Mais do que conhecida por todos, a dengue, arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, voltou a crescer em Salvador neste ano. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), até a 30ª semana epidemiológica de 2022, que compreende o período entre 2 de janeiro e 30 de julho, 898 casos da doença já foram registrados por aqui. Um aumento de 71% em relação ao mesmo período de 2021, quando 525 soteropolitanos foram diagnosticados com o problema.

Apesar de não chegar a mil o número de registros na capital baiana, a infectologista Áurea Paste afirma que o dado é preocupante e digno de atenção por parte das autoridades sanitárias.

"Os números em Salvador são sim problemáticos, a gente está em pleno aumento de casos. Então, isso é grave. [Estamos com] mais pessoas contaminadas, mais mosquitos, mais picadas e mais transmissão. É um momento perigoso e a gente precisa tomar pé", indica Áurea, recomendando medidas de prevenção e combate ao mosquito.

Médico infectologista do Lacen e da Vigilância Epidemiológica, Antônio Carlos Bandeira pondera que, mesmo que o crescimento seja relevante, a situação pode ser contornada sem alarme. "Isso é extremamente manejável. São números com os quais dá para trabalhar e não causam um impacto grande para o poder municipal. [...] Agora, sem dúvida, os dados vêm alertando para que haja um controle maior e não se baixe a guarda, com o município mantendo ações contínuas contra a dengue", avalia Bandeira.

Ações
Coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da SMS, Isolina Miguez diz que, desde 2021, ações integradas a outros órgãos da capital são promovidas em locais com mais risco de proliferação do mosquito.

"Além de ter feito bloqueios intensificados em Itapuã, Cabula e Boca do Rio, fizemos mutirão para descarte de tudo que não tem utilidade porque o pote de margarina, pote descartável e a garrafa podem acumular água e é tudo que o mosquito precisa: água e temperatura adequada para fazer os ovos eclodirem", explica Isolina.

A coordenadora fala também que, de acordo com o sistema de notificação nacional, os bairros mais críticos da cidade são Itapuã, Boca do Rio e Cabula. Para esses locais, o CCZ intensifica ações, deslocando para lá agentes de visitas domiciliares de regiões mais tranquilas em termos de fator vetorial.

A influenciadora Sthe Matos foi uma das pessoas que tiveram dengue neste ano na capital baiana. Na segunda quinzena de abril, ela anunciou para os seguidores que tinha recebido o diagnóstico da doença, logo após voltar de uma viagem que fez para Recife. Em um dos momentos em que compartilhava os sintomas, chegou a mostrar para os seguidores o termômetro que marcava 38ºC de febre e contou que procurou o hospital após apresentar sintomas comuns à doença.

Na época, a influenciadora disse que os casos de dengue estavam crescendo na cidade. "Inclusive, gente, está 'assolando' dengue. Tenham cuidado. Cuidem da casa de vocês, passem repelente e que fique de recado para vocês", afimou Sthe Matos no Instagram, na ocasião.

Clima como fator
A intensificação das ações de combate e prevenção contra a dengue são necessárias por estarmos em um ano no qual o clima ficou 'a caráter' para o mosquito. Antônio Carlos Bandeira argumenta que, em 2022, houve uma ampliação do verão, a estação mais favorável para a doença.

"As mudanças climáticas em um ano caracterizado pelo calor muito forte seguido de grandes chuvas que provocam alagamentos são um fator importante para o aumento. Esse alargamento do período com o clima assim, típico do verão que é o momento mais propício para o mosquito, dão espaço para uma reprodução mais bem sucedida do vetor da doença, que é o Aedes Aegypti", avalia o médico.

Para além do clima, Áurea Paste aponta outro vetor de crescimento: o lixo. De acordo com ela, o cenário ainda pandêmico provoca a maior produção de resíduos e, consequentemente, a elevação dos pontos em que o Aedes Aegypti pode se reproduzir.

"O acúmulo de lixo é uma razão, já que é um dos focos de água parada. O mosquito põe o ovo, que sobrevive até por um ano, dependendo das condições do local. Então, se chove mesmo em pequenas quantidades, esse ovo eclode, o mosquito nasce e prolifera. Por isso, as condições básicas de saneamento são as mais importantes para eliminar a doença", orienta a infectologista.

Os números de casos de dengue podem ainda ser subnotificados já que algumas pessoas confundem a doença com virose. Para evitar isso e conseguir o tratamento correto, é preciso ir ao médico já no início dos sintomas.

"Se você começa a sentir dores no corpo e febre, tem que se consultar. Só assim ajuda a vigilância a entender o cenário geral e pode ter acesso às indicações certas para o seu caso", alerta Bandeira.

Apesar do avanço da dengue, a chikungunya e o zika vírus mostraram queda percentual de 47% e 37%, respectivamente. No caso da chikungunya, os registros caíram de 308 para 184. Já o zika saiu de 56 para 35 casos.

Áurea explica que não há como dois ou mais desses vírus crescerem simultaneamente. "Os vírus se respeitam. Vez de um, vez de outro", compara.

Cenário estadual
Na Bahia como um todo, a vez em 2022 também é da dengue. De 2 de janeiro até 30 de julho, foram notificados 31.141 casos prováveis de dengue, o que representa um aumento de 41,4% em relação a 2021.

A reportagem procurou a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) para repercutir os dados e questionar sobre ações de combate ao vírus, mas não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem.

Dentro desse percentual, são 212,1 registros a cada 100.000 habitantes. Um destes é o estudante João Gabriel Borges, 16 anos, que mora em Itabuna, no sul do estado, e teve a doença no início de abril.

"Comecei a sentir febre que se estendeu por uns três dias e ver aparecer manchas no corpo. Fiz consulta, comecei a tomar os medicamentos e muita água. Aqui na minha rua tem uma casa abandonada, que ninguém cuida. Suspeito que lá é o ponto de foco, apesar de não saber se alguém mais da área pegou. Lá acumula água e lixo sempre", denuncia.

