O Jornal da Cidade

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O Governo da Bahia inicia na próxima segunda-feira (31) a testagem para o novo coronavírus no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Esta é a primeira etapa da testagem de estudantes, professores e funcionários na capital, depois que a ação foi realizada em Ipiaú, Itajuípe, Itabuna, Ilhéus, Uruçuca e Jequié, municípios com altos índices de contaminação.

A iniciativa faz parte de uma série de protocolos que vem sendo realizada pela Secretaria da Educação do Estado (SEC) de retomada das atividades letivas, mesmo sem a data de retorno ainda definida. Uma novidade é que diferente dos outros municípios onde foi feita a testagem rápida, em Salvador, serão realizados testes do tipo PCR, que serão analisados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

A testagem envolverá, nesta primeira etapa, 12 escolas estaduais localizadas no subúrbio, com a previsão de alcançar uma comunidade escolar de 11.103 pessoas, sendo 10.392 estudantes, 224 funcionários e 487 professores. A testagem será feita das 8h às 12 e das 14 às 18 horas. De acordo com a programação, cada escola terá um dia para a testagem e cada gestão convocará a sua comunidade escolar, de modo a evitar aglomerações.

O secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, falou sobre o contingente a ser alcançado no Subúrbio. “A nossa previsão é chegar a 30 mil pessoas testadas na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, pois vamos ampliar a ação para outras escolas, posteriormente. Além de servirem de base para a tomada de decisão sobre o retorno das atividades letivas, embora não estamos falando aqui de data para retorno, os dados da testagem permitem uma maior segurança para os estudantes, professores, funcionários e suas famílias, no enfrentamento do novo coronavírus, e reforça o cuidado do governador Rui Costa com a nossa comunidade escolar”, afirmou.

Como funciona

A testagem acontecerá de forma centralizada nas escolas, denominadas de polos, nos bairros do Lobato, São João do Cabrito, Plataforma, Itacaranha e Alto da Terezinha. O objetivo é facilitar a ida dos estudantes, professores e funcionários para as unidades nos bairros onde estudam ou trabalham.

Calendário de aplicação

– No dia 31 de agosto, será realizada a testagem da comunidade escolar do Colégio Estadual Raymundo Matta, escola-polo do Lobato. Esta unidade sediará a testagem das comunidades escolares dos colégios estaduais Ailton Pinto, no dia 1º de setembro; e do Dalva Matos, no dia 02 de setembro.

– No dia 3 de setembro será realizada a testagem de estudantes, professores e funcionários do Colégio Estadual Tereza Helena Mata Pires, na própria unidade escolar.

– Nos dias 4 e 8 de setembro, será feita a testagem da comunidade escolar do CPM do Lobato, na própria unidade escolar.

– No dia 9 de setembro, será realizada a testagem da comunidade escolar do Colégio Estadual Aristides de Souza, escola-polo de São João do Cabrito e Plataforma. Esta unidade sediará a testagem da comunidade escolar do Bertholdo Cirilo, nos dias 10 e 11 de setembro; e do Colégio Estadual de Plataforma, no dia 14 de setembro.

– O Colégio Estadual Clériston Andrade será polo para os bairros de Itacaranha e Plataforma e testará nos dias 15, 16 e 17 de setembro a sua própria comunidade escolar; no dia 18 de setembro, a comunidade escolar do Colégio Estadual Josias de Almeida Melo; e no dia 21 de setembro, a comunidade escolar do Colégio Estadual Luiz Rogério de Souza.

– No Alto da Terezinha, haverá testagem apenas no Colégio Estadual Sara Violeta, que atenderá a sua própria comunidade escolar, nos dias 22 e 23 de setembro.

Para o atendimento, todas as unidades escolares foram preparadas com a higienização do local e disponibilização de álcool em gel e pias com sabão para a lavagem das mãos, além da exigência do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Os professores e demais pessoas a serem testados deverão utilizar máscaras de proteção para o acesso aos locais. Ao entrar, todos são direcionados para a higienização correta das mãos.

Barra da Estiva, Ipupiara, Ribeirão do Largo e Tabocas do Brejo Velho terão o transporte suspenso a partir de sexta-feira (28). A medida, que tem o objetivo de conter o avanço do novo coronavírus na população baiana, foi publicada em decreto no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta (27).

Ficam suspensas nesses municípios a circulação, a chegada e a saída de qualquer transporte coletivo intermunicipal, público e privado, rodoviário e hidroviário, nas modalidades regular, fretamento, complementar, alternativo e de vans.

O decreto ainda autoriza a retomada do transporte intermunicipal em Guajeru, Itaguaçu da Bahia, Jiquiriçá e Palmas de Monte Alto, cidades com 14 dias ou mais sem novos casos de Covid-19.

