Os estudantes do Colégio Estadual Governador Roberto Santos, no Cabula, receberam as visitas do governador em exercício e presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Menezes, e do secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues, nesta quarta-feira (20). As autoridades foram até o local para conferir o andamento das obras de ampliação da unidade. Durante o evento o governador interino comentou sobre a volta às aulas.

“Depois de um ano e sete meses sem aula o percentual na capital está, em média, de 70% dos alunos. Começou anteontem [o retorno 100% presencial] e nesse período muitos foram para outras cidades ou conseguiram algum emprego em outros lugares, mas acreditamos que depois dessa semana as coisas voltam ao normal para que a gente tenha a capacidade total dos alunos em sala de aula”, disse.

O governador e o secretário percorreram a escola, vistoriaram as obras e assistiram a uma apresentação preparada pelos estudantes. As intervenções e melhorias na unidade escolar incluem a construção de uma quadra poliesportiva coberta, um campo de futebol society e a reforma da parte interna da escola. Os serviços estão previstos para serem concluídos no início de dezembro deste ano e o investimento supera os R$ 6 milhões.

"Estou muito contente de visitar esse grande colégio localizado em um bairro populoso aqui de Salvador, como é o Cabula, e que está recebendo um investimento dessa importância para tantas requalificações. São diversas escolas sendo ampliadas e modernizadas pelo Governo do Estado, tanto na capital como no interior. Uma iniciativa que nunca foi feita por nenhum outro governo”, afirmou Menezes.

Na terça-feira (19), em publicação no Diário Oficial do Estado (DOE), o Governo da Bahia destinou mais de R$ 32 milhões para a ampliação com modernização de unidades escolares localizadas em Salvador. As obras fazem parte da requalificação que está sendo realizada na rede física escolar em todo o estado, e que superam R$ 2 bilhões em investimentos.

A melhoria da rede também envolve a implantação dos Complexos Poliesportivos Educacionais com quadras poliesportivas cobertas, academia de ginástica, quadra de vôlei de areia, pista de atletismo e piscina. O secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues, contou que existe cerca de 200 escolas estaduais de Salvador e que algumas delas terão que ser adaptadas.

“Onde não houver espaço para ampliação das unidades teremos que desapropriar terrenos e fazer essas mudanças. Não tem como termos uma escola sem quadra, sem auditório e sem refeitório. É por isso que estamos fazendo uma mobilização em Salvador para garantir que a gente desaproprie um terreno ao lado. Todas as escolas da Bahia terão condições de ter auditório, refeitório, laboratório, quadra coberta e campo, podemos abrir mão do campo, mas quadra coberta e arena teremos em todas”, contou.

Ele disse também que o objetivo do governo é ampliar a oferta de educação em tempo integral. A meta é alcançar 100% das unidades em quatro anos. "Todo esse investimento tem como objetivo garantir qualidade efetiva na educação em tempo integral na Bahia, oferecendo toda a infraestrutura necessária para que as atividades de professores e estudantes sejam realizadas de forma mais qualificada", afirmou.

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Mais da metade das cidades da Bahia não têm estrutura para voltar com as aulas semipresenciais até agosto, segundo um levantamento feito pela União dos Dirigentes Municipais de Educação da Bahia (Undime-BA), que obteve resposta de 415 das 417 prefeituras baianas. A pesquisa, que avaliou a rede escolar municipal, mostra que 215 municípios só voltarão a ter estudantes e professores em sala a partir de setembro de 2021. Outras 132 prefeituras - ou seja, quase um terço dos municípios baianos - disseram que só retornam em 2022.

O estudo da Undime-BA conclui, ainda, que apenas 68 cidades da Bahia estão preparadas para voltar até agosto, e somente dez delas ainda em julho de 2021. Das outras cidades que voltam ainda este ano, 110 cidades disseram que só o farão em setembro, 87 voltam em outubro, 14 em novembro e quatro somente em dezembro. As prefeituras afirmam que, além de muitas instituições de ensino estarem ainda em obras, outras não têm condições de se adaptar aos protocolos sanitários.

O prazo dentro do qual as escolas conseguem retomar as aulas semipresenciais é muito depois da data estipulada pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT). Ele determinou que as aulas semipresenciais devem iniciar hoje para o Ensino Médio, Ensino Profissionalizante e Ensino de Jovens e Adultos (EJA), e no próximo dia 9 de agosto para o Ensino Fundamental II.

Segundo o presidente da Undime-BA, Raimundo Pereira, que também é vice-prefeito e secretário de Educação de Itaparica, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), os 132 municípios que sinalizaram só voltar ano que vem estão revendo o planejamento inicial para conseguir retornar ainda esse ano com a modalidade híbrida. Mas, eles ainda não definiram sequer o mês de retorno.

“Nem todos os municípios estão no mesmo ritmo, essa é a grande questão. Cada um tem uma realidade, uma condição financeira diferente e o que a Undime defende é a autonomia do planejamento das prefeituras. No momento que foi feito o anúncio da volta às aulas, faltou diálogo para saber se os municípios estavam prontos e apenas 10 podem voltar em julho”, explica Pereira.

Arrecadação em baixa
Um dos motivos principais que acarretaram na falta de estrutura das escolas para receber os estudantes, segundo o presidente da Undime, foi a falta de planejamento financeiro das prefeituras, em meio à queda da arrecadação de impostos, maior fonte de receita.

“Mais de 200 municípios tiveram mudança de gestão e as prefeituras estavam desestruturadas, pegaram o pico da pandemia e agora que começaram a fazer a programação do retorno das aulas”, afirma. Segundo dados da Transparência da Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA), as receitas totais dos municípios baianos caíram mais de R$ 2,2 milhões, o equivalente a 4,4% do total, de 2019 para 2020.

O transporte escolar também é um entrave, mas não tão determinante como a falta de infraestrutura. “O único município que não banca o transporte da rede estadual é Salvador, todos os outros municípios do interior são responsáveis por transportar os alunos do estado, que não assume a totalidade da despesa, sendo que praticamente 80% dos alunos transportados são da rede estadual e o governo não repassa nem metade do valor”, revela Pereira.

No caso de Itaparica, onde ele é secretário de Educação, as aulas só voltam em setembro, porque algumas escolas precisam concluir reformas. “Com a queda da arrecadação, tivemos menos dinheiro para educação, que começou a melhorar agora, e tivemos dinheiro para contratar as empresas que vão fazer as obras”, justifica.

Raimundo Pereira ainda enfatiza que é desejo de todos os dirigentes municipais o retorno das aulas semipresenciais. “Todos querem voltar e ter a criança na escola, porque é um lugar seguro, obedecendo todos os protocolos de segurança. Só que cada um tem seu planejamento, não dá para obrigar uma data para todo mundo, tentando impor a responsabilidade de assumir o funcionamento das escolas, sem se adequar à realidade de cada um”, completa o presidente da Undime.

Obras
Em Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia, não há definição de quando as aulas voltarão, justamente pelo estado em que as escolas foram encontradas pela nova gestão, eleita em 2020. Segundo o secretário de Educação de lá, Ednilson Pereira, todas as 63 da rede municipal ainda precisam de intervenção - 60% estão com reforma completa e 40% precisam de pelo menos algum tipo de manutenção.

“Com a mudança de gestão, as escolas ficaram sem atenção, muitos muros caíram, a parte hidráulica não funciona, precisou de limpeza, capinação e recuperação de telhado. O ano de 2020, que deveria ter sido o ano para isso, não foi, porque foi ano de política e acabaram não se preparando para isso. Mas estamos em processo de licitação e obras para fazer as adaptações”, afirma Pereira.

