Mãe do médico Andrade Lopes Santana, 32 anos, Dometila Lopes, 56 anos, disse que perdoa Geraldo Freitas Junior, principal suspeito pela morte do filho, assassinado por quem dizia ser seu amigo, na Bahia. O corpo de Andrade foi achado na sexta (28) amarrado a uma âncora no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos. Ele foi sepultado na manhã de sábado em Araci, cidade baiana onde morava e trabalhava.

“Não existe outro caminho a não ser perdoar. O que é que eu vou fazer? Se Deus colocou no meu coração para perdoar, eu vou perdoar. O que ele coloca, ninguém tira. Vou fazer o quê? Sei que lá do lado de Jesus, meu filho diria: - perdoa, mãe. Não sinto ódio. Só que não é porque eu perdoei, que ele não vai pagar pelos atos que fez, seja lá o que aconteceu, o que ele for dizer sobre o porquê que fez, não justifica tirar a vida de alguém, principalmente, do meu filho", afirmou.

Nesse domingo (30), Dometila participou de uma missa. Ela disse ainda que acredita no trabalho da justiça para que Geraldo seja punido.

“Me perdoem se eu estou perdoando ele. Mas é a Justiça que deve puni-lo. Ele não vai sair tão cedo da cadeia. O único caminho é perdoar, se quer ir para o céu. O errado é querer fazer justiça pelas próprias mãos. Ele tem que ficar vivo para poder sentir a dor por ter tirado a vida de um filho que era doido para ser pai, que queria casar. Tirou essa chance do meu filho de prosseguir, de viver mais 30, 40, 50 anos, de estar aqui hoje entre nós”.

Andrade recebeu ainda uma homenagem na sua terra natal, na tarde desse domingo (30). Nascido na cidade de Brasiléia, no Acre, o médico foi lembrado às 16h (horário local) por amigos e parentes que se reuniram na Praça da Ponte, convocados a vestirem roupa branca e máscaras, para fazer um tributo ao rapaz.

"Eu estou muito feliz em ver o carinho que o povo tinha pelo meu filho e reconhecendo quem ele era. Era um menino muito alegre, prestativo e se ele tivesse vivo e se acontecesse algo com algum dos colegas, ele que estaria fazendo isso. Eu acho que o povo está reconhecendo e isso me conforta. Eu vou ficar em paz e espero a justiça na Terra. A gente não paga justiça com injustiça".

Graduado em uma faculdade privada da Bolívia, país vizinho ao seu estado natal, Andrade se formou e logo foi indicado por um amigo para trabalhar na Bahia, onde veio morar há cinco anos.

Uma tia dele contou que, nesse domingo, parte da família que veio à Bahia resolver as questões burocráticas ainda estava retornando para o Acre. A mãe, Dometila, e a irmã dele permanecem aqui no estado para tratar de questões restantes sobre os bens do médico.

Andrade foi aluno da Universidade Técnica Privada Cosmos (Unitepc), na cidade boliviana de Cochabamba, a quarta maior do país. A mãe se esforçou para pagar a mensalidade sem que ele precisasse trabalhar na Bolívia para se manter. A família ainda não sabe se o suspeito do crime, o suposto amigo Geraldo Freitas de Carvalho Junior, 32, estudou com ele na Unitepc. Até então, acredita-se que eles formaram amizade em Feira de Santana.

Ainda segundo a tia, o médico era muito querido e sempre fazia questão de estar presente nas festinhas e encontros de família. Mesmo já adulto, se manteve brincalhão. A tia disse que, em sua memória, ficam as histórias de infância de Andrade na sua casa de férias. Ela lembra que ele foi uma “criança danada”, que gostava de perturbar primos e primas mais novos.

"Se fosse brincar de amigo secreto, ele colocava aranha dentro da caixa de fósforo para assustar todo mundo. Quando chegava na hora de dormir, ele dormia na cama de cima, que era para as primas não se vingarem dele. A gente lembra muito de uma história de quando ele pegou o carro da tia e levou as primas mais novas para brincarem no rio e atolaram o carro na estrada de lama. Ele amava brincar”, recorda ela.

