A pandemia do novo coronavírus impõe aos brasileiros desafios inéditos, que vão além das medidas de restrição e isolamento social, e atinge a saúde no país com o aumento exponencial do número de casos e de mortes causadas pelo vírus.

Além da preocupação com a Covid-19, a população deve ficar atenta às arboviroses, doenças causadas pelo arbovírus, como dengue, zika e chikungunya.

A Bahia também enfrenta cada vez mais casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O estado teve um aumento de 320,9% no número de casos prováveis de chikungunya em 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.

Ao todo, 295 municípios baianos registraram notificação sobre a doença. O número de casos de zika teve aumento de 48% e não registrou mortes em 2020. Já a dengue registrou alta de 32,7% e cinco mortes na Bahia.

Já na capital, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até setembro de 2020 foram registrados 9.572 casos em Salvador, enquanto que no mesmo período de 2019 foram 2.788. Um aumento de 243%.

A permanência do confinamento em casa, exatamente no momento em que a pandemia coincide com o verão, é de fundamental importância se dedicar a impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika vírus e chikungunya, alerta Angelina Oliveira, especialista em Saúde Pública e diretora da Padrão Enfermagem Salvador.

A especialista destaca que os ambientes domésticos são mais propícios para a proliferação do mosquito. “Basta um recipiente com um pouco de água para que o Aedes aegypti deposite seus ovos”, alerta. Angelina Oliveira ressalta ainda que ações simples podem ajudar a combater o mosquito.

“É indispensável não deixar acumular água parada em lugares que costumam ser esquecidos nas nossas próprias casas, como em garrafas, que devem ser guardadas sempre de cabeça para baixo, pratos dos vasos de plantas e pneus velhos, latas e outros recipientes”, pontua a especialista.

Outra preocupação é a semelhança dos sintomas entre a Covid-19 e as doenças provocadas pelo Aedes aegypti. Angelina Oliveira diz que a principal diferença são os sintomas respiratórios, já que febre e dores de cabeça e no corpo são indicativos dessas doenças.

Ainda sem a imunização em massa contra a Covid-19, o tratamento tanto para as doenças transmitidas pelo mosquito quanto para a infecção causada pelo coronavírus serve apenas para aliviar os sintomas, pois o processo de cura depende do organismo de cada paciente.

No entanto, a especialista recomenda que antes de se medicar, um médico deverá ser consultado, já que pode haver necessidade de assistência médica, com internações nos casos mais graves.

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A Prefeitura de Salvador continua fechando o cerco contra o Aedes aegypti em toda cidade. O intenso trabalho desenvolvido pelas equipes do Cento de Controle de Zoonoses (CCZ) resultou em uma redução em 90% nas notificações para dengue, zika e chikugunya. No ano passado, foram registrados 1.348 ocorrências de arboviroses na capital baiana durante o mês de novembro. Em 2020, 126 casos das doenças foram notificados no mesmo período.

Para conter o avanço das arboviroses, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) deflagrou a maior estratégia de enfrentamento ao Aedes aegypti da história da cidade com realização de ações de campo durante os sete dias da semana, inclusive, nos finais de semana e feriados. Além disso, as equipes CCZ iniciaram a realização do trabalho de inspeção e bloqueio espacial com borrifação de inseticida para eliminar os mosquitos na fase adulta nas localidades alvo das medidas de restrição regionalizada.

“Iniciamos o ano de 2020 com um aumento de mais de 1.000% nos casos de dengue, zika e chikungunya na cidade. Para completar, com a chegada da pandemia, os agentes de combate às endemias ficaram impossibilitados em realizar as visitas domiciliares nas residências habitadas, ou seja, nos locais onde são identificados em média 80% dos focos”, afirmou Leo Prates, secretário municipal da saúde.

“Diante desse cenário desafiador, mapeamos os locais com rumores de surtos e intensificamos a aplicação do fumacê. Também implementamos horas extras para equipes de campo para atuação intensiva todos os dias da semana, além de destacar equipes exclusivas para atendimento rápido das demandas recebidas do Fala Salvador 156”, completou o gestor.