As aulas do segundo semestre iniciaram em julho, de forma remota. A previsão de retorno das aulas semipresenciais em Santo Amaro é em setembro, se as obras acabarem a tempo. Contudo, o secretário defende que seja só em 2022. “Se voltar em setembro, teríamos dois meses e meio só de aulas, com 50% da capacidade, então poderíamos concluir o ano de forma remota, mas iremos discutir com a categoria, pais e alunos”, pontua.

A vantagem de só iniciar o ensino híbrido ano que vem seria também para economizar. “O investimento com equipamento do protocolo sanitário e de proteção é de R$ 500 mil, considerando que temos que distribuir máscaras para os 9,7 mil alunos. O gasto é muito grande, que poderíamos deixar para o ano que vem”, argumenta.

O outro lado da moeda é que nem todos os estudantes têm acesso às aulas remotas. “Das 63 escolas, 19 estão na sede e 42 na zona rural, e muitos alunos não têm acesso à internet, alguns pais estão temerosos de mandar os alunos, já que é só um professor vacinado e 30 crianças sem imunização na sala. A gente gostaria muito de voltar, mas precisamos discutir e ter um controle maior da pandemia”, acrescenta o secretário. Todos os 842 profissionais da educação de Santo Amaro tomaram, pelo menos, uma dose da vacina contra covid-19, e a segunda dose será em aplicada em agosto.

Sem previsão
A espera pela conclusão das obras também é o entrave para o retorno das aulas em Mucugê, na Chapada Diamantina. Por isso, a secretária municipal de Educação, Rose Lima, nem sabe dar uma estimativa. “Não temos data, porque todas as 22 escolas estão em reforma e não tem previsão de acabar. A nova gestão assumiu e resolveu reformar tudo, porque estavam em situação complicada e precisando se adaptar aos protocolos”, comenta Rose.

No Extremo-Sul da Bahia, na cidade de Pau-Brasil, as aulas só voltam após os professores tomarem a segunda dose da vacina, assim como em São Felix, no Recôncavo.

“Alguns professores tomarão em setembro, então, provavelmente, em outubro, retornaremos com o ensino híbrido”, informa a secretária de Educação, Gizelle Nascimento.

Segundo ela, todas as cinco escolas estão reformadas, aptas para receber os alunos. O transporte escolar não precisa de licitação, pois o município já tem frota própria. Ao todo, são 1.684 alunos e 97 professores.

Em Senhor do Bonfim, no Centro-Norte da Bahia, a 380 quilômetros de Salvador, as instituições educacionais também estão em decadência. Segundo a secretária de Educação, Lourinalva Coelho, a gestão antiga só reformou 15 das 59 escolas da cidade, deixando as outras sem condição de receber alunos.

“Tivemos que fazer uma auditoria, porque elas precisam ainda de muitos reparos. Tirando as 15 que foram reformadas, as outras estão em situação muito ruim, só sofreram reforma em 2012, então ficaram oito anos sem atendimento”, conta a secretária.

Além da infraestrutura, há o receio dos pais e falta de diálogo entre governo estadual e municipal.

“O governador não ouviu o prefeito e o secretário de Educação do estado não ouviu o gestor para alinhar esse retorno, 60% dos pais não aceitam enviar seus filhos agora porque não consideram seguro e 80% dos nossos profissionais de educação também não consideram o momento propício”, acrescenta Lourinalva.

São 880 profissionais da educação acima de 18 anos – todos tomaram a primeira dose – e 10.060 alunos. O ensino tem sido remoto até então, com atendimento por WhatsApp. A previsão para o retorno semipresencial é em 4 de outubro, contudo, não há verba para o transporte escolar.

“Muitos alunos do ensino médio dependem do transporte do município. Ainda que eles repassem um valor por aluno pelo programa PETE [Programa Estadual de Transporte Escolar], o saldo que temos é de R$ 110, para atender os alunos do estado. O valor em conta de 2020, que era de R$ 217 mil, a gestão anterior pagou a cooperativa. Então não temos como voltar as aulas”, conta a secretária de educação.

Como afirmou a Secretaria de Educação do Estado (SEC) anteriormente ao CORREIO, o valor a ser repassado pelo governo estadual aos municípios pelo programa PETE é de R$ 90 milhões. A primeira parcela, de R$ 45 milhões, será paga até dia 30 de julho. Além disso, 144 ônibus escolares foram entregues às cidades da Bahia, o que gerou um custo de R$ 33 milhões para o estado. Para esta reportagem, a SEC não respondeu sobre a expectativa para o retorno.

Retorno agendado
Em algumas cidades baianas já há data marcada para o início das aulas semipresenciais. É o caso de Vitória da Conquista, onde elas voltam em 2 de agosto, e Barra do Rocha, a partir de 8 de setembro, de forma gradual. Em Conquista, apenas 14% da rede municipal (24 das 170 escolas) voltarão mês que vem. Incialmente serão os alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental I, pois muitas escolas ainda estão em reforma.

“Na rede privada, as escolas voltaram dia 12 de julho, e, no dia 2 de agosto, vamos fazer o acolhimento, com atividades de conscientização e treinamento da equipe. Estamos preparando o retorno gradativo, escalonado, porque devemos retornar com todos os cuidados. Não podemos retornar agora porque algumas escolas precisam de ajustes”, explica o secretário de Educação de Vitória da Conquista, Edgard Andrade. Os alunos que não voltarem à sala continuarão no ensino remoto. Todos os 1,4 mil professores tomaram a primeira dose da vacina.

Em Barra do Rocha, a data para o retorno é dia 8 de setembro, no Ensino Fundamental I e II. A Educação Infantil voltará em 20 de setembro.

“Estamos finalizando as adaptações das escolas, implantando as pias, as peças decorativas de prevenção ao covid e finalizando a marcação das cadeiras e salas, com o distanciamento”, informa o secretário de Educação, Elenilton Mendes.

O retorno semipresencial será facultativo. “Fizemos uma consulta pública e deixamos que o pai escolhesse pelo ensino remoto ou híbrido, para que ele não se sinta obrigado em mandar a criança na escola”, completa Mendes. A merenda e o transporte escolar estão garantidos. São 11 escolas na da rede municipal na cidade, com 1.980 alunos e 281 professores.

Em Piritiba, os preparativos estão na reta final e a expectativa é voltar dia 16 de agosto. Em Feira de Santana, o modelo híbrido deve começar dia 23 de agosto, enquanto as reformam são concluídas. Em Porto Seguro e Cruz das Almas, as escolas reabrem para os alunos dia 2 de agosto e 14 de agosto, respectivamente. A primeira semana, em Cruz das Almas, será para acolhimento. Em Teixeira de Freitas, o anúncio da data de retorno será feito pelo prefeito na próxima quarta-feira (28).

Procuradas, as prefeituras de Pedro Alexandre, Santo Antônio de Jesus, Itaberaba, Nova Soure e Simões Filho não responderam até o fechamento desta reportagem. O prefeito de Jequié e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Zé Cocá, também não respondeu, assim como a União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme-BA).

87 mil professores não tomaram nem a 1ª dose da vacina
Nem todos os profissionais da educação estão vacinados contra a covid-19. De acordo com o levantamento da Undime, apenas 208 prefeituras baianas concluíram a aplicação da primeira dose da vacina – menos da metade das cidades baianas.

Somente 58 aplicaram a segunda dose, o equivalente a 14% dos municípios do estado. Outras 307 nem iniciaram a aplicação da segunda dose do imunizante. Até este domingo (25), segundo o vacinômetro da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), esse número está em 87.348. Ou seja 26,2% deles ainda não estão nem parcialmente imunizados.

O total de vacinados da categoria com a primeira dose ou a Janssen (dose única) é de 246.844. Com a segunda dose, apenas 13.590. Isso significa que só 4% dos trabalhadores da categoria estão com o esquema de imunização completo contra o coronavírus.