Lista de municípios

No total, a Bahia possui 354 cidades com transporte suspenso. São elas: Abaíra, Abaré, Acajutiba, Adustina, Água Fria, Aiquara, Alcobaça, Almadina, Amargosa, América Dourada, Anagé, Andaraí, Andorinha, Angical, Anguera, Antas, Antônio Gonçalves, Aporá, Apuarema, Aracatu, Araci, Arataca, Aurelino Leal, Baianópolis, Baixa Grande, Banzaê, Barra, Barra da Estiva, Barra do Choça, Barra do Mendes, Barra do Rocha, Barreiras, Barro Alto, Barro Preto, Barrocas, Belmonte, Belo Campo, Biritinga, Boa Nova, Boa Vista do Tupim, Bom Jesus da Lapa, Bom Jesus da Serra, Bonito, Boquira, Brejões, Brejolândia, Brumado, Buerarema, Buritirama, Caatiba, Cabaceiras do Paraguaçu, Caculé, Caém, Caetanos, Caetité, Cafarnaum, Caldeirão Grande, Camacã, Camamu, Campo Alegre de Lourdes, Campo Formoso, Canápolis, Canarana, Canavieiras, Candeal, Candiba, Cândido Sales, Cansanção, Canudos, Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Caraíbas, Caravelas, Cardeal da Silva, Carinhanha, Casa Nova, Castro Alves, Catolândia, Central, Chorrochó, Cícero Dantas, Cipó, Coaraci, Cocos, Conceição do Coité, Conde, Condeúba, Contendas do Sincorá, Cordeiros, Coribe, Coronel João Sá, Correntina, Cotegipe, Cravolândia, Crisópolis, Cristópolis, Curaçá, Dário Meira, Dom Basílio, Elísio Medrado, Encruzilhada, Entre Rios, Esplanada, Euclides da Cunha, Eunápolis, Fátima, Feira da Mata, Filadélfia, Firmino Alves, Floresta Azul, Formosa do Rio Preto, Gandu, Gentio do Ouro, Glória, Gongogi, Guanambi, Guaratinga, Heliópolis, Iaçu, Ibiassucê, Ibicaraí, Ibicuí, Ibipeba, Ibipitanga, Ibiquera, Ibirapitanga, Ibirapuã, Ibirataia, Ibitiara, Ibititá, Ibotirama, Ichu, Igaporã, Igrapiúna, Iguaí, Ilhéus, Inhambupe, Ipiaú, Ipirá, Ipupiara, Irajuba, Iramaia, Iraquara, Irecê, Itabela, Itaberaba, Itabuna, Itacaré e Itaetê.

A restrição ainda inclui os municípios de Itagi, Itagibá, Itagimirim, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itamaraju, Itamari, Itambé, Itanhém, Itapé, Itapebi, Itapetinga, Itapicuru, Itapitanga, Itaquara, Itarantim, Itatim, Itiruçu, Itiúba, Itororó, Ituberá, Iuiu, Jacaraci, Jacobina, Jaguaquara, Jaguarari, Jandaíra, Jequié, Jeremoabo, Jitaúna, João Dourado, Juazeiro, Jucuruçu, Jussara, Jussari, Lafaiete Coutinho, Laje, Lajedão, Lajedinho, Lajedo do Tabocal, Lamarão, Lapão, Lençóis, Licínio de Almeida, Livramento de Nossa Senhora, Luís Eduardo Magalhães, Macajuba, Macarani, Macaúbas, Macururé, Maetinga, Maiquinique, Mairi, Malhada, Malhada de Pedras, Manoel Vitorino, Mansidão, Maracás, Maraú, Marcionílio Souza, Mascote, Matina, Medeiros Neto, Miguel Calmon, Milagres, Mirangaba, Mirante, Monte Santo, Morpará, Morro do Chapéu, Mortugaba, Mucugê, Mucuri, Mulungu do Morro, Mundo Novo, Muquém do São Francisco, Mutuípe, Nilo Peçanha, Nordestina, Nova Canaã, Nova Fátima, Nova Ibiá, Nova Itarana, Nova Redenção, Nova Soure, Nova Viçosa, Novo Triunfo, Olindina, Oliveira dos Brejinhos, Ouriçangas, Ourolândia, Palmeiras, Paramirim, Paratinga, Paripiranga, Pau Brasil, Paulo Afonso, Pé de Serra, Pedro Alexandre, Piatã, Pilão Arcado, Pindaí, Pindobaçu, Pintadas, Piraí do Norte, Piripá, Piritiba, Planaltino, Planalto, Poções, Ponto Novo, Porto Seguro, Potiraguá, Prado, Presidente Dutra, Presidente Jânio Quadros, Presidente Tancredo Neves, Queimadas, Quijingue, Quixabeira, Rafael Jambeiro, Remanso, Retirolândia, Riachão das Neves, Riachão do Jacuípe, Riacho de Santana, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal e Ribeirão do Largo.

Também estão com transporte suspenso Rio de Contas, Rio do Antônio, Rio do Pires, Rio Real, Rodelas, Ruy Barbosa, Salinas da Margarida, Santa Bárbara, Santa Brígida, Santa Cruz Cabrália, Santa Cruz da Vitória, Santa Inês, Santa Luzia, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, Santa Teresinha, Santaluz, Santana, Santanópolis, São Desidério, São Domingos, São Félix do Coribe, São Gabriel, São José da Vitória, São José do Jacuípe, São Miguel das Matas, Sapeaçu, Sátiro Dias, Saúde, Seabra, Sebastião Laranjeiras, Senhor do Bonfim, Sento Sé, Serra do Ramalho, Serra Dourada, Serra Preta, Serrinha, Serrolândia, Sítio do Mato, Sítio do Quinto, Sobradinho, Souto Soares, Tabocas do Brejo Velho, Tanhaçu, Tanque Novo, Tanquinho, Taperoá, Tapiramutá, Teixeira de Freitas, Teofilândia, Teolândia, Terra Nova, Tremedal, Tucano, Uauá, Ubaíra, Ubaitaba, Ubatã, Uibaí, Umburanas, Una, Urandi, Uruçuca, Utinga, Valença, Valente, Várzea da Roça, Várzea do Poço, Várzea Nova, Varzedo, Vereda, Vitória da Conquista, Wagner, Wanderley, Wenceslau Guimarães e Xique-Xique.

