A alta de 19,12% na passagem aérea foi responsável por metade de toda a inflação no País em novembro. O item contribuiu com 0,14 ponto porcentual para a taxa de 0,28% apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por outro lado, a queda de 1,69% na gasolina ajudou a segurar a inflação no mês, subitem de maior impacto negativo, -0,09 ponto porcentual.

Os combustíveis ficaram 1,58% mais baratos em novembro. Além da gasolina, o etanol recuou 1,86%. Já o óleo diesel teve alta de 0,87%, e o gás veicular aumentou 0,05%.

Ainda em Transportes, o táxi subiu 2,22%, devido aos reajustes de 6,67% em São Paulo a partir de 28 de outubro e de 20,84% em Porto Alegre em 9 de outubro.

A gratuidade nos transportes metropolitanos concedida à população de São Paulo nos dias das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 5 e 11 de novembro, levou a uma redução de 6,45% nos subitens trem, metrô, ônibus urbano e integração de transporte público.

"Em Salvador houve alta nos subitens ônibus urbano (3,52%) e integração transporte público (2,59%), em função do reajuste de 6,12% nas passagens, a partir de 13 de novembro", ponderou o IBGE.

Os gastos das famílias com Transportes passaram de um aumento de 0,35% em outubro para elevação de 0,27% em novembro. O grupo contribuiu com 0,06 ponto porcentual para a taxa de 0,28% registrada pelo IPCA de novembro.

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Escolher fazer faculdade em um estado diferente do qual nasceu fez com que Gabriel Valadares, 20, passasse a percorrer o trecho Salvador e João Pessoa (PB) cerca de seis vezes ao ano. Se há dois anos ele conseguia comprar passagens aéreas de ida e volta por cerca de R$400, agora o mesmo valor só é suficiente para uma das duas. Isso porque nos últimos 12 meses finalizados em agosto, o valor dos bilhetes mais do que dobrou em Salvador e Região Metropolitana.

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a variação já acumula alta de 105% na região. O índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a inflação oficial do país, aponta ainda que entre janeiro e agosto deste ano, houve uma diminuição discreta no preço das passagens de - 1,83%. Mas só esses oito meses não são o suficiente para retratar o cenário mais amplo, que é de alta considerável.

As maiores altas durante o último ano foram registradas em outubro (43%) e setembro (39%) do ano passado. Para tentar driblar o preço nas alturas, vale de tudo: parcelamentos no cartão de crédito, procurar passagens de madrugada, usar sites de busca e ficar atento às promoções são algumas das estratégias que podem ajudar (confira mais dicas abaixo).

Com parentes e amigos morando na Bahia, Gabriel Valadares se acostumou a garimpar quando o assunto é comprar bilhetes na internet. Mesmo assim, os aumentos pesaram no bolso do estudante de Engenharia Elétrica, que viajou a última vez de João Pessoa para Salvador pagando R$400 somente na passagem de ida.

“Ao meu ver, os preços das passagens subiram, desde o começo do ano, mas de 2 meses pra cá tiveram outro aumento”, diz.

Gabriel compartilha algumas dicas que costumam funcionar quando o assunto é economia. “Geralmente procuro em sites que juntam as melhores ofertas de várias empresas diferentes. Procurar passagens durante a madrugada pode reduzir os preços porque podem surgir promoções nesse horário. Também gosto de olhar sites de milhas aéreas”, afirma. As plataformas que mais utilizam são o Skyscanner e o Decolar. Segundo o IBGE, as passagens tiveram queda de 17% no preço em agosto na Região Metropolitana de Salvador.

Rogério Menezes também sente no cotidiano a inflação acelerada. Ele trabalha em um escritório com sede na capital baiana que cuida da carreira de grupos musicais e é o responsável direto pela aquisição de passagens para os músicos viajarem há nove anos. O empresário revela que com a alta, bandas têm deixado de fazer shows em outros estados, mesmo quando os cachês são altos.

"Hoje em dia a gente deixa de fazer shows por causa do valor de passagens, porque não viabiliza. Mesmo sendo bandas grandes, com cachês relevantes. Você não consegue pagar para chegar na cidade. E eu estou falando de voos entre capitais", conta

Depois da pausa de mais de 20 meses por conta da pandemia, os artistas precisam arcar com logísticas mais caras para retornar aos palcos. “As passagens ficavam um pouco mais caras, ano a ano, mas sempre mantendo uma média. O salto dessa pré-pandemia para esse pós foi muito alto", desabafa. Rogério conta que a única forma de tentar economizar é fazer as compras com antecedência e planejamento.

Já o analista de relacionamento digital Gilberto Amorim, 25, explica que perder algumas noites de sono pode fazer com que apareçam oportunidades tentadoras. “Pesquiso passagens aéreas em horários alternados, o meu período preferido para fazer as buscas é a madrugada. Já consegui mais de 20% de desconto em algumas ocasiões”, relembra.

Razões para o aumento
Para a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, pelo menos dois fatores explicam o aumento de mais de 100% em 12 meses nas passagens aéreas: demanda aquecida e aumento dos combustíveis.