Aulas semipresenciais na rede estadual voltam hoje (26)
O governador da Bahia, Rui Costa, determinmou o retorno das aulas semipresenciais na Bahia para hoje. A decisão vale para turmas do Ensino Médio, Ensino Profissionalizante e Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Para o Ensino Fundamental II, a volta está prevista para 9 de agosto.

A ocupação máxima deve ser de 50% de cada sala de aula. Cada turma de estudantes será dividida em duas - uma formada por alunos cujo nome próprio é iniciado pelas letras de “A” a “I” e a outra turma por alunos cujo nome próprio inicia por letras de “J” a “Z”. A unidade escolar poderá fazer o ajuste conforme a realidade de cada turma. Dessa forma, metade dos alunos participa das atividades de maneira presencial e a outra metade de maneira não presencial, em sistema de alternância diária e com igual carga horária.

A alternância ocorrerá entre os dias da semana e entre as semanas. Assim, na semana 1, metade da turma irá na segunda, quarta e sexta e a outra metade, terça, quinta e sábado. Na semana 2, os dias serão invertidos e quem foi na segunda, quarta e sexta-feira irá na terça, quinta e sábado, e o contrário. Relembre aqui todos os itens do protocolo.

Previsão de retorno das aulas semipresenciais na rede municipal da Bahia (Fonte: Undime-BA)

Julho - 10 cidades
Agosto - 58 cidades, como Vitória da Conquista, Piritiba, Feira de Santana, Porto seguro e Cruz das Almas
Setembro - 110 cidades, como Itaparica, Barra do Rocha e Santo Amaro
Outubro - 87 cidades, como Pau Brasil e Senhor do Bonfim
Novembro - 14 cidades
Dezembro - 4 cidades
Só em 2022 - 132 cidades

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O prefeito Bruno Reis anunciou nesta sexta-feira (23), em coletiva de imprensa, a data do retorno das aulas em Salvador. De acordo com o calendário apresentado, desta sexta até o dia 30, acontece a semana de visitação e acolhimento. Já no dia 3 de maio, começam as aulas semipresenciais.

No retorno, as escolas vão funcionar presencialmente de segunda a sexta. Os alunos da rede municipal vão frequentar as escolas em dias alternados: segunda, quarta e sexta em uma semana e, na semana seguinte, na terça e quinta. Esse rodízio vai garantir o cumprimento de carga horária igual para todos os alunos.

Nos dias em que não tiverem aulas presenciais, os alunos vão realizar atividades como aula online, aulas pela TV, estudos dirigidos e atividades impressas.

Os protocolos obrigatórios também foram divulgados. Tanto para as escolas públicas, quanto para as privadas, será exigido o uso de máscaras, acesso às instituições com controle de fluxos, organização de horários para evitar aglomerações no acesso entre outras coisas.

Quanto à semana de acolhimento, a prefeitura definiu que acontecerá exclusivamente para alunos matriculados e os alunos devem ser escalonados em grupos por dia. Além disso, todas as atividades devem garantir a execução do protocolo sanitário.

Ainda sem previsão para o retorno das aulas presenciais, as matrículas nas escolas particulares de Salvador e de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, tiveram, em média, queda de 70% para o ano letivo de 2021, em relação ao mesmo período de 2020. No caso da educação infantil, a situação “está catastrófica”, como define a gestora da Cresça e Apareça, Mariana Mongenroth. Segundo ela, nenhuma criança de 0 a 3 anos fez a matrícula na escola, que fica no Rio Vermelho.

Segundo o diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino da Bahia (Sinepe-BA), Jorge Tadeu Coelho, somente 15% dos alunos da educação infantil estão de fato matriculados para o ano letivo de 2021. Já o Grupo de Valorização da Educação (GVE), que representa mais de 60 unidades privadas de ensino na capital e RMS, estima que, em média, houve baixa de 30% nas matrículas de estudantes de todas as séries nos estabelecimentos que fazem parte da entidade.

“As matrículas diminuíram bastante, em média 30% menor do que no ano passado. E tem escola que não tem nem 10% dos alunos matriculados. A maioria consegue se recuperar pelos outros ciclos, mas estão tendo muita redução de turmas, o que gera um problema porque temos professores contratados, porém, não temos aluno na sala para pagar a conta”, afirma Wilson Abdon, porta-voz do GVE e diretor do Colégio Perfil e Escola Mais Perfil.

Abdon explica que, mesmo sem a definição do município e estado, as escolas já estão preparadas, com protocolos sanitários aplicados e calendário letivo definido. A maioria dará início às aulas entre 3 e 10 de fevereiro. Assim que ocorrer a liberação do ano letivo, pequenas adaptações serão realizadas.

“As escolas já prepararam mais de um modelo e calendário, tanto para o presencial, quanto para o remoto ou o híbrido. O que muda é a carga horária. Se começar 100% remoto, vamos diminuir a carga horária diária para reduzir a exposição às telas, principalmente na educação infantil, e, com isso, alargar o número de aulas”, explica.

A previsão é de que, inicialmente, as aulas retomem ainda na modalidade virtual e, aos poucos, o ensino seja híbrido. Isto é, com 50% das crianças em sala de aula e a outra metade acompanhando a mesma classe de casa. O GVE reforça que a escolha pela modalidade de ensino ficará a critério das famílias.

De acordo com Jorge Tadeu Coelho, o Sinepe-BA tenta convencer os governos estadual e municipal a liberaram que as séries da educação infantil voltem com 100% dos alunos em regime presencal. “Inicialmente, o governo não deve autorizar o ensino presencial todos os dias e seria com 50% dos alunos em todas as séries. Mas estamos tentando convencer o governo de que a educação infantil não precisaria desse rodízio, como se fez em outros países. Eles são os que se defendem melhor, pegam pouco e transmitem pouco [a covid-19]”, afirma Coelho.

Crise e demissões

A diminuição das matrículas tem afetado o quadro de funcionários de algumas escolas. Pela não obrigatoriedade das crianças menores de 4 anos estarem nas instituições de ensino, os pais preferem não inscrevê-las.

“Como não existe a obrigação legal, os pais estão esperando definição. Como não sabem ainda como vai funcionar, as matriculas da educação infantil estão na ordem de 15%. Dá pena. A situação é lamentável nas escolas de educação infantil”, conta o presidente do Sinepe.

Na Escola Tempo de Crescer, no Caminho das Árvores, por exemplo, houve somente 50% das matrículas, assim como na Escola Cresça e Apareça e na Escola Lápis de Cor, na Pituba. Ambas iniciam as aulas no dia 8 de fevereiro, de forma remota, se não for autorizado pelos governos o ensino híbrido ou presencial.

“Houve uma redução na chegada de alunos novos, recebemos visitas de famílias interessadas, mas que condicionam a efetivação da matrícula ao retorno das aulas presenciais”, conta a advogada Aline Pinto, diretora da Escola Lápis de Cor.

O mesmo acontece na Escola Tempo de Crescer. “Meu ensino fundamental está praticamente todo completo, porém, na educação infantil, perdemos muitas crianças e os pais estão receosos de matricular, porque crianças dessa faixa etária precisam de contato físico, precisam estar nas escolas para o desenvolvimento social, apoio emocional, acolhimento e ter a troca entre os colegas e com o professor”, diz Cinthia Garcia, diretora da unidade.

Por conta da redução de alunos, Cinthia teve de demitir 12 funcionários, entre professores e auxiliares. “É uma parte muito chata e que a gente não gosta, mas, nesse momento foi inevitável”, diz a gestora. A capacidade total da unidade é de 250 alunos.

Na Escola Cresça e Apareça, a evasão das crianças até 3 anos foi de 100% e também houve demissões, principalmente porque a medida provisória do governo federal, a 936, que permitia a redução de salários, acabou em dezembro do ano passado.

