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Cerca de 160 mil alunos da rede municipal de Salvador voltam às aulas segunda

Cerca de 160 mil alunos da rede municipal de Salvador voltam às aulas segunda

Cerca de 160 mil estudantes da rede municipal de Salvador vão retornar às aulas na próxima semana, por isso, professores e representantes da gestão municipal se reuniram para discutir os desafios do próximo ano letivo, nesta quinta-feira (18). A Jornada Pedagógica 2021 está sendo transmitida pelo YouTube e o acesso é livre para todos os públicos.

O secretário Municipal de Educação, Marcelo Oliveira, foi quem abriu o evento e destacou três eixos que vão nortear as ações da pasta esse ano. O primeiro deles será o foco no processo de alfabetização. Os gestores têm percebido que muitas crianças apresentam dificuldades com a leitura, mesmo após as séries iniciais, e criaram um programa batizado de ‘Aprender pra valer’.


“Vamos focar na capacitação das crianças no primeiro e no segundo ano de ensino para reparar as deficiências. Problemas na alfabetização acaba resultando em reprovações, e isso causa a distorção idade/ série, outra frente que vamos abordar. São 8 mil alunos com defasagem. Reduzir essas diferenças ajuda também na redução da evasão escolar”, disse.

O terceiro eixo é o controle mais rigoroso dos custos com a educação. O prefeito Bruno Reis participou da solenidade de abertura e afirmou que a pandemia terá consequências inevitáveis para educação. Ele acredita que a única maneira de reparar os estragos é com empenho e investimento público.

“A falta das aulas presenciais com certeza vai deixar efeitos na educação da nossa cidade que só com muito trabalho, empenho e, principalmente, com a decisão firme de investimento de recursos é que vamos poder reparar o tempo perdido. E depois, crescer na qualidade da educação para que a gente possa disputar as primeiras posições entre as melhores cidades do Brasil em qualidade de educação”, afirmou.

Jornada Pedagógica
O tema desse ano é a “Educação e seus desafios: ressignificação das estratégias de ensino e aprendizagem”. Um dos assuntos tratados é o continuum curricular 2020/2021 – um plano pedagógico emergencial, construído de forma colaborativa pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), que contempla a recuperação do conteúdo de 2020 e o cumprimento do currículo de 2021.

Em razão das medidas sanitárias para evitar a propagação da Covid-19, neste ano, o evento foi virtual, pelo canal da Smed no YouTube, e foi aberto a todos os integrantes da Rede Municipal de Educação – professores, gestores, coordenadores e técnicos.

Entre os palestrantes convidados está o roteirista e professor João Alegria, diretor de Educação da Fundação Roberto Marinho, que destacou os “Desafios e alternativas para o uso do audiovisual, tecnologias e o ensino híbrido na escola pública”. Participou também o geógrafo Celso Antunes, especialista em Inteligência e Cognição, mestre em Ciências Humanas (USP) e membro fundador da entidade Todos pela Educação, que faz uma palestra sobre “Novas maneiras de ensinar, novas maneiras de aprender”.

Aulas virtuais
A realização das aulas virtuais foi a saída encontrada pelo Município para atender a demanda da educação enquanto os encontros presenciais não forem autorizados. O coordenador-geral do Sindicado dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Rui Oliveira, aprovou a medida, mas fez algumas ressalvas.

“Nossa luta sempre foi em defesa da vida. Nós consultamos 13 mil educadores e 97% deles disseram que só voltariam às aulas presenciais com vacina. Então, a atividade remota deve ser reconhecida nesse momento como uma ação emergencial, mas é preciso que sejam oferecidos equipamentos e capacitação para esses educadores. Por enquanto, as despesas com internet e compra de computadores ou celulares está sendo custeada pelos professores”, afirmou.

Ele contou também que muitos educadores não tem habilidade com produção de vídeo e precisam de treinamento. O assunto será discuto em reunião com representantes do Estado e do Município na próxima semana.

A APLB vai fazer também uma campanha em 30 cidades da Bahia para arrecadar equipamentos eletroeletrônicos usados, mas em condições de uso, para que estudantes carentes possam se preparar para a próxima edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Para a dona de casa, Isaura Souza, 41 anos, a decisão de retomar as aulas virtuais é positiva. Ela tem dois filhos na rede municipal de ensino e está preocupada com o futuro das crianças. “Quando a gente fica muito tempo parado acaba esquecendo o conteúdo e vai ficando para trás na comparação com os estudantes das escolas particulares. Aulas à distância nunca serão a mesma coisa de aulas presenciais, mas é melhor do que ficar parado”, disse.

Aulas presenciais
Mesmo sem data definida para a retomada das aulas presenciais, o protocolo para quando esse momento chegar já está definido. O documento foi elaborado pela prefeitura e pelo governo do estado e apresentado, nesta quarta-feira (17), ao Tribunal de Justiça da Bahia, Ministério Público, e Defensoria Pública. O objetivo do Executivo é consegui a aprovação do Judiciário e fazer possíveis alterações recomendadas pelos órgãos antes dos encontros presenciais começarem.

A realização das aulas presenciais está condicionada a três fatores: redução no número de óbitos provocados pelo novo coronavírus, queda na taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e desaceleração do número de casos ativos.

“Nós validamos esse documento em reunião com o governo do estado, prefeitos, dirigentes da UPB, e deputados estaduais membros da comissão de educação essa semana. Vamos depois nos reunir também com o sindicato dos professores buscando validar esses critério”, afirmou Bruno Reis, em entrevista coletiva na quarta-feira.

Ele voltou a afirmar que o momento não permite a retomada das aulas e fez críticas a quem defende a reabertura das escolas. No início da semana, um grupo de pais e professores fez um protesto em frente ao prédio em que o prefeito mora.

“Vocês sabem que eu sempre defendi uma data, sempre condicionada a realidade do momento. Ninguém aqui é irresponsável para retomar a educação sem ter condições de oferecer leitos de UTI. Então, pode fazer manifestação onde quiser que não está me dizendo nada. Não há clima, e é uma irresponsabilidade defender nesse momento a retomada da educação. Eu também quero uma data, mas ela sempre esteve e estará condicionada ao cenário da pandemia em nossa cidade”, concluiu.

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