O Jornal da Cidade

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Com R$ 50 você pode comprar uns quatro quilos de peito de frango, cinco placas de ovo, três quilos de corvina ou um quilo de carne de primeira. Sim, a carne vermelha virou artigo de luxo. Cortes como alcatra, contrafilé e patinho, que no ano passado costumava ser vendido por R$ 24, agora chega a custar, em média, R$ 33. Mas em alguns mercados de Salvador, um quilo desse alimento pode sair por até R$ 50, como indicado no aplicativo Preço da Hora Bahia, do Governo do Estado.

“Esse valor médio de R$ 33 é relativo ao mês de setembro de 2020. Ainda não temos os dados de outubro e pode ser sim que tenha ocorrido um aumento”, explicou Nadia Souza, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Essa instituição pesquisa o preço dos alimentos que compõem a cesta básica em algumas capitais brasileiras e constatou que, em Salvador, do início de 2020 até setembro, o preço da carne vernelha teve um aumento de 26,5%.

Na manhã dessa terça-feira (6), o CORREIO esteve em alguns frigoríficos de Salvador e constatou, com os consumidores, o preço alto. Na Boca do Rio, o quilo da carne de primeira estava R$ 40. No bairro vizinho, o Imbuí, o preço era R$ 42. “Eu costumava comprar carne de primeira, mais aumentou muito. Até a carne de segunda aumentou! Por isso, tô preferindo o peixe, soja, frango... o problema é que o frango enjoa, mas temos que aguentar, pois é mais barato”, disse a dona de casa Zenilde Abreu Brito, 60 anos.

Ela conversou com o CORREIO após comprar fígado, uma carne de segunda, a qual ela teve que dar mais preferência. “Antes o quilo do fígado era R$ 10 e agora saiu por R$ 19,99. Até para fazer uma feijoada está difícil. Eu coloco apenas uma calabresa no feijão e pronto”, disse.

Na frente desse frigorífico, dois ambulantes vendiam pescados. “Nosso faturamento aumentou, pois muita gente percebe o preço alto da carne vermelha e dá preferência para o peixe. Aqui a guaricema está R$ 10, a corvina R$ 15 e o camarão R$ 25”, disse um dos vendedores, que não quis se identificar. O idoso Antonio Carlos, 64 anos, foi um dos clientes conquistados pela dupla. Ele levou meio quilo de camarão e ainda foi comprar um quilo de frango no supermercado, para completar.

“Eu sou fã de carne vermelha, mas sei que hoje temos que comprar outros alimentos. Na situação que estamos atravessando, está muito difícil comprar carne. Todos os cortes aumentaram e não tem como o trabalhador sobreviver só de carne de boi”, reclamou.

Óleo
Além da carne vermelha, a aposentada Zuleica Leite, 70 anos, destacou o aumento no preço de outros produtos. “Tá um absurdo! O óleo mesmo está muito caro. Eu fui um dia desses no mercado e comprei um litro por mais de R$ 7. Normalmente era R$ 4. Aumentaram todas as carnes de segundas, o arroz, o leite”, disse.

Já a consumidora Ana Cleide, 25 anos, até pensou em levar o óleo, mas desistiu quando viu o preço. “Eu costumo levar o de soja, mas com esse preço não dá. Para substituir, vou usar o azeite de oliva. É estranho, pois era um produto menos usado antes, mas a gente precisa de algum óleo para fazer as comidas, não tem jeito”, disse.

Ana conversou com o CORREIO no Atakarejo da Boca do Rio. Lá, uma garrafa de 500mL de óleo de soja custava R$ 5,15. Os outros tipos de óleo (milho e girassol), chegava a atingir R$ 10. No Extra da Avenida Paralela, cada cliente só poderia levar cinco unidades de óleo de soja, cuja garrafa de 900mL custava R$ 7,19. A mesma limitação ocorria no Bompreço e na RedeMix, ambos do Imbuí, onde a garrafa de óleo de soja saía por R$ 6,59 e R$ 6,98, respectivamente.