“As matrículas dos pequenos de 0 a 3 anos reduziu drasticamente, tanto é que a gente não tem nenhuma matricula. Temos uma lista enorme de pais que, no dia que retornarem as aulas presenciais, no dia seguinte eu matriculo, mas antes disso não”, revela a diretora Mariana Mongenroth. A maioria dos alunos é justamente os mais jovens. A escola atende bebês a partir de seis meses.

No Educandário Augusto Freitas, em Cajazeiras, a redução de alunos foi de 70%, diz o diretor Mário Sérgio. “A maior redução foi na educação infantil e primeiro ano. Mas, na expectativa de que com o início dos trabalhos, as matrículas melhorem”.

Em alguns colégios, a matrícula não teve grandes perdas. Foi o caso da Villa Global Education - Avenida Paralela e Litoral Norte -, que já têm 80% das matriculas.

Fator econômico

A recusa dos familiares em matricular crianças pequenas sem ter certeza de quando as aulas recomeçam é também por questões financeiras, diz Mariana Mongenroth. “A gente tem um perfil de família que matricula no tempo integral, que opta por não ter babá para colocar na escola integral. Todos dizem que querem continuar com a orientação, mesmo no remoto, estão muito satisfeitos com as soluções, mas é questão financeira mesmo, porque ou paga a escola ou paga alguém para ficar com as crianças”, explica a diretora da Cresça e Apareça.

Por conta da indefinição, a gestora teve que adaptar o contrato com as famílias esse ano, para prever todos os cenários possíveis em que a escola pudesse oferecer o serviço. “A gente colocou as opções para especificar tudo que pode acontecer”.

Para ela, a angústia é tripla – como mãe, educadora e empresária. “Sofro de múltiplas angústias. Como empresária, vejo meu CNPJ na UTI. Como mãe, me vejo desesperada por minhas filhas porque tenho família de outros estados e outros países e as crianças já começaram a ir para a escola, e, enquanto educadora, por saber o quão isso é prejudicial para a saúde das crianças”, avalia.

No colégio Nossa Senhora do Resgate, que tem unidades no Cabula, São Lázaro e Brotas, o receio maior ainda são os números da pandemia. “Estamos passando por um momento atípico. Na educação infantil, as escolas estão sofrendo muito porque os pais estão muito receosos em confirmar a matricula nesse período, enquanto não há vacina disponível para todos, enquanto os números de contaminação não passarem e quanto ao acesso da criança à tecnologia”, explica o direto geral Sérgio Pires.

Na Villa Global Education, a CEO Viviane Brito diz que entre as crianças de 0 e 3 anos, os pais ainda aguardam uma melhor definição da situação da pandemia para fechar a matrícula. “Temos matrículas para todas as séries. O ensino médio e fundamental, temos quase todos os alunos matriculados”, afirma.

A CEO do Villa explica que a espera se dá por vários fatores. “O ensino remoto é complicado para crianças pequenas porque depende dos adultos para acompanhar e as famílias já voltaram a trabalhar. A segunda questão é que as crianças estão precisando socializar".

Rede Municipal

A volta às aulas presenciais, segundo o secretário municipal de educação de Salvador, Marcelo Oliveira, deve ocorrer entre a segunda quinzena de fevereiro e 01 de março. “Nossa intenção é iniciar as aulas presenciais com a maior brevidade possível, com os professores fazendo o acompanhamento dos alunos. Temos ainda uma expectativa de início no final de fevereiro e início de março, se não houver evolução da curva de contágio e aumento da taxa de ocupação de leitos”, afirma.

O secretário estima que até a quarta-feira (27), o protocolo sanitário definido será publicado e, possivelmente, a data exata de retorno das aulas será divulgada. Segundo ele, só faltam ajustes entre o setor de saúde e o governo estadual.

O calendário do ano letivo de 2021 para a rede municipal também foi definido, porém, sem estabelecer a data de início. Se as aulas começaram depois de março, o secretário diz que o calendário invadirá 2022. Não haverá rematrícula dos alunos da rede que já estavam matriculados em 2020, porque a carga horária total não foi cumprida, ou seja, ainda é preciso finalizar o ano letivo de 2020. Se as aulas recomeçarem em março, as matrículas para 2021 devem acontecer em maio, pois, em abril, deve ter sido concluído o ano de 2020, de acordo com o secretário.

Dois anos em um

Marcelo Oliveira esclarece que foram elaborados dois protocolos: o físico, sobre as regras sanitárias e adaptação do espaço das escolas; e o pedagógico, com as especificidades do calendário. Entre elas está a inclusão de alguns sábados no ano letivo e as atividades remotas como obrigatórias. Em 2020, elas tinham função complementar.

“Como só aproveitamos 118 horas do ano de 2020, temos que somar com as 800 horas do ano letivo de 2021. Então vão ser mais de 200 dias letivos, o ensino remoto vai ser considerado atividade pedagógica e vai compor o calendário. Vamos incluir os sábados com atividades e, com isso, conseguimos vencer esses dois anos em um”.

As atividades remotas serão ampliadas para as outras séries com a criação de novos canais de televisão a fim de que o ensino seja híbrido e atenda a todos os alunos. A defesa do secretário é que as crianças do ensino infantil voltem 100% presencial. “Os estudos com base científica têm mostrado que o risco de contaminação de crianças abaixo de 10 anos entre si e delas para os adultos é muito baixo”, justifica.

Em relação ao protocolo físico, elaborado em conjunto com o governo estadual, Oliveira disse que as escolas municipais já estão adaptadas às exigências sanitárias e que a última inspeção foi feita na sexta-feira (22). As crianças farão o lanche nas salas de aula e o recreio será escalonado, tendo cada turma um horário diferente, com uma duração de 10 minutos. Só serão testados os alunos que apresentarem sintomas gripais.

Ao todo, são 163 mil alunos matriculados na rede municipal de ensino de Salvador e 8 mil professores, distribuídos em 433 escolas. Os chips de internet, disponibilizados pela prefeitura para os estudantes acompanharem as aulas napandemia, continuarão.

O secretário também ponderou que não é ideal esperar até que os profissionais de educação sejam vacinados para dar início às aulas. Ele ressalta que poderá não haver vacinas e a demora é prejudicial aos estudantes.

"A gente não conta com essa possibilidade e temos que nos preparar para voltar mesmo sem que haja vacina porque senão o prejuízo para os alunos seria irreparável, principalmente para aqueles da rede municipal de ensino, que atende principalmente crianças e jovens de famílias mais humildades e vulneráveis socialmente”, conclui.

Rede Estadual

A Secretaria de Educação do Estado da Bahia lembra que as aulas presenciais nas escolas públicas e particulares de todo o estado permanecem suspensas por decreto até 30 de janeiro de 2021. “A expectativa é de retorno assim que as taxas de contaminação da covid-19 diminuírem”, informou a secretaria, por meio de nota.

Os calendários letivos e os protocolos sanitários, de infraestrutura e pedagógicos já estão prontos, mas ainda não serão divulgados. A secretaria não deu estimativa de data de divulgação.
Ainda segundo a pasta, a proposta é “fazer uma recomposição mínima da carga horária, com plano de trabalho e diversas outras atividades, observando o que permite a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBDE)”. A secretaria comunicou ainda que as escolas estaduais estão adaptadas, com mais lavabos, dispensadores de álcool em gel e ventiladores, “para acolher a comunidade escolar com segurança”. A rede estadual de ensino possui 1.111 escolas, 671 anexos e 786.097 estudantes matriculados.

O formato do retorno das aulas presenciais na rede municipal de Salvador está definido: um modelo híbrido, formado por atividades nas escolas e por atividades remotas, com metade dos alunos se revezando entre a casa e a unidade de ensino em dias alternados. Para bater o martelo de uma data, é preciso existir um cenário de estabilidade ou queda dos casos de coronavírus na cidade e encerrar as negociações com integrantes do setor, como professores e pais. “A retomada das aulas presenciais tem que acontecer o mais rápido possível”, diz o secretário municipal da Educação, Marcelo Oliveira.

