Acidentes de moto matam uma pessoa por semana em Salvador

Acidentes de moto matam uma pessoa por semana em Salvador

Acidentes envolvendo motocicletas matam uma pessoa por semana em Salvador. De janeiro a setembro deste ano, a Transalvador registrou 36 óbitos por esse motivo. Apesar do número de mortos ser quase 30% menor que o mesmo período de 2020, o índice ainda é visto com preocupação pelos órgãos públicos.

Essa semana, entre a segunda-feira (11) e a manhã desta quarta-feira (13), três pessoas morreram em acidentes com motos: o jogador de futebol Nadson Santos Gonçalves,15 anos, o policial Hendel Andrade da Silva, 23, que atuava no 6º Batalhão de Polícia do Exército (BPE), e o garçom Cristian dos Santos de Jesus, 26. Os três estavam sem capacete. Nadson e Hendel não tinham habilitação.

Segundo a Polícia Civil, o acidente envolvendo Nadson Gonçalves ocorreu na Ladeira do Abaeté, em Itapuã, no feriado do Dia da Criança, por volta das 18h. O caso é apurado pela 12ª Delegacia Territorial. A moto do rapaz colidiu com um veículo que fugiu sem prestar socorro, o que é ilegal de acordo com o Código Nacional de Trânsito.

“Espero que isso sirva de lição para muitos jovens. Se for sair, usem o capacete”, apelou o pai de Nadson, Jorgildo Silva Gonçalves. Na avaliação dele, o filho teria sobrevivido caso estivesse com o item de segurança. “O impacto na cabeça foi muito forte e o carro passou por cima dele, infelizmente. O Samu ainda tentou reanimá-lo durante duas horas, mas não teve jeito. Acho que se tivesse com o capacete, o resultado seria diferente”.

Nadson levava uma amiga na garupa da moto quando um carro entrou na contramão, em alta velocidade, e o atingiu. “Estava acontecendo uma festa do Dia da Criança na Rua Angélica. Ele saiu para levar a menina para a casa dela. Os amigos até disseram para ele não ir sem capacete”, contou Jorgildo.

Ele não sabe de quem era a moto usada pelo filho. “Para falar a verdade, nem sabia que ele andava pilotando moto". A moça que estava com Nadson também não usava capacete. Segundo testemunhas, ela foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã, onde foi atendida e recebeu alta.

O veículo que causou o acidente foi apontado pelos familiares como sendo um gol preto. “Segundo o relato de pessoas que presenciaram o acidente, o carro estava tentando ultrapassar um micro-ônibus quando entrou na contramão e acertou a moto”, disse Jorgildo. Na manhã de ontem ele esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML) para retirar o corpo e providenciar o sepultamento do jovem.

Sonho interrompido

Nadson Santos Gonçalves queria ser jogador de futebol profissional do Vitória e participava de peneiras do time há, pelo menos, dois anos. Além disso, era contratado por times amadores para atuar na lateral direita. O jovem também trabalhava em uma oficina, pela manhã. Á tarde, treinava futebol e, à noite, estudava. A família via futuro no garoto e acreditava no seu potencial. “Ele era a nossa esperança”, conta o pai.

"Era um rapaz correria, trabalhador. Cresceu rapidamente e estava virando adulto. É muito triste o que aconteceu”, lamentou o empresário Marcos Roberto, que empregou Nadson como ajudante de pintor. “Ele trabalhava comigo, pois se não desse certo no futebol, já tinha profissão garantida. Com 15 anos, tinha esse pensamento”, lembra.

Nadson era filho único por parte da mãe e tinha outros dois irmãos mais velhos por parte de pai. “Tanto a mãe como as tias estão inconsoláveis, pois elas cuidavam muito dele. Nossa família toda mora em Itapuã e o sentimento de dor é enorme”, conta.

O enterro do adolescente foi às 16h desta quarta, 13, no cemitério Bosque da Paz.

Soldado morre na Avenida Centenário

O acidente envolvendo o soldado Hendel da Silva aconteceu na Avenida Centenário, na saída do túnel Teodoro Sampaio, na Barra, por volta das 5h desta quarta, 13. De acordo com a Polícia Civil, não é possível, ainda, saber a causa do acidente.

Familiares e amigos disseram que Hendel voltava para casa após uma reunião com amigos, no Garcia, quando perdeu controle da moto. O amigo Ayrton Bruno, 25, microempresário, foi um dos primeiros a receber a notícia. Ele não sabe dizer se o amigo tinha bebido ou não. Às 7h ele começava a trabalhar no Exército, onde servia desde os 18 anos.