O jovem conta ainda que, após o problema, a atenção que já existia contra o mosquito em casa foi ampliada. "Aqui sempre tivemos esse cuidado porque temos minha avó que é uma pessoa de mais idade. Depois que eu peguei, claro que ficou ainda melhor a nossa maneira de lidar com lixo, água parada e qualquer ponto de foco. Tudo para não passarmos pela mesma situação novamente", completa.

Três passos para ficar longe do mosquito
Para ajudar o leitor a fazer o mesmo que a família de João e reforçar os cuidados contra a dengue, pedimos aos especialistas que dessem dicas para manter o Aedes Aegypti longe de casa. Veja abaixo:

Cuidado com a casa

Para começar, é preciso não esquecer o que é básico, mas faz a maior diferença, como aponta o infectologista Antônio Carlos Bandeira. "Primeira coisa é cuidar da sua casa, do seu jardim, da sua área e de tudo e qualquer coisa que possa acumular água. Vale até olhar atrás da geladeira, onde costuma ter acúmulo. A atenção tem ser grande e contínua onde você vive, para proteger a todos que estão no local", orienta ele.

Proteção indireta

Além das ações que evitam a reprodução dos mosquitos, dá para tomar medidas indiretas que podem ser fatores de proteção, como explica a infectologista Áurea Paste. "É preciso cuidar do seu quintal, da sua casa e eliminar todos pontos com possibilidade de água parada. Dá para colocar rede e telas que evitem a entrada do mosquito, que são medidas indiretas e podem ajudar", indica ela.

Cuidado com os outros

Para lutar contra o mosquito, vale cuidar do que está dentro da sua casa e também do que há visível nas dependências de pessoas que morem perto de você, conforme recomenda Isolina Miguez. "Caso veja vizinho com tanque descoberto, pode ligar para 156 porque, ao ligar e dizer o motivo da denúncia, vão canalizar ao órgão que pode resolver", orienta.

Cerca de 80 representantes de municípios baianos participaram, de forma virtual, da reunião de monitoramento das arboviroses urbanas (dengue, zika e chikungunya), promovida pela Secretaria da Saúde da Bahia, nesta quarta-feira (4). Eles representam os 5 núcleos regionais de saúde e dos 17 municípios que hoje são considerados de alto e altíssimo risco para epidemia de dengue.

Os 17 municípios com coeficiente de incidência para dengue maior que 100 casos para cada 1000 habitantes ficam localizados nos núcleos de saúde Sudoeste, Sul, Oeste, Centro-Norte e Norte. São eles: Urandi, Floresta Azul, Coaraci, Potiraguá, Apuarema, Santa Cruz da Vitória, Mirangaba, Caatiba, Oliveira dos Brejinhos, Chorrochó, Remanso, Abaré, Caculé, Itajuípe, Caldeirão Grande, Érico Cardoso e Ipupiara. Outros 8 municípios estão em alerta do mesmo nível para chikungunya e 1 para zika.

A epidemiologista chefe da Coordenação de Doenças por Transmissão Vetorial, Sandra Oliveira, explicou que, entre as ações dos planos de contingência, os municípios precisam dar atenção especial para as devidas notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). É a partir destes dados que a Sesab norteia as ações de mapeamento para apoiar os municípios no combate às endemias.

Salas de monitoramento
Segundo a secretária Adélia Pinheiro, as salas de monitoramento dos municípios em alerta precisam de no mínimo três técnicos para fortalecer as ações como fiscalização de terrenos urbanos, mutirões de limpeza e fornecimento regular de água.

“É preciso inserir a população nas ações de combate a essas endemias com sensibilização e educação. Máquinas de UBV pesado devem ser a última medida a ser adotada, afinal os vetores de disseminação (o mosquito aedes aegypti) podem ser eliminados antes ainda de estarem na fase alada, que é quando transmitem o arbovírus”, explicou a secretária que, além de médica, também é doutora em saúde pública.

As arboviroses como dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana, são doenças epidêmicas transmitidas pela fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti. O crescente aumento no número de casos dessas arboviroses está diretamente associado à ampla disseminação das populações do Aedes aegypti. Por isso é tão importante a eliminação dos criadouros.

Entre as ações já tomadas pela Sesab para evitar que as endemias se tornem epidemias nos municípios estão a disponibilização de insumos como soro fisiológico, sais de reidratação oral, dipirona, paracetamol e aquisição de novas máquinas para aplicação de UBV costal.

Na área de qualificação de recursos humanos na assistência, foi disponibilizado material pedagógico para o treinamento de profissionais de saúde nas unidades de urgência e emergência.

“Os profissionais precisam estar preparados para fazer a identificação correta dos sintomas das doenças. Quando não tratada adequadamente, a dengue e chikungunya levam a óbito”, alertou a secretária Adélia Pinheiro.

 

Publicado em Saúde

Chuva e calor formam a dupla perfeita para a proliferação do Aedes Aegypti, conhecido como mosquito da dengue, mas que também provoca zika e chikungunya. Nesta época do ano, é até esperado pelas autoridades de vigilância epidemiológica um aumento dos casos das três doenças. A Bahia já tem aumento de 8,3%, 10 cidades em epidemia de dengue e 50 municípios em alto e altíssimo risco. Mas, na contramão do cenário estadual, Salvador registrou de 3 de janeiro a 23 de abril deste ano uma queda de 54% no número de arboviroses em relação ao mesmo período do ano passado.

Em 2021, foram 517 casos (299 de dengue, 179 de chikungunya e 39 de zika). Já em 2022, foram registrados 234 casos (163 de dengue, 59 de chikungunya e 12 de zika). Em relação às mortes por arboviroses, foram quatro óbitos por dengue e um por zika no ano passado. Este ano, apenas uma morte foi confirmada por dengue.

