Creche de Salvador sofreu 10 roubos em 15 dias, um deles com crianças em sala de aula

Creche de Salvador sofreu 10 roubos em 15 dias, um deles com crianças em sala de aula

O sonho da comunidade escolar do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Ieda Barradas Carneiro, na Avenida ACM, no Parque Bela Vista, virou pesadelo pouco depois de sua realização. No início de julho, a prefeitura entregou uma reforma completa na escolinha que teve direito a novas salas, adequação de espaços para seguir protocolos contra o coronavírus, climatização e informatização de suas dependências.

Tudo isso seria lindo não fosse um detalhe: desde a reinauguração, a escolinha virou alvo de bandidos. Foram 10 ataques somente nos últimos 15 dias, entre arrombamentos e furtos que aconteceram predominantemente à noite, mas também já ocorreram em plena luz do dia, com crianças em sala. Nessa quarta (22), pais e responsáveis fizeram uma manifestação pedindo por segurança. A última ocorrência aconteceu na madrugada de domingo, quando os bandidos voltaram a levar fios de cobre, materiais de higiene, cabos de energia e alimentos que seriam utilizados para preparar a alimentação e distribuir cestas básicas para as crianças de 2 a 5 anos que estudam no local.

Funcionária da escolinha e mãe do pequeno João Marcelo, 4, Juliana Silva relata que toda essa situação faz com que as crianças fiquem com aulas suspensas. De acordo com a Smed, a unidade atende cerca de 160 alunos.

"Eles roubam tudo e a gente fica com uma sensação de insegurança. Já vieram aqui em plena luz do dia para roubar. Imagina se fazem as crianças reféns? Aqui estamos lidando com os filhos dos outros, a escola era para ser um lugar de segurança, mas acontece justamente o contrário", disse Juliana.

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou ter ciência do fato e está tomando providências como troca das janelas, conserto ou reposição de equipamentos que foram danificados ou furtados. A pasta afirmou que, assim que forem concluídos os reparos de manutenção, as aulas serão retomadas.

Ainda de acordo com a Smed, foi registrado Boletim de Ocorrência junto à polícia e existe um planejamento para aumentar o muro da unidade. Foi solicitado ainda reforço da Guarda Civil Municipal, que irá iniciar com rondas preventivas. A GCM fará um estudo de viabilidade para solicitar a implantação de sistema de monitoramento no local.

Dados da Secretaria apontam que aproximadamente 16% de todas as unidades de ensino da Rede Municipal sofreram com furtos e arrombamentos entre 2020 e 2021. A rede tem 432 unidades de ensino, portanto cerca de 70 já sofreram ataques.

"Foi uma luta tão grande, um sonho tão grande para dar melhores condições à escola, com ar-condicionado. Tudo isso é para as crianças. E eles acabaram com tudo. Aqui é muito quente, a reforma foi muito boa, mas também não adianta só ficar repondo para que eles depois venham fazer a mesma coisa. E a nossa segurança? Imagina se um dia vêm aqui e fazem uma criança refém?", ingadou Juliana.

Comandante da 26ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Brotas), a major Patrícia Barbosa afirmou que a PM soube dos arrombamentos na terça-feira (21) e reforçou o efetivo na região de maneira imediata.

Procurada, a Polícia Civil afirmou que a 6ª Delegacia (Brotas) investiga os furtos. Os responsáveis pela instituição serão ouvidos na unidade. Guia pericial foi expedida e diligências são realizadas para coletar elementos que possam colaborar com as apurações. A creche não dispõe de grades, serviço de segurança noturna, alarmes e câmeras de vigilância. O laudo da perícia no local, a denúncia de populares e as informações de testemunhas poderão contribuir para a identificação dos criminosos.

A onda de furtos deixa pais e responsáveis consternados. A ideia inicial era fazer uma manifestação na Avenida ACM, onde fica a creche, mas houve desistência porque alguns pais foram junto às crianças e ficaram preocupados com a exposição ao trânsito e risco de acidentes.

De qualquer maneira, a mãe da pequena Clara Beatriz, 4, Ana Paula Nascimento descreve que a grande sensação que fica com os crimes recorrentes é de insegurança e pede para que seja priorizado um reforço na segurança da escola. Clara é aluna da creche desde que tinha somente 7 meses de vida.

A major Patrícia Barbosa afirmou que segurança patrimonial da escolinha cabe à Prefeitura, que pode acionar uma vigilância privada ou a própria Guarda Civil Municipal, e recomendou que sejam instaladas câmeras de segurança no local.

Escola próxima também sofre
A 700 metros do Cmei Ieda Barradas Carneiro, uma outra escola municipal também sofre com ataques de bandidos e vândalos. É a Escola Municipal Joir Brasileiro, que fica próxima à rua da Polêmica, em Brotas. Uma fonte, que pediu para não ser identificada, alegou que a situação entre as duas escolas é quase idêntica: “Eles se aproveitam da noite ou dos finais de semana para agir. Sempre tentam levar fios de cobre, principalmente, porque é fácil de vender”, contou

A Joir Brasileiro tem capacidade para 424 alunos, sendo que 311 estão matriculados. A escola atende crianças do Ensino Fundamental I e II.

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    Drones

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