Durante a inauguração da Unidade de Saúde da Família (USF) Jardim Campo Verde, na manhã de hoje (27), o prefeito ACM Neto anunciou o pagamento da sexta parcela do auxílio de R$270 do Salvador por Todos a trabalhadores informais e individuais cadastrados junto ao município. Serão 18,1 mil pessoas beneficiadas.

Os depósitos nas agências da Caixa Econômica Federal e do Bradesco serão feitos entre 2 e 16 de setembro, escalonados por ordem alfabética. O programa, cujo auxílio financeiro já contemplou mais de 36 mil trabalhadores, é coordenado pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre). Com a ampliação, o investimento total do município na iniciativa vai chegar a R$36 milhões.
"O impacto da pandemia e das medidas restritivas sobre as famílias pobres foi altíssimo, e achamos ser necessário estender por mais um mês o auxílio. Além disso, vamos continuar em setembro as demais ações sociais previstas no programa, a exemplo da distribuição de cestas básicas, inclusive para os estudantes da rede municipal, e todas as ações sociais", disse ACM Neto.

O prefeito acrescentou ainda que existe a possibilidade do auxílio ser prorrogado até dezembro, o que dependeria do aval da Câmara Municipal. "Se houver a necessidade, faremos isso, através de novo projeto enviado para apreciação dos vereadores. Recursos nós temos", declarou.

Iniciado em março, depois da aprovação de projeto de lei do Executivo pela Câmara Municipal e antes mesmo do auxílio emergencial do governo federal começar a ser pago, o programa municipal, que é pioneiro e tem como principal objetivo dar suporte financeiro a famílias mais atingidas pelos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, chega à terceira prorrogação.

Em junho, após três parcelas pagas, a Prefeitura autorizou, com aval da Câmara, a extensão do benefício por mais uma parcela (julho), mas com a possibilidade de ampliação até setembro, a depender da evolução do pandemia na cidade.

O benefício é pago a baianas de acarajé, ambulantes, feirantes, camelôs, barraqueiros, baleiros, guardadores de carro, recicladores, taxistas, motoristas de aplicativos e mototaxistas – no caso dos três últimos, com idade superior a 60 anos. Todos precisam estar cadastrados na Prefeitura.

Através do site www. salvadorportodos. salvador. ba. gov. br, o trabalhador pode conferir se está cadastrado pela receber o benefício e também quando ocorrerá o pagamento, dentro do cronograma definido por ordem alfabética. Para tanto, basta informar o CPF ou Número de Identificação Social (NIS).

Balanço - A quinta parcela do benefício de R$ 270 já foi sacada por cerca de 10 mil pessoas desde o último dia 4, quando essa etapa do auxílio começou a ser paga. De acordo com a Sempre, os beneficiários que ainda não fizeram a retirada do valor referente à quinta parcela têm até o próximo dia 2 de setembro, quando começa a sexta etapa anunciada hoje por ACM Neto.

"Já são cinco meses em que a Prefeitura dá amparo e proteção aos trabalhadores afetados pela falta de renda por conta das restrições impostas pela pandemia. Apesar do retorno de algumas atividades econômicas, muitas pessoas ainda necessitam do auxílio", destacou a titular da Sempre, Juliana Portela.

Muito se fala sobre a menor gravidade do coronavírus em crianças e adolescentes saudáveis. Mas nem por isso os mais novos devem deixar de tomar cuidado. Eles, por exemplo, correm o risco de desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Na Bahia, um menino de 9 anos, morador de Salvador, foi a primeira morte registrada de um paciente com a confirmação da síndrome.

No total, 14 crianças e adolescentes entre 2 e 16 anos desenvolveram a enfermidade no estado até a quarta-feira, 26, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Além do garoto que acabou morrendo, três doentes continuam internados e 10 já tiveram alta.

Ao todo, o estado registrou 19 crianças e adolescentes com sintomas da síndrome que causa uma inflamação generalizada. Após o diagnóstico, foram detectados 2 pacientes com a também rara Síndrome de Kawasaki, que possui quadro similar à doença ligada ao coronavírus. Outros três casos suspeitos ainda não foram diagnosticados.

Ainda não se sabe qual é a relação exata entre a síndrome e o coronavírus. A doença acomete pacientes com até 18 anos infectados pela doença viral, de acordo com a Infectologista pediátrica, Anne Galastri. Em nota técnica, o Ministério da Saúde delimita a faixa etária até os 19 anos.

A médica informou que os adultos possuem um espectro de contaminação pela Covid-19 diferente da faixa etária pediátrica, o que explica a ocorrência da doença entre os mais jovens. A maior incidência de casos da síndrome ocorre após os 10 anos, aponta a especialista.

Geralmente, os sintomas da SIM-P aparecem entre uma e duas semanas depois da infecção, explica a Infectologista pediátrica. Acredita-se que síndrome se trata de uma resposta imune descontrolada capaz de desbalancear as funções orgânicas do corpo do paciente. Como sugere seu nome, a enfermidade altera o corpo todo, o que explica sua a gravidade.

A médica ressalta que se trata de uma síndrome rara, que acomete apenas poucos casos dentre as crianças e adolescentes infectados pelo coronavírus.

"A ocorrência da síndrome não tem correlação com alguma doença prévia. Os pacientes com outras doenças não têm mais risco de evoluir para a síndrome", apontou Galastri.

A identificação da síndrome é muito recente e ainda não é possível dizer a sua incidência na população, segundo a coordenadora de imunização do estado, Vânia Vandenbroucke. "Só teremos informações mais concretas quando ocorrer a sistematização das notificações no sistema de saúde. É importante estar alerta pois grande parte dos casos são graves e a ocorrência de uma morte é preocupante", pontuou a coordenadora.