Em janeiro deste ano, Salvador registrou o menor dado do Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) dos últimos 16 anos. De acordo com a prefeitura, a capital apresentou em janeiro uma Infestação Predial (IIP) de 1,5%. Isso significa que a cada 100 imóveis visitados pelas equipes de saúde, menos de dois apresentaram focos do mosquito. Como o índice é medido a cada três meses, o próximo resultado será divulgado em maio.

A subcoordenadora de Ações de Controle das Arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Cristina Guimarães, lembra que a dinâmica do mosquito Aedes Aegypti sofre oscilações. Em 2019, por exemplo, Salvador passou por um surto de dengue e toda a Bahia teve um salto em um período de um ano de três para 40 óbitos pela doença.

Mas Cristina destaca a importância do papel de cada município e atribui a queda dos casos em Salvador também à permanência das ações de combate ao mosquito durante todo o ano. “O Centro de Controle de Zoonoses, através dos 1.500 agentes de combate às endemias, vem trabalhando durante todo o ano, então, no período em que se costuma ter aumento de casos, o trabalho é apenas intensificado. São ações em domicílios junto com campanhas educativas que vêm fazendo efeito”, diz a subcoordenadora.

Cristina pede que a população não dificulte a entrada dos agentes nos domicílios, mas ressalta que a CCZ não consegue contemplar todas as residências da cidade e, por isso, conta com o apoio dos cidadãos. “O ideal é que cada munícipe faça uma inspeção no seu domicílio uma vez por semana à procura de água parada”, orienta. A população também pode contribuir informando ao Canal Fala Salvador, através do telefone 156, locais de possíveis focos de mosquito.

Bahia tem aumento de 8,3% de casos
O surgimento de casos é esperado para esse período do ano, mas, na Bahia como um todo, os casos de janeiro a abril de 2022 já superam os do mesmo período de 2021. Até o dia 23 de abril, foram 24.579 casos notificados das três doenças este ano. No mesmo período do ano passado foram 22.684 casos, um aumento de 8,3%. Os dados são da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

“A gente já espera, na época de sazonalidade, um aumento de casos dessas doenças, mas a ideia é que sejam feitas ações para controlar o índice de infestação pela presença do vetor. Os diferentes números entre as regiões da Bahia são explicados pela incidência de chuva, mas também pelas ações de cada prefeitura em relação ao controle do mosquito”, diz a epidemiologista da Sesab, Sandra de Oliveira.

Em algumas cidades, houve uma disparada de casos. Em Itabuna, o aumento de 2021 para 2022 é de cerca de 200%. Segundo a secretária de saúde do município, Lívia Mendes, de janeiro a abril do ano passado foram 150 casos de dengue, zika e chikungunya registrados por lá; já este ano, são 466. A secretaria já considera que há um surto epidêmico na cidade.

As dez cidades em epidemia listadas pela Sesab são Urandi, Coaraci, Floresta Azul, Potiraguá, Apuarema, Mirangaba, Caatiba, Santa Cruz da Vitória, Remanso e Oliveira dos Brejinhos.

“A gente já tinha ações em andamento porque são doenças esperadas para essa época, mas agora estamos intensificando as atividades dos agentes no combate à água parada e as campanhas de conscientização da população”, diz a secretária de saúde.

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia (Divep/Sesab) informou que está em alerta para situação epidêmica de dengue e chikungunya nas macrorregiões de saúde Sudoeste e Norte. Outras regiões que preocupam são: Sul, Centro-Norte e Oeste.

O virologista e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gúbio Soares, explica que a combinação de água e calor atua como uma incubadora para os óvulos do mosquito Aedes Aegypti.

“O mosquito deposita o óvulo na água parada e o calor faz com que os óvulos eclodam. Em três dias de água parada, as larvas já começam a ser liberadas e, em cinco dias, já há mosquito. E vale destacar que mesmo que a água seque, os óvulos podem ficar ali até cerca de um ano só esperando que ali encha de água novamente para eles eclodirem”, diz.

Dengue

A doença que mais preocupa agora na Bahia é a dengue, com os 10 municípios em estado de epidemia, 52 com médio risco, 33 municípios com alto risco e 17 com altíssimo risco para a doença.

Ao todo, foram 14.732 casos de dengue registrados em 271 municípios. A doença é a única das três arboviroses com registro de mortes; são quatro óbitos confirmados e 12 em investigação no estado. No ano passado, foram 14.509 casos no mesmo período (aumento de 1,5%).

Chikungunya

Em relação à chikungunya, já são 9.290 casos em 2022, um aumento de 19,6% em relação às notificações do mesmo período do ano passado, quando foram registrados 7.765 casos. No total, 193 municípios notificaram casos. No acumulado de 2022, 25 municípios apresentaram médio risco, 16 municípios apresentaram alto risco e 8 altíssimo risco para chikungunya. Não há registro de óbitos.

Os dez municípios com mais casos acumulados de chikungunya em 2022 são: Macarani, Itambé, Santa Cruz da Vitória, Brumado, Maiquinique, Coaraci, Feira da Mata, Caculé, Potiraguá e Serra do Ramalho.

Zika

Já os casos de zika também tiveram um incremento de 35,9%, com 557 notificações em 2022, contra 410 registradas no mesmo período de 2021. 69 municípios realizaram notificação para esse agravo. Os cinco municípios com mais casos acumulados em 2022 são: Caculé, Itambé, Malhada das Pedras, Potiraguá e Encruzilhada. Não há registro de óbitos.

A Sesab informou que a Divep está monitorando os possíveis surtos das arboviroses urbanas nas macrorregiões. Nos 10 municípios categorizados como de alto e altíssimo risco para as três arboviroses, a Sesab já autorizou a liberação do inseticida e UBV pesado, bem como tem providenciado manter o abastecimento de inseticidas nos núcleos regionais.

“Estamos realizando reuniões com os secretários de saúde e equipes dos Núcleos Regionais de Saúde e municipais para garantir o planejamento intersetorial das atividades de controle. A Sesab também realiza o monitoramento das Salas Municipais de Coordenação e Controle do Aedes aegypti para orientar sobre as ações de bloqueio vetorial”, explica a secretária estadual da Saúde, Adélia Pinheiro.