As escolas da rede municipal estão prontas para o retorno com protocolos sanitário e pedagógico para o momento, garante o secretário da educação. Dentre as medidas para reduzir os riscos do contágio pelo coronavírus, estão o uso de máscara, a higienização das mãos e dos ambientes, o distanciamento de 1,5m entre as pessoas e a presença de apenas metade dos alunos nas escolas em turnos e dias alternados.

“As escolas estão com a estrutura montada para o retorno. Temos, por exemplo, mais equipamentos para higienizar as mãos. Vai haver uma mudança na rotina, com lanches em salas de aula, o recreio em horários intercalados. Tomamos todas as medidas para garantir que o risco de um aluno ou funcionário se contaminar na escola não seja maior do que eles já estão expostos”, afirma o secretário. Para ele, o cenário nas instituições de ensino apresentará um menor perigo de contaminação se comparado com situações em casas onde não há uma preocupação correta com a pandemia.

Na retomada, a rede municipal de ensino não deve realizar a testagem de professores e alunos, mas vai controlar a temperatura na entrada das escolas. Em caso de sintomas gripais, os possíveis infectados serão afastados e monitorados pela secretarias de saúde e educação. Com o resultado positivo, há um protocolo a ser seguido pela instituição para evitar o espalhamento do vírus, garante Oliveira. As famílias podem optar por não aderirem ao retorno presencial.

O começo da retomada híbrida vai servir como um complemento das aulas remotas do ano letivo de 2020 na rede municipal. Caso o ensino presencial realmente comece em fevereiro, a estimativa do secretário é que a complementação termine em abril para, então, iniciar as atividades escolares programadas para 2021 em maio. As aulas devem continuar até o final de dezembro, em um cenário ideal, mas podem até invadir o mês de janeiro de 2022.

“As iniciativas do ensino remoto, atividades e acompanhamento à distância não substituem o trabalho presencial em sala de aula. Precisamos complementar as lacunas de conhecimento deixados em 2020. Nas primeiras semanas, vamos submeter as crianças a uma avaliação para ter o diagnóstico do patamar de aprendizado. Com isso, vamos cumprir o currículo essencial com os assuntos mais importantes para avançar para as séries seguintes”, afirma Oliveira. Com a complementação, a rede municipal deve adotar uma aprovação automática já que existirão esforços para garantir o aprendizado evitando, assim, a descontinuidade da progressão.

O secretário ressalta que a retomada é urgente para não consumir muito tempo que poderia ser utilizado para o ano letivo de 2021. Ele avalia que um atraso pode impactar as atividades de 2022, o que “comprometeria 3 anos” e pode afetar “uma geração de jovens que deixam de assimilar os conhecimentos fundamentais para progredir na vida escolar”.

A falta de uma vacinação em massa não atrapalha os planos, mas o secretário concorda que o melhor cenário é o de vacinação dos profissionais da educação. Como as crianças e adolescentes em idade escolar não estão, de forma geral, dentro do grupo de prioridade para a imunização, Oliveira diz que não é possível esperar a proteção para retomar as atividades presenciais.

Na última terça-feira (12), Bruno Reis demonstrou interesse em inserir os profissionais de educação na 1ª fase de vacinação contra o coronavírus em Salvador caso a cidade receba doses suficientes para tal. Atualmente, esses trabalhadores estão na quarta fase no plano de imunização municipal. A prefeitura soteropolitana garantiu, nesta quinta (14), estar pronta para iniciar a aplicação das vacinas na próxima quarta-feira (20), a partir das 10h, em conjunto com outras cidades do país, como prevê o Ministério da Saúde.

“A vacinação daria aos professores uma segurança maior, mas não contamos com isso, não podemos atrelar a decisão à vacinação. Se sabe que as crianças dificilmente transmitem o vírus e os professores estariam em uma sala com metade dos alunos”, aponta o secretário.

Retorno conjunto
Para o secretário de educação de Salvador, o ideal é que o retorno ocorra por volta do mês de fevereiro em todas as redes de educação (municipal, estadual e privada). Por isso, a pasta alinha o processo com o governo do estado e representantes do setor privado. Uma nova reunião entre os entes está marcada para a próxima segunda-feira (18).

“Precisamos contar com a vontade política pelas redes de ensino serem interligadas. Os alunos do município seguem para as escolas estaduais. É preciso sincronizar para uma rede não terminar o ano letivo antes da outra e não correr o risco de falta vaga para a progressão dos alunos. Parte dos professores também trabalham em ambos os sistemas”, explica Oliveira. A decisão também depende do posicionamento dos funcionários das escolas e dos responsáveis pelos alunos.

Oliveira relata que o protocolo de retomada de Salvador foi construído em parceria com o Governo do Estado, assim, deve ser aprovado pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) e posteriormente encaminhado para outros municípios baianos. O documento já foi validado pela pasta da saúde da capital da Bahia.

“As escolas particulares têm uma preocupação com o retorno e, pelas reuniões que nós tivemos, elas estão preparadas para isso. Há o mesmo anseio para uma retomada mais breve possível”, assegura Oliveira.

Segundo o Grupo de Valorização da Educação (GVE), composto por 60 escolas particulares de Salvador e Lauro de Freitas, e o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Bahia (Sinepe-BA) o sindicato marcou o retorno das aulas na rede privada para 3 de fevereiro - com ou sem o sistema híbrido. Entretanto, boa parte das escolas deve esperar até o dia 8 do próximo mês pelo indicativo de retomada com o formato semi-presencial na data. O desejo também é receber alunos e professores nas instituições para um acolhimento a partir de 4 de fevereiro.

No setor privado, a intenção também é uma retomada presencial híbrida com 50% dos estudantes se revezando em sala de aula. A volta é facultativa. O indicativo da prefeitura é um alento para os representantes das instituições particulares: “esperamos a reunião de segunda para saber o que é possível e ter uma resposta mais precisa. Até podemos tentar descolar a rede privada da pública por possuírem situações bem diferentes”, afirma Viviane Brito, diretora do colégio vilas e integrante do GVE, durante live do grupo e do Sinepe-Ba para debater a situação das aulas presenciais.

Em resposta ao CORREIO, a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC) informa estar com os protocolos sanitários, de infraestrutura e pedagógico prontos para a retomada das aulas. A pasta ressalta ainda que as aulas presenciais nas escolas públicas e particulares de toda a Bahia permanecem suspensas por decreto governamental nº 19.529/2020 até o dia 15 de janeiro de 2021.

“A SEC adaptou as escolas estaduais com infraestrutura adequada, e itens como mais lavabos, dispensadores de álcool em gel e ventiladores, para acolher a comunidade escolar com segurança. Os profissionais de Educação estão entre os grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19”, afirma a pasta.

A secretaria pontua que os calendários referentes à retomada do ano letivo 2020 e às novas matrículas 2021 ainda serão divulgados. Sobre o período de retorno, a resposta é que este deve acontecer assim que as taxas de contaminação da COVID-19 diminuírem.

“Para recuperar o ano letivo 2020 em 2021, a proposta é fazer uma recomposição mínima da carga horária, com plano de trabalho e diversas outras atividades, observando o que permite a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)”, complementa a SEC.

Alunos
Além das perdas educacionais, ainda existem os impactos psicológicos das aulas remotas. O secretário de educação de Salvador ressalta que pesquisas apontam a ocorrência de tristeza e até estresse pós-traumático entre os estudantes. As entidades particulares também apontam as consequências da falta de convívio com os colegas como um dos pontos fundamentais em prol do retorno dos encontros presenciais.

“Estamos levando a questão da saúde mental em conta na elaboração do protocolo pedagógico. Antes de avaliar o que será aproveitado de 2020, vamos acolher os estudantes logo no começo desse processo de retorno. O psicológico é uma prioridade”, garante Oliveira.