Operação Verão
Mesmo com a redução significativa de casos das arboviroses no município, a SMS mantém as ações ostensivas de enfretamento ao mosquito com mutirões de limpeza em bairros prioritários, abertura de imóveis fechados/abandonados com auxílio de um chaveiro, inspeção de praças e logradouros públicos em pontos turísticos da cidade, entre outras atividades.

“Esse é um período bastante propício para proliferação do mosquito por isso não podemos baixar a guarda. Por isso estamos redobrando os atendimentos das ações que já fazíamos como bloqueios ampliados, além dos atendimentos via Ouvidoria pelo 156. Também contamos com o auxílio de toda população para evitar a formação de focos nas residências, cobrindo as caixas d’águas, verificando vasos de plantas e demais locais que possam acumular água parada”, explicou Andréa Salvador, coordenadora do CCZ.

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Embora esteja longe das primeiras posições do ranking formado pelos estados onde a covid-19 avançou quase sem freios, a Bahia é hoje campeã absoluta em outra doença que corre de modo descontrolado em grande parte do seu território. Sozinha, concentra praticamente metade dos casos de chikungunya no país com 49,6% dos registros, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.

Em todo o país, registrou-se um total de 66.788 casos de chikungunya, sendo que 33.115 foram na Bahia. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, 296 municípios notificaram suspeita da doença até o dia 15 de setembro de 2020, data referente à 37ª Semana Epidemiológica levantada pela pasta. Destes municípios, 110 apresentaram incidência maior ou igual 100 casos para cada 100 mil habitantes.

Até o momento, 4 pessoas tiveram morte confirmada para chikungunya: três em Salvador e uma em João Dourado, centro-norte da Bahia. Na capital, a Secretaria Municipal da Saúde registrou 243% de aumento nos casos da doença até a sua 38ª semana epidemiológica. No mesmo período do ano passado, foram registrados 2.788 casos da doença em Salvador. Em 2020, o número é de 9.572.

A estudante Franciele Luz, 21, foi uma das vítimas da chikungunya. Operadora de caixa no bairro dos Barris, ela acredita que foi lá onde contraiu a doença. A região onde Franciele trabalha teve um aumento de quase 215% entre o ano passado e o atual. Foram 139 casos confirmados até 21/9/2019 contra 298 no mesmo período de 2020. A região do Cabula é a que registrou mais casos em 2020. Se no ano passado foram 411 até setembro, neste ano já são 1.869 casos da chikungunya: aumento de 454%.

Os números da dengue e da zika também estão registrando aumento. Quando comparados, os mesmos períodos de 2019 e 2020 apresentam um aumento de 16% nos casos de dengue (7.171 contra 8.382) e de 46% nos casos de zika, que saltaram de 644 no ano passado para 941 neste ano. Ou seja, a Bahia também concentra quase metade dos infectados por zika no país.

Mudança de hábito
A infectologista Clarissa Ramos aponta que esse aumento está ligado à mudança de hábito das pessoas, que ficam mais em casa durante o dia por causa das medidas de isolamento social. Das três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a chikungunya é que apresenta um percentual mais elevado de pacientes sintomáticos. “O mosquito tem hábitos diurnos. Com o isolamento social, agora tem mais gente em casa no horário que antes era de trabalho”, avalia.

Franciele conta que sentiu muita dor nas articulações: “Não conseguir andar direito ou fazer coisas simples como fechar e abrir a mão”. Foi preciso recorrer a sessões de fisioterapia já que as sequelas persistiram por um mês e meio. Seu fisioterapeuta Davi Oliveira diz que o número de atendimentos a pessoas que contraíram arboviroses cresceu muito durante a pandemia da covid-19.

Os conselhos regionais e federal de fisioterapia fizeram mudanças em suas resoluções por conta da pandemia permitindo atendimentos virtuais - algo que não era liberado antes do coronavírus. “É recomendado que o paciente com chikungunya procure um fisioterapeuta após o período agudo da doença, que dura cerca de 10 dias. O ideal é que o tratamento venha durante o período de remissão, de dois a três meses após o início dos sintomas”, explica Davi.