O que fazer para eliminar o mosquito
O principal meio de transmissão das três arboviroses, dengue, chikungunya e zika, é a picada de mosquitos Aedes Aegypti, os mesmos que transmitem a febre amarela.

Daí a importância dos cuidados em casa, uma vez que os mosquitos Aedes se proliferam em locais com água armazenada. Os principais focos de combate devem ser frascos plásticos, galões, pneus, vasos de plantas, recipientes de todos os tamanhos como tampinhas de garrafa ou mesmo sacolas plásticas, o ambiente perfeito para a fêmea depositar seus ovos.

Os primeiros cuidados que devemos ter para reduzir os locais de proliferação do mosquito e evitar as doenças são:

tampar lixeiras;
tampar tonéis e caixas d’água;
manter as calhas sempre limpas;
limpar ralos e colocar telas;
deixar garrafas e recipientes com a boca para baixo;
preencher os pratos de vasos de plantas com areia;
manter lonas para materiais de construção e piscinas sempre esticadas para não acumular água;
limpar com escova ou bucha os potes de água para animais.

Quais são os sintomas?

Dengue
O primeiro sintoma da Dengue é a febre alta, entre 39° e 40°C. Tem início repentino e geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira no corpo. Pode haver perda de peso, náuseas e vômitos.

Zika
Tem como principal sintoma o exantema (erupção na pele) com coceira, febre baixa (ou ausência de febre), olhos vermelhos sem secreção ou coceira, dor nas articulações, dor nos músculos e dor de cabeça. Normalmente os sintomas desaparecem após 3 a 7 dias.

Chikungunya
Apresenta sintomas como febre alta, dor muscular e nas articulações, dor de cabeça e exantema (erupção na pele). Os sinais costumam durar de 3 a 10 dias.

Alguns sintomas da dengue podem ser também sintomas de gripe e covid, são eles: febre, dor de cabeça, dor no corpo, cansaço e mal-estar. Mas alguns pontos podem ajudar a diferenciar os sintomas. O ponto chave é o quadro respiratório. Tosse, produção de escarro, dor no peito, falta de ar e alteração do olfato e paladar são sintomas apenas da Covid-19 ou gripe e não aparecem no quadro de dengue.

Por outro lado, há sinais característicos da doença causada pelo Aedes aegypti. Quando a pessoa apresenta manchas vermelhas na pele, dores nas articulações e problemas gastrointestinais, o paciente provavelmente está com dengue. Estes sintomas não são muito frequentes em pessoas infectadas pelo coronavírus, apesar de possíveis.

“Logo a qualquer sintoma compatível com as doenças, a pessoa deve procurar o serviço de saúde da rede pública ou privada do seu município. E é importante que o profissional de saúde encaminhe para diagnóstico laboratorial, faça a notificação do caso e preste as orientações necessárias”, orienta a epidemiologista da Sesab, Sandra de Oliveira.

Vacinas

Mesmo com pesquisas há décadas, ainda não há vacinas para a zika e chikungunya. Para a dengue, somente um imunizante está disponível no Brasil, mas apenas no mercado privado e com restrições de uso. O CORREIO procurou os principais laboratórios que aplicam vacina em Salvador e não encontrou nenhum que fornecesse vacina contra dengue.

A única vacina contra a dengue disponível no Brasil é a Dengvaxia (a primeira que teve registro no mundo), fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. O imunizante é vendido na rede privada na maior parte do Brasil e não está disponível no Programa Nacional de Imunizações, o PNI.

A vacina foi aprovada somente para pessoas entre 9 a 45 anos que moram em áreas endêmicas. Além disso, não é recomendada para quem nunca entrou em contato com o vírus da dengue. A vacina apresentou uma eficácia contra qualquer sorotipo da dengue de 65,6%. Se considerada a forma da dengue que leva à hospitalização, a eficácia verificada da vacina foi de 80,8%.

Outra vacina aguarda a aprovação da Anvisa desde o ano passado e, além disso, o Instituto Butantan está desenvolvendo - com parceria internacional - um imunizante do tipo, há mais de 10 anos.

Para o virologista Gúbio Soares, os estudos podem avançar a partir dos resultados obtidos com as vacinas contra covid-19.

“O que se espera é que a vacina para covid-19 abra portas porque tivemos aí uma nova tecnologia testada de RNA que deu certo e pode ser usada para produzir uma vacina só que cubra Zika, Dengue e Chikungunya, assim como a vacina da gripe é tríplice, com os três tipos de influenza. A expectativa é que, em menos de um ano, a gente já tenha essa vacina no mercado”, destaca.

Salvador bateu um recorde e registrou no mês de janeiro o menor dado do Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) dos últimos 16 anos. De acordo com a prefeitura, a capitalapresentou entre os dias 3 e 7 de janeiro uma Infestação Predial (IIP) de 1,5%.

O índice significa que a cada 100 imóveis visitados pelas equipes de saúde, aproximadamente um apresentou focos mosquito.

"É o resultado dos recursos investidos na saúde, nas motos que saíam nas vielas, nas baixadas, para atacar o aedes, com as equipes que montamos que foram de casa em casa. É trabalho realizado com a limpeza, aplicação dos produtos para manter o combate ao aedes. Nós temos que celebrar esses números", disse o prefeito Bruno Reis, nesta terça-feira (15).

Para a prefeitura, a resultado positivo do levantamento é atribuído a uma série de intervenções, mobilização e conscientização junto à população feita através de campanhas e ações educativas coordenadas pela Secretaria Municipal da Saúde, bem como a intensificação das atividades do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) casa à casa, dos inúmeros mutirões de limpeza realizados em bairros prioritários através da articulação de diferentes órgãos da Prefeitura como a Limburp.