“Apesar da Bahia estar com uma alta acumulada maior do que o Brasil, o que acontece nacionalmente é parecido. Primeiro, tivemos um momento de retomada dos voos depois de um tempo parado por conta da pandemia e a demanda aquecida ainda se mantém, o que favorece o aumento de preços. Por outro lado, tem o aumento do querosene de aviação”, explica.

Mariana Viveiros lembra que o aumento não é isolado e que outros países também enfrentam a mesma situação. “O movimento de aceleração de preços puxado por esses dois fatores é generalizado em diversos países e não só no Brasil”, acrescenta.

“O aumento do custo operacional é o principal fator que influencia no preço das passagens. O valor dos combustíveis interfere, além do aumento de salários e o próprio processo inflacionário como um todo. Além do efeito demanda, à medida em que a pandemia foi arrefecendo”, explica o economista Edísio Freire.

Movimentação do aeroporto se iguala à antes da pandemia

“Ducha de água fria” é como o presidente da Associação Brasileira de Viagens (Abav), seção Bahia, Jean Paul, caracteriza a alta dos preços. Mas, mesmo com pacotes de viagens custando mais caro, turistas da Bahia e de fora não estão deixando os planos de lado e seguem movimentando os terminais do país.

De fato, o aeroporto da capital registrou a passagem de 1,5 milhão de passageiros entre abril e junho deste ano. O movimento do Salvador Bahia Airport é igual ao do mesmo período de 2019, ou seja, antes da pandemia. Em relação ao ano passado, quando as medidas de isolamento social estavam mais restritivas, houve incremento de 78% no número de viajantes. Hoje, nove rotas a mais estão disponíveis, entre os destinos estão Buenos Aires e Morro de São Paulo.

“O aumento das passagens aéreas foi uma ducha de água fria para quem queria viajar. Os clientes sentiram essa bomba, mas não deixaram de viajar, principalmente porque existe a facilidade de parcelar", diz Jean Paul.

Nos seis primeiros meses do ano, o Salvador Bahia Airport foi o oitavo aeroporto por onde mais circularam passageiros no país. Ao todo, mais de 3,2 milhões de pessoas embarcaram e desembarcaram, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No aeroporto mais movimentado do país, Guarulhos (SP), foram mais de 15 milhões.

Pacotes de turismo ficam mais caros

Com os valores dos bilhetes mais caros, os pacotes de viagens dos turistas também são impactados, como esclarece Luiz Augusto Leão, agente de viagens da operadora Shalom. "Com essa realidade das companhias aéreas e esses preços absurdos, temos encontrado muita dificuldades porque isso impacta nos valores dos roteiros", diz.

Segundo Luiz, viagens de Salvador para São Paulo costumavam custar entre R$500 e R$600, agora chegam a marca de R$1.200, o dobro.

"Para fazer hoje turismo interno no Brasil com os valores negociados pelas companhias, cada pacote fica com o custo de viagens internacionais", acrescenta.

Para o agente de viagens, este momento acaba representando uma oportunidade para que mais pessoas optem por fazer os trajetos de ônibus e não mais de avião, como tentativa de economizar. "O mercado precisa ter criatividade. Com o aumento das passagens aéreas, temos que recorrer ao turismo rodoviário também. Mas as pessoas se acostumaram tanto com a facilidade das aeronaves, que temos que recorrer a roteiros não muito extensos", explica. Vale do São Francisco, Paulo Afonso, Alagoas e Itacaré são algumas opções de destinos mais procurados, segundo Luiz Augusto.

Inflação desestabiliza estratégias antigas

A paixão da engenheira Maíra Patrício, 36, por viagens é antiga. Antes dos influenciadores tomarem conta das redes sociais, a curitibana reunia dicas de destinos em e-mails que enviava para os amigos próximos. Só em 2014, Maíra resolveu criar o blog Aos Viajantes, que começou a ganhar visibilidade com a Olímpiadas no Rio de Janeiro, dois anos depois.

Quando foi demitida do antigo emprego, em 2015, Maíra começou a investir no site e em cursos sobre a matemática por trás das vendas de passagens aéreas. Em seu blog, disponibiliza um minicurso gratuito de como comprar os bilhetes de forma mais barata.

“Eu aprendi que não era nada randômico e que sabendo as regras, é possível prever ou usar a melhor estratégia para comprar passagens”, afirma.

Mesmo sabendo os meandros por trás da bolsa de valores que é a compra de passagens pela internet, Maíra reconhece que a inflação tem dificultado as previsões. “Para voos nacionais e excluindo feriados, o padrão nos mostra que 50 dias antes da viagem você tem o menor valor da passagem. Porém, com a instabilidade dos combustíveis e do dólar, estamos vivendo um momento particular em que é preciso apostar no valor”, explica.

Maíra reforça ainda que a aquela velha história de sempre comprar as passagens com muita antecedência não é garantia de economia: "As pessoas perguntam se os melhores preços não aparecem um ano antes da viagem, mas não. No padrão da matemática das companhias aéreas, os melhores preços são mais próximos da data. Se você comprar com 12 meses de antecedência, vai estar pagando mais caro".