Relação com o coronavírus
Nem todas as 14 crianças e adolescentes com o diagnóstico confirmado da doença testaram positivo para o coronavírus. Apenas 11 enfermos possuíam a confirmação da covid-19, enquanto três apenas tiveram contato com alguém que pegou a doença viral.

“Nem todos os pacientes são testados de modo adequado para o coronavírus. Nós temos limitações, o que faz com que nem todo mundo que apresenta a síndrome tenha testado positivo para a Covid-19, mas é uma doença correlacionada temporalmente com o coronavírus”, pontuou a infectologista pediátrica.

Os meninos são a maior porcentagem de pacientes com confirmação na Bahia, com 11 casos registrados dentre o gênero, enquanto apenas 3 eram meninas. Dos enfermos, três possuem nove anos, dois têm 10 anos e outra dupla tem 2 anos. As idades de três, cinco, seis, sete, oito, 14 e 16 anos registraram apenas um caso cada.

Cidade do único óbito causado pela SIM-P, Salvador teve o maior número de diagnósticos da síndrome, com oito ocorrências, seguida de Camaçari com dois pacientes com a doença. Madre de Deus, São Sebastião do Passé, Candeias e Santo Antônio de Jesus registraram um enfermo cada.

Segundo a Sesab, são seis os hospitais notificantes para a doença em toda a Bahia, destes quatro são da rede pública e dois privados. A coordenadora de imunização do estado ressalta a importância da notificação para que se tenha uma melhor condução da doença.

"Deve se fazer a notificação para se seja possível elucidar melhor a síndrome e conhecer o seu perfil. Os casos suspeitos e confirmados devem ser notificados e existe um formulários online para isso. Assim, a Sesab e o Ministério da Saúde podem acompanhar os casos, até mesmo para concluir se se trata da SIM-P. A partir do perfil dos casos, se consegue delimitar, por exemplo, quais tratamentos foram mais bem sucedidos", disse.

O alerta do Ministério da Saúde para a notificação dos casos da síndrome ocorreu em 20 de maio e, junto com ele, veio um pedido para que os serviços de saúde fizessem uma busca retroativa até 26 de fevereiro de casos suspeitos. "Até o momento, os casos mais antigos na Bahia tiveram o início dos sintomas em junho, mas pode haver outros ainda mais antigos", informou Vandenbroucke.

De acordo com a coordenadora, a Sesab tem feito orientações para o manejo adequado dos quadros da síndrome e também treinando a rede de saúde para atender os acometidos pela enfermidade.

Atenção
Os pais de pessoas da faixa etária focal da doença devem se atentar a mudanças no comportamento dos filhos para que estes sejam tratados rapidamente. Galastri recomenda que os responsáveis mantenham um contato direto com o pediatra que acompanha seu filho e sempre prestem atenção nos sinais de gravidade.

"Existem sinais que apontam para a necessidade de levar o paciente para a emergência. No hospital, será analisado se a criança possui a síndrome. Dentre os sintomas para a ida ao hospital, estão a dificuldade para respirar, a prostração, a ocorrência de convulsão, a desidratação e grandes períodos sem se alimentar ou urinar", apontou.

Em caso de não tratamento ou uma atenção incorreta, a doença pode evoluir para o óbito. "O paciente precisa receber medicações para bloquear essas inflamações no corpo todo. Existem tratamentos com imunoglobulina, anti coagulante, corticoterapia, por exemplo. É importante que a criança seja atendida em um hospital capaz de dar o suporte necessário para o caso, até mesmo com a disponibilidade de um UTI. Muitas vezes, ocorre alteração em vários órgãos, o que faz ser necessária a intubação, por exemplo", afirmou a médica, que aponta que vários pacientes com a doença chegam a ir para a UTI.

A síndrome foi relatada pela primeira vez em Londres, onde os profissionais de saúde notaram um aumento nos quadros de Síndrome de Kawasaki com correlação com a infecção pelo coronavírus, contou a infectologista pediátrica, Anne Galastri. "Foi feita uma avaliação, que apontou se tratar da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, que é parecida com a doença apontada inicialmente", afirmou.

Alerta
Em 20 de maio, o Ministério da Saúde emitiu um alerta, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com o objetivo de chamar a atenção da comunidade pediátrica para a identificação precoce da SIM-P no país e orientar quanto ao manejo clínico dos casos.

Em nota técnica, datada de 20 de julho, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde ressalta que a notificação da síndrome é importante por ser pouco conhecida e emergente, com associação potencial à Covid-19.

A pasta explica que a notificação tem como objetivo a identificar e monitorar a ocorrência de casos de SIM-P associada ao coronavírus no Brasil e caracterizar o perfil epidemiológico dos casos de síndrome no país para adoção de medidas de prevenção, controle e manejo clínico dos casos.

Critérios
A Sesab utiliza os critérios do Ministério da Saúde para a definição de casos suspeitos e confirmados. Para ser caracterizado como a síndrome, o paciente deve possuir até 19 anos, estar internado com a presença de febre elevada, de, no mínimo, 38ºC, e persistente a partir de três dias.

A criança e o adolescente com suspeita da doença ainda tem que apresentar, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: Conjuntivite não purulenta, erupção cutânea bilateral ou sinais de inflamação mucocutânea; Hipotensão arterial ou choque; disfunção miocárdica, pericardite, valvulite ou anormalidades coronárias; evidência de coagulopatia; manifestações gastrointestinais agudas, como vômito, diarréia ou dor abdominal.

Para caracterizar o quadro da síndrome, ainda deve ser analisada a existência de marcadores de inflamação elevados. A criança deve ter teste positivo para o coronavírus ou históricos de contatos com contaminados. Também deve ser afastado o diagnóstico de outras causas de origem infecciosas que geram inflamação.

