O primeiro semestre de 2023 registrou um aumentou de 35% no número de casos de vandalismo a ônibus em Salvador, comparando com o mesmo período do ano passado. O dado consta de um levantamento feito pela Integra a pedido da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob).

Foram 303 ocorrências esse ano, contra 224 no ano anterior, o que significa uma média diária de 1,68 casos. A Semob destaca que isso impacta na rotina diária dos usuários, já que esses ônibus vandalizados precisam ser retirados de circulação, aumentando intervalo de viagens e tempo de espera.

Para o secretário de Mobilidade, Fabrizzio Muller, atos de vandalismo acabam prejudicando o sistema como um todo. "As ocorrências de vandalismo impactam no aumento do custo operacional do serviço de ônibus com as despesas decorrentes dos reparos e mais tempo de espera nos pontos. Ou seja, menos vandalismo significa mais viagens oferecidas", afirmou.

O levantamento também destaca o tempo que os ônibus ficam fora de funcionamento após um caso de vandalismo. Entre janeiro e junho de 2023, um total de 256 horas foram necessária para reparar os coletivos, o que equivale a 11 dias. Em 2022, o tempo foi de 201 horas, o que corresponde a um aumento de 31% no tempo para a manutenção dos coletivos.

Ônibus queimados

Um dos tipos de vandalismo contra ônibus é a queima de coletivos. Nesse caso, eles não retornam para a operação e a frota fica com um ônibus a menos na linha atingida, aumentando o tempo de espera.

Emm 2023, dois ônibus foram incendiados. "É uma atitude lamentável, um ato de vandalismo que só traz prejuízos à população", concluiu o secretário.

Renovação de frota

A Prefeitura de Salvador tem investido na compra de novos coletivos. No total, 526 novos ônibus com ar-condicionado já foram entregues e ainda este ano mais coletivos estarão à disposição dos usuários. Cada veículo novo custa R$ 751.300,00.

Parte da Linha 2 do metrô de Salvador está com operações suspensas no início da tarde desta sexta-feira (14) após a estrutura que segura os fios ceder e cair nos trilhos na Estação Bairro da Paz. A previsão é que a operação retorne em até quatro horas.

Em nota, a CCR Metrô Bahia, responsável pela operação do sistema, confirmou que o serviço está temporariamente suspenso para retirada de um objeto na via.

Com isso, o trecho entre as estações Pituaçu e Aeroporto está sem funcionar. "As equipes de manutenção da concessionária já estão atuando para normalizar a operação", diz a operadora.

O trecho Acesso Norte e Pituaçu, na Linha 2, e a Linha 1 não foram afetados e seguem operando normalmente.

Os clientes que já estavam dentro do Sistema Metroviário estão recebendo um bilhete especial, que garante seu retorno sem custo de passagem. A concessionária também já acionou o Plano de Apoio entre Empresas em Situações de Emergência (PAESE) e disponibilizou um ônibus gratuito para circular entre os terminais Pituaçu e Aeroporto.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis, disse na noite desta quinta-feira (14) que vai anunciar em breve a implantação da Arena Multiuso, equipamento que terá capacidade para cerca de 16 mil pessoas e será instalado na orla da Boca do Rio. Durante entrega de uma praça em Jardim Armação, o prefeito destacou que a cidade precisa de um equipamento desta magnitude.

“A arena vai ser climatizada, vai receber shows, terá camarotes, com capacidade para 12 mil pessoas sentadas, em pé pode chegar a 16 mil. Vai ser um grande equipamento. Nossa expectativa é soltar a licitação ainda neste mês de agosto”, destacou o prefeito.

Segundo ele, desde a desativação do Balbininho, Salvador tem necessidade de uma arena multiuso. “Será um ginásio multiuso que vai ficar ali ao lado do Centro de Convenções. Um equipamento que vai se comunicar com o Centro de Convenções, com o Parque dos Ventos e com a Arena Daniela Mercury. Um ginásio importante para nossa cidade, que carece de um equipamento dessa magnitude, e que nós vamos ter”, disse.

Ter aulas suspensas por causa da violência e de tiroteios já não é mais novidade para os colégios públicos situados em bairros de Salvador. Somente nos últimos três dias, quatro unidades foram afetadas. Desde o início do ano, ao menos 41 escolas da rede municipal e cinco da estadual tiveram que parar as atividades por um ou até quatro dias para não pôr em risco estudantes, professores e servidores de colégios localizados em regiões sitiadas pela violência.