A dica de Maíra é que quem queira viajar ainda este ano, compre as passagens com dois ou três meses antes da data escolhida. “Hoje está valendo comprar com um pouco mais de antecedência para absorver essa variação do preço em função dessas questões externas”, diz.

Entre as dicas que continuam valendo como antes da pandemia e do aumento do preço das passagens aéreas estão: voar entre segunda e quarta, comprar os bilhetes nos sites durante a semana e fazer o stopover em viagens internacionais (realizar conexões antes do destino final).

Dicas para comprar passagens mais baratas, de acordo com a plataforma Worldpackers

1. Utilize uma aba anônima e limpe o histórico do navegador: Assim você não é rastreado e não sofre influência de outras pesquisas

2. Pesquise as passagens em sites que fazem comparações: Plataformas como Google Flights, Kayak, Skyscanner e Trivelo buscam e comparam preços em sites de diferentes companhias aéreas.

3. Cadastre-se para receber alertas: Ao cadastrar seu e-mail nas plataformas citadas, você receber notificações de promoções e diminuições de preços em trajetos específicos de sua escolha.

4. Planejamento: As chances de comprar passagens mais baratas são maiores se a pesquisa for feita com antecedência.

5. Escolha dias e horários mais baratos: Nas sextas-feiras e finais de semana os bilhetes costumam custar mais caros; viagens durante a hora do almoço e meio da tarde são mais em conta.

6. Voos com escala: As viagens com conexões em geral são mais baratas do que as que fazem o trajeto direto.

7. Sites de milhas: Aprender a comprar e acumular milhas em plataformas online pode ser um bom jeito de economizar.

Pesquisa de preços:
(*Valores mais baratos encontrados no dia 26/8 no site Google Voos para ida no dia 12/10/22 e volta no dia 19/10/22 e comparação com os valores de dois meses atrás. O período de 60 dias é o mais antigo para checagem de preços a que se tem acesso nas plataformas digitais)

Salvador - Brasília - Salvador: R$1.359 (LATAM) - Aumento de 27%

Salvador - Curitiba - Salvador: R$776 (LATAM) (2 paradas) - Aumento de 5%

Salvador - João Pessoa - Salvador: R$849 (Gol) (2 paradas) - Aumento de 2%

Salvador - Manaus - Salvador: R$2.042 (LATAM) (1 parada) - Aumento de 67%

Salvador - Rio de Janeiro - Salvador: R$1.566 (Azul) - Aumento de 23%

Salvador - São Paulo - Salvador : R$1.186 (LATAM) (1 parada) - Redução de 8%

 

A Câmara aprovou na noite desta terça-feira, 25, a Medida Provisória que prorroga regras de reembolso e remarcação de passagens aéreas para voos cancelados durante a pandemia do novo coronavírus. O texto-base foi aprovado de forma simbólica. Depois, os deputados rejeitaram todos os seis destaques que poderiam mudar a redação final. O texto segue agora para análise do Senado.

Editada pelo governo no fim do ano passado, a proposta estendia a validade das regras aprovadas no ano passado até 31 de outubro Os deputados, porém, decidiram aumentar o prazo até 31 de dezembro deste ano. O reembolso poderá ser feito em 12 meses a contar da data do voo cancelado, sem multa.

O relator, delegado Pablo (PSL-AM), acatou sugestão do governo e da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneea) para permitir às concessionárias anteciparem o pagamento das contribuições fixas anuais ao FNAC. Segundo o deputado, o câmbio permitirá um alívio no fluxo de caixa das empresas e uma receita de R$ 8 bilhões ao fundo neste ano.

Pela proposta, o cálculo do valor presente das contribuições fixas deverá adotar a taxa vigente do fluxo de caixa marginal adotada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para processos de revisão extraordinária, acrescida de 5 pontos porcentuais caso no mínimo 50% do valor total remanescente a ser pago seja antecipado.

"De acordo com os proponentes, a atual taxa de câmbio é muito favorável aos investidores estrangeiros, qualificação dos principais acionistas das sociedades de propósito específico (SPE) que controlam aeroportos sob concessão. Ora, sendo permitida a antecipação das contribuições, esses investidores podem tomar recursos a baixo custo no exterior e internalizá-los para a quitação das obrigações vincendas com a União, em reais "

O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu a proposta e disse que a entrada de recursos vai possibilitar ao governo quitar dívidas e vender sua participação em aeroportos que foram privatizados nos últimos anos.

'Jabuti' retirado
A pedido do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), determinou a retirada de uma matéria estranha à MP - conhecida como "jabuti" - que havia sido incluída no projeto a pedido do governo.

O Ministério da Infraestrutura havia sugerido ao relator que incluísse no relatório autorização legislativa para a contratação de parceria público-privada para a administração de oito aeroportos no Estado do Amazonas: Parintins, Carauari, Coari, Eirunepé, São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Lábrea e Maués.

Todos esses aeroportos já foram qualificados no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e incluídos no Programa Nacional de Desestatização (PND). A autorização legislativa era necessária porque a modelagem econômico-financeira recomendava a modalidade de concessão patrocinada, na qual pelo menos 70% da remuneração do parceiro privado viria de contraprestação pecuniária da administração pública.

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