O ministério ainda aponta que crianças e adolescentes que possuem os sintomas totais ou parciais da Síndrome de Kawasaki ou de choque tóxico com evidência de infecção pelo coronavírus também podem ser casos suspeitos da SIM-P.

A infectologista pediátrica, Anne Galastri, explica os sintomas mais comuns: “a criança tem uma febre maior que 38,5º C por quatro a cinco dias, ela também pode apresentar lesões na pele e oral, conjuntivite, o aumento dos linfonodos, o que é conhecido como íngua. Também há a alterações laboratoriais, como na função cardíaca, hepática e renal”.

Casos no Brasil
No Brasil, já foram registradas 9 mortes pela Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica até 8 de agosto, segundo dados do Ministério da Saúde. Ao todo, são 117 casos confirmados da doença entre as crianças e adolescentes do país. “O Brasil monitora casos de SIM-P em crianças e adolescentes, entre 7 meses e 16 anos. O objetivo é identificar se a síndrome pode estar relacionada à Covid-19”, informou a pasta.

Os números podem crescer já que o ministério informou que haverá atualização do assunto ainda nesta semana. Ao ser questionado sobre a ocorrência da síndrome nos estados e em cada idade, a pasta não respondeu.

Segundo informações do jornal O Tempo, apenas três casos da SIM-P foram registrados até julho, todos no Rio de Janeiro. Citando o Ministério da Saúde, o texto informa que cinco estados já registraram óbitos em decorrência da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica. O maior número de casos ocorreu no Rio de Janeiro, com 3 mortes, seguido do Pará e do Ceará, com duas mortes em cada um deles. O estado de São Paulo e a Bahia registraram 1 óbito cada.

A maior parte dos pacientes que desenvolveram a doença tinham até 4 anos de idade, segundo o jornal. Nesta faixa foram 48 casos confirmados e seis mortes. Dos casos confirmados, a maior parte ocorreu em pacientes é do gênero masculino, com 69 confirmações.

A Bahia registrou 65 mortes e 4.082 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +1,7%) nas últimas 24h, de acordo com boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) divulgado no final da tarde desta quarta-feira (26).

No mesmo período, 3.970 pessoas foram consideradas curadas da doença (+1,8%), que desde o início da pandemia já infectou, pelo menos, 245.021 baianos e baianas e tirou a vida de 5.116 deles. Ao todo, 11.899 casos ainda se encontram ativos.

Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.

Os casos confirmados ocorreram em 415 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (30,75%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram: Almadina (5.618,59), Ibirataia (5.159,35), Dário Meira (4.808.59), Salinas da Margarida (4.589,26), Itabuna (4.584,40).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 453.265 casos descartados e 85.257 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta quarta-feira (26).

Na Bahia, 20.096 profissionais da saúde foram confirmados para covid-19.

Óbitos
O boletim epidemiológico de hoje contabiliza 65 óbitos que ocorreram em diversas datas, conforme tabela abaixo. Segundo a Sesab, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da covid-19.

Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 5.116, representando uma letalidade de 2,09%.

Perfis
Dentre os óbitos, 56,12% ocorreram no sexo masculino e 43,88% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 51,92% corresponderam a parda, seguidos por branca com 15,83%, preta com 15,52%, amarela com 0,84%, indígena com 0,12% e não há informação em 15,77% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 75,88%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (77,25%).

A base de dados completa dos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos relacionados ao coronavírus está disponível em https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/.

O número de pessoas com renda per capita abaixo de meio salário mínimo no país caiu 13,1 milhões até julho de 2020 durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19), segundo estudo da Fundação Getulio Vargas.

Coordenado pelo professor Marcelo Neri, o estudo Qual foi o Impacto Imediato da Pandemia do Covid sobre as Classes Econômicas Brasileiras?, aponta que esse contingente representa uma queda de 20,69% dessa faixa de renda, o que equivale a um ritmo muito superior ao observado no país nos períodos seguintes ao lançamento de planos de estabilização como o Cruzado, em 1986, e o Real, em 1994.

“O estudo mostra que, usando a primeira faixa de renda, que é até meio salário mínimo por pessoa, que é uma faixa importante não só para medir a pobreza, mas é o critério do cadastro único, que foi usado na concessão do auxílio emergencial, houve uma queda de 20,69% na proporção da população que está nesse segmento. Então, essas pessoas subiram. A gente observa que 13,1 milhões de pessoas saíram da pobreza”, disse o professor Marcelo Neri, em entrevista à Agência Brasil.

O estudo, baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua Covid 19 (PNAD Covid) do IBGE, em uma comparação do ano de 2019 até julho de 2020, também mostrou que em plena pandemia as parcelas que tinham rendas per capita acima de dois salários mínimos per capita ou renda familiar em torno de R$ 7,7 mil, perderam 5,8 milhões de pessoas.

“Esse número caiu, então, tem boas notícias em quem está embaixo e más notícias para quem está em cima. Essa boa notícia de quem está embaixo está ligada ao auxílio emergencial”, destacou.

De acordo com a análise, à faixa até meio salário mínimo somaram 52,1 milhões de brasileiros em julho de 2020, cerca de 24,62% da população total. Em 2019, eram 65,2 milhões de pobres, correspondentes a 31,04% da população, o que comprova a queda identificada na taxa de pobreza na pandemia. Já a proporção das pessoas com rendas maiores ou iguais a dois salários mínimos por pessoa, recuou 18,35%, passando de 15,67% em 2019 para 12,80% em 2020.

