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Setor turístico espera ocupação hoteleira acima dos 80% na Bahia

Setor turístico espera ocupação hoteleira acima dos 80% na Bahia

O setor turístico baiano espera uma alta estação igual ou superior ao Verão de 2020, antes da pandemia, quando o estado recebeu 6,2 milhões de visitantes e registrou uma ocupação hoteleira de 80%, o que deixa o trade otimista para a temporada e a recuperação plena do segmento, mesmo com o aumento de casos de covid-19 registrado nas últimas semanas.

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (ABIH-BA), por exemplo, estima que a ocupação será similar a 2020. Já a Secretaria de Turismo do Estado (Setur), ainda não tem a estimativa de quantas pessoas já passaram por aqui nesta estação.

Luciano Lopes, presidente da ABIH-BA, diz que há uma preocupação com os casos de covid, mas que a vacinação tranquiliza o trade. "Já experimentamos essa situação. A diferença é a população com ciclo vacinal avançado. A gente fica preocupado porque é um vírus imprevisível, mas esperamos que os casos não aumentem tanto. Entendemos que, por se tratar de casos leves, não vai haver impacto direto, com fechamento de hotéis e redução de circulação", prevê Lopes.

Sílvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade da Bahia (Fetur-BA), segue o mesmo raciocínio. Além disso, ele acredita que os números atuais da pandemia ainda não são motivo para restrição. E destaca, também, a característica mais amena da sublinhagem BQ.1 da variante Ômicron, em circulação.

"É claro que esse aumento é um dado alarmante, mas muitas pessoas descobrem por acaso, visto que essa nova variante é mais fraca. A maioria acha que é gripe. Esperamos que isso seja passageiro e que não venha afetar os quatro mil hotéis e cinquenta mil bares e restaurantes da Bahia", diz.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Bahia (Abrasel-BA) também foi procurada pela reportagem para comentar o cenário, mas não respondeu. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador (Secult) não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Hotéis otimistas
Flávia Zuzke, diretora de marketing e vendas do hotel Deville Prime Salvador acredita que, dentro do cenário atual, é possível haver uma maior circulação sem um aumento de casos que ameace a saúde pública. "As reservas aumentaram na última semana e estamos otimistas. Como estamos em um crescente, esperamos mais de 80% de ocupação. Já existem medidas de prevenção que não alteramos, como disponibilidade de álcool em gel nos quartos e áreas comuns, além de máscaras em locais de alta circulação", enumera.

Karina Militão, gerente operacional do Hit Hotel, diz que a expectativa é ainda maior: de 90 a 100% de ocupação ao longo do Verão. Sobre os riscos de aumento da covid-19, ela destaca que a gestão do hotel monitora os indicadores de saúde e toma medidas para reduzir a possibilidade de contaminação.

"Acompanhamos atentamente as notícias referentes ao aumento da covid-19. Estamos nos precavendo com as máscaras, álcool e todos os cuidados que nos são devidos. Porém, não acredito que a situação preocupe, quase todos que viajam estão com todas as doses em dia".

Entre as agências, a situação é parecida. Alcance, Conquest, Grou Tour e Fly Tour são empresas que relataram que não há movimento de cancelamento ou adiamento dos serviços por causa da covid-19.

"Não temos qualquer registro de um movimento de cancelamento nos pacotes. Seguimos fazendo como no ano todo e batendo as metas estabelecidas. Em novembro, já batemos 85% do projetado com uma última venda grande. E isso deve seguir ao longo do Verão", prevê Adriane Virgilio, diretora da Fly Tour.

Os números positivos para a Bahia também são registrados nas companhias aéreas. A Latam programou cerca de 400 voos extras entre 1º de dezembro de 2022 e 31 de janeiro de 2023. Os principais incrementos são com relação as conexões de Porto Seguro com Guarulhos (89) e Congonhas (65). A companhia também opera voos em Salvador, Ilhéus e Vitória da Conquista.

A Gol anunciou a frequência de voos de Lençóis, que terá até dezembro quatro voos às quartas-feiras e quatro aos domingos. Paulo Afonso terá quatro voos da empresa às terças, quintas e sábados. E Teixeira de Freitas terá quatro voos às segundas, quartas e sextas.

Especialistas recomendam reforço em cuidados individuais

A infectologista Clarissa Cerqueira recomenda que os turistas, além de contar com medidas sanitárias dos hotéis, bares e restaurantes, passem a reforçar cuidados individuais para evitar o contágio.

"O povo precisa se vacinar e garantir o esquema vacinal completo. É bom tentar evitar ao máximo aglomerações ou usar máscara cirúrgica quando não tiver jeito. E, quando estiver com algum sintoma respiratório, é importante se certificar com teste para covid-19 e não sair antes disso", aconselha.

Clarissa alerta ainda que, por mais que os casos registrados sejam leves, um aumento na transmissão em larga escala faz crescer também a probabilidade de situações mais graves. "Quando a transmissão é muito grande, casos graves acontecem. Pela experiência que temos, [esses casos ocorrem] com as pessoas que não vacinaram ou têm o esquema incompleto. O Verão chega e aumenta as aglomerações. Os cuidados são fundamentais nesse período".

Às vésperas do período mais movimentado do ano, o Painel Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) mostra que há 5.986 casos positivos de covid-19 registrados até esta quarta-feira (21). O número é superior ao que se viu em outubro (5.927).

O que pode limitar o avanço do vírus é o índice de vacinação da população em primeira e segunda dose: 92,11% e 88,56%, respectivamente. Porém, o que pode facilitar o aumento de contaminados é a baixa adesão ao reforço: 59,01% (terceira dose) e 45,59% (quarta) de cobertura.

Atualmente, as taxas de ocupação dos leitos de enfermagem e UTI adulto para casos da doença estão em 28% e 36%, respectivamente.

Sílvio Pessoa, da Fetur-BA, diz que além da manutenção dos recipientes com álcool em gel e das medidas já em curso, será difícil que o setor turístico faça alterações estruturais em hotéis, bares ou restaurantes, como ocorreu nos momentos mais críticos da pandemia.

"O distanciamento de mesas, por exemplo, é complicado. As pessoas deixam de vender, diminuem o número de mesas e investem em outras alterações que têm custo. Enquanto isso, coisas mais simples como ônibus e metrô, que são verdadeiras latas de sardinhas, ninguém resolve", aponta.

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