A diretora do GVE, Rosa Silvany, ressalta que as crianças e os jovens precisam do diálogo com os seus para seu desenvolvimento e a falta desse contato traz um entristecimento. “As crianças pequenas desenvolvem mais repertório de linguagem no contato com outras da mesma faixa. Também é nesse momento que se aprende os valores, o que acontece em cada etapa”, aponta.

Durante a live desta quinta, os representantes das escolas particulares também expressaram a preocupação com o aprendizado e cuidado que os estudantes têm recebido, pois parte dos pais voltaram a trabalhar.

“Nós sabemos as lacunas que ficarão com as crianças que deixaram de desenvolver a humanidade relacional já que é com o igual que se aprende certas coisas. Não aprende a ser solidário com o computador”, afirma o diretor do Sinepe-Ba, Jorge Tadeu, ao pontuar que alguns pais não têm matriculado seus filhos no ensino infantil pela incerteza sobre o modelo para 2021. Ainda há o receio de que as escolas fechem pela falta de matrículas para 2021. Segundo Tadeu, esse já foi o destino de 20 instituições de ensino da grande Salvador.

Com os pais fora de casa, os estudantes, especialmente os mais jovens, acabam tendo que ser olhados por outras pessoas, que tentam substituir o papel da creche ou da escola, relatam os integrantes dos grupos das instituições privadas.

“Existem casos em que há a contratação de um recreador ou um professor para dar aula. Outras crianças são levadas para cuidadoras que se dividem entre vários pequenos. Essas pessoas estão sem um projeto e um planejamento curricular”, afirma Rosa. Ela aponta que mesmo no ensino remoto não há uma absorção plena do conteúdo.

O questionamento do grupo das escolas particulares é porque outros setores já voltaram a funcionar, inclusive com a visitação de crianças e adolescentes, enquanto permanece a indecisão sobre as aulas presenciais. A solicitação é de mais informações para que seja possível definir a retomada.

“Desde o ano passado, procuramos as autoridades solicitando uma manifestação sobre os dos protocolos e parâmetros da retomada. Precisamos de uma previsão para se preparar. O estado não está se posicionando com clareza a respeito dos protocolos ou de uma data. Não temos um parâmetro claro”, critica o diretor do GVE Antônio Jorge Diretor do GVE.

A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), Cíntia Guanaes, integrante do Grupo de Atuação Especial de Defesa da Educação (GEDUC), alerta que é preciso ter cautela na decisão sobre a retomada das aulas pela complexidade da situação. Durante a live, a promotora enfatizou que a educação têm sofrido prejuízos pela pandemia.

“Esse momento mostra que o fato social das escolas e o aprendizado da escola é importante. Isso não é apenas estar lá com o professor e jamais pode ser substituído por um tipo de tecnologia. Pode haver uma mescla, mas o desenvolver na escola e professor que não olhar para o aluno em um quadrado é importante. Existe um aspecto humano e social da escolas”, afirma a promotora.

O MP-BA acompanha a preparação da retomada da oferta de ensino presencial na Bahia e em Salvador. Na quarta (13), o Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Coronavírus (GT Coronavírus) do MP encaminhou ofícios à SEC e à Sesab solicitando o envio de informações que ficaram pendentes na apresentação dos planos ação sanitário e pedagógico realizada durante a reunião na terça (12). Um encontro com a Prefeitura de Salvador também está marcado.

“Existe um inquérito civil público [sobre a retomada das aulas] e temos que ter uma solução final. A partir das informações do estado e município, vamos avaliar e entender se as nossas questões foram esclarecidas. A partir disso podemos arquivar o inquérito se for solucionado, podemos fazer uma recomendação e, se a recomendação não for cumprida, há a possibilidade de judicialização. Não podemos judicializar pela falta de uma data da retomada, mas podemos por não haver premissas claras para isso no documento solicitado. Premissas que tem que ser cumpridas”, explica Guanaes.

Cidades do interior
As aulas híbridas com 50% dos alunos em sala em dias alternados começarão em 1º de fevereiro em Barreiras, no oeste da Bahia. Até 30 de janeiro, as atividades escolares são remotas. O retorno parcial foi autorizado pelo Comitê de Operações e Emergência em Saúde (COE).

De acordo com a prefeitura de Barreiras, todos os profissionais da educação serão testados antes dos retorno das aulas e as secretarias de Saúde e Educação seguirão mapeando o quadro epidemiológico na cidade após a retomada.

As instituições de ensino são adequadas para receber os alunos durante a pandemia. Segundo a prefeitura, ainda é preciso concluir o ano letivo de 2020 na rede municipal da cidade.


Escolas de Barrreiras são adaptadas para receber alunos (Foto: Divulgação/Prefeitura de Barreiras)
De acordo com a secretária municipal de educação da cidade, Cátia Alencar, todos os protocolos de segurança foram estabelecidos com base no Plano Geral de Retomada das Aulas, validado no COE; respeitando, inclusive, as restrições para os grupos de risco.

“Os estudantes matriculados em período integral poderão mediante, decisão da gestão e Conselho Escolar, adotar a frequência de 50% dos alunos em cada um dos turnos. Já os alunos da Educação Especial retornarão frequentando apenas a Sala de Recursos Multifuncionais e retornando à frequência da sala regular somente quando autorizado pela família. As turmas da EJA devem substituir as aulas de sábado por atividades à distância”, explica a secretária.

Juazeiro
Em Juazeiro, no norte do estado, o ano letivo de 2021 começa em 8 de março de forma remota. Os alunos terão aulas síncronas, quando a atividade acontece em tempo real, e assíncronas, com lições gravadas. Na cidade, a educação presencial só será retomada com a vacinação contra o coronavírus. O portal de acesso às aulas virtuais continuará sendo usado no contraturno mesmo com as aulas presenciais.

A matrícula dos novos alunos da rede municipal de ensino para 2021 acontecerá de 25 de janeiro a 6 de fevereiro, por meio de link que será disponibilizado no site da Prefeitura. Já a renovação das matrículas é automática.

A rede atende 35.631 estudantes da Educação Infantil, Pré escola, Ensino Fundamental I e II, e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Segundo a Secretaria de Educação e Juventude, o município possui 134 unidades escolares entre a área urbana e rural e 1.227 professores efetivos.

Outubro é o mês em que, tradicionalmente, começa a temporada de matrículas escolares, quando mães e pais renovam a inscrição de seus filhos ou saem em busca de novas escolas. Neste ano, mesmo sem definição de quando haverá o retorno das aulas presenciais, muitas instituições de ensino de Salvador e Lauro de Freitas já começaram a matricular os alunos para 2021, prioritariamente de forma online, enquanto fazem os últimos ajustes dos protocolos sanitários para o ano que vem.

A gestão municipal já definiu o modelo de retorno das aulas – faculdades primeiro, escolas depois. A expectativa de alguns gestores de escolas ouvidos pela reportagem é de que as atividades presenciais retornem em novembro. Contudo, tudo depende do aval da prefeitura e do governo do estado. Até lá, a maioria das instituições de ensino se preparam para os dois cenários: a manutenção do ensino remoto ou o presencial - com certas limitações - e também apostam no ensino híbrido, mesclando as duas modalidades.

A rede do Colégio Nossa Senhora do Resgate, que fica nos bairros de Brotas, Cabula e São Lázaro, e o colégio Montessoriano, na Boca do Rio, estão renovando primeiramente as matrículas para os alunos que são da casa. A estrutura das escolas já foi adaptada com dispensers de álcool em gel, sinalizações para manter o distanciamento mínimo de 1,5m e tapetes sanitizantes. Mesmo com a liberação dos governos, eles pretendem manter algumas atividades remotas.

