"Se Bebianno me cobrar o mínimo, eu to fod...", diz Bolsonaro em novo áudio vazado

"Se Bebianno me cobrar o mínimo, eu to fod...", diz Bolsonaro em novo áudio vazado


Mais um dia, mais um áudio. Em conversa com Onyx Lorenzoni (DEM), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pediu para que o ministro da Casa Civil negocie um acordo com Gustavo Bebianno, exonerado na segunda-feira da Secretaria-Geral da Presidência da República, de acordo com gravação divulgada nesta quarta-feira pelo jornal O Globo. Além de ex-ministro, Bebianno é advogado de Bolsonaro em processos judiciais. "Você vai conversar com ele sobre as ações?", pergunta Bolsonaro a Lorenzoni. "Se ele me cobrar individualmente o mínimo, eu estou fodido. Tem que vender uma casa minha para poder pagar", acrescentou o presidente.


No áudio, que foi obtido pelo jornal O Globo no momento da conversa após uma ligação "aparentemente acidental" - frisa o jornal - de Lorenzoni ao jornalista nesta quarta, o ministro da Casa Civil também mostra estar negociando com Bebianno uma espécie de armistício. Ele menciona informação da Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta, que afirma que Bebianno estaria juntando documentos sobre a campanha de Bolsonaro e o período em que ficou no Governo. Lorenzoni garante ao presidente que o ex-ministro não dará mais nenhuma palavra.

"A Folha deu uma nota e o [portal] Antagonista acabou de reproduzir e ele [Bebianno] acabou de ligar e pediu para tirar. Que é o seguinte… Que ele estava preparando documentos e não sei o quê para atacar. Ele disse ao Jorge [possivelmente Jorge Oliveira, subchefe de Assuntos Jurídicos do Planalto, segundo O Globo]: 'O que eu tinha para fazer, eu fiz ontem. Eu não dou mais nenhuma palavra, acabou tudo ontem. Eu to te dando a minha palavra. Ok?' Então, agora, no fim da tarde, para tu saber, eu vou lá dar uma conversada com ele", disse Lorenzoni ao presidente.

Ao jornal O Globo Bebianno disse que não irá cobrar o presidente pelos processos judiciais. "O trabalho foi feito por acreditar na causa, ele não deve nada pra mim e nem para os advogados que engajei".

Este é o segundo dia consecutivo em que áudios de conversas de Bolsonaro são vazados para a imprensa, desta vez no mesmo dia da apresentação da reforma da Previdência para o Congresso. Na terça-feira, a revista Veja divulgou os áudios de WhatsApp entre Bebianno e Bolsonaro que comprovam que os dois conversaram durante a estadia do presidente no hospital. Carlos Bolsonaro havia chamado Bebianno de mentiroso após o então ministro afirmar que estava conversando normalmente com o presidente, apesar das denúncias da Folha de S. Paulo sobre desvio de dinheiro público para candidaturas laranjas no PSL.

Leia a transcrição do novo áudio vazado:

Onyx: A Folha deu uma nota e o Antagonista acabou de reproduzir e ele (Bebianno) acabou de ligar e pediu para tirar. Que é o seguinte… Que ele estava preparando documentos e não sei o quê para atacar. Ele disse ao Jorge (possivelmente Jorge Oliveira, subchefe de Assuntos Jurídicos do Planalto): “o que eu tinha para fazer, eu fiz ontem. Eu não dou mais nenhuma palavra, acabou tudo ontem. Eu to te dando a minha palavra. Ok?” Então, agora, no fim da tarde, para tu saber, eu vou lá dar uma conversada com ele.

Bolsonaro: Você vai conversar com ele sobre as ações?

Onyx: Vou conversar com ele sobre as ações.

Bolsonaro: Se ele me cobrar individualmente o mínimo, eu to f… Tem que vender uma casa minha para poder pagar.

Onyx: Deixa eu acertar… deixa eu acertar!

*Com informações do El País 

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    Agricultura: distorção de R$ 142,9 bilhões
    Infraestrutura: R$ 20,3 bilhões
    Educação: R$ 17,1 bilhões
    Saúde: R$ 15,9 bilhões
    Cidadania: R$ 6,3 bilhões

    Na prática, as distorções fazem com que as demonstrações contábeis não reflitam com exatidão a situação patrimonial, o resultado financeiro e o fluxo de caixa das pastas.

    MEC
    A auditoria no Ministério da Educação, a mais recente, apontou R$ 17 bilhões em erros contábeis. Foram identificadas 26 inconformidades.

    Um dos exemplos envolve imóveis usados por entidades vinculadas ao MEC por meio de cessão de uso, que foram registrados como se pertencessem à pasta. Só esse ponto causou distorção de R$ 1,1 bilhão.

    Os técnicos também destacaram falhas no registro de empréstimos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Houve subavaliação dos valores a receber, dos encargos sobre os empréstimos e superavaliação de variações monetárias e cambiais. Ao todo, os erros somaram R$ 782 milhões.

    Além disso, os números registrados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é quem administra os empréstimos, não batiam com os da Caixa e Banco do Brasil, que operacionalizam as transações. A diferença com relação aos encargos é de R$ 460,5 milhões para mais, e com relação aos saldos dos financiamentos é de R$ 176 milhões para menos.

    O MEC tem uma estrutura grande. Foram levados em consideração as chamadas entidades vinculadas na administração indireta, ou seja, universidades, institutos federais, e hospitais universitários, por exemplo. Ao todo, são 116.

    Esse valor, de R$ 17 bilhões, não leva em consideração distorções corrigidas a partir da notificação da CGU. Uma delas diz respeito a dados do Fies, o programa de financiamento estudantil, que lançou indevidamente como despesa operações no montante de R$ 124 bilhões.

    Outra correção foi com relação ao valor dos imóveis do MEC. A CGU identificou que 3.482 imóveis, 51% do total, não estavam com a sua avaliação patrimonial atualizada. Após serem provocados pela Controladoria, as reavaliações foram feitas, resultando em ajuste de R$ 7,6 bilhões.

    Agricultura e Saúde
    O ministério com a maior distorção foi o da Agricultura que, até a gestão passada, abarcava o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Órgão responsável pela reforma agrária, o Incra possui um patrimônio avaliado em R$ 124 bilhões em terrenos e glebas, além de R$ 95 bilhões em fazendas, parques e reservas.

    Os técnicos da CGU escolheram 155 imóveis para verificar se a avaliação era compatível com os valores de mercado e constaram uma defasagem de 63%. Extrapolando para o montante total, a estimativa da CGU é de uma distorção de cerca de R$ 140 bilhões.

    No Ministério da Saúde, por exemplo, a CGU encontrou uma série de inconsistências no registro de estoques de medicamentos, vacinas e outros insumos estratégicos.

    Foram identificados 21 lançamentos como débito, ou seja, baixa no estoque, sendo que na verdade eram o contrário: crédito, entrada de insumo. Esse equívoco resultou em uma distorção de R$ 770 milhões.

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