Sequelas graves
As dores provocadas pela chikungunya normalmente vão além da fase aguda. Além disso, pode deixar sequelas que se manifestam por até três meses e evoluir para a fase crônica, que chega a durar até três anos. As dores são o que diferenciam a chikungunya de outras arboviroses. Conhecida no Brasil desde 2014, o nome da doença vem do idioma maconde, da Tanzânia, que faz referência a esse dizer: “aqueles que se contorcem, que se dobram”, tamanho o incômodo causado pelo vírus.

Médica reumatologista do Hospital das Clínicas, Viviane Macicado afirma que quase metade dos pacientes que têm chikungunya evoluem para casos de artrite crônica. Segundo a reumatologista, o tratamento não medicamentoso como a fisioterapia auxilia bastante na recuperação de movimentos e redução das dores. Por isso, fica o alerta: é importante ter acompanhamento médico mesmo após a fase aguda da doença.

A SMS aponta que é fundamental o cidadão se tornar o ‘agente de endemia’ da própria residência, tampando tonéis, caixas e barris de água, além da lavagem desses equipamentos com água e sabão; encher os pratos de vasos com areia; fechar bem os sacos de lixo; manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo; acondicionar pneus em locais cobertos; tampar os ralos. De acordo com a SMS, as equipes do Centro de Controle de Zoonoses realizam trabalho de campo diário nos bairros que compõem o Distrito Sanitário Cabula/Beiru com a identificação e eliminação de focos.

A intensificação dos trabalhos de combate ao mosquito resultou em redução em 56% nas notificações para dengue, zika e chikungunya em Salvador. No mês de junho foram 2.322 ocorrências e em julho foram 1.002.

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Os casos de chikungunya subiram 334% na Bahia entre janeiro e agosto deste ano, se comparado com o mesmo período de 2019. Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), em 2020 foram registrados 33 mil casos, enquanto que no ano passado 7,5 mil pessoas foram notificadas com a doença.

O crescimento em Salvador também é alarmante, com um aumento de 256%. Entre janeiro e agosto do ano passado, a capital baiana registrou 2.163 infectados, já no mesmo período de 2020, os casos giram em torno de 7,5 mil. O bairro com mais casos é Paripe.

A chikungunya pode ser transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que também transmite dengue e zika, ou pelo Aedes albopictus. O primeiro é mais comum no Brasil, já o segundo é mais encontrado em locais cheios de vegetação. Os principais sintomas da doença são febre, dor nas articulações, dor de cabeça, fadiga e erupções na pele.

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Os casos de dengue cresceram 264% em 2019, informou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira (25). O balanço sobre os casos da doença no Brasil foi feito entre dezembro de 2018 e março de 2019.

Foram registrados 229.064 casos nas primeiras 11 semanas de 2019 (até 16 de março). No mesmo período de 2018 foram registrados 62,9 mil caso de dengue.

O Distrito Federal e os estados do Acre, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso do Sul foram os que registraram aumento do número de casos da doença. Todos registraram taxa de incidência maior que 100 casos por 100 mil habitantes, com destaque para o Tocantins, com incidência de 602,9 casos/100 mil habitantes.

Também houve um aumento de 67% no número de mortes pela doença, passando de 37 para 62 mortes em comparação com 2018. O estado de São Paulo, com 31 óbitos, é o que registrou o maior número de mortes pela doença no país.

Zika e chikungunya
Também houve um aumento no número de casos de zika registrados no período. Foram 2.062 casos da doença. Em 2018, no mesmo período, foram registrados 1.908 casos prováveis. Em 2019, não foram registradas mortes por zika.

Já a chikungunya registrou uma queda de 44% no número de casos. Em 2019, foram registrados 12.942 casos no país, com uma incidência de 6,2 casos/100 mil hab. Em 2018, foram 23.484 casos. Também não foram registradas mortes pela doença em 2019.

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