronavac para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos no país.

O virologista e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Gúbio Soares, explica que a vacina passou por etapas de teste e é segura tanto para adultos como para as crianças. “Os pais podem sim vacinar, eles podem escolher qualquer uma das duas sem nenhum problema. Mas vacinar é uma ajuda que os pais estão dando”, afirma.

Vacinação nas escolas

Com cerca de 107 mil crianças que já começaram o ciclo de imunização, Salvador montou uma estratégia de busca ativa nas escolas municipais para aumentar a cobertura vacinal. Na sexta-feira (18), o Centro Municipal de Educação Infantil Mário Altenfelder, no Lobato, e a Escola Municipal Nova, do Bairro da Paz, foram pontos de vacinação para os alunos matriculados. Ao todo, 300 crianças foram vacinadas na ação.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a estratégia será retomada a partir de terça-feira (22) e o cronograma deve será divulgado ainda nesta segunda-feira (21). Utilizar escolas como centro itinerante de vacinação foi, inclusive, uma das medidas recomendadas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) a sete municípios baianos, na última terça-feira (15).

Entre as medidas recomendadas aos municípios de Eunápolis, Itagimirim, Itapebi, Ilhéus, Paulo Afonso, Glória e Santa Brígida, também está a solicitação de comprovante de vacinação da covid-19 para fins de cadastro e matrícula dos alunos. Além disso, o MP-BA recomenda que conselheiros tutelares estabeleçam um fluxo eficiente de comunicação com as unidades de ensino e gestores de educação pública, para receber notificações contra pais ou responsáveis que não vacinarem os mais novos.

Procurada, a prefeitura de Eunápolis informou que vem seguindo todos os protocolos dos governos federal e estadual rigorosamente e destaca que o público infantil sofre com a resistência de alguns pais em vacinarem os filhos. Agentes de Combate as Endemias vão iniciar ações nas escolas para incentivares responsáveis e alunos a partir desta semana. Segundo a gestão, 26,53% do público alvo foi imunizado, o que representa 3.278 crianças.

“A questão da vacinação hoje é mais complexa em relação ao que o país está vivendo hoje. É claro que queremos avançar de uma forma mais rápida, mas temos que esperar que a própria população, os pais e responsáveis, queiram aparecer”, afirma a sanitarista Katiane Santana, integrante do Núcleo Gestor da Vigilância em Saúde de Eunápolis.

Já a prefeitura de Paulo Afonso informou que as secretarias de Saúde e Educação estão em contato para que possam realizar o que foi estabelecido pelo MP-BA, além de dizer que a vacinação infantil segue o fluxo de acordo com o número de doses que chegam ao município. São 7.078 crianças de 5 a 11 anos vacinadas na cidade, o equivalente a 56,99% do público desta faixa etária.

O município de Ilhéus informou que 29,22% do público alvo tomou a primeira dose da vacina, o que corresponde a 4.461 crianças. A secretaria de Saúde disse acreditar que as recomendações do Ministério Público são postivas e devem corroborar para o aumento da cobertura vacinal na cidade. O CORREIO tentou contatar os outros quatro municípios, mas não obteve retorno até a finalização desta reportagem.

Mais de 90% dos leitos pediátricos de UTI estão ocupados

Mesmo com a vacinação avançando em Salvador, a taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para crianças com complicações da covid-19 é preocupante. Dos 30 leitos disponíveis na capital, apenas um estava desocupado neste domingo (20), outros 29 (97%) tinham pacientes internados.

Somente duas instituições de Salvador possuem leitos públicos de UTI para tratar a infecção do novo coronavírus em crianças, o Hospital Martagão Gesteira e o Instituto Couto Maia. Em toda a Bahia, a ocupação das UTIs pediátricas está em 93%, com 41 dos 44 leitos com pacientes internados, segundo informou a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Desde o início da pandemia, 24 crianças entre 1 e 4 anos morreram no estado por complicações de covid-19. Outras 19, já faixa dos 5 aos 9 anos, também faleceram em decorrência da doença.

Aula suspensa

Em meio a disseminação da variante Ômicron, que já representa mais de 93% dos casos de covid-19 na Bahia, segundo o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), o Colégio Anchieta anunciou a suspensão das aulas presencias do Grupo 4 (G4) da Educação Infantil. A medida vale por uma semana e foi determinada devido aos relatos de pais e responsáveis de que seus filhos estão com sintomas gripais.

O G4 é formado por alunos de 4 anos, que ainda não tem autorização para se vacinarem contra o coronavírus. Victor Ferreira Fonsêca é pai da pequena Laura, que terá que acompanhar as aulas de forma online devido à suspensão.

“Essa medida penaliza os diversos alunos que não possuem qualquer sintoma [...] Esse processo agora será interrompido, trazendo mais atraso ao desenvolvimento dos que estão nessa etapa”, afirma o servidor público.

Segundo ele, a escola havia se comprometido a não suspender os encontros presenciais, mesmo que algum aluno testasse positivo. “O protocolo previa o afastamento somente do aluno que adoecesse”, afirma Victor. A reportagem procurou o colégio para comentar o assunto, mas não obteve retorno.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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