As celebrações em homenagem a Nossa Senhora da Conceição da Praia, nesta quinta-feira (8), começaram às 5h, como de costume, com a alvorada e uma das várias missas previstas ao longo do dia, até as 17h. Desta vez, porém, nada de restrição de público, ao contrário dos dois anos anteriores, devido ao decreto da pandemia.

Com o tema ‘Olha a estrela, invoca Maria, Nossa Senhora da Conceição da Praia, Padroeira da Bahia’, o ponto alto dos festejos, claro, foi a Solene Celebração Eucarística, presidida pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, o cardeal Dom Sergio da Rocha, às 9h. Foi desse horário em diante que os milhares de fiéis ocuparam mais fortemente a Rua da Conceição da Praia, onde fica a basílica dedicada à padroeira do estado.

Dom Sergio abriu a cerimônia comemorando o retorno da missa campal. “Nós, aqui, estamos louvando a Deus, agradecendo a Deus, de todo o coração, pela oportunidade de estar novamente celebrando a eucaristia e, logo mais, realizando a procissão da nossa padroeira”, disse ele.

Para o carioca Aires Escafurra, de 71 anos, foi o momento de recuperar a tradição, interrompida após 35 anos, por causa da pandemia. “Eu frequento aqui desde 1984, quando cheguei na Bahia. Foi a primeira festa que eu vim”, relembrou o aposentado, acompanhado por seus dois filhos pela primeira vez. “Eu nunca convido; eu digo que venho. E eles se pronunciaram a vir junto”, contou, realizado.

Findada a Solene Celebração Eucarística, por volta das 11h, foi a vez de retomar a procissão com as imagens de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Deus Menino, Santa Bárbara, Senhor do Bonfim e São José. Passando pelas principais ruas do bairro do Comércio, o percurso é concluído no mesmo lugar onde se inicia, a basílica, para a bênção com o Santíssimo Sacramento.

Significado especial

Não foi só Aires que aproveitou a ocasião para apresentar aos filhos a devoção à Imaculada Conceição: José Francisco, de apenas 2 aninhos, acompanhou a procissão de camarote, sobre os ombros de seu pai, o aposentado Fernando Sousa, 60. A família estava ali justamente para agradecer a vida do pequeno.

“A gente pediu a ela [Nossa Senhora da Conceição da Praia] um filho, e ela deu”, revelou a professora Leila Sousa, 51, que crescera frequentando a festa. “[Venho] Desde que me entendo por gente, que é de minha mãe isso”, rememorou. “Esse dia é de muita devoção e gratidão.”

Para o aposentado Ademário Sampaio, 66, um dos responsáveis por sustentar o andor que conduz a imagem da santa, a data simboliza a renovação dos agradecimentos pelo ingresso de um de seus filhos na Marinha. “Já tem 45 anos que eu fiz a promessa pra ele e, todo ano, eu tô aqui na procissão de Nossa Senhora”, falou o devoto, com satisfação.

Autodeclarado um ‘festeiro de festas populares’, o produtor cultural Pedro Machado, 60, celebrou a volta às ruas. “É uma questão forte na Bahia o ciclo de festas populares, que começa com Santa Bárbara e vai até o Carnaval”, afirmou ele, que atribui posição de destaque à da padroeira da Bahia. “Pra mim, é a principal, porque é a 'festa-mãe'. [...] Então, a gente tem que louvar, ter fé e pedir sempre à mãe”, destacou.

Parte dos fiéis não abriu mão das máscaras

Embora a maior concentração de pessoas tenha sido do lado de fora da basílica, durante a missa campal e a procissão, parte delas não abriu mão do uso de máscaras. Foi o caso da aposentada Josefina Silva, 72, cujo item de proteção até combinava com sua blusa, azul, personalizada em homenagem a Nossa Senhora da Conceição da Praia.

“Eu nunca deixei de usar a máscara. Já tomei a quarta dose da vacina, mas não sei se o pessoal já tomou, né?!”, comentou ela. Aliás, a prevenção contra a covid-19 foi lembrada pelo cardeal Dom Sergio da Rocha. “Não deixem de ter os devidos cuidados com a saúde, a vacinação, sempre tão importante, para poder, no próximo ano, estar aqui ainda mais livremente”, pediu o arcebispo de Salvador aos fiéis.

Publicado em Bahia

As celebrações pelo dia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia, começaram cedo em Salvador. Teve alvorada às 4h e uma multidão acompanhou na manhã desta quarta-feira (8) a missa presidida pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, cardeal D. Sérgio da Rocha, na igreja que leva o nome da Santa, no bairro do Comércio.

Por conta do risco de transmissão da covid-19 o acesso do público ao templo foi controlado e muita gente teve que assistir a missa do lado de fora da igreja. Uma imagem foi colocada na calçada e se tornou ponto de oração, agradecimentos e fotos, muitas fotos. A celebração começou às 9h30 e às 11h será feita uma carreata com a imagem até a Basílica Santuário Senhor do Bonfim.

Dentro da igreja, o público aproveitou os minutos antes do início da celebração para oferecer rosas brancas e amarelas para Nossa Senhora e fizeram orações. Maria Rita Soares, 48 anos, disse que agradeceu pela recuperação do filho e da mãe dela, os dois tiveram covid, e que fez um pedido, mas preferiu não contar.

"Nossa Senhora é mãe e sabe como nosso coração fica apertado quando essas coisas acontecem. Meu filho e minha mãe tiveram sintomas e eu fiquei muito preocupada porque conhecemos pessoas que morreram dessa doença. Eles se recuperaram e vim agradecer. Fiz um pedido também, mas prefiro não contar até ele ser atendido", disse.

Quem não conseguiu um lugar para sentar acompanhou a celebração em pé, nos corredores, e com terço nas mãos. O coral também se destacou. Com representantes em cada uma das sacadas do templo os cantos encheram o interior da igreja e provocou aplausos.

Policiais militares e guardas municipais ajudaram a ordenar a festa.

Haverá outras massas ao longo do dia, às 12h, 14h e 17h (esta é a Missa da Amizade, por todos os fiéis que colaboram para a realização da festa).