“Passamos por um período desafiador durante a pandemia, já que suspendemos as inspeções domiciliares dos agentes de combate às endemias por conta do risco de transmissibilidade do Covid-19. No entanto, intensificamos o trabalho de enfrentamento ao Aedes com os mutirões nos bairros em parceria com a Limpurb. Isso ajudou a atingir o indicador estável na cidade. Vamos seguir com a intensificação das medidas para reduzir ainda mais esse indicador durante o verão”, pontuou Andréa Salvador, diretora de Vigilância à Saúde.

Infestação por bairros
Algumas localidades dos bairros de Coutos e Vista Alegre registaram o maior percentual de infestação do mosquito da cidade com 7,6%, seguido das comunidades de Nazaré, Barroquinha, Saúde, São Joaquim e Macaúbas (4,2%), e Bairro da Paz, Luís Anselmo e Cosme de Farias com 4,1%.

As comunidades do Matatu, Pitangueiras, Santo Agostinho e Vila Laura apresentaram o indicador mais baixo no município com 0%, ou seja, nenhum foco foi identificado na região durante o estudo.

Os cientistas já conhecem bem esse comportamento. Após dois anos seguidos de aumento no número de casos da dengue, são vividos outros dois anos de redução, como uma espiral que parece não ter fim. O ano de 2021 está aí confirmando essa tendência. Até o momento, a queda de casos de dengue na Bahia é de 71,82% se comparado com 2020, que trazia o segundo período seguido de epidemia.

“Essa doença é caracterizada por períodos epidêmicos e não epidêmicos. Os anos de 2015 e 2016 foram epidêmicos, enquanto 2017 e 2018 não foram. Já 2019 e 2020 voltaram a ser epidêmicos e 2021 começa a ter a redução que esperamos ver novamente em 2022”, explica Ana Claudia Nunes, Coordenadora da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Ela afirma que o período epidêmico é sinalizado quando acontece aumento repentino e inesperado no número de notificações da doença ou quando a incidência supera 300 casos por 100 mil habitantes nas últimas quatro semanas. “Temos um diagrama de controle que indica se os casos prováveis de dengue estão dentro do esperado para o período considerando a série histórica. É a forma como conseguimos avaliar a redução ou aumento dos casos”, diz.

No caso da Bahia, entre os dias 1º de janeiro de 2021 e 10 de agosto de 2021, foram registrados 21.958 casos de dengue, um número quase quatro vezes menor do que os 77.920 casos da doença registrados no mesmo período de 2020. Além disso, a atual incidência da dengue no estado é de 147,6 casos por 100 mil habitantes, caracterizando a não epidemia.

Salvador também registra queda nos casos de dengue
O reflexo dos números estaduais pode ser visto na capital baiana. Entre os dias 3 de janeiro de 2021 a 7 de agosto de 2021, foram registrados 465 casos de dengue em Salvador, 95% a menos dos 10.278 casos notificados no mesmo período de 2020.

"Apesar de estarmos no período de redução, continuamos realizando ações de controle e educativa. Durante a vacinação contra a covid, por exemplo, a gente aproveita para divulgar a importância de se evitar criadouros e quais são todos os cuidados que cada munícipe deve ter”, diz Cristina Guimarães, coordenadora das ações de controle do Aedes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Ela explica que o controle continua principalmente nos locais onde há mais registro de casos, que atualmente são os distritos sanitários de Pau da Lima e Cabula/Beiru. “Quem mora nessa região precisa tomar mais cuidado ainda. Tem que usar repelente, mosquiteiro, verificar se os vizinhos estão mantendo os cuidados e, se necessitar da visita dos agentes, ligar para o Fala Salvador pelo número 156”, relata.

Na manhã dessa sexta-feira (13), uma ação de controle foi feita em São Marcos, que faz parte do distrito sanitário de Pau da Lima. "Lá tem um caso suspeito de dengue, o que foi suficiente para irmos com a equipe que faz a limpeza e aplica o inseticida capaz de matar o mosquito adulto”, relata.

Além da dengue, outras arboviroses tiveram redução na capital. A chikungunya caiu 98% (De 11.432 casos entre 3 de janeiro de 2020 a 7 de agosto de 2020 para 264 casos no mesmo período de 2021) e a zika caiu 96% (1.217 casos em 2020 para 44 em 2021).

Zika e chikungunya também estão em queda na Bahia
Na Bahia, o cenário não epidêmico das outras arboviroses não é diferente. Entre 2020 e 2021, a zika caiu 83% (de 3.975 casos para 671) e a chikungunya caiu 71% (de 37.396 casos para 10.952). A redução só não é tão expressiva como está sendo em Salvador por causa das regiões Oeste, Centro-norte e Sudoeste, que ainda preocupam as autoridades sanitárias por juntas compreenderem 85% dos casos de arboviroses em 2021.

Nessas três regiões baianas, o coeficiente de incidência é superior a 300 casos por 100 mil habitantes, o que caracteriza uma situação epidêmica. Dos doentes, seis já vieram a óbito por dengue, sendo dois em Luís Eduardo Magalhães e os demais em Uruçuca, Jaguarari, Conceição do Coité e Ibipeba, cada. Já a chikungunya levou uma pessoa a óbito, em Matinha, enquanto a zika não vitimou ninguém.

Moradora de Salvador, a psicopedagoga Jerusa Oliveira de Carvalho, 54 anos, teve dengue e chikungunya ao mesmo tempo no ano passado, período de aumento de casos na Bahia. “Eu fiquei muito mal. Tive todos os sintomas horríveis, como dor, febre e calafrios. Até hoje não me recuperei totalmente das dores causadas pela chikungunya”, lamenta a profissional da educação, que teve que ficar um mês de cama para tratar a doença.

“Os piores efeitos foram os psicológicos. Fiquei muito abatida, pois não conseguia comer, levantar, pentear o cabelo e fazer atividades básicas. Logo eu que sempre fui uma pessoa ativa, fiquei super dependente do outro. Tive que voltar para a terapia para lidar com tudo isso. A pessoa que pegar essa doença precisa desse acompanhamento profissional”, recomenda.