O médico estava desaparecido desde 24 de maio e foram feitas campanhas na internet e na imprensa para ajudar a encontrá-lo. O corpo de Andrade foi achado por pescadores na sexta-feira (28) amarrado a uma âncora em um rio em São Gonçalo dos Campos. Amigos fizeram o reconhecimento. Andrade morava no município de Araci e trabalhava em cidades da região, como Tucano, Caldas do Jorro e São Domingos. As investigações apontaram que ele foi até Feira de Santana para resolver alguma pendência no Exército.

Horas depois de o corpo ser encontrado, o suposto amigo dele, Geraldo Freitas Junior, foi preso acusado pela morte. Ele foi o responsável por prestar queixa do desaparecimento na delegacia, em Feira de Santana. Naquela ocasião, a polícia informou que ambos estudaram medicina juntos na Bolívia e depois vieram trabalhar no interior da Bahia. Segundo a família, o acusado chegou a levar a irmã de Andrade até o local onde o carro da vítima foi encontrado.

O CORREIO teve acesso aos registros policiais do depoimento de Geraldo, que declarou que conhecia Andrade há cinco anos. Segundo ele, o médico acreano gostava de frequentar a cidade de Feira de Santana para sair com amigos. Em 2020, Andrade teria contado a ele que tinha sido ameaçado em virtude de questões políticas na cidade de Araci e que, por esse motivo, queria adquirir uma arma. Ainda conforme o suspeito, Andrade o teria procurado porque sabia que ele era frequentador de clube de tiros.

Depois de algumas conversas, Geraldo então teria convencido Andrade a se inscrever em um desses clubes para ter direito à arma. O suspeito afirmou que vendeu uma pistola Glock G25, calibre .380, para o médico pelo valor de R$ 12 mil. A ida até Feira de Santana na data do desaparecimento teria sido para resolver alguma pendência em relação ao registro do armamento.

Delegado responsável por conduzir as investigações do caso, Roberto Leal afirmou em entrevista ao CORREIO que Geraldo se tornou o principal suspeito do crime por cair em uma série de contradições durante o depoimento.

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Um corpo foi encontrado no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, a cerca de 120 km de Salvador, na manhã desta sexta-feira (28), e a polícia investiga se é do médico Andrade Lopes Santana, desparecido desde segunda-feira (24), quando saiu de Araci com destino a Feira de Santana.

Segundo o delegado Roberto Leal, da Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/de Feira de Santana), que investiga o caso, o corpo tem características semelhantes ao do médico, mas ainda não há confirmação.

Uma equipe do Departamento de Polícia Técnica (DPT) irá realizar a perícia para identificação do corpo.

O médico tem 32 anos e é natural do Acre. Ele mora em Araci, 220 km distante da capital, e, segundo informações de colegas, teria ido a Feira de Santana encontrar amigos e comprar uma moto aquática. Desde então, não há notícias.

O carro de Andrade chegou a ser encontrado às margens da BR-101, em Conceição do Jacuípe, sem marcas de acidente e com as portas trancadas.

A mãe dele, Domitília Lopes, e outras seis pessoas da família chegaram a Feira de Santana e auxiliam nas investigações do desaparecimento do médico.

“Estou muito aflita, muito ansiosa. Meu filho desapareceu, e a gente está sofrendo muito. Ninguém sabe se está comendo, se está doente, se está mal, o que fizeram, onde está, o que aconteceu”, disse a mulher.
Ela destacou a lembrança de quando ele saiu da cidade de Epitaciolândia, interior do Acre, para exercer a medicina na Bahia, em 2016.

"Saiu de casa sozinho com o carro, colocou a mala e veio trabalhar aqui na Bahia”, relembra.