Para Marcelo Neri, os dois movimentos impulsionam o contingente populacional intermediário compreendido entre os dois intervalos. “O estudo mostrou que 5,8 milhões caíram da faixa de dois salários mínimos per capta ou mais. Então, o grupo do meio cresceu duplamente o miolo da distribuição de renda, porque gente subiu e gente caiu. Isso dá cerca de 21 milhões de pessoas, que é mais ou menos a população da Argentina”, disse.

Regiões
Segundo o professor, os maiores impactos foram no Nordeste, onde a queda atingiu 28,7% e no Norte, com recuo de 25,12%. Embora menores, houve reflexos também nas outras regiões do país. No Centro-Oeste caiu 17,01%, no Sudeste 9,67% e no Sul 9,32%.

Conforme o estudo, as diferenças são explicadas pela maior importância da renda do Bolsa Família expressos em valores per capita mensais nas regiões mais impactadas. No Nordeste é de R$ 16,6 e no Norte R$ 14,7. No Sul é de R$ 2,64 e no Sudeste, R$ 3,94.

“Teve esse grande ganho de redução de pobreza no norte e no nordeste. É um fato a ser enfatizado. A gente está falando de uma situação adversa com a chegada da pandemia”, disse.

O professor destacou que no Norte e no Nordeste é maior o número de beneficiários do Bolsa Família. Além disso, a informalidade é maior nessas regiões. Esses dois fatores explicam, de acordo com ele, a diferença de impacto do auxílio em relação às outras partes do Brasil.

“[As pessoas na informalidade] passaram a receber o auxílio que é generoso em relação a renda média do Brasil. O beneficiário do Bolsa Família, mais de 80%, ganha R$ 1,2 mil, que é mais de seis vezes o benefício médio do Bolsa Família, que era R$ 191. Foi uma injeção de recursos importante”, ressaltou.

Isolamento
De acordo com Neri, o estudo analisou também o comportamento nas diferentes classes em relação a pandemia, e chamou a atenção os resultados sobre isolamento social, em que a pessoa fica em casa ou que sai apenas para fazer atividades essenciais, com uma participação surpreendentemente mais forte entre os mais pobres, “o que não se esperava”.

Para ele, isso também pode ser um efeito do auxílio emergencial. “O auxilio fez não só com que a pobreza caísse imediatamente e enquanto durar, mas por outro lado, comportamentos de mitigação dos efeitos da pandemia como o isolamento social foram até mais fortes entre os pobres. Isso é mais um sinal dos efeitos do auxílio”

Conforme o estudo, 27,8% da faixa abaixo de meio salário mínimo ficaram rigorosamente isolado e 48,3% ficaram em casa e só saiu por necessidade básica, nível superior em 4 a 5 pontos de porcentagem em relação ao total da população.

Proteção
O estudo avaliou ainda o uso de equipamentos e produtos de proteção contra o novo coronavírus (covid-19), como máscaras, álcool em gel e desinfetantes. “Nesse caso a gente vê que o pessoal mais pobre usou menos, como era de se esperar, mas todos esses itens, com exceção das luvas descartáveis, que é uma coisa mais seletiva e mais rara, mais de 92% [da população], mesmo os mais pobres, tiveram acesso. Embora eles usem menos do que as camadas mais altas”.

Desafio
O professor disse que esses resultados se referem a uma situação temporária relacionada ao período de pagamento do auxílio. Agora, segundo ele, tem que ver como o governo vai conduzir a questão e como será a substituição do benefício.

Neri lembrou que o assunto está em discussão na equipe econômica, e um dos problemas é o custo da medida. Nos níveis atuais de concessão de R$ 600 ou até R$ 1,2 mil para mães solteiras e beneficiários do Bolsa Família, o gasto do governo é em torno de R$ 50 bilhões por mês.

“A gente não sabe como vai ser esse processo [da retirada do auxílio]. Tem a discussão do Renda Brasil, o primeiro estágio é a transição do auxílio ainda em 2020 e depois o que acontece em 2021. Essa redução da pobreza ajuda a pandemia e à própria pobreza, mas não é sustentável”, disse.

Na visão do coordenador do estudo, embora esteja cumprindo o seu papel durante a crise, inclusive o de manter as rodas da economia girando, a situação fiscal brasileira não permite a manutenção de benefícios dessa magnitude. “Em um certo sentido, o auxílio emergencial também ajudou a manter a atividade econômica em um nível menos insatisfatório”, disse, acrescentando que o governo tem um desafio pela frente para definir o que será feito pós-auxílio emergencial.

O presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, teve que voltar atrás na nomeação de um cantor lírico como representante da fundação na Bahia. A informação é da coluna de Guilherme Amado, da revista Época.

De acordo com a publicação, a anulação aconteceu porque o Ministério da Economia comunicou à Palmares que o órgão já havia atingido o percentual máximo para ocupação de cargos em comissão no nível em que o cantor seria nomeado.

A portaria para tornar sem efeito a nomeação de foi publicada na segunda-feira (24). O cantor havia sido nomeador 20 dias antes, em 4 de agosto.

Ainda segundo a coluna, Del’Arco, de 26 anos, é cantor lírico e, embora não tenha citado em seu currículo nenhum estudo, especialização ou projeto voltado à cultura negra, seria o responsável por promover a identidade cultural de remanescentes de quilombolas na Bahia.

Ele também informara ao Ministério do Turismo, pasta a que a Fundação Palmares é vinculada, não ter experiência mínima de dois anos em “atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função”.

Os bancários que atuam na Bahia decidiram decretar estado de greve em todo território baiano, após assembleia online realizada na noite de terça-feira (25).

