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11 blocos e camarotes fazem lançamento para Carnaval 2023

11 blocos e camarotes fazem lançamento para Carnaval 2023

Na Bahia, sempre que termina um Carnaval, já se começa a programar o outro. Esse ano, pela impossibilidade da realização da folia pela pandemia da covid-19, os bailinhos dominaram a programação – mais de 30 festas privadas aconteceram em Salvador e Região Metropolitana. Para o Carnaval de 2023, a ideia do setor é manter esse formato, em harmonia com os blocos e camarotes. Pelo menos 11 deles já foram lançadas para o ano que vem, como o Camaleão, Nana e Camarote Salvador, e seis deles iniciaram as vendas.

O Camarote Skol, por exemplo, já está confirmado no circuito Barra Ondina do ano que vem, de quinta (16/02/2023) a terça (21/02/2023). Os valores variam de R$ 650 a R$ 790 e três atrações já foram confirmadas: Claudia Leitte, Harmonia do Samba e Durval Lelis. “Acredito que o Carnaval do ano que vem vai ser o maior de todos os tempos, porque as pessoas estão com sede se festa, com saudade do Carnaval de rua, dos blocos e camarotes”, afirma o empresário Binho Ulm, sócio da 2gb entretenimento.

A empresa, que organiza o Camarote Skol há mais de 12 anos, se reinventou, em 2022: criou o Baile Barra Ondina, no Clube Espanhol, para relembrar a folia momesca. Foram três dias de festa, com Bell Marques, Pedro Sampaio, Durval Lelis, Tuca Fernandes e Rafa e Pipo Marques. “O bailinho veio, esse ano, porque não tinha condições de se fazer grandes estruturas e público, então mudamos para atender o decreto e limite de 1.500 pessoas”, conta Binho Ulm.

O sucesso foi tanto que haverá a ressaca do Baile, no próximo sábado (5), com Harmonia e Durval, além da manutenção do formato para o próximo ano. “Vamos criar um bailinho com fanfarra, para um público menor, como foi esse ano. Estamos pensando, de preferência, em um espaço perto do circuito e de dia, com feijoada e show de alguma banda do Carnaval de Salvador. Os bailinhos vão permanecer e o mercado vai se adequar a essa nova realidade”, defende.

O empresário Fred Boat, um dos sócios do Camarote Nana, ainda não lançou ingresso, mas acredita que os bailinhos só têm a agregar ao leque de opções carnavalescas, em 2023. “Acredito que, ano que vem, se volte à normalidade, o Carnaval vai amadurecer e o bailinho também vai ter seu lugar, porque nossa festa é democrática e recebemos todo tipo de gênero e formato”, opina Boat.

Foliões saudosos
O administrador Vinícius Fiuza, 37, já tem comprado seu Camaleão de 2023, bloco que acompanha há 20 anos ininterruptos. “Tenho comprado desde 2021. Como não tivemos o Carnaval, o Camaleão que já tinha adquirido ficou para o ano que vem. Ouço Bell Marques todo dia no carro, no chuveiro, em todo lugar. Amo axé, está no meu sangue”, conta Fiuza.

Seus planos são curtir o Carnaval de 2023 como se não houve amanhã. “Quero curtir o que não pude em 2021 2 2022. Quero ir pra rua, camarote, bloco, com minha mulher, meus amigos, voltar pra casa ao amanhecer. Viver mais uma vez o carnaval de Salvador como sempre vivi: Feliz, pois é a minha festa” declara o folião.

O advogado Domingos Mariano, 37, também é um dos milhares de baianos saudosos da avenida. Ele brinca Carnaval desde os 18 anos e não abre mão da programação: quinta nos Mascarados, domingo, segunda e terça de Gandhy, e, na sexta, em um bloco criado com amigos, chamado As Coisinha, em que eles vão vestidos de mulher. “Sinto muita falta da alegria e do clima de diversão que a cidade fica. É boa demais a energia”, relembra.