Cuidados não podem ser deixados de lado
Se a tendência se confirmar, 2022 será novamente um ano não epidêmico, enquanto 2023 vai registrar aumento nos casos de arboviroses. Esse comportamento sazonal acontece por questões relacionadas ao ambiente, como temperatura e precipitação de chuvas, que são fatores que determinam as condições de vida do principal vetor, o Aedes aegypti.

No entanto, ainda que a tendência aponte para uma queda este ano, não dá para baixar a guarda. É necessário manter os cuidados necessários para evitar a proliferação das larvas do mosquito, eliminando a água armazenada que pode se tornar possíveis criadouros, como em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, dentre outros. O problema é quando as ruas onde as pessoas moram não têm um ambiente favorável para isso.

Moradora do bairro de Periperi, na região próxima ao Canal do Paraguari, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, Valdecir Lima conta que é até difícil caminhar por ali nos finais de tarde devido à nuvem de mosquitos. Ele teme que o tempo chuvoso cause uma infestação de casos de arboviroses por lá. Requalificado e entregue no fim do ano passado, o canal passou por uma obra para solucionar problemas de acúmulo de lixo e promover a reurbanização da localidade.

Mas a moradora observa que, como o rio que corria ali foi parcialmente coberto, os mosquitos se escondem sob a estrutura das passarelas e saem à noite, o que preocupa. Valdecir Lima acredita, inclusive, que os números da doença podem estar subnotificados, ou seja, têm chances de ser muito maiores do que os computados pelas redes de saúde, já que nem todo mundo tem procurado o serviço médico por medo de ser infectado pela covid-19. “As pessoas estão esquecendo os nossos outros problemas sanitários”, diz.

Pandemia pode ter contribuído na subnotificação de casos de arboviroses
Descobridor do vírus da zika, o virologista Gúbio Soares concorda com a moradora. Como 2020 foi um ano atípico devido a pandemia, os esforços, tanto dos indivíduos quanto das autoridades, se voltaram para o controle da covid-19 e, por consequência, houve uma fragilidade no combate às arboviroses. Ele lembra, inclusive, que Feira de Santana teve um forte surto de chikungunya no ano passado e a situação passou quase despercebida.

“Muita gente não buscou mesmo os postos de saúde e as pessoas tiveram perda de movimento porque a chikungunya afeta as articulações e, em alguns casos, pode até matar. Já a zika afeta especialmente mulheres grávidas, com risco de microcefalia para a criança. Agora, nesse período de chuvas, a água se acumula nas lajes não cobertas e Salvador tem uma temperatura média de 24°C, ideal para a proliferação do mosquito. O problema das arboviroses na Bahia ainda é muito grande”, diz.

Ana Cláudia Nunes explica, ainda, que o ciclo do mosquito dura 10 dias, período em que ele vai do ovo à fase adulta. No entanto, um ovo pode sobreviver sem eclodir e durar até 450 dias. Ele fica numa área seca e, quando as chuvas acontecem, vira larva e depois mosquito. É por causa disso que ela justifica que é preciso atuar em todas as estações do ano, não só nas chuvosas.

Cláudia Nunes também chama atenção para o fato de que, na pandemia, cresceu a produção de lixo em casa e isso também é um fator de preocupação, pois 80% dos criatórios de larvas do Aedes Aegipyti estão nas residências. "Por conta da pandemia, a gente não pode entrar nos lares para retirar esses criadouros. Só fazemos a visita e a orientação, alertando a população para que coloque as garrafas viradas para baixo, faça a limpeza dos pratos de vasos de plantas, feche tonéis e caixas d 'água, dentre outras ações", conclui.

Zika já tem seis anos desde que foi identificada
Em abril de 2021, completaram-se seis anos desde que o vírus zika foi identificado no país. Era abril de 2015 quando os virologistas Gúbio Soares e Silvia Sardi, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, descobriram que ele circulava por aqui. De lá para cá, cerca de 95 mil casos já foram registrados no estado, sendo mais de 3 mil em Salvador.

Mas, em 2020, a doença atingiu números nunca antes alcançados. Foram 1.290 casos prováveis só na capital baiana, um dado que é maior do que a soma inteira dos registros dos dois primeiros anos da epidemia, em 2015 e 2016, que tiveram 1.215 ocorrências. A maioria dos casos totais da doença em Salvador aconteceram em 2020, com 34% das ocorrências só naquele ano.

A estatística é diferente quando se olha para o estado, que teve a maioria dos registros em 2016, com 53%. O estudante Wallace Guimarães, 18, teve a doença no ano passado em Feira de Santana. Ele dormiu e, no dia seguinte, acordou febril e com o corpo cheio de bolinhas vermelhas. O jovem acredita que, provavelmente, foi picado à noite. Por conta disso, foi preciso sair de casa no meio da pandemia de covid-19 para ir ao posto de saúde tomar soro e solicitar um remédio para alívio das dores. “Parecia catapora, mas tive sorte de que não chegou a ser nada grave”, conta.

No meio do ano passado, novas variantes do zika vírus foram identificadas pela Fiocruz Bahia e, por causa disso, a possibilidade de reemergência da epidemia não é descartada. Gúbio Soares defende que o ideal seria que o país tivesse financiamento para uma vacina contra o zika, desenvolvida com os mesmos moldes da de covid-19, com RNA mensageiro, e essa deveria ser uma prioridade do governo para proteger o futuro da população, tendo em vista as consequências da doença para as grávidas.

Bahia também registra queda nos casos de síndromes congênitas
Enquanto os casos prováveis de zika tiveram uma alta no ano passado, felizmente os casos de síndrome congênita associada a esse vírus — entre elas a microcefalia — caíram significativamente. Desde 2015, a Bahia teve 2.130 ocorrências notificadas de síndrome, sendo que 585 foram confirmadas e, destas, só cerca de 0,1% aconteceu no ano passado. A maioria aconteceu em 2016, quando houve 56%. A queda é atribuída à disponibilidade de informação sobre os riscos e recomendações médicas de cuidado.