De acordo com a Secretaria Municipal da Educação (Smed), ao todo, devido às suspensões realizadas, 13.683 alunos da rede municipal ficaram sem aula até este mês. Já a Secretaria da Educação do Estado (SEC), ao ser procurada, não forneceu dados sobre as escolas e os estudantes prejudicados pela violência neste ano. Por isso, o levantamento que baseou esta reportagem foi feito a partir de publicações anteriores.

Nessa quarta-feira (12), a Escola Municipal Padre Confa, no Costa Azul, teve as aulas suspensas por conta de um tiroteio que aconteceu ontem à tarde, na frente da instituição. Cerca de 250 alunos foram afetados. Nenhum suspeito foi encontrado, e o policiamento foi reforçado na região.

Por volta das 15h de terça-feira (11), estudantes da Escola Municipal Santo André, localizada no bairro de Santa Cruz, foram surpreendidos por um tiroteio em frente ao colégio, na Rua 26 de Abril. Um morador, que prefere não se identificar, conta que o confronto se deu entre policiais e traficantes da área, que tem atuação da facção Comando Vermelho (CV). “Os policiais vieram pelo fim de linha da Santa Cruz e, na entrada da Rua 26 de Abril [onde a escola é localizada], deram de cara com os meninos que estão envolvidos no crime aqui”, disse ele, que vive nas imediações da rua onde houve o confronto.

“Na hora que eles se encontraram, começou o tiroteio e eu, que moro por aqui perto, tomei um susto. Como a gente já sabe o que é porque sempre tem, fui me proteger, mas foram muitos tiros e demorou para eles pararem”, relata o homem, destacando que os comércios da região estavam todos abertos quando o tiroteio começou. Apesar disso, ninguém foi atingido durante a ação, que é o maior temor de quem mora nas redondezas quando há troca de tiros nas ruas.

Outra moradora, que também não revela o nome, também descreve a troca de tiros como intensa. “Não parava nem um segundo, você só ouvia os pipocos enquanto estava escondido dentro de casa. E foi na luz do dia, depois das 15h. Por sorte, ninguém inocente foi atingido por essas balas que, no geral, só encontram as pessoas que não têm nada a ver. Se for de madrugada, é mais difícil, mas durante uma tarde era fácil ter um desavisado na rua na hora que isso aconteceu”, comenta ela, que também ressalta o volume de ocorrências de confrontos armados na região.

Sobre o confronto da terça, a PM-BA confirmou que, por volta das 15h, agentes da 40ª Companhia faziam rondas no Nordeste de Amaralina "quando visualizaram um grupo de homens armados que, ao notar a presença dos PMs, efetuaram disparos de arma de fogo, sendo necessário o revide".

Na noite de terça-feira, o Colégio Estadual Polivalente de Amaralina suspendeu as aulas após um tiroteio entre PMs e suspeitos de integrarem uma facção.

Já na segunda-feira (10), um tiro atravessou a janela da Escola Municipal São Pedro Nolasco, em Santa Cruz, e foi parar numa das panelas em que estava sendo preparada a merenda das turmas vespertinas. Apesar do susto, ninguém ficou ferido. Na ocasião, informou a Smed, as aulas na unidade também foram suspensas, tendo sido afetados 202 alunos.

Além de minar a tranquilidade das pessoas, a violência também prejudica a educação e o processo de aprendizado, como conta uma mãe de um estudante. “Escola é que nem trabalho, precisa ser todo o dia. Toda vez que para uns dias, quebra o ritmo da criança. E, quando para, eles ficam sem estudar mais tempo do que a suspensão. Muitas mães preferem não mandar o filho para escola quando as aulas retornam até entender que está tudo seguro, então não é automático”, aponta ela, sem dizer o nome por medo de represálias.

Presidente da Associação de Professores Licenciados do Brasil (APLB) na Bahia, Rui Oliveira lamenta o elevado número de suspensões e avalia que a escola deixou de ser o local onde os pais ficam tranquilos em deixar os filhos. "Os bairros de Salvador estão dominados por grupos envolvidos em tráfico de drogas, e as escolas localizadas em áreas assim dominadas passaram a ser um local de muito perigo. Por isso, é necessária uma ação urgente e preventiva das polícias Civil e Militar para garantir segurança nas escolas. É preciso construir uma trincheira para que o espaço escolar seja um local de vida e tranquilidade para estudar", falou Rui.

Ações policiais como vetor

Moradores do Complexo do Nordeste de Amaralina relatam que os confrontos armados na região são constantes e que a maioria deles são causados por ações policiais dentro dos bairros.

