A assembleia do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, que ocorreu na manhã desta quinta-feira (11), deliberou estado de greve em Salvador. A decisão ocorre após a classe demandar um aumento de 10% no salário e no ticket de alimentação e não receber contra-proposta dos empresários que administram as empresas de ônibus em circulação na capital.

Fábio Primo, presidente do sindicato, afirma que não houve qualquer proposta por parte dos empresários, o que revolta a classe. "A gente precisa fazer a proposta até o fim de março, o que fizemos. Estamos em maio e nenhuma proposta foi feita por eles, não recebemos nenhum retorno. Um desrespeito com o trabalhador essencial", diz o presidente do sindicato.

O estado de greve não tira os ônibus de circulação de imediato e nem faz a classe parar. Após deliberação, é publicado um edital que viabiliza a entrada em uma greve geral após 72 horas, o que possibilitaria a paralisação do serviço já no próximo domingo (14). Porém, os trabalhadores não devem parar antes da próxima terça-feira (16).

"Temos uma reunião de conciliação com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e os empresários. Esperamos ter lá um avanço nas negociações e, enfim, ouvir uma proposta por parte dos empresários porque o aumento anual é um direito nosso. Ou tem acordo ou vai ter greve", fala Fábio Primo.

Procurada pela reportagem para responder sobre os questionamentos da classe, a Integra afirmou que já se reuniu com os trabalhadores e que uma porcentagem das demandas já foram garantidas. "Realizamos 4 reuniões, fechamos mais 40% das reivindicações, temos alguns impasses econômicos e financeiros e haverá reunião de mediação no MTE no dia 16 às 10:00h. Esperamos que se resolva", escreve.

Apesar disso, o sindicato segue sustentando que as conversas não fizeram surgir nenhuma proposta de aumento salarial ou ticket. O MTE confirmou a reunião das próxima terça-feira e explicou melhor para que serve a negociação. De acordo com o órgão, se trata de um processo onde se escuta as demandas dos dois lados e se considera as necessidades dos envolvidos para a construção de um acordo possível.

"O serviço de mediação da Superintendência Regional do Trabalho da Bahia integra o processo de negociação coletiva de trabalho, onde o negociado se sobrepõe ao legislado. Visa oferecer às partes informações sobre os efeitos e consequências do conflito, formular propostas, ou recomendações, facilitar o entendimento dos envolvidos e estimulá-los à solução consensual", explica em nota.

A Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) foi procurada para responder se acompanha o caso e tenta auxiliar de alguma forma. No entanto, não respondeu até o fechamento da reportagem.

Valores defasados
Wesley de Carvalho, 40 anos, trabalha como cobrador há oito anos em Salvador. Por conta do aumento dos custos com alimentação, ele afirma que há uma defasagem dos valores que são pagos para os rodoviários no momento.

"Aumentou tudo e a gente não consegue viver mais. Trabalhamos todo dia, somos uma classe essencial para que as pessoas se desloquem e não tem valorização. O rodoviário precisa de aumento", responde o cobrador.

Além de 10% no salário e no ticket alimentação, a classe pleiteia o fim da compensação de horas. Hoje, quando um rodoviário faz hora extra, os empresários têm seis meses para pagar ou compensar com folga. O sindicato pede que as horas sejam pagas na folha do mês seguinte.

Motorista há 14 anos em Salvador, Adriano Argolo, 41, diz que é fundamental que a compensação deixe de existir e haja um pagamento automático. Isso porque ele afirma que as horas não são compensadas como deveriam pelas empresas.

"Tem esses seis meses, mas eles não pagam. Passa esse tempo todo e a gente não tira as folgas devidas pelo tempo que trabalhamos. E todo dia é hora extra, final semana passando mais de duas horas para poder voltar para casa. Ninguém pode trabalhar de graça", reclama.

Os rodoviários ainda solicitam também a desapropriação de terrenos da empresa CSN para arcar com rescisões de trabalhadores da classe. Na última segunda-feira, inclusive, o sindicato se reuniu com o prefeito Bruno Reis (União Brasil).

A minuta do acordo trabalhista dos rodoviários que eram do Consórcio Salvador Norte (CSN) foi assinada na madrugada desta sexta-feira (14) com a empresa. Foram horas de negociação. Nas últimas semanas, a categoria chegou a fazer protesto e impediu a circulação dos ônibus.

A assinatura aconteceu na sede da prefeitura, com a presença do prefeito Bruno Reis. "Desde terça-feira estamos em longas reuniões na Prefeitura de Salvador para fechar o texto final, revisar e assinar o acordo. Olhamos ponto a ponto para que os companheiros não caíssem em nenhuma armadilha", afirmou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, um post no Instagram.

O prefeito Bruno Reis também comentou o assunto durante a entrega de obras no bairro de Pau da Lima, na manhã desta sexta. Ele contou que a CSN tinha direito a um crédito que ainda não havia sido liberado, e que o dinheiro será usado para honrar as despesas trabalhistas da empresa.

“A CSN tinha direito a um crédito do período em que eles estavam operando a empresa, por conta da pandemia, ou seja, de março até 22 de junho, que foi quando a prefeitura assumiu a gestão da empresa. Esse mesmo crédito foi concedido às outras duas bacias, a Ótima e a Plataforma, com os mesmos critérios de cálculo e descontos”, contou.

O que ficou acertado no acordo é que o crédito será usado exclusivamente para indenizar dos 1.118 trabalhadores da CSN que não foram contratados pelo município. Aqueles que ainda não conseguiram sacar o FGTS terão o valor liberado, e até o final do mês de maio vão receber também o seguro desemprego.

A empresa colocou R$ 99 milhões em patrimônio à disposição da Justiça do Trabalho para que possa indenizar também os trabalhadores que foram contratados pela prefeitura. Essas pessoas serão contempladas à medida que os bens da CSN forem sendo vendidos.

O Sindicato dos Rodoviários aprovou nesta quinta-feira (2) o estado de greve em Salvador. A medida significa que a categoria pode paralisar as atividades a partir das próximas 48h, se assim decidirem. Até o momento, os rodoviários não têm uma greve agendada.

A decisão de entrar em estado de greve foi tomada em assembleia após uma reunião na sede do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os rodoviários pedem 8% de aumento e 15% de aumento no ticket refeição. Os empresários não apresentaram propostas, segundo a categoria.

"Hoje não teve um avanço, nós apenas pontuamos as nossas reivindicações junto com a superintendente e o representante dos empresários irá transmití-los. A próxima reunião será no dia 10", explicou o presidente do sindicato, Hélio Ferreira.

Hélio explicou que ainda não há uma data marcada para que a categoria entre em greve e que ele espera que haja uma proposta dos empresários.

"Isso não quer dizer que entraremos em greve na próxima semana, mas esperamos que os empresários levem propostas. Como eles são muito intransigentes, nós vamos organizar a greve que poderá ser instaurada durante tempo indeterminado", explicou Hélio.

A categoria também pede medidas consideradas por eles como "sociais", como um ônibus para atender aos trabalhadores nos terminais de linha, diminuir o "turnão" realizado durante o plantão do final de semana, além da prioridade para contratação de profissionais advindos da escolinha do sindicato.

Por conta da campanha salarial, os rodoviários atrasaram a saída dos ônibus das garagens na última quinta-feira (25). Os ônibus só começaram a circular a partir das 9h.

Fonte: Correio24horas