Ainda segundo a coordenadora estadual de Doenças Transmitidas por Vetores, não houve registro de óbito pela doença este ano, o que é considerado positivo. Ana Claudia Nunes disse que o trabalho de combate ao vírus da zika não parou durante a pandemia e que as regiões Oeste e Sudoeste foram as que mais receberam carros fumacê para matar as larvas. No entanto, em abril do ano passado, houve um desabastecimento nacional da substância larvicida e o governo estadual só recebeu do Ministério da Saúde metade do que havia solicitado, o que provocou a necessidade de racionalizar essa solução naquela ocasião.

Em 2020, 210 mil vasos de repelente foram entregues às grávidas baianas beneficiárias do Bolsa Família. A escolha dos municípios onde o produto chegou se deu a partir de acordo da incidência para a doença. Além dessa substância que afasta mosquito, a recomendação para esse público é de instalação de telas nas janelas e uso de roupas claras e de mangas compridas. “Fizemos também vídeos e podcasts para fazer essa conscientização. A principal prevenção é a conscientização, é a educação”, completa a coordenadora.

Infectologista explica diferença dos sintomas das arboviroses com a covid-19
Ainda vivendo uma situação pandêmica, é comum que as pessoas possam confundir os sintomas das arboviroses com a dengue, zika ou chikungunya com a covid-19. Para o infectologista Victor Castro, professor da Rede UniFTC, é importante que as pessoas fiquem alerta e, ao aparecer qualquer um desses sintomas, procure assistência média.

“As quatro infecções são causadas por vírus e possuem sintomas semelhantes, mas há diferenças marcantes. Por exemplo, a covid é uma doença respiratória e, consequentemente, costuma ter sintomas respiratórios, como coriza, tosse e inflamação das vias áreas. Há também manifestações clássicas da covid que não são comuns nas outras doenças, como alteração no paladar e olfato”, explica.

Já entre dengue, zika e chikungunya, as diferenças são percebidas nos detalhes. “A dengue costuma causar uma febre muito alta, maior do que a das outras doenças. As dores no corpo também são muito importante e, na forma grave, tem uma possibilidade de sangramento”.

“A zika causa febre baixa, manchas na pele e vermelhidão nos olhos, esse último menos comum nas outras doenças. Já a chikungunya tem as dores nas articulações, nas juntas. E essas dores são crônicas, duram até mesmo semanas ou meses”, lembra.

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A partir de quinta-feira (18), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), órgão vinculado à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), inicia a campanha de mobilização contra o Aedes aegypti. Até abril próximo, as equipes estarão nas ruas às quintas e sextas-feiras, às 8h, visitando pontos estratégicos para combater a proliferação do mosquito.

Entre janeiro e março deste ano, a SMS notificou 99 casos de dengue, 58 de chikugunya e 18 de zika. O trabalho preventivo é resultado do monitoramento do Aedes na capital. De acordo com a subgerente de arboviroses do CCZ, Cristina Guimarães, o mês de março é historicamente pontuado por um aumento do número de ocorrências das doenças transmitidas pelo mosquito na cidade.

"Fecharemos o cerco ao Aedes com a eliminação de focos em diversas áreas da capital, reforçando a necessidade de cada cidadão também contribuir com o trabalho dos agentes de saúde, só que dentro das próprias casas. Para isso, é necessário que as pessoas mantenham boas práticas, como vasos limpos e evitando acumulação de entulho, por exemplo", explicou Cristina.

Cronograma – Nesta quinta (18) e sexta-feira (19), as inspeções serão realizadas em cemitérios, templos religiosos, borracharias, pontos de reciclagem e imóveis acumuladores. Na próxima semana, dias 25 e 26 de março, é a vez de praças públicas, bocas de lobo e instituições de saúde como Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), hospitais e clínicas.

Nos dias 1º e 2 de abril, as inspeções acontecem em instituições de ensino municipais, em parceria com a Secretaria Municipal da Educação (Smed). Nos dias 8 e 9 de abril, as equipes estarão em inspeções em hotéis, pontos turísticos e ação em imóveis de acumuladores em parceria com a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) e Secretaria Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre).

Os mercados municipais, feiras livres, parques e estações de transbordo serão vistoriados nos dias 15 e 16 de abril. Nos dias 22 e 23 de abril, as ações ocorrerão em órgãos públicos e em instituições de ensino.

A pandemia do novo coronavírus impõe aos brasileiros desafios inéditos, que vão além das medidas de restrição e isolamento social, e atinge a saúde no país com o aumento exponencial do número de casos e de mortes causadas pelo vírus.

Além da preocupação com a Covid-19, a população deve ficar atenta às arboviroses, doenças causadas pelo arbovírus, como dengue, zika e chikungunya.

A Bahia também enfrenta cada vez mais casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O estado teve um aumento de 320,9% no número de casos prováveis de chikungunya em 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.

Ao todo, 295 municípios baianos registraram notificação sobre a doença. O número de casos de zika teve aumento de 48% e não registrou mortes em 2020. Já a dengue registrou alta de 32,7% e cinco mortes na Bahia.

Já na capital, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até setembro de 2020 foram registrados 9.572 casos em Salvador, enquanto que no mesmo período de 2019 foram 2.788. Um aumento de 243%.

A permanência do confinamento em casa, exatamente no momento em que a pandemia coincide com o verão, é de fundamental importância se dedicar a impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika vírus e chikungunya, alerta Angelina Oliveira, especialista em Saúde Pública e diretora da Padrão Enfermagem Salvador.

A especialista destaca que os ambientes domésticos são mais propícios para a proliferação do mosquito. “Basta um recipiente com um pouco de água para que o Aedes aegypti deposite seus ovos”, alerta. Angelina Oliveira ressalta ainda que ações simples podem ajudar a combater o mosquito.