Quem vive na área diz que, apesar da facção Comando Vermelho (CV) ter atuação no local, as trocas de tiros não acontecem por invasão de grupos rivais, como já virou rotina em outros locais de Salvador, e sim com agentes da Polícia Militar da Bahia. Sobre as ações da polícia como vetor da violência armada no Complexo, a PM destacou que todas as incursões realizadas são feitas a partir de critérios técnicos.

"A Polícia Militar informa que as ações realizadas por integrantes da corporação são baseadas em técnicas e táticas de policiamento, com observação aos princípios de legalidade. Caso haja alguma denúncia de conduta contrária à legalidade, a PM disponibiliza o contato da Ouvidoria (0800 284 0011) e o endereço da Corregedoria da instituição, localizada na Rua Amazonas, nº 13, Pituba", escreve.

O professor de estratégia e gestão pública Sandro Cabral, que atua no Insper e na Ufba e tem estudos na área de segurança, conta que a possibilidade de só haver confronto armado no Complexo com a polícia é real, mas destaca que o enfrentamento aos grupos criminosos é algo que precisa ser realizado para impedir que a população fique subjugada ao crime e as facções se espalhem pela cidade.

"Eventualmente, quando se tem um domínio estabelecido por um grupo organizado, há um processo de redução de violência por isso. Na literatura, temos relatos assim de estudos em São Paulo, por exemplo, com o domínio do PCC [Primeiro Comando da Capital]. Porém, quando isso acontece, a população fica à mercê do crime, o que é perigoso. [...] A questão que se coloca é que o Estado não pode permitir isso e precisa realizar o enfrentamento, justamente quebrando o poder deles no território", explica.

Cabral acrescenta que a ação do Estado não deve ser dar apenas com força ostensiva, mas também na implantação e continuidade de serviços que, em muitos casos, são usurpados pelos grupos criminosos. Em relação ao medo que a população tem da fatalidade das ações policiais, o professor indica que só há uma resposta: inteligência.

"Tem que ter inteligência. Quando você chega atirando sem planejamento, acontece isso. As ações de ocupação de território precisam acontecer de forma planejada, com o elemento de surpresa, que é importante. A gente tem exemplos de ações assim que foram bem-sucedidas no Rio de Janeiro, por exemplo. Planejamento e inteligência são fundamentais", finaliza.

O que diz a SSP-BA

Diante da insegurança no entorno das escolas, a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA) disse à reportagem que transformou a operação 'Ronda Escolar', da PM, em Batalhão de Policiamento Ronda Escolar. "A mudança ampliou o efetivo e a quantidade de viaturas, possibilitando maior assistência às instituições de ensino, garantindo o índice baixo de ações ilícitas dentro das escolas".

Com relação à ocorrência mais recente no Complexo do Nordeste de Amaralina, o órgão afirmou que as polícias Militar e Civil trabalham em conjunto para identificar e prender o autor do disparo. "Por fim, a SSP reforça também que ações para combater o crime organizado e retirar armas das ruas continuarão sendo realizadas diariamente pelas forças estaduais."

Lista de escolas municipais com aulas suspensas em 2023, segundo a Smed:

Cmei Abdias Nascimento
Cmei Calabar
Cmei Cecy Andrade
Cmei Maria Rosa Freire
CPP Sussuarana
EM 22 de Abril
EM Anfrísia Santiago
EM Antônio Carlos Peixoto de Magalhães
EM Armando Carneiro
EM Cabula I
EM Palestina
EM Pernambués
EM Durval Pinheiro
EM Frei Leônidas Menezes
EM Helena Magalhães
EM Jandira Dantas
EM Joaquim Magalhães
EM Luis Eduardo Magalhães
EM Madre Helena Irmãos Kennedy
EM Manoel Barradas
EM Manoel Francisco do Nascimento
EM Manoel Maximiano Encarnação
EM Manoel Faustino
EM Maria Conceição Santiago Imbassahy
EM Maria Dolores
EM Maria Felipa
EM Novo Horizonte
EM Olga Mettig
EM Paulo Mendes
EM Santa Terezinha
EM Senhor do Bonfim
EM Úrsula Catarino
EM Vovô Zezinho
EM Marisa Baqueiro
EM Risoleta Neves
EM São Gonçalo do Retiro
EM Murilo Celestino Costa
EM Eugênia Anna
EM Pedro Nolasco
EM Santo André
EM Padre Confa

Lista de escolas estaduais com aulas suspensas em 2023, segundo o levantamento do CORREIO:

Colégio Estadual Sara Violeta de Mello Kertesz
Colégio Estadual Helena Magalhães
Colégio Estadual Edvaldo Fernandes
Colégio Estadual Góes Calmon
Colégio Estadual Polivalente de Amaralina

A Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) promove, a partir desta segunda-feira (10), um mutirão social em Cajazeiras X para atendimentos do Cadastro Único (CadÚnico). O serviço será disponibilizado na Arena Pronaica, com uma equipe de cerca de 60 atendentes, de forma a oportunizar a realização de novos cadastros ou atualizações.

