O preço de um tanque cheio de gasolina, em Salvador, já custa quase um terço de um salário mínimo - o equivalente a 32,3%. É o máximo que ganham 75,2% dos baianos, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), de 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o novo aumento da Petrobras nas refinarias, desde terça-feira (26), o preço dela na bomba chegou a ficar R$ 1,15 mais caro nos postos da capital baiana.

É o segundo aumento em 17 dias feito pela empresa - o 11º do ano. Agora, para abastecer um tanque médio, de 50 litros, é preciso pagar R$ 57,5 a mais que na segunda-feira (25). Já para encher o tanque, o gasto vai para R$ 355, o mesmo que 74,1% do valor de uma cesta básica na capital baiana, que estava em R$478,86, em setembro, de acordo com os últimos dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No acumulado de 2021, a gasolina subiu 74,79%, segundo levantamento do Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniências da Bahia (Sindicombustíveis-BA).

O litro da gasolina já está mais caro que o quilo do arroz (R$ 4,29, da marca Tio João) e que o quilo de feijão, (R$ 5,99) de acordo com o aplicativo Preço da Hora, mas não mais do que o óleo de cozinha, que chega a R$ 9,69 a embalagem de 900 ml. Quem abrir mão do combustível garante também metade do café do mês (da caixa Mellita Tradicional, de 500g) ou a carga do celular na conta de luz ou duas latas de cerveja Heineken de 250 ml – com troco.

Com R$ 7,1 de gasolina também dá para ir de carro do Shopping Barra até o Shopping da Bahia, no Caminho das Árvores, e ficar no meio do caminho de volta, para os veículos econômicos, que rodam entre 15 a 17 km/l, pois a distância do percurso é de 20 quilômetros. O custo do trajeto completo, nesse caso, seria de R$10,65, considerando o valor mais caro do combustível. Para os carros que bebem mais, ou seja, fazem entre 6 a 8 km/l, a viagem custaria, no mínimo, R$ 23,6. De ônibus, esse caminho de ida e volta sairia por R$ 8,80 – 17,3% a 62,7% mais barato, respectivamente.

Com o valor de dois litros, você também compra seu almoço - um acarajé com um refrigerante. Com cinco litros, compra um quilo de patinho, e garante a carne para a semana inteira. Já com o tanque cheio, dá para pagar o plano de saúde de duas pessoas de 40 a 49 anos, pelo Planserv, ou um mês de aluguel em uma kitnet em Brotas, sem mobília, mas com cama e fogão. Com os 50 litros, ainda é possível bancar metade do trajeto de ida e volta de uma passagem aérea para São Paulo ou Rio de Janeiro, em junho de 2022, pela Latam. Também dá para casar duas vezes no cartório.

Mais de um terço do salário
Para a enfermeira esteta Rafaela Nunes, de 30 anos, a gasolina representa 35% do que ela ganha no mês, mais de um terço do salário. Ela trabalha com procedimentos estéticos a domicílio e teve que aumentar o valor dos pacotes. O kit com 10 sessões de massagem, por exemplo, que ela cobrava R$ 500 ano passado, não consegue fazer por menos de R$ 700, para a mesma clientela. “Já estava saindo no prejuízo, então tive que aumentar, para não deixar de atender”, explica.

Em meio às sucessivas altas de preço dos combustíveis, Rafaela quer, inclusive, trocar de carro para um mais econômico. Ela tem um Logan ano 2009/2010 e pensa trocar por um Fox. “A ideia é comprar um mais novo, com manutenção mais barata e que rode 20 quilômetros por litro. O meu, hoje, faz 12. Até pensei em trocar por uma bicicleta, mas, infelizmente, com a violência na cidade para todos os lados, não me sinto segura”, confessa.

Dar carona virou até sinônimo de prova de amizade. O auxiliar jurídico Thiago Mota, 30, passou a sempre dividir o carro com várias pessoas, para economizar. Ele ainda reduziu a frequência das saídas de veículo. “Desde o começo do ano, quando os aumentos tornaram-se mais frequentes, comecei a abrir mão do uso do carro no dia a dia. Com esse último aumento, na realidade que o país vive, e nós, os meros mortais, está impraticável”, desabafa.

Ele passou a usar mais os aplicativos para fazer supermercado, para evitar o custo com o deslocamento. “Procuro fazer tudo próximo de casa, que dá pra ir andando. Sair de casa de carro hoje em dia só em necessidade extrema”, conta. Até vender o carro ele considerou, mas, assim como Rafaela, não o faz, pela insegurança.

Menor poder de compra
Segundo o economista Gustavo Palmeira, do Dieese, os sucessivos aumentos no preço não só da gasolina, mas de todos os combustíveis, principalmente do gás de cozinha, fazem com que se reduza o poder de compra do baiano. “O preço dos combustíveis e do gás de cozinha não obedecem às regras da inflação do Brasil, e sim o preço do mercado internacional. Isso é extremamente prejudicial, porque interfere no preço do transporte, na alimentação e reduz o poder de compra do consumidor. Era para o salário mínimo estar em R$ 5.657,66”, alerta Palmeira. O salário mínimo está hoje em R$ 1.100.

