Depois de mais de 24h de negociações mediadas pelo Prefeito de Salvador, Bruno Reis, rodoviários e empresários fecharam acordo e a greve, prevista para esta segunda-feira (7), foi suspensa. O anúncio foi feito neste domingo (06) pela Prefeitura de Salvador.

A categoria, de acordo com a prefeitura, garantiu um reajuste de 7,59%, que começa a ser pago em junho e terá uma segunda parcela paga daqui a 120 dias. Essa era a principal reivindicação dos trabalhadores.

Procurado, o Sindicato dos Rodoviários, no entanto, afirmou por meio de nota que o resultado da negociação não foi o ideal e que o acerto foi definido com o intuito de evitar a greve. "A categoria entende que o desfecho não foi dos nossos sonhos, mas sim um acordo que contempla de maneira respeitosa aos rodoviários, tendo coerência nas tentativas de conciliação, procurando evitar ao máximo a greve que foi suspensa", escreveu.

O acordo também definiu que o pagamento das horas extras reinvindicado pelos rodoviários tivesse prazo reduzido de um ano para seis meses. Presidente do sindicato, Hélio Ferreira disse que o acerto é melhor que a maioria dos reajustes definidos em outros estados. "Uma proposta que para os trabalhadores é a melhor possível. Acho que é a melhor proposta que fizemos no momento, tenho certeza que vai ser uma das melhores do Brasil. Em Belo Horizonte, os rodoviários fecharam um reajuste com 4% e, em Belém, apenas 2%. A gente sai daqui hoje com uma vitória", declarou.

A gestão municipal falou sobre o resultado das negociações e salientou que sua participação como conciliadora ocorreu para redução de danos à cidade por conta das ameaças de greve. "A Prefeitura vem fazendo todos os esforços para intermediar o diálogo entre rodoviários e empresários e garantir que o sistema de transporte siga prestando o serviço da melhor forma possível, evitando prejuízos para a cidade e, principalmente, para a população", informou.

Uma nova rodada de negociação entre rodoviários e empresários do setor de transporte em Salvador, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5), e que discutiu a negociação salarial para a categoria acabou sem acordo. Com isso, o Sindicato dos Rodoviários declarou que irá fazer greve a partir das 4h da próxima segunda-feira (7). A informação foi dada pela TV Bahia e confirmada em seguida pelo CORREIO. A reunião aconteceu de maneira virtual na tarde desta sexta-feira (4)

O impasse da vez era sobre o formato de pagamento para o reajuste de 7,59% sugerido pela presidente do TRT-5, Dalila Andrade. Os Rodoviários queriam o pagamento integral do reajuste e as empresas, que inicialmente ofereceram 3% de aumento, queria parcelar o reajuste em três vezes.

Desde a segunda-feira (31), o Sindicato havia retomado o direito de declarar greve. A presidente do TRT5, no entanto, exigiu que fossem cumpridas as regras de, em caso de paralisação, que pelo menos 60% da frota circule nos horários de pico (5h às 8h e das 17h às 20h) e 40% nos demais horários. Em caso de descumprimento, a decisão prevÊ multa estipulada é de R$ 50 mil por dia.

Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira declarou que os trabalhadores cederam até onde pode e tentaram evitar a greve, mas não houve a mesma flexibilização do patronato.

"Tivemos toda a paciência, nossa data base [de campanha salarial] é dia 1 de maio, já estamos em junho e ainda não conseguimos acertar um acordo. Concordamos em negociar o parcelamento do ajuste, mas do outro lado não tem nenhuma flexibilização”, afirmou.

Momentos depois, ele publicou um vídeo nas redes sociais confirmando que a greve será geral e por tempo indeterminado.

"Não chegamos a uma proposta que contemple os trabalhadores. Os patrões não quiseram ceder em nada. Nós enfrentamos a pandemia e esperávamos que os patrões nos dessem o direito sem precisar chegar aos extremos. Não há outra alternativa que não seja uma greve geral por tempo indeterminado", afirmou Hélio Ferreira.

Representante do sindicato patronal, Jorge Pinto alegou que cada lado tem seus limites e as empresas vivem um momento difícil.

Prefeito de Salvador, Bruno Reis comentou a campanha de reajuste salarial durante entrevista que concedeu durante a manhã. Bruno afirmou que a situação é preocupante por diversos aspectos. Primeiro, porque desde o rompimento com o Consórcio Salvador Norte (CSN), o município tem a sua própria empresa de ônibus que opera 30% do sistema de transporte público do município.

"Hoje o sistema de transporte de ônibus em Salvador é deficitário, por uma série de situações, mas agravado por conta da pandemia. Quando você dá um reajuste de 7.59% isso vai desestabilizar ainda mais. Os empresários das outras duas bacias estão batendo na porta pedindo socorro, literalmente, para que a gente pague um desequilíbrio da pandemia nesses cinco meses de 2021 para que eles tenham condições de honrar os salários dos trabalhadores", afirmou.

Bruno Reis afirmou que a Prefeitura não tem condições de apoiar por falta de dinheiro nos cofres municipais para socorrer o empresariado.

"As paralisações penalizam a população, contribuem para o avanço da pandemia na nossa cidade e também gera mais prejuízos para o sistema. E, consequentemente, a prefeitura vai ter que arcar muito mais com mais recursos para poder ajustar um sistema que já está desequilibrado", disse.

O Prefeito afirmou que vai conversar com os representantes do Sindicato dos Rodoviários e também com os representantes patronais.