A equipe da Sempre estará presente de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, para garantir a descentralização dos serviços do CadÚnico. A ação, classificada como busca ativa, trata-se de uma estratégia essencial realizada pela Prefeitura para identificar e alcançar os soteropolitanos em situação de vulnerabilidade.

"O mutirão social em Cajazeiras X reflete o compromisso da gestão municipal em beneficiar e apoiar aqueles que mais precisam e, por meio da abordagem, assegurar que ninguém fique excluído dos benefícios e serviços oferecidos. Essa é uma oportunidade valiosa para que a população possa se cadastrar ou atualizar suas informações, garantindo o acesso a serviços e benefícios eventuais ", afirmou o secretário da Sempre, Júnior Magalhães.

Nos primeiros seis meses de 2023, nos postos da Sempre, foram realizados quase 200 mil atendimentos, contra 113.324 no mesmo período do ano anterior, um aumento superior a 75%.

Imagine o trânsito no horário de pico, as avenidas, o metrô lotado e os ônibus cheios. Pode parecer estranho, mas a população de Salvador encolheu -9,6% nos últimos 12 anos. Dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (28), revelam que a cidade perdeu 257 mil moradores, entre 2010 e 2022, sendo esta a maior queda dentre as capitais e a segunda maior em todo o Brasil.

O único município que teve redução populacional absoluta maior que Salvador foi São Gonçalo (RJ), com -10,3%. Até 2010, a capital baiana era a 3ª cidade mais populosa do Brasil, atrás apenas de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Agora, foi ultrapassada por Brasília (DF) e Fortaleza (CE). São 2,4 milhões de soteropolitanos. O superintendente do IBGE, André Urpia, conta que é preciso observar o contexto para entender os números.

“Enquanto Salvador teve redução populacional, cidades vizinhas como Lauro de Freitas e Camaçari registraram crescimento no número de moradores e de domicílios. Nesses últimos 12 anos, foram construídos muitos empreendimentos nessas cidades. Além disso, a pandemia possibilitou o home office, que pessoas pudessem trabalhar de qualquer lugar mesmo atuando em Salvador”, disse.

Ele acredita que esse processo migratório foi responsável também pelo aumento populacional em seis dos dez municípios da Região Metropolitana que fazem parte da Grande Salvador. Os números mais expressivos foram em Lauro de Freitas (24,4%), Camaçari (23,3%) e São Francisco do Conde (13,7%), mas também houve crescimento em Dias D’Ávila, Madre de Deus e Mata de São João.

Estudante de Medicina Veterinária, Maria Eduarda Gomes, 23, foi uma das pessoas que deixaram a capital para buscar novos rumos na RMS, mais especificamente em Abrantes, distrito do município de Camaçari. A escolha pelo novo local de morada se deu em consenso com a família, que à época havia decidido se mudar do apartamento que a estudante morava desde que nasceu.

"O custo de moradia em Salvador está muito alto, então, na Região Metropolitana, consigo morar melhor pagando muito menos. Quando digo morar melhor, quero dizer com mais segurança, em bairros mais tranquilos e casas maiores", esclarece a jovem.

Na contramão do aumento populacional entre as cidades da RMS, ficaram Salvador, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Candeias, onde ocorreram reduções. Os recenseadores identificaram 3,3 milhões de pessoas vivendo nos dez municípios citados, o que representou queda de 4,7% na comparação com 2010.

Mesmo com a capital reduzindo o número de moradores, a população da Bahia aumentou. Segundo o Censo do IBGE, o crescimento foi de 10 mil novos habitantes por ano (119 mil, no total). Em geral, os baianos estão fugindo dos grandes centros urbanos e buscando cada vez mais o interior.

O doutor em Ciências Sociais e professor titular do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano (PPDRU) da Unifacs, Laumar Neves, explica que fatores relacionados a mortalidade e fecundidade também estão relacionados a essa mudança de comportamento.

“Historicamente, Salvador foi uma cidade que atraiu a população do interior que se deslocava para a capital em busca de novas oportunidades de trabalho e melhores condições de vida. Nos últimos anos, as cidades da Região Metropolitana deixaram de ser atrativas, a taxa de desemprego é alta e as condições de vida não são fáceis”, disse.