Ele cita que o aumento acumulado do gás de cozinha, entre janeiro e outubro, é de 35,8%, nas refinarias. Nos postos, chegou a aumentar 47,5% no mesmo período. Já o diesel, 46,3%, a gasolina 47,3%, o etanol, 43% e o GNV, 51,3%. Ele critica a política de preço feita pela Petrobras. “De 2019 até agora, a gasolina nas refinarias aumentou 106,6%. Isso só faz gerar mais renda para os acionistas da empresa e pouco retorno para a população. Mesmo que haja uma redução no ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], em breve, o valor vai ser engolido pela política de preços, que precisa ser calibrada, com alterações mais amenas”, analisa o economista.

Aumento dificulta retomada da economia
Segundo o secretário do Sindicombustíveis, Marcelo Travassos, os altos preços dos combustíveis dificultam a retomada econômica. “Não é bom para o consumidor, para os donos de postos de combustíveis e nem para a economia. Dificulta que o país volte à normalidade, porque são os combustíveis que determinam e balizam os preços de outras mercadorias e serviços. O médico vai ficar mais caro, os eletrodomésticos, o serviço de pedreiro, tudo. E isso vai fazer com que o brasileiro consuma menos, já que não tem folga no orçamento. Quando isso acontece, entramos em recessão”, explica Travassos.

O secretário cita que o aumento que mais preocupa é o do diesel, que aumentou 67,42%, em 2021. “Como o Brasil não tem, internamente, um sistema de transporte pluvial ou de ferrovias, tudo é feito pelas rodovias e o caminhão, como é transporte de carga, é movido a diesel. A máquina que planta e colhe, na lavoura, é a diesel, e o transporte é feito a diesel. Então tudo tende a ficar mais caro”, esclarece Marcelo Travassos.

Ele ainda diz que o controle da produção de petróleo, determinado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o real desvalorizado em relação ao dólar são os principais motivos do no aumento. O barril de petróleo, que custava, no ano passado, US$ 40 dólares, está em US$ 85 dólares na bolsa americana e europeia. Ainda não há perspectiva de retorno aos preços anteriores.

“As consultorias internacionais, que acompanham o mercado de commodities, não veem perspectiva, porque vamos entrar no inverno europeu, que dura até março e abril de 2022. Com o inverno, a demanda por petróleo aumenta. Como a produção está controlada, significa pressão no sobrepreço. Então, o que precisa existir é a recuperação econômica, para uma valorização do real em relação ao dólar, de modo que nossa moeda fique mais forte”, afirma Travassos.

A Petrobras disse que esse novo aumento respeita “a prática de preços competitivos” e está “em equilíbrio com o mercado”, aliado à uma “demanda atípica” prevista para novembro de 2021. “Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, argumenta, por meio de comunicado oficial.

O preço médio de venda da gasolina da Petrobras, para as distribuidoras, passou de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro. Já o diesel aumentou de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) foram procurados, mas não enviaram resposta até o fechamento.

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A alta de 0,87% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto foi o maior resultado para o mês desde o ano 2000, quando subiu 1,31%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado fez a taxa de inflação em 12 meses atingir o maior patamar desde fevereiro de 2016, quando estava em 10,36%.

Em agosto de 2020, o IPCA ficou em 0,24%.

Como consequência, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 8,99% em julho para 9,68% em agosto, ante uma meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central este ano.

O IPCA acumulado está acima do teto da meta para este ano, que seria de 5,25%.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)ficou em 0,26% na Região Metropolitana de Salvador (RMS) em janeiro, desacelerando de forma considerável em relação à taxa de dezembro (0,92%). Próximo da média nacional (0,25%), o resultado da RMS foi o menor para um mês de janeiro na RMS desde a criação do real, em 94.

Nos 12 meses encerrados em janeiro, a inflação na RM Salvador acumula alta de 4,23%. Está abaixo dos 4,31% registrados nos 12 meses encerrados em dezembro e também menor que o índice acumulado no país como um todo (4,56%). O IPCA é o indicador oficial de inflação no país.

Seis dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA apresentaram alta no mês passado na Região Metropolitana de Salvador. Puxado por alimentação no domicílio, o grupo de alimentos e bebidas (1,08%) apresentou a maior alta e foi o que mais colaborou para puxar a inflação para cima na RMS.

Transporte
O grupo transportes (0,52%) teve o terceiro maior aumento percentual na RMS, mas foi o segundo mais relevante para puxar o IPCA para cima na região. Neste mesmo grupo, o transporte público (-5,10%) e a passagem aérea (-25,52%) seguraram a preção sobre os preços.

Nos três grupos com queda média nos preços, o grupo habitação (-1,40%) teve a maior redução. Já o grupo comunicação (-0,28%) foi o segundo principal freio inflacionário no mês por conta da redução do valor do aparelho telefônico (-1,33%).