“Várias pessoas me ligaram ao mesmo tempo, porque sabiam que a gente sempre estava junto. Ele até tinha me chamado para sair, mas falei que não ia, porque estava cansado. Quando foi de madrugada, fui resgatar ele. Quando cheguei, já estava morto. Foi horrível, doeu muito. Ele não era só meu amigo, era meu irmão”, contou Bruno.

Os dois faziam tudo juntos – iam à praia, usavam o mesmo tipo de roupa, e serviram na mesma época. A dupla morava na mesma rua, vizinhos de casa. Bruno também ajudava o amigo em uma hamburgueria. Segundo ele, era o sonho do amigo expandir o negócio - era somente delivery, criado há um ano. “Ele sonhava que virasse um restaurante”.

Helder era o mais novo de seis irmãos e tinha uma namorada há cinco anos. “Espero que Deus conforte a alma dele, ele jamais será esquecido”, completa o amigo. O corpo de Helder demorou quase cinco horas para ser removido da rua. O irmão dele, Eder, Andrade da Silva, 36, recepcionista, reclamou do descaso.

“Teve toda a burocracia do IML para pegar o corpo, abrir ocorrência na 1ª delegacia, nos Barris, depois disseram que era no Iguatemi... É muita falta de respeito. Até para você perder um ente querido hoje, se passa por humilhações. Além da dor da perda, a gente se sente humilhado pelos nossos órgãos, que não trabalham de forma correta”, desabafou.

A família sabia que Hendel tinha comprado uma moto, há três meses, apesar de não concordar. “Todo dia a gente vê reportagem sobre acidente de moto, conversei com ele para sair disso, que não era legal. Mas, infelizmente, acabou acontecendo essa fatalidade. Foi falta de responsabilidade dele, porque, aparentemente, o capacete estava no braço. Fico triste porque a gente vê a situação de outros jovens e ele cometeu o mesmo erro”, disse Eder.

Além de ampliar a hamburgueria, Eder diz que o irmão queria seguir a carreira militar. O sepultamento foi às 16h30, no cemitério Campo Santo.

Número de feridos cresce 3,2% em 2021

O número de feridos em acidentes envolvendo motocicletas em Salvador aumentou na comparação entre janeiro a setembro de 2020 com o mesmo período de 2021. No ano passado, 1.264 pessoas ficaram com alguma lesão por conta de acidentes de trânsito envolvendo motos. Este ano, já são 1.305 pessoas na mesma situação.

O superintendente da Transalvador, Marcus Passos, explica que um dos motivos é o aumento do número de motocicletas circulando na capital. Em setembro de 2020, eram 145.570 veículos desse tipo, segundo dados do Ministério da Infraestrutura. Já em setembro de 2021, de acordo com o Detran-BA – Departamento de Trânsito, são 155.947. Ou seja, um crescimento de 7,2%.

“A gente percebe um aumento dos acidentes, no último ano, por conta das muitas entregas e deliverys feitas na pandemia. São mais mototaxistas nas ruas”, observa Passos, que enumera os principais motivos dos acidentes: excesso de velocidade, desrespeito ao sinal vermelho e as mudanças repentinas de faixa, sem sinalização.

As principais vias onde ocorrem as infrações são na Avenida Luís Viana Filho, a Paralela, e a Afrânio Peixoto, a Suburbana. Também estão no ranking as avenidas Antônio Carlos Magalhães e a Mário Leal Ferreira (Bonocô). Para reverter os números, a Transalvador aposta em fiscalização e campanhas educativas.

“Desde 2019, temos o programa Vivo na Moto, que promove palestras, ações educativas e cursos gratuitos de pilotagem nas concessionárias de motocicletas, autoescolas, bairros, onde esse segmento estiver. Vimos a necessidade de fazer algo voltado para os motociclistas justamente pela quantidade de acidentes e dar mais segurança, para eles e para os outros motoristas, já que a educação no trânsito é algo coletivo”, diz Marcus Passos.

Acidentes com motos em Salvador:

*2019 - 1961 feridos e 44 mortos
*2020 - 1264 feridos e 51 mortos
*2021 - 1.305 feridos e 36 mortos

Fonte: Transalvador

Três dicas para evitar acidentes de moto:

Velocidade - Respeite os limites de cada via;

Sinalização - Preste atenção às placas das vias, não estacione em locais proibidos ou faça manobras em locais perigosos, como curvas;

Acessórios - Use equipamentos de segurança como capacete, e, se puder, calça jeans e blusa com manga;

Fonte: Transalvador

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