O professor lembrou que os grandes centros enfrentam problemas sociais, como maior insegurança e dificuldade de acesso a serviços, e que o custo de vida e do solo são mais caros. No caso de Salvador, melhorias no transporte público facilitaram a integração com regiões como Lauro de Freitas e Camaçari, onde o preço de casas e apartamentos são mais baixo. Além disso, a mortalidade é maior nas metrópoles, seja pela violência, seja por questões de saúde.

“Salvador e outros centros urbanos registraram muitas mortes na pandemia, e muita gente mudou para o interior. O crescimento das cidades de pequeno e médio porte traz um desafio para o poder público que será como ordenar o solo e melhorar a prestação de serviços nesses locais, porque no Brasil o crescimento populacional se faz acompanhar pela desigualdade social e aumento da pobreza”, afirmou.

A oferta de políticas públicas, como construção de universidades em municípios do interior e incentivos ficais para o agronegócio, atraem investimentos privados e mais pessoas para essas cidades. Um exemplo é Luís Eduardo Magalhães, no Oeste do estado. Em 2010, a cidade tinha 60,1 mil habitantes. Em 2022, contabilizou 107,9 mil moradores, um aumento proporcional de 79,5% da população.

O crescimento é visto positivamente pelo prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Junior Maraba (DEM. Ele atribui a alta populacional não só à força do agronegócio, mas também ao planejamento municipal. "Atrás dessa máquina do agro, existe toda uma operação de um município. [...] Hoje, além da melhoria na prestação dos serviços públicos e do grande programa de urbanização que estamos realizando, nós focamos na qualificação da mão de obra da população para que ela receba esse impacto, transformando isso em oportunidades de negócios e na qualidade do serviço ofertado. Uma coisa é fato: aonde existe emprego, existe crescimento. Ninguém se muda para uma cidade que não tem trabalho", frisa.

Já Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado, foi o município que mais cresceu em termos absolutos. Segundo o IBGE, em 2010, a cidade tinha 306 mil habitantes. Em 2022, são 370 mil, aumento de 64 mil pessoas ou 20,9% a mais da população. Em seguida, aparecem Feira de Santana, com 59 mil moradores a mais, e Camaçari, com 56 mil.

Para a prefeitura do município, o crescimento é puxado pelas oportunidades de investimento. “A nossa cidade é polo e atrai um quantitativo importante de pessoas de toda a região, inclusive do norte de Minas, que buscam serviços aqui”, afirma a gestão municipal. Apesar do crescimento ser visto com bons olhos, a prefeitura admite que ela sobrecarrega a malha viária, o sistema de saúde pública e de transporte público.

“Com o novo levantamento, esperamos que os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e das outras rubricas tenham a mesma proporção de crescimento. De nossa parte, vamos continuar o trabalho para organizar e planejar a urbanização, o saneamento, os serviços de educação, saúde e desenvolvimento social, além de criar um ambiente permeável para as atividades econômicas”, destaca.

Também no Sudoeste do Estado foi registrado outro destaque no levantamento feito pelo Censo 2022. O município de Caatiba, que antes era um povoado denominado Riachão, apresentou a menor redução proporcional de sua população, encolhendo -45,7%. A reportagem tentou entrar em contato com a prefeitura através dos canais oficiais disponibilizados no site do munícipio, mas não obteve sucesso.

Moradia

O número de moradores por domicílio também reduziu em todo o país, incluindo a Bahia e Salvador. A pedagoga Michele Santos, 29 anos, sempre viveu em uma casa com muita gente, mas, em 2017, resolveu deixar a residência dos familiares, em Santa Luzia do Lobato, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, onde vivia com mais cinco pessoas. Primeiro, ela dividiu apartamento com uma amiga, e depois, passou a morar sozinha.

“A mudança foi por questões pessoais e de necessidade. Sempre tive a meta de que quando conseguisse um emprego legal e a grana permitisse morar sozinha, ainda que de aluguel, faria isso. Tirando alguns perrengues, a gente aprende a administrar nossa própria vida, cresce diante das dificuldades, traça planos para buscar sempre oportunidades melhores e vive em paz”, conta.

Na capital baiana, a média é de 2,5 moradores por imóvel, no estado o percentual é de 2,8 habitantes. Os especialistas afirmam que esse cenário é resultado de várias escolhas. Em geral, as famílias têm optado por ter menos filhos. Segundo o Banco Central, a taxa de fecundidade, que mede a quantidade de nascimentos de crianças por mulher, está em 1,65 no Brasil, menor que a de países como México (1,90) e Argentina (1,91).