“É indispensável não deixar acumular água parada em lugares que costumam ser esquecidos nas nossas próprias casas, como em garrafas, que devem ser guardadas sempre de cabeça para baixo, pratos dos vasos de plantas e pneus velhos, latas e outros recipientes”, pontua a especialista.

Outra preocupação é a semelhança dos sintomas entre a Covid-19 e as doenças provocadas pelo Aedes aegypti. Angelina Oliveira diz que a principal diferença são os sintomas respiratórios, já que febre e dores de cabeça e no corpo são indicativos dessas doenças.

Ainda sem a imunização em massa contra a Covid-19, o tratamento tanto para as doenças transmitidas pelo mosquito quanto para a infecção causada pelo coronavírus serve apenas para aliviar os sintomas, pois o processo de cura depende do organismo de cada paciente.

No entanto, a especialista recomenda que antes de se medicar, um médico deverá ser consultado, já que pode haver necessidade de assistência médica, com internações nos casos mais graves.

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A Prefeitura de Salvador continua fechando o cerco contra o Aedes aegypti em toda cidade. O intenso trabalho desenvolvido pelas equipes do Cento de Controle de Zoonoses (CCZ) resultou em uma redução em 90% nas notificações para dengue, zika e chikugunya. No ano passado, foram registrados 1.348 ocorrências de arboviroses na capital baiana durante o mês de novembro. Em 2020, 126 casos das doenças foram notificados no mesmo período.

Para conter o avanço das arboviroses, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) deflagrou a maior estratégia de enfrentamento ao Aedes aegypti da história da cidade com realização de ações de campo durante os sete dias da semana, inclusive, nos finais de semana e feriados. Além disso, as equipes CCZ iniciaram a realização do trabalho de inspeção e bloqueio espacial com borrifação de inseticida para eliminar os mosquitos na fase adulta nas localidades alvo das medidas de restrição regionalizada.

“Iniciamos o ano de 2020 com um aumento de mais de 1.000% nos casos de dengue, zika e chikungunya na cidade. Para completar, com a chegada da pandemia, os agentes de combate às endemias ficaram impossibilitados em realizar as visitas domiciliares nas residências habitadas, ou seja, nos locais onde são identificados em média 80% dos focos”, afirmou Leo Prates, secretário municipal da saúde.

“Diante desse cenário desafiador, mapeamos os locais com rumores de surtos e intensificamos a aplicação do fumacê. Também implementamos horas extras para equipes de campo para atuação intensiva todos os dias da semana, além de destacar equipes exclusivas para atendimento rápido das demandas recebidas do Fala Salvador 156”, completou o gestor.

Operação Verão
Mesmo com a redução significativa de casos das arboviroses no município, a SMS mantém as ações ostensivas de enfretamento ao mosquito com mutirões de limpeza em bairros prioritários, abertura de imóveis fechados/abandonados com auxílio de um chaveiro, inspeção de praças e logradouros públicos em pontos turísticos da cidade, entre outras atividades.

“Esse é um período bastante propício para proliferação do mosquito por isso não podemos baixar a guarda. Por isso estamos redobrando os atendimentos das ações que já fazíamos como bloqueios ampliados, além dos atendimentos via Ouvidoria pelo 156. Também contamos com o auxílio de toda população para evitar a formação de focos nas residências, cobrindo as caixas d’águas, verificando vasos de plantas e demais locais que possam acumular água parada”, explicou Andréa Salvador, coordenadora do CCZ.

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Um estudo da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, apontou que a exposição à dengue pode fornecer imunidade contra a covid-19. O estudo foi liderado pelo brasileiro Miguel Nicolelis, um dos coordenadores do Comitê Científico do Consórcio Nordeste.

Segundo a agência de notícias Reuters, a pesquisa, que ainda não tem revisão dos pares, comparou a distribuição geográfica dos casos de covid-19 com a disseminação da dengue em 2019 e 2020 no Brasil.

Locais com taxas mais baixas de infecção por coronavírus e crescimento mais lento de casos foram os mesmos que sofreram intensos surtos de dengue neste ano ou no último, descobriu Nicolelis.

“Esta descoberta surpreendente levanta a possibilidade intrigante de uma reatividade imunológica cruzada entre os sorotipos de Flavivirus da dengue e o SARS-CoV-2”, afirma o estudo, referindo-se aos anticorpos do vírus da dengue e ao novo coronavírus.

“Se comprovada como correta, essa hipótese pode significar que a infecção por dengue ou a imunização com uma vacina eficaz e segura contra a dengue poderia produzir algum nível de proteção imunológica contra o coronavírus", aponta.

De acordo com Nicolelis, os resultados são particularmente interessantes porque estudos anteriores mostraram que pessoas com anticorpos da dengue no sangue podem apresentar resultados falsamente positivos para anticorpos de covid-19, mesmo que nunca tenham sido infectadas pelo coronavírus.

“Isso indica que há uma interação imunológica entre dois vírus que ninguém poderia esperar, porque os dois vírus são de famílias completamente diferentes”, disse Nicolelis, acrescentando que mais estudos são necessários para comprovar a conexão.

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Levantamento do Ministério da Saúde mostra que o número de casos de dengue na Bahia cresceu 281% neste ano, em comparação com o mesmo período de 2018. O aumento é superior ao registrado no nacionalmente, de 224% (veja aqui).

Foram notificados no estado 7.305 casos da doença em 2019, contra 1.916 no ano anterior. A incidência atual de dengue é de 49,3 casos por 100 mil habitantes.

Em Salvador, diversos bairros estão em estado de alerta devido ao alto índice de infestação de Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que o índice tolerável é de 1%.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), os maiores índices foram registrados em bairros populares da capital baiana: Vista Alegre e Coutos (7,6%); Sussuarana e Novo horizonte (4,7%); Lagoa da Paixão e Valéria (4,1%); e Fazenda Coutos (4%). Há também bairros nobres e de classe média na lista: Barra, Graça, Vitória, Garcia, Canela e Campo Grande (4%); e Itaigara (3,4%).

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