Presidente licenciado do sindicato que representa a categoria, Augusto Vasconcelos disse ao bahia.ba que, somente no primeiro semestre deste ano, os bancos tiveram lucros superiores a R$ 24 bilhões, mas “insistem em retirar direitos dos bancários e desrespeitam a população”.

“Os bancos representam o setor mais lucrativo da economia nacional. A nossa pauta contempla a defesa dos empregos, manutenção dos direitos, contra privatização dos bancos públicos e melhores condições de trabalho”, afirmou, nesta quarta-feira (26).

Além dos pontos citados, a categoria briga ainda para negociar ajustes com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que teria proposto reajuste zero por dois anos. “Na quinta, 20h, teremos nova assembleia para avaliar os resultados da negociação. Esperamos que seja possível uma saída negociada, mas é inaceitável a intransigência dos bancos”, declarou Vasconcelos.

“O entendimento da categoria é de que não há justificativa para a atitude das empresas, uma vez que o setor bancário segue lucrativo e, mesmo sem precisar, recebeu ajuda do governo federal para enfrentar a pandemia”, acrescenta nota divulgada pela categoria.

Ao menos 6,37 mil pontos de venda na Bahia fecharam as portas no segundo trimestre deste ano, aponta um levantamento realizado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e pela Fecomércio-BA. Todos os estados brasileiros registraram retração no setor de varejo.

A Bahia (-6,37mil), no entanto, ocupa a 6ª posição em perdas no Brasil, sendo antecedida por São Paulo (-40,43 mil), Minas Gerais (-16,13 mil), Rio de Janeiro (-11,37 mil), Rio Grande do Sul (-9,69 mil) e Paraná (-9,48 mil). No Nordeste, o varejo baiano lidera o ranking de lojas fechadas, seguido de Pernambuco (-4,25mil) e Ceará (-3,35mil).

A crise provocada pelo novo coronavírus fez com que o país perdesse um total de 135 mil lojas – pontos de venda com vínculos empregatícios – entre abril e junho de 2020. O número corresponde a 10% do total de estabelecimentos verificado antes da pandemia e supera a perda anual registrada em 2016, que foi de 105,3 mil lojas.

De acordo com a CNC e Fecomércio-BA, os segmentos mais afetados atuam no comércio de itens considerados não essenciais, como lojas de utilidades domésticas (-35,3 mil estabelecimentos); vestuário, tecidos, calçados e acessórios (-34,5 mil lojas); e comércio automotivo (-20,5 mil). O varejo de produtos de informática e comunicação foi o segmento a registrar as menores perdas absolutas (-1,2 mil) e relativas (-3,6%) no número de estabelecimentos em operação.

Já em alguns ramos do chamado varejo essencial, diretamente menos afetados pelo isolamento social, o fechamento de pontos de venda se deu de forma menos intensa do que a média do setor (-9,9%), em sua maioria. É o caso dos hiper, super e minimercados (-4,9%) e das farmácias; perfumarias e lojas de cosméticos (-4,3%).

Mesmo autorizado a funcionar na maior parte do país, o ramo de combustíveis e lubrificantes se viu indiretamente prejudicado pela queda na circulação de consumidores (-12,2%).

Vendas

“As vendas presenciais, historicamente a principal modalidade de consumo, tiveram o volume muito reduzido neste período”, afirma José Roberto Tardos, presidente da CNC. Para ele, “apesar do grave quadro conjuntural no segundo trimestre, o ritmo de recuperação das vendas no comércio tem surpreendido positivamente, impulsionado por fatores como a intensificação de ações de venda via e-commerce”.

Expectativa de recuo

A CNC projeta recuo de 6,9% no volume de vendas do setor. Levando-se em conta esse cenário a expectativa da entidade é de que o varejo brasileiro chegue ao final deste ano com 1,252 milhão de estabelecimentos com vínculos empregatícios – menos 88,7 mil, na comparação como fim de 2019.

De R$ 600 para R$ 1,2 mil. Esse foi o aumento na compra de mil unidades de tijolos numa das lojas de material de construção mais populares de Salvador, O Fazendão, em Cajazeiras. O aumento de 100% não é exclusivo da empresa do seu Gilberto Cerqueira, 60 anos. Lojas de material de construção de sete cidades baianas, confirmaram não só o crescimento do valor do produto, como também a sua falta.

“Blocos? Não temos. Estou com oito páginas de clientes aguardando o produto chegar. O fornecedor diz que vai chegar na próxima semana, é a nossa previsão, mas ele sempre diz isso e não entrega. A gente fica só aguardando... estamos vivendo um cenário complicado e estressante”, disse Claudia Azevedo, gerente da Torres Materiais de Construção, localizada em Cajazeiras.

“Eu não sei qual loja de Salvador tem bloco atualmente, pois faço parte de um grupo em que todos estão com esse problema”, completou Azevedo. O grupo em questão é o da Associação dos Comerciantes de Material de Construção da Bahia (Acomac-BA), cujo presidente, Geraldo Cordeiro, confirma a falta do material.

“Como estamos num período chuvoso, isso dá impacto direto na cerâmica. As empresas têm dificuldade para extrair o barro na chuva e também a madeira, que é usada na queima dos blocos, não pode estar molhada. Mas também junta a isso o aumento do consumo do produto nessa pandemia. O setor está registrando um aumento geral de 10% nas vendas”, disse.