A redução de filhos é percebida em todas as camadas sociais, está decrescendo desde a década de 1960 e diretamente ligada aos métodos contraceptivos e a mudança do papel da mulher na sociedade. A participação feminina no mercado de trabalho, movimentos de conscientização e novos objetivos profissionais e acadêmicos têm levado às famílias a postergar a chegada e a quantidade de bebês.

Em termos de moradias, o estado registrou crescimento nos três modelos pesquisados. Dos 6.873.605 domicílios visitados pelos recenseadores na Bahia, o número de ocupados aumentou 23,9%, o de vagos cresceu 78,1% e o de uso ocasional pouco mais que dobrou, aumentando 102,3%. Os modelos vagos, ou seja, sem moradores, e os de uso ocasional, como casas de praia e veraneio, foram os que mais aumentaram.

Censo sofreu com corte de recursos, paralisações e resistência de moradores

O Censo Demográfico de 2022 está sendo divulgado com atraso. A pesquisa deveria ter sido feita em 2020, mas foi protelada, primeiro, por conta da pandemia, e depois, por falta de recursos. O Governo Federal adiou por duas vezes alegando não ter dinheiro. Quando o levantamento finalmente começou, a previsão era concluir tudo até dezembro de 2022, mas houve paralisações de recenseadores e resistência de moradores.

Ainda assim, na Bahia apenas 2,28% dos domicílios não responderam, percentual abaixo da média nacional de 4,24%. O recenseador Carlos Gama, 31 anos, foi matéria no CORREIO depois de entregar 82 bilhetes nos apartamentos da Pituba e do Itaigara para tentar sensibilizar os moradores.

“Deu muito certo. Inclusive facilitou muito o acesso aos condomínios após a publicação da matéria. Deu maior credibilidade na hora de convencer administradores e síndicos dos condomínios”, conta.

Na Bahia, foram recenseados 5.086.813 domicílios. Em Salvador, houve crescimento de 25,9% no número de moradias pesquisadas, na comparação com 2010, foram 1.212.328 imóveis. Carlos disse estar orgulhoso do resultado.

“É gratificante demais. Não tem outra palavra melhor. Espero agora que com as informações captadas tenhamos as devidas melhorias em educação, segurança pública, saúde e saneamento básico. Agora a torcida é para que todas as informações sejam utilizadas de maneira a ajudar a população efetivamente”, afirma.

‘Confesso esperava um aumento’, diz prefeito de Salvador

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) foi questionado sobre a redução populacional registrada pelo IBGE em Salvador e comentou, durante o lançamento de um programa municipal para pessoas em situação de rua, que ainda precisa avaliar os números com calma, e afirmou que o resultado foi uma surpresa.

“Confesso que imaginava que tivesse um crescimento da população de Salvador. É comum termos uma migração das cidades do interior para a capital por conta da crise social e das consequências da pandemia. Preciso avaliar esses números, mas confesso que minha expectativa era que tivesse algum aumento”, afirmou.

Bruno Reis disse que as equipes da prefeitura vão se debruçar sobre os dados, fazer comparativos e análises, mas frisou que confia no levantamento do IBGE.

“Preciso analisar mais friamente esses números, ver se eles efetivamente correspondem aos números que nós temos, principalmente o de pessoas que são atendidas no Sistema Único de Saúde, e verificar os dados de toda a nossa rede social para fazer esse cruzamento, mas é óbvio que o IBGE é um Instituto extremamente confiável, não dá para questionar”, disse.

SEI vai atualizar estudos econômicos e sociais após resultados do Censo 2022

A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI-BA), órgão responsável pela elaboração de estudos e pesquisas para subsidiar o planejamento do Governo do Estado, deve atualizar em breve os estudos sobre o Fundo de Pactuação dos Municípios, que vai definir se os municípios que tiveram populacional vão receber mais verbas após os resultados divulgados pelo Censo 2022.

“O Fundo de Pactuação dos Municípios, hoje, é a principal fonte de renda da maioria dos municípios, principalmente dos menores. O Fundo depende de um rateio com todos os municípios do Brasil, então vamos entender melhor essa dinâmica ao longo dos próximos dias, semanas e meses para saber os impactos mais imediatos”, afirma Rodrigo Cerqueira, economista e técnico da SEI.

Antes mesmo da atualização do estudo ser feito, Cerqueira adianta que já são esperadas mudanças no planejamento de políticas públicas, perpassando decisões sobre creches, escolas e hospitais públicos. Para ele, há muito trabalho a ser feito porque houve, ao longo dos últimos 12 anos, uma discrepância entre as projeções realizadas anualmente pelo IBGE e os resultados preliminares do Censo 2022.