Desaparecimento

Andrade mora no município de Araci, cidade a cerca de 220 km de Salvador, mas trabalha em localidades da região nordeste da Bahia (Tucano, Caldas do Jorro e São Domingos, além de Araci).

Ele saiu de casa sozinho, pouco depois de meio-dia de segunda, para comprar uma moto aquática e encontrar com um amigo, no Rio Jacuípe. O amigo disse que ele chegou a enviar uma mensagem que dizia que tinha entrado em Feira de Santana. Desde então, não foi mais visto e nem deu notícias.

O veículo dirigido pelo médico foi achado por policiais rodoviários na região de Conceição do Jacuípe, na BR-101, no mesmo dia em que ele desapareceu. O carro estava ao lado de um barranco, trancado e sem marcas de acidente.

As informações foram dadas por amigos, que procuraram a polícia, pois o médico não tem parentes na Bahia. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Feira de Santana, pelo amigo de Andrade.

 

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O médico Andrade Santana Lopes, 32 anos, morador de Araci, no interior da Bahia, está desaparecido desde a última segunda-feira (24). A polícia investiga o desaparecimento do médico que deixou Araci com destino a Feira de Santana. De acordo com informações do Acorda Cidade, Andrade encontraria amigos em Feira e faria a compra de uma moto aquática. O carro do médico foi encontrado no início da noite de segunda (24), em Conceição do Jacuípe, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Nesta terça (25), um colega de Andrade, também médico, prestou queixa na 2ª Delegacia Territorial de Feira de Santana, comunicando o desaparecimento de Andrade. De acordo com o delegado Roberto Leal, as investigações já foram iniciadas. Andrade é natural do Acre, e não tem parentes na Bahia. Ele trabalha nas cidades baianas de Araci, Tucano, Jorro e São Domingos.

“Foi feito o registro da ocorrência e iniciou-se uma coleta de dados que podem levar a indicação do paradeiro do médico. Sabemos que ele saiu dia 24 com destino a cidade de Feira de Santana, onde visitaria alguns amigos e iria realizar um negócio aqui nesta cidade. Por volta das 12h ele não mais foi encontrado por seus amigos, inclusive, se ausentou do serviço que seria escalado como médico. Por volta das 18h, o veículo dele foi encontrado pela Polícia Rodoviária Federal já na cidade de Conceição do Jacuípe, abandonado e trancado”, disse o delegado.

O delegado informou que segue com as diligências e que não tem indicativo de que o médico sofresse algum tipo de ameaça.

“É realmente algo estranho. É uma pessoa dedicada ao trabalho como se percebe pelas informações coletadas com os amigos e pessoas mais próximas, e que não tem nenhum relato que indicasse ser vítima de crime. Vamos seguir com todas as diligências necessárias para localizá-lo. Não podemos descartar nenhuma hipótese, neste momento. Trata-se de uma pessoa que não havia nenhum indicativo de que tivesse sofrido algum tipo de ameaça, nem tivesse se envolvido em algum tipo de problema que gerasse algum tipo de vingança, e a gente acaba descartando essas situações, e se aproximando mais de um desaparecimento que pode ser em virtude de crime contra o patrimônio. O aparelho celular e objetos pessoais não foram encontrados, indicando que esses pertences podem ter sido subtraídos. Nossa linha inicial é de que é um crime contra o patrimônio”, disse o delegado.

Um amigo do médico imformou à polícia que ele teria cancelado um almoço com uma mulher para almoçar com um outro amigo, e que teria marcado de encontrar a mulher para jantar. Ela já foi identificada e será ouvida pela polícia em busca de informações que possam ajudar. Segundo o amigo que teria marcado o almoço com Andrade, ele chegou a enviar uma mensagem avisando que havia chegado ao local combinado, no Rio Jacuípe, mas o amigo não o encontrou. Após esta mensagem, o médico não respondeu e nem atendeu ligações. A polícia pede que quem tiver informações entre em contato através do 190.

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