Baixa renda
Também em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – que mede a inflação das famílias de baixa renda- ficou em 0,30% em janeiro, bem abaixo do 0,96% registrado em dezembro e próximo do índice de janeiro de 2020 (0,31%).

O indicador ficou acima da média nacional (0,27%), sendo o 9º entre as 16 áreas pesquisadas. No acumulado nos 12 meses terminados em janeiro, o INPC ficou em 4,97% na RMS, abaixo da média nacional (5,53%) e levemente inferior ao encerramento do ano de 2020 (4,99% no acumulado até dezembro).

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O Banco Central (BC) manteve a estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA - a inflação oficial do país) em 4,39%, em relação à semana passada, de acordo com informações do Boletim Focus divulgado hoje (28). Com periodicidade semanal, o documento reúne as projeções para os principais indicadores da economia.

O indicador ultrapassa o centro da meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional para este ano, de 4%. Se considerada a margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o índice, porém, permanece dentro da meta, já que pode variar de 2,5% a 5,5%.

A projeção para 2021 foi reduzida, de 3,37% para 3,34%. Já o índice esperado para 2022 e 2023 permaneceu inalterado, de 3,50% e 3,25%, respectivamente.

Outro parâmetro adotado pelo mercado financeiro é a taxa básica de juros, a Selic, que consiste no principal instrumento usado pelo BC para alcançar a meta de inflação. Nesta edição, a taxa prevista para 2021 foi elevada de 3% para 3,13%. Quanto a 2022 e 2023, a expectativa é de que seja de 4,5% e 6%.

No último dia 9, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciou a decisão, tomada em unanimidade, de manter a Selic em 2% ao ano. A redução da Selic favorece o barateamento do crédito e leva a um menor controle da inflação, o que estimula a produção e o consumo. Apesar disso, os bancos consideram também outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como o risco de inadimplência, a margem de lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando a Selic é mantida, o comitê considera que ajustes anteriores foram suficientes para manter a inflação sob controle.

Atividade econômica e dólar
O mercado financeiro manteve em 4,40% o valor referente à retração da economia, mensurada a partir do Produto Interno Bruto (PIB), que resulta da soma de todas as riquezas do país. A expectativa de crescimento, por sua vez, permaneceu sem ajustes, de 3,5%. Para os anos de 2022, o ajuste é 3,46% para 3,49%, enquanto manteve em 2,50% para 2023.

Segundo o boletim Focus, a cotação do dólar para o final deste ano apresentou leve queda, de R$ 5,15 para R$ 5,14. Para 2021, o BC manteve em R$ 5,00, enquanto diminuiu de R$ 4,98 para R$ 4,95 o valor estimado para 2022.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, ficou em 1,17% na Região Metropolitana de Salvador em novembro, segundo divulgou nesta terça-feira (8) o IBGE. O número acelerou bem em relação a outubro, quando fechou em 0,45%, e também aparece acima da variação de novembro do ano passado, que foi de 0,23%.

Foi a maior inflação mensal neste ano na RMS e a mais elevada para um novembro desde 2015, quando o IPCA havia ficado em 1,19%. Com o resultado de novembro, o IPCA da RMS já tem alta de 3,36% em 2020.

A inflação também ficou acima da registrada no Brasil (0,89%) e foi a segunda mais alta entre as 16 áreas investigadas pelo IBGE, abaixo apenas do índice do município de Goiânia/GO (1,41%). No mês, mais uma vez todas as áreas tiveram alta no IPCA.

Grupos
Sete dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA tiveram alta este mês - somente vestuário (-1,85%) e educação (-0,6%) registraram deflação.

Dentre os grupos, a principal pressão inflacionária veio dos transportes (3,26%), que registraram a maior alta no mês e a mais elevada em sete anos, desde dezembro de 2013 (3,96%). O aumento dos transportes na RMS foi o maior entre todas as 16 áreas investigadas pelo IBGE e bem superior ao índice nacional (1,33%).

Dentre os itens do grupo, os combustíveis (9,84%) foram o principal impacto, sobretudo a gasolina (10,18%), que teve, na Região Metropolitana de Salvador, seu maior aumento no mês e foi, individualmente, o item que mais puxou o custo de vida para cima. O etanol também teve alta bastante importante (10,55%).

O aumento dos transportes foi tão significativo em novembro, que superou o dos alimentos e bebidas (2,11%). Com a segunda maior alta neste ano, o grupo ficou também com a segunda principal influência para cima no IPCA do mês, na RMS.

O perfil da inflação dos alimentos seguiu semelhante ao de meses anteriores, com os produtos consumidos em casa (2,59%) exercendo a maior pressão, puxados principalmente por itens como a batata-inglesa (33,7%), o arroz (6,69%), o tomate (14,45%) e as carnes em geral (3,96%).

Outro grupo de despesas com bastante peso nos orçamentos das famílias, habitação (0,62%) também teve aumento relevante em novembro e foi a terceira principal influência no sentido de aumentar a inflação do mês na RM Salvador. As principais pressões vieram do gás de botijão (2,63%) e da energia elétrica (0,80%).

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