“Comparando esses resultados que saíram do Censo 2022 com os resultados das estimativas e projeções, nós vemos uma discrepância muito grande, porque, entre 2010 e 2020, não teve o Censo. Tínhamos que ter em 2020 e também não teve, não havendo a contagem populacional no meio da década. Essa contagem é extremamente importante para fazer a calibração das estimativas e projeções”, ressalta Rodrigo.

Ainda segundo o técnico, haverá um estudo da SEI sobre os números populacionais de Salvador, única surpresa para o órgão entre os dados divulgados pelo IBGE. A pasta se surpreendeu porque esperava uma população parecida com a de 2010 na capital baiana. Por outro lado, alegou já esperar o baixo crescimento populacional da Bahia e preferiu, ao ser questionado, não associar o fato à pandemia de covid-19 por enquanto. “Precisamos nos debruçar ainda sobre esses dados para fazer uma leitura assertiva”, finalizou.

Confira os cinco municípios que mais cresceram a população em termos absolutos:

1. Vitória da Conquista – 64 mil habitantes a mais

2. Feira de Santana – 59,6 mil habitantes a mais

3. Camaçari – 56,6 mil habitantes a mais

4. Luís Eduardo Magalhães – 47,8 mil habitantes a mais

5. Porto Seguro – 41 mil habitantes a mais

Confira os cinco municípios que reduziram a população em termos absolutos:

• Salvador (-257,6 mil)

• Itabuna (-17,9 mil)

• Candeias (-10,7 mil)

• Camacan (-8,8 mil)

• Ubatã (-8,8 mil)

Confira os cinco municípios que cresceram a população em termos proporcionais:

• Luís Eduardo Magalhães – 79,5% de crescimento

• Nordestina – 48,8%

• Rodelas – 32,6%

• Porto Seguro – 32,3%

• Catolândia – 31,5%

Confira os cinco municípios que reduziram a população em termos proporcionais:

• Caatiba (-45,7%)

• Ubatã (-35,6%)

• Gongogi (-33,6%)

• Santa Cruz da Vitória (-29,9%)

• Novo triunfo (29,2%)

Veja os dez municípios brasileiros com maior população:

• São Paulo (SP) – 11,4 milhões

• Rio de Janeiro (RJ) – 6,2 milhões

• Brasília (DF) – 2,8 milhões

• Fortaleza (CE) – 2,4 milhões

• Salvador (BA) – 2,4 milhões

• Belo Horizonte (MG) – 2,3 milhões

• Manaus (AM) – 2 milhões

• Curitiba (PR) – 1,7 milhão

• Recife (PE) – 1,4 milhão

• Goiânia (GO) – 1,4 milhão

Confira os estados que tiveram menos crescimento populacional:

• Alagoas (0,2%)

• Rio de Janeiro (0,4%)

• Bahia (0,9%)

• Rondônia (1,2%)

• Rio Grande do Sul (1,7%)

Novidades para quem está em busca de emprego. A construção da segunda loja da Ferreira Costa, no bairro dos Barris, está avançada e a empresa está contratando. Até a abertura da nova unidade, prevista para final deste ano ou início de 2024, mais de 600 empregos serão gerados. Já estão abertas as vagas para cargos de liderança nas áreas de vendas, logística, prevenção de perdas, auditoria, manutenção, limpeza, atendimento, relacionamento e trade Marketing.

A pessoa interessada nas vagas pode cadastrar o currículo no link https://carreiras.ferreiracosta.com/.

A coordenadora de Recursos Humanos de Expansão, Michelle Oliveira, informa que os requisitos exigidos para ocupar as vagas de supervisão são: ensino superior completo, experiência na área, habilidades interpessoais, liderança e trabalho em equipe. O processo seletivo inclui testes comportamentais, entrevistas online e/ou presenciais. Os valores dos salários e a quantidade de vagas por cargos não foram divulgados.

A nova loja da Ferreira Costa será a segunda maior do grupo, com 12.000m² de área de vendas, e 900 vagas de estacionamento. Serão 26 sessões, divididas em três grandes áreas: mundo empresas e negócios, mundo casa e mundo construção, onde os clientes vão encontrar mais de 80 mil itens para casa, construção e decoração. A unidade vai contar com Centro Automotivo e mall com diversas lojas, serviços de conveniência e praça de alimentação.

Uma loja que vendia fogos juninos pegou fogo na manhã desta segunda-feira (19), no Centro de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Ao menos uma pessoa ficou ferida.

Imagens feitas por moradores mostram explosões de fogos que estavam dentro da loja. Equipes do Corpo de Bombeiros atuam para debelar as chamas.

O fogo atingiu algumas barracas que também vendem fogos de artifício, ao redor do estabelecimento. Ainda não se sabe o que causou o incêndio.