“Estamos nos preparando para os dois modelos: híbrido, transmitindo as aulas simultaneamente, ou presencial. A maioria das famílias quer que seja mantido o ensino remoto, mas nós temos que oferecer as duas opções, com o ok dos governos”, disse o diretor geral dos Colégios Nossa Senhora do Resgate, Sérgio Pires. Ele informou ainda que a equipe de professores está passando por um treinamento para se adaptar a esse novo formato.

São mais de 2 mil alunos nas três unidades, que atendem da educação infantil até o ensino médio. Pires disse ainda que a escola “está com saudade do aluno” e não vê a hora de recebê-los novamente. “Quem dá vida à escola é o aluno, sem eles, vira um prédio morto”, desabafa.

No Montessoriano, a expectativa é que as aulas continuem no online, pelo menos até o final do ano. Segundo a diretora da escola, Lúcia Matos, foi feita uma pesquisa com as 950 famílias dos estudantes e apenas 14% dentre os 580 que responderam desejam o retorno das aulas presenciais em 2020.

“É um público bem restrito, a gente pensa que seria melhor a manutenção. Mas se tiver demanda para fazer o ensino híbrido, não seria problema e nenhuma família ficará sem atendimento”, explicou Matos. A rematrícula está aberta de 14 de outubro a 30 de novembro, com descontos para quem pagar as primeiras parcelas adiantadas. Os valores das mensalidades não foram ajustados para o ano que vem. Bebedouros com acionamento de pedal foram instalados e as salas de aula estão com as mesas mais espaçadas.

Não querer o ensino presencial é o posicionamento da maioria dos pais de alunos de escolas particulares de Salvador e Lauro de Freitas, de acordo com uma pesquisa feita pelo Grupo de Valorização da Educação (GVE), que reúne mais de 60 instituições de ensino nas duas cidades. “O índice de retorno era muito baixo, cerca de 30%. Ele tem aumentado em torno de 15%, mas a maioria prefere não retornar. Mas a decisão não é nossa, é do governo, e só podemos voltar com a maior segurança possível”, disse o porta-voz do GVE e diretor do grupo Perfil, Wilson Abdon.

Apesar da maioria das matrículas estarem sendo de forma virtual, o atendimento presencial, por hora marcada, já é possível em Lauro de Freitas é possível desde a semana passada. A expectativa, se o ensino for híbrido, é que cada escola adote um modelo diferente, com um escalonamento gradativo, isto é, 50% dos alunos irão à escola num primeiro momento, depois 70%, até se chegar ao contingente total.

O Colégio Educacional Maria José, em Pernambués, não deu detalhes sobre o planejamento, que já está pronto, mas informou que as matrículas serão abertas a partir deste mês. Já o Colégio Nossa Senhora Conceição, em Brotas, não definiu valores para o próximo ano letivo, pois espera as diretrizes do Conselho Estadual de Educação. O mais provável é a hibridização do ensino. Na Escola Ribeiro de Araújo, na Plataforma, os gestores aguardam um posicionamento da prefeitura junto ao Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia) para poder iniciar o processo de matrículas.

Protocolos
Sem bebedouro compartilhado, sem o baba no intervalo, sem todos os alunos na sala. Com entradas diferentes, câmeras na sala. Essa deve ser a nova realidade na maior parte das escolas particulares para 2021. “Todas as rotinas foram revisitadas”, contou Viviane Brito, CEO do Villa Campus de Educação, na Avenida Paralela. O infectologista Roberto Badaró, que também é diretor do Hospital Espanhol, unidade de saúde exclusiva para atender doentes da covid-19, assessorou a elaboração do protocolo da escola.

Lá, houve marcações no chão para relembrar o distanciamento de um metro e meio entre as pessoas, potes de álcool em gel foram fixados no chão e lavatórios distribuídos e máscaras serão obrigatórias. Mas as mudanças se estendem a toda rotina no próximo ano. O ensino também tende a ser híbrido e haverá rodízio entre os alunos para respeitar o distanciamento – uns irão terça e quinta e outros segunda e quarta, depende da quantidade da turma.

Todos os alunos ficarão, pelo menos uma vez por semana, na escola. As salas também foram equipadas com câmera, caixas de som e microfone para que, de casa, os alunos possam acompanhar as aulas. “O que a gente acredita é que muitas famílias vão voltar, mas outras vão esperar até a vacina chegar”, disse Viviane, que diz que a escola está pronta para o retorno a qualquer momento.

Nem todos os pais decidiram quanto ao futuro escolar dos filhos - principalmente se os filhos retornarão, em 2021, sem uma vacina. O administrador André Lima, 41, ainda tem dúvidas quanto a deixar, ou não, as duas filhas, alunas de um colégio particular, voltarem às atividades presenciais. "Acho que vamos esperar um pouco antes do retorno total. Ver como será o comportamento, como será na prática, até lá continua como estão, estudando de casa", opinou.

As rotinas
Os protocolos foram criados pelas próprias escolas, com orientação de infectologistas e com base em recomendações científicas internacionais, mas pode passar por alterações de acordo com o determinado pela prefeitura e pelo Governo do Estado da Bahia. O plano mostrado pelo CORREIO, no sábado, estabelece redução no número de alunos por cada turma e escalonamento de horários e escolas, como já previam as instituições em seus respectivos estudos para a retomada.

A ideia, segundo detalhou Bruno Barral, secretário municipal de Educação, é que, quando reabrirem as escolas, primeiro sejam liberadas as unidades do Ensino Médio, depois o Ensino Fundamental e, por último, a Educação Infantil – provavelmente a partir de 2021. “No início do próximo ano letivo, os pais ainda assim vão poder escolher se vão ou não para o presencial. Nossa ocupação deve ser em torno de 15 crianças por sala”, acredita Márcia Schwartz, diretora da Acbeu Maple Bear Canadian School.

As aulas serão gravadas e os alunos poderão assistir, ao vivo, em casa. Tudo que não é lavável será evitado e o digital será sempre a primeira escolha. A biblioteca ficará fechada, justamente por isso. Os professores, coordenadores e diretores sabem que o retorno deve ser acompanhado de um acompanhamento muito próximo dos alunos, que precisarão, na verdade, se readaptar a antiga rotina, mas de uma nova forma.

“A gente planejou também o acolhimento com equipe de psicologia, já estamos passando para treinar em casa, dia a dia, é uma nova rotina, uma nova maneira de viver”, complementou.

As aulas de educação física, por exemplo, foram reformuladas, e os encontros em grupos – para jogos na quadra, durante o intervalo, por exemplo – serão proibidos. O professor, diretor operacional da DOM e consultor da Unesco para alfabetização, Tony Lima, diz que as atividades serão transformadas, mas continuarão existindo.

“Estamos tentando entender como se faz isso, porque boa parte das experiências vem pelo contato e a educação física, além de ser indicada a saúde, também traz isso”. Os bebedouros coletivos também serão banidos. “É um possível espaço aglutinador de contaminação”, explicou Tony.

O ensino híbrido ainda não é regulamentado pelo Ministério da Educação, apenas em cursos técnicos, mas os gestores acreditam que é possível haver uma mudança nesse sentido. No caso das três escolas – Villa, Maple Bear e DOM – será possível escolher a modalidade de ensino. As mudanças devem valer para os futuros cuidados com a higiene, mesmo com uma possível vacina no horizonte. “Eu acho que isso é algo que veio para ficar, que se tiver resfriado, qualquer coisa, os pais avisem”, concluiu Tony.

Conselho Estadual de Educação aconselha se preparar para os dois cenários
O presidente do Conselho Estadual de Educação, Paulo Gabriel Nacif, explicou que as escolas têm autonomia para manter as atividades remotas. “Enquanto perdurar a pandemia, nós temos uma resolução que determina que a escola pode adotar o modelo remoto. Nada impede que a matrícula para o ano que vem adote os mesmo moldes”, afirmou.