Das cinco empresas de Salvador procuradas pela reportagem, somente a Construa Barato, da Mata Escura, disse ter o bloco. O local vende somente por delivery. “A gente teve que encontrar um bom fornecedor que fica na divisa da Bahia com o Espírito Santo. Por ser mais em conta, tô vendendo o milheiro por R$ 1,060 mil, mas já cheguei a vender por R$ 1,2 mil”, disse o dono da loja, Tom Sampaio.

Fábrica
O dono da Cerâmica Santos, de Livramento de Nossa Senhora, centro-sul baiano, afirmou que esse é o primeiro reajuste de preço dos blocos em 12 anos, o que foi possível pelo aumento de demanda. “Sempre nós vendemos aquilo que estava no patamar da produção e hoje nós temos uma demanda que não conseguimos suprir. Produzimos cerca de 600 mil peças por mês e continuamos nessa produção máxima, mas não podemos passar disso”, afirmou.

Já em Luis Eduardo Magalhães, no extremo oeste, um aumento de quase 100% no preço do produto foi registrado pela Oeste Material de Construção, que também está com o produto em falta. “Eles ainda estão entregando um pedido de 40 dias de atraso e que vai direto para os clientes que encomendaram”, afirmou o dono da loja, Luciano Araújo. Lá, o valor do milheiro saltou de R$ 420 para R$ 800.

Em Barro Preto, cidade vizinha de Itabuna, no sul da Bahia, a Marcosta Materiais de Construção também está sem blocos. Lá o aumento no preço foi menor: saltou de R$ 500 para R$ 650, segundo o gerente Wildson Bernades Guimarães. “Em Itabuna, vejo que o valor vendido pelo setor é ainda maior: R$ 800”, disse.

Em Feira de Santana, esse crescimento no preço dos blocos foi tão expressivo que Jorge Morais, dono da Massa Fina Material de Construções, decidiu parar de vender o produto há três meses. “É um produto que necessita de uma logística muito grande e o preço tá alto, chega a ser constrangedor para o cliente, que está fazendo a obra e precisa terminar. Antes eu vendia por R$ 500 e, se ainda continuasse a vender, seria com um aumento de 90%”, afirmou.

Outros materiais
Quem é dono de loja de material de construção não reclama apenas da falta e do aumento do preço de tijolos. “Eu estou há 35 dias sem blocos na loja, mas também não tenho inox, Se tivesse todos os itens, o movimento seria bem melhor”, explica Giovanni Argolo, gerente da O Fazendão, loja de Cajazeiras. “O tempo de espera do PVC está de 45 dias. Hoje, eu não tenho uma porta sanfonada e uma vara de tubo de 100 para oferecer ao cliente”, reclamou Claudia Azevedo, da Torres Materiais de Construção.

Em Lauro de Freitas, Marcio Nascimento, dono da Construpiso, diz que o maior problema da sua loja são fios e cabos. “Não consigo encontrar. O preço subiu muito. O mesmo é com piso e revestimento”, afirmou. Já em Barreiras, Marizete Azevedo, dona da Casa Santa Luzia, relata seu drama: “tá faltando cimento, telha, ferro de todos os tamanhos e tipos, e piso. Está muito difícil trabalhar”.

Para Rosivaldo Califa, dono de uma loja de materiais de construção de Itabuna que leva o seu sobrenome, o aumento na demanda fez com que as fábricas tivessem dificuldades de fornecer os produtos. “As lojas de roupa estavam fechadas e as pessoas não tinham onde gastar dinheiro. Aí vieram gastar com a gente. O povo ficou em casa e começou a reformar”, disse.

A consequência da falta de mercadoria é o aumento dos preços, registrado por todos os comerciantes entrevistados. “Eu acho que vai ter que ter a mão do governo para frear isso, pois tá tendo muito aumento”, defende seu Califa. A verdade é que, mesmo com o crescimento dos preços, o aumento nas vendas do setor é constatado.

“Na região de Feira de Santana o aumento de vendas foi de 12%. Já em Itabuna e região cacaueira foi 10%, que é a média do estado. Agora a região campeã foi a do centro-oeste baiano, também influenciado pelo bom momento vivido pelo agronegócio baiano: 18% de crescimento”, afirmou Geraldo Cordeiro, presidente da Acomac-BA.

O fornecimento do auxílio emergencial é apontado pelo setor como um fator que ajudou no aumento das vendas, “principalmente nas periferias das cidades e regiões do interior. As pessoas reservaram parte desse dinheiro para fazerem simples melhorias em suas residências”, disse Geraldo. O pedreiro Carlos Pereira, que trabalha em cajazeiras, diz não perceber aumento na demanda. “Eles só chamam para coisas mais urgentes”, disse, ao explicar que, para ele, essas obras são feitas pelos próprios moradores.

Mais emprego
Mesmo em plena pandemia do novo coronavírus, Salvador registrou em julho a criação de 439 empregos formais no setor da construção civil, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (24) do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Além do segmento, outra área que obteve resultado positivo foi a da indústria, com 34 postos gerados.

“Temos que comemorar esses resultados, que são frutos de muito trabalho da Prefeitura para reativar a economia. Vínhamos numa velocidade enorme de geração de emprego e, apesar da crise causada pela Covid-19, não diminuímos os investimentos em infraestrutura para melhorar a condição da cidade, bem como manter os postos”, explica o titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), Sérgio Guanabara.

“Como forma de minimizar os impactos causados pelo coronavírus, procuramos evoluir com parcerias privadas e estipulamos metas de emissão de alvará para que as obras não parassem. Sofremos muito, mas temos trabalhado com propósito firme de recuperar os níveis de emprego. Um exemplo disso é o plano de estímulo a diversos segmentos da economia local, composto por 101 ações inovadoras para o desenvolvimento da capital”, acrescenta Guanabara.