É só o soteropolitano reclamar do frio que aparece alguém para dizer que os moradores de Salvador não conhecem o que é temperatura baixa de verdade. O que importa é que quem tirou o casaco do armário ontem (8), estava coberto de razão. A capital baiana registrou a menor temperatura do ano, com os termômetros marcando 21,6ºC. Em companhia do frio, a chuva: a cidade está em alerta laranja e há risco de deslizamentos e transbordamento de rios.

A menor temperatura do ano foi registrada pela estação pluviométrica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), localizada em Ondina, na quinta-feira (8). A estação também indica que choveu o equivalente a 19,6 mm. As informações estão disponíveis no site oficial do Inmet.

De acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), um sistema de baixa pressão (cavado) atua sobre o Oceano Atlântico intensificando os ventos úmidos e causando chuvas em Salvador. No ano passado, a menor temperatura registrada foi 19,1ºC, em 31 de agosto.

Os reflexos das chuvas que acompanham as baixas temperaturas causam transtornos na capital. Até o meio-dia de sexta-feira (9), a Defesa Civil de Salvador (Codesal) já havia registrado 54 pedidos de vistoria. A maior parte em decorrência de deslizamentos de terras - foram 16 ao total. O bairro de Pau da Lima foi onde mais pessoas entraram em contato com a Codesal.

Previsão
No sábado (10), a previsão é de céu parcialmente nublado com chuvas fracas, por vezes moderadas, a qualquer hora do dia e também com alerta para alagamentos e deslizamentos de terra.

O tempo pode começar a melhorar no domingo (11), quando a previsão é de céu claro a parcialmente nublado com chuvas fracas e isoladas, a qualquer hora do dia. Há risco de deslizamentos devido aos acumulados de chuvas dos últimos dias.

A Codesal solicita que, em situações de emergência, a população disque o telefone gratuito 199 para que um profissional do órgão possa realizar a vistoria e avaliação de risco.

Acumulado
Em maio deste ano, Salvador registrou 375,1 mm de chuva, o que representa 24% acima da média climatológica (302,2 mm). Choveu diariamente na capital durante o mês passado, com exceção de cinco dias, segundo o Inmet.

O maior volume médio diário, 49,7 mm, foi registrado em 14 de maio. Já a temperatura mais baixa foi de 22,8ºC.

A Prefeitura de Salvador vai inaugurar oito Restaurantes Populares, sendo que dois deles já estão em fase de implantação e serão instalados nos bairros de São Cristóvão e Fazenda Coutos. A meta da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) é ampliar para 10 a oferta de unidades na capital baiana.

Atualmente, o município conta com dois equipamentos, localizados em São Tomé de Paripe e Pau da Lima, que, inclusive, passarão também a oferecer nos próximos meses cursos profissionalizantes em culinária para a população em vulnerabilidade social.

“Foi uma decisão do prefeito Bruno Reis, de ampliarmos de dois para 10 o número de Restaurantes Populares. Estamos em tratativas com um imóvel em São Cristóvão e outro em Fazenda Coutos. Temos uma estratificação social pós-pandemia que exige da Prefeitura um esforço grande para amparar a população. A pandemia aumentou o desemprego, o número de pessoas em situação de rua e a quantidade de famílias que, infelizmente, estão em insegurança alimentar grave”, explica o titular da Sempre, Júnior Magalhães.

Cada Restaurante Popular tem capacidade para oferecer pelo menos 400 refeições gratuitas por dia, chegando, portanto, a 4 mil refeições diárias quando os 10 estiverem funcionando. Em março último, a primeira unidade, localizada em São Tomé de Paripe, completou sete anos, tendo oferecido mais de 700 mil refeições para a população de baixa renda.

Segundo Júnior Magalhães, a pasta já iniciou os estudos técnicos para definir quais bairros receberão as outras seis unidades. A escolha atenderá a critérios sociais: localidades que concentram o maior número de famílias em situação de extrema pobreza - o que, segundo o Governo Federal, são aquelas em que cada ente recebe até R$ 105 por mês - e que tenham índices de insegurança alimentar grave.

Outra novidade é que a Sempre utilizará a estrutura dos Restaurantes Populares para oferecer, em parceria com o Senac, capacitação profissional para a população em vulnerabilidade social. “Além de permitir às famílias o direito à alimentação, aquele espaço também vai dar a oportunidade para que a pessoa se torne um pizzaiolo, uma doceira ou uma baiana de acarajé, por exemplo. E que possa assim, quem sabe, obter uma renda para no futuro não estar mais na fila do restaurante”, diz Júnior Magalhães.