A resolução, publicada em março, estabeleceu uma flexibilização do cumprimento dos 200 dias letivos para as escolas. Para este ano, é necessário apenas cumprir a obrigação das 800 horas. O presidente disse que vai avaliar com o conselho nacional como será a configuração das aulas para o ano que vem, mas que incentiva que as escolas já comecem a se planejar com as famílias dos alunos. “A gente incentiva que esse processo seja o mais regular possível e que as escolas se preparem para os dois cenários. É muito provável que o primeiro semestre ocorra com mais atividades remotas e híbridas, mais do que as presenciais”, prevê Nacif.

Publicado em Bahia

O período de testagens da comunidade escolar do Subúrbio Ferroviário de Salvador termina na próxima sexta-feira (25). Desde 31 de agosto o governo do estado tem aplicado testes RT-PCR em estudantes, professores e funcionários das unidades de ensino. A meta é finalizar a ação com mais de 30 mil testes nas 28 escolas da região.

“Nós fizemos a testagem com dois objetivos: um é para a gente compreender o comportamento da Covid-19 na nossa rede e começamos no primeiro bloco, há quatro meses, em Itajuípe, Uruçuca e Ipiaú; depois Ilhéus, Itabuna e Jequié. E agora pegamos Salvador, em uma região grande e popular. Os dados vão nos ajudar na tomada de decisão sobre o retorno do ano letivo, mesmo que ainda não tenhamos data definida. E o outro objetivo é cuidar, zelar pela nossa comunidade escolar e, consequentemente, de suas famílias, inclusive para que tenham o devido acompanhamento nos casos positivos”, explicou o secretário da Educação do estado, Jerônimo Rodrigues.

Nesta quarta-feira (23), a testagem segue nos Colégios Estaduais Lindenbergue Cardoso, em Praia Grande, e Monteiro Lobato, em Fazenda Coutos. A própria comunidade escolar das unidades foi atendida.

De acordo com a Secretaria da Educação (SEC), as testagens são feitas em parceria com a Secretaria da Saúde (Sesab), e todas as unidades foram preparadas com higienização do local e disponibilização de álcool em gel e pias com sabão para lavagem das mãos. Também foi exigido uso de equipamentos de proteção individual (EPI).

Com as aulas suspensas desde 18 de março, as escolas particulares buscam respostas sobre o retorno das atividades presenciais. Em carta aberta endereçada ao governador Rui Costa e ao prefeito ACM Neto, o Grupo de Valorização da Educação (GVE) quer saber sobre a previsão de volta às aulas.

Porta-voz do grupo e diretor do Perfil, Wilson Abdon explica que a carta tem como objetivo conseguir respostas dos gestores sobre a retomada das aulas para que, assim, seja possível se preparar da melhor forma para este momento. “Não estamos pressionando para o retorno, mas queremos saber se existe uma data. É necessário existir uma programação para que esse momento ocorra da forma mais segura possível. Para isso, as escolas têm que treinar professores, por exemplo”, afirma o representante, que acredita que os posicionamentos sobre o assunto ainda são vagos.

Na carta, o GVE informa possuir “a assessoria de equipes médicas de infectologistas e profissionais habilitados, contratados para, através de uma preparação implementada, seguir os protocolos de proteção necessários à coexistência da preservação da saúde e abertura das escolas”.

A carta ainda questiona sobre quais serão os protocolos de volta às aulas, que ainda não foram divulgados pelas autoridades estaduais e municipais. O desejo é que se possa construir as ações de retomada em conjunto.

“A ideia é que possamos retornar este ano de forma gradual para ter o acolhimento dos alunos e das famílias. Entretanto, temos que ter um prazo para nos reorganizarmos e estamos provocando uma resposta para que possamos entrar no debate e contribuir”, afirma o representante.

Uma das possibilidades imaginadas pelo GVE é a retomada gradual em 2020, com 30% dos estudantes nas escolas e o restante acompanhando de casa. Com isso, haveria condições de receber uma maior quantidade - ou até mesmo todos - os estudantes presencialmente em 2021.

Pai de Pedro, 6 anos, o perito Marcos Lima, 35, afirma que a retomada gradual pode ser uma boa alternativa. “Algo não impositivo pode ser interessante. Acho que é um bom começo para as famílias que têm a necessidade de ter seu filho presencialmente na escola. As peculiaridades de cada situação devem ser levadas em conta”, comenta.

Além da questão organizacional, a carta cita que “a subtração da interação presente no ambiente escolar tem acarretado prejuízos também de ordem emocional e sido objeto de alerta em inúmeros artigos publicados em revistas de cunho científico em todo o mundo, principalmente no que se refere aos estudantes de mais tenra idade”.

O decreto estadual que suspende as atividades escolares na Bahia vale até o dia 27 deste mês. Em agosto, o governador Rui Costa disse que ainda não havia uma data definida. Diversas escolas na capital e no interior passam por testes contra a covid-19. Em Salvador, o prefeito ACM Neto afirmou, na última quinta-feira, que a expectativa dele é para um retorno ainda este ano, mesmo que parcialmente.

Confira a carta na íntegra:

A pandemia desencadeada no início deste ano impactou toda a humanidade, todos os setores produtivos e todo o tecido social. Desde o dia 18 de março, data da suspensão das aulas presenciais das redes pública e privada de ensino de Salvador e de outras cidades do Estado da Bahia, em razão da pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), o setor de Educação vem sofrendo com as sucessivas medidas de prorrogação do fechamento das escolas, sem que haja qualquer comunicação de previsão para o retorno das atividades presenciais.

É visível que essa indefinição cria inúmeros obstáculos à reorganização da vida das famílias, dos colaboradores e dos funcionários, que dependem do funcionamento das escolas para darem continuidade às suas atribuições e ao pleno exercício de seus respectivos papéis sociais. Além disso, a subtração da interação presente no ambiente escolar tem acarretado prejuízos também de ordem emocional e sido objeto de alerta em inúmeros artigos publicados em revistas de cunho científico em todo o mundo, principalmente no que se refere aos estudantes de mais tenra idade.

Sem dúvida, o isolamento social como medida de segurança recomendada pela Organização Mundial da Saúde estabeleceu importante marco para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19) e se revelou eficaz, contudo, atentos à importância da EDUCAÇÃO para a sociedade, nós, gestores de escolas particulares de Salvador e de outros municípios do Estado da Bahia, precisamos revelar nossa preocupação e inquietação diante da falta de informações e diretrizes quanto ao retorno às aulas presenciais.

Através da mídia, temos tomado conhecimento de notícias que pedem, pela importância e valor, um pronunciamento que possibilite nos prepararmos e respondermos à comunidade escolar. Assim, solicitamos que nos esclareçam quanto aos seguintes pontos:

– quando, como e de que forma está previsto o retorno às aulas presenciais dos diversos segmentos de escolaridade – Educação Infantil, Fundamental I e II e Ensino Médio;

– uma vez estabelecido um modelo com diretrizes para o retorno, quais são os fundamentos em que se baseiam essa escolha;

– qual o prazo que as escolas terão para se prepararem para esse retorno, já que o setor da educação tem especificidades que não podem ser subestimadas , pois é preciso considerar a responsabilidade de acolhimento às crianças e aos jovens ,treinando nossos professores e colaboradores para mais esta etapa

De nossa parte, temos hoje a assessoria de equipes médicas de infectologistas e profissionais habilitados, contratados para, através de uma preparação implementada, seguir os protocolos de proteção necessários à coexistência da preservação da saúde e abertura das escolas.

Em tempo, reiteramos a nossa confiança e reconhecimento tanto em relação à seriedade, quanto ao empenho empregado pelos governos estadual e municipal para mitigar as dificuldades, somar esforços e estabelecer uma ação conjunta de preservação e cuidado com a saúde.

Certos da atenção de Vossas Excelências à necessidade de orientação às escolas e atenção para com o Sistema Educacional, aguardamos pronunciamento.

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