Já o auxiliar administrativo Cleber Almeida, 32, sente falta dos blocos de Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Léo Santana e Timbalada. No último Carnaval, em 2020, ele saiu no Coruja, Voa Voa e Nana. “Amo muito Carnaval e senti muita falta, esse ano. Espero que a gente possa curtir de novo ano que vem, correndo atrás do trio, naquela aglomeração”, deseja Almeida.

Possibilidades
No entanto, o formato da folia de 2023 ainda deve ser alvo de muita discussão, segundo o presidente da Associação de Produtores de Eventos (Ape), Adriano Malvar. “A gente não sabe como será o investimento, se os circuitos vão ser modificados, e vários camarotes perderam as estruturas. Se existe alguma revitalização a ser feita, se tiver que recriar o circuito, devemos fazer agora”, avalia Malvar.

Para isso, é preciso pensar a festa com a coletividade e todos os atores. “Temos que pensar desde o catador de latinha ao ambulante que fica nas ruas, os sete dias, sem estrutura adequada. No custo dos trios, que precisam de alto investimento de iluminação e equipamento, no valor do imposto cobrado pelo poder público, para dar segurança à festa. Porque é um momento de grande visibilidade. Se uma banda faz bem seu Carnaval, se garante de agenda o ano inteiro”,

Falta de recurso ameaça realização da festa
Outro fator também define o futuro do Carnaval – a viabilidade econômica da folia. Para o presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Flavio Emanoel, esse é o principal problema relacionado ao tema, hoje, e ameaça a realização da festa, em 2023.

“Ao longo desses três anos, os empresários ficaram com seus caixas vazios, comeram todo seu capital de giro. Como esses caras vão fazer para colocar o bloco ou camarote na rua? Porque banco não vai emprestar dinheiro para uma empresa que ficou parada”, pontua Emanoel. Para ele, a solução seria criar um fundo de investimento para bancar os custos do Carnaval.

Emanoel estima que, dos 12 camarotes existentes no circuito, pelo menos três ou quatro têm algum investimento sobrando no caixa. O resto, ou seja, a maioria, não. “Para fazer girar um camarote de R$ 8 a R$ 9 milhões, é preciso ter, pelo menos R$ 2 a R$ 3 milhões. Mesmo que tenham vendas antecipadas, não chega a arrecadar esse valor. Os donos de trio tiveram que vender seus equipamentos, mesas de som... onde vamos conseguir isso? É um problema econômico muito sério”, questiona o presidente do Comcar.

Carnaval é expressão da cidade
Antes de ser bloco, camarote ou bailinho, o Carnaval é a expressão de um povo e de uma cidade, segundo o professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), Paulo Miguez.

Nesse sentido, o formato a ser adotado em 2023 vai depender de como a sociedade baiana estará ano que vem. “O Carnaval vai expressar o que poderemos ser como cidade e sociedade daqui a um ano. Ele é um espelho do que somos e de como estamos. Então, novas formas podem ser organizadas como novos produtos carnavalescos, mas, não será a condensação de interesses de um determinado segmento, porque Carnaval não é isso”, argumenta Miguez.

A prefeitura de Salvador e o governo do estado foram procurados, mas afirmaram que “ainda está muito cedo para falar de 2023, porque dependemos do cenário da covid-19". A Central do Carnaval e a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) foram procuradas, mas não responderam às mensagens e ligações.

Blocos e Camarotes lançados para 2023:
- Bloco Camaleão
Dias: Domingo a Terça
Atração: Bell Marques
Preço: R$ 1.090 a R$ 1.290
Camaleão VIP: esgotado

- Bloco Vumbora
Dias: Sexta e Sábado
Atração: Bell Marques
Preço: R$ 750 a R$ 890
Vumbora VIP: esgotado

- Bloco do Nana
Dias: Sexta e Sábado
Atração: Léo Santana
Preço: R$ 960 a R$ 1.170

- Bloco da Quinta
Dias: Quinta-feira
Atração: Bell Marques
Preço: R$ 550

- Camarote Salvador
Dias: Quinta a Terça
Preço: R$ 1.390 a R$ 2.690

- Camarote Skol
Dias: Quinta a Terça
Preço: R$ 650 a R$ 790

- Camarote Premier

- Planeta Band

- Camarote Club

- Camarote Villa

- Bloco Eva

 

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