O mercado de trabalho para pessoas com deficiência(PcDs) está cheio de desafios. As políticas de inclusão e a adaptação no ambiente de trabalho são os principais desafios e, apesar das adversidades, o número de vagas para pessoas com deficiência se recuperou 16% em 2022, em comparação com o ano passado. Pelo menos, foi o que mostrou o levantamento feito pelo portal de recrutamento e seleção Empregos.com.br. Na Bahia, uma pesquisa realizada pela Coordenação de Inclusão de Pessoas com Deficiência e Segurados Reabilitados no Mercado de Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho da Bahia (SRT-BA) mostrou que apenas 52% das vagas de emprego destinadas por lei às pessoas com deficiência estão ocupadas.

A coordenadora de Defesa de Direitos da Federação das Apaes do Estado da Bahia (Feapaes-BA) Sidenise Estrelado reforça que a pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha, todavia, a sociedade ainda não tem o entendimento sobre o que de fato interessa ao trabalhador com deficiência.

“Atualmente, percebemos que há um desinteresse por parte dessas pessoas devido ao perfil e exigência da escolaridade das vagas oferecidas, às condições do ambiente laboral, muitas vezes inacessíveis, funções e atribuições que não atende as expectativas e características individuais dessas pessoas, provocando na maioria das vezes a falta de interesse por parte desse público, fazendo com que busquem por aposentadoria precoce ou algum benefício social”, esclarece.

Para o diretor geral do Empregos.com.br Leonardo Casartelli, a queda está relacionada à baixa divulgação das oportunidades para pessoas com deficiência. “Elas estão centralizadas em poucos canais e muitas vezes o profissional não consegue acessá-las. Vagas presenciais também podem ser uma dificuldade encontrada por esse trabalhador, uma vez que cargos para atuação remota ou híbrida atendem melhor às suas necessidades”, afirma Casartelli.

Relevância

Apesar do aumento de aproximadamente 20% no mercado de trabalho de pessoas com deficiência, Sidenise reforça que as melhores oportunidades de trabalho serão aquelas em que as pessoas com deficiência possam exercer funções relevantes como os demais colaboradores da empresa. “Além disso, é necessário um ambiente corporativo, para que haja respeito entre colaboradores, um clima organizacional saudável e os melhores resultados das equipes”, destaca.

Mesmo que a Lei (n° 8213/91) estabeleça que empresas com mais de cem funcionários devem preencher parte das suas vagas com pessoas com deficiência, a meta ainda está longe de ser cumprida. Segundo a Relação Anual de Informações Anuais (RAIS), em 2019, o número de profissionais com deficiência trabalhando formalmente no país correspondia a menos de 1% dos empregados totais.

Dados do Empregos.com.br comprovam o cenário. As vagas para pessoas com deficiência estão abaixo do nível pré-pandemia. No primeiro semestre de 2019, mais de 16 mil vagas foram abertas para o público com deficiência. Já nos primeiros seis meses de 2022 o número chegou a 10 mil, uma queda de quase 38% comparado a três anos atrás, segundo o portal.

“Para incluir esses profissionais nas empresas, precisa haver uma mudança na cultura organizacional. Não basta abrir a vaga, mas sim oferecer um ambiente e condições de trabalho inclusivas, que assegurem o bem-estar do colaborador com deficiência. Sobretudo no home office, que possui suas limitações”, diz Casartelli.

Inclusão

Em 2015, a Continental Pneus foi relacionada no Guia Você S/A entre as 150 Melhores Empresas para Trabalhar e a classificação se deve às políticas de inclusão. Entre as iniciativas adotadas, eles buscam garantir que o ambiente organizacional seja livre de preconceitos e fisicamente acessível e adaptado às especificidades dos funcionários com deficiência.

A companhia investe também na conscientização de líderes para a valorização do PCD, permitindo a equidade de oportunidades para o desenvolvimento profissional e progressão de carreira, no mesmo nível que os demais funcionários e respeitando as particularidades específicas de funcionários com deficiência.

“Como exemplo positivo temos as ações de apoio aos profissionais com deficiência auditiva. Contratamos um suporte de intérpretes de Libras, o que facilitou a comunicação deles com os colegas e assegurou a participação efetiva nas tomadas de decisão durante reuniões, assembleias e interação nos eventos”, relata a gerente de RH da Continental Pneus Patrícia Guerreiro.

Patrícia Guerreiro diz que, Como buscam promover a inclusão e diversidade em todos os ambientes da fábrica de Camaçari, não há restrição de vagas para pessoas com deficiência para setores específicos. “Desta forma, é possível participar de processos seletivos para todas as áreas. Como temos maior volume de oportunidades na operação, e este é também o local em que podemos absorver pessoas sem experiência, a maioria dos profissionais com deficiência do nosso quadro atua na produção, como operadores em diversos setores da fábrica”, afirma.

Pluralidade e inovação

A gerente de Diversidade e Inclusão da TIM Brasil, Débora Oliveira reforça que o tema de pessoas com deficiência faz parte do compromisso da empresa para promover uma cultura cada vez mais diversa e inclusiva, que valoriza as pessoas e suas diferentes histórias, habilidades e experiências, fazendo com que a pluralidade de pessoas e a representatividade da sociedade na companhia apoiem a inovação e a sustentabilidade do negócio.

Para tantos, eles mantêm programa Chama pro TIMe, com ações em parceria com o ecossistema de diversidade e inclusão focados na atração de cada vez mais pessoas com deficiência para as vagas. “Nesse sentido, as ações que são recorrentes ao longo do ano, se intensificam em períodos específico, como para a Semana Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, a TIM está promovendo diversas ações, incluindo a divulgação de vagas e a participação na Feira Reconecta, evento de empregabilidade para pessoas com deficiência, promovida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT)”, esclarece.

Débora defende que as PCDs estejam sempre atentas às oportunidades oferecidas por empresas que prezam pela inclusão. “Também é importante que as pessoas busquem sempre por atualizações profissionais, por meio de cursos e capacitações oferecidas. Hoje, diversas instituições promovem a reunião de organizações engajadas e focadas na inclusão deste público no mercado de trabalho, como é o caso da Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS), da qual a TIM faz parte desde o ano passado”, finaliza.

PCDS no mercado de trabalho precisam:

a) Participação em um processo seletivo específico.

b) Haverá um levantamento de competências por parte de quem deseja contratar, por isso precisa se preparar.

c) Apresentação de um currículo atualizado, documentos pessoais e outros comprovantes de formação.

d) Avaliação da postura, apresentação pessoal e outros aspectos também são relevantes no processo seletivo.

e) Podem ocorrer testes e avaliações de perfil comportamental.

Por fim, manter-se atualizado, compreender quais ações são esperadas da sua atuação, quais resultados ele deve alcançar e qual é o seu papel em relação a toda a organização, sobretudo, da importância de seu trabalho e desempenho para uma sociedade de fato inclusiva.

(Fonte: Sidenise Estrelado, coordenadora de Defesa de Direitos da Federação das Apaes do Estado da Bahia -Feapaes-BA)

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