Restrição de quantidade de óleo que pode ser comprado é realidade em mercados de Salvador (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)
Segundo a economista do Dieese, de agosto para setembro, o aumento no preço do óleo de soja foi de 30,11%. Se comparado a janeiro de 2020, esse salto é de 60,5%. No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, o óleo de soja foi o produto que mais aumentou de preço, com alta de 8,32% em agosto, e 20,8% de variação acumulada do ano.

Motivo
O que explica esses números, tanto para o óleo como para a carne vermelha, são fatores externos.

“O dólar está muito caro, o que significa que nossa moeda está desvalorizada e, assim, nosso produto fica mais barato lá fora. Atualmente, temos exportado muito, pois o mercado internacional está reaquecendo. A demanda por exportação está alta, pois é barato comprar do Brasil. Por isso, os produtores preferem vender para o exterior do que no mercado interno”, disse a economista do Dieese.

Nadia Souza também explicou que o fim dos estoques públicos de alimento no país foi um fator que contribuiu para que o preço não ficasse regulado. “Antes, o Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, mantinha um estoque de produtos para regular o preço. Quando estava muito caro, colocava mais produto no mercado e o preço caía. Como não há mais essa política, fica realmente o livre mercado. E se tem pouco produto aqui dentro, o preço sobe”, disse.

Para comprar barato, uma dica é pesquisar bem os preços. “Essa é uma boa dica, mas ela também depende da quantidade de produto que você consume. Se para pesquisar você precisa fazer um deslocamento que gaste transporte, talvez não compense”, disse Nádia. No final do texto, confira dois aplicativos gratuitos que te ajudam a comparar preços sem sair de casa. “Às vezes tem aquele dia da semana que os mercados fazem promoções. É bom dar preferência a esses dias”, concluiu.

No total, a cesta básica do soteropolitano teve um aumento de 27,4%, se comparado o mês de setembro com o de janeiro de 2020. Além do óleo de soja e da carne bovina, o tomate foi o grande responsável por esse preço. “É uma fruta perecível, um produto de durabilidade baixa. Então, seu preço flutua muito e é dependente da safra”, explicou Nadia.

Confira a variação anual dos 12 principais produtos da cesta básica em Salvador:

Tomate – 85,3%

Óleo de soja – 60,5%

Arroz – 42,1%

Banana – 30,9%

Carne bovina – 26,5%

Leite líquido - 21,2%

Feijão – 17%

Açúcar - 15,6%

Pão - 14,6%

Farinha de mandioca – 5,3%

Manteiga – 0,61%

Café - Redução de 3,7%

Total: aumento de 27,4% na cesta básica do soteropolitano.

*Fonte: Dieese

Confira dois aplicativos gratuitos que te ajudam a comparar preços sem sair de casa:
Preço da Hora Bahia - disponível para Android e iOS. O aplicativo reúne dados de milhares preços extraídos das notas fiscais eletrônicas do estado da Bahia, disponibilizando as melhores ofertas. É um aplicativo do Governo do Estado.

Menor Preço Brasil - disponível para Android e iOS. É um aplicativo da Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul, mas que está presente na Bahia graças a um convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). O programa funciona da mesma maneira que o anterior, disponibilizando o valor por meio das notas fiscais emitidas.

Relembre algumas dicas para compras no supermercado:
Planejamento: É importante planejar bem o que você vai comprar de acordo com os seus hábitos e também com o espaço que tem na sua casa. Não adianta fazer uma compra gigante onde não vai ter onde colocar. Não compre além, nem estoque coisas. Isso só vai gerar desperdício.

A boa e velha lista de compras: Nesse momento em que é necessário equilibrar a difícil tarefa de reduzir ao gastos com supermercado, ao mesmo tempo em que, as pessoas estão ficando mais tempo em casa. A dica é programar um cardápio das refeições e não deixar de fazer uma lista do que precisa comprar. Evite ir no supermercado com a lista de cabeça na base do ‘sei de tudo que estou precisando’.

Alimentos versáteis: Dê preferência aos alimentos e congeláveis (não congelados ou processados), ou seja, que rendem vários preparos e pratos. Quanto mais versátil for um alimento mais preparo ele rende e menor os gastos.

Experimente novas marcas: Principalmente, se elas estiverem mais baratas. Esta estratégia também ajuda na hora de reduzir o peso do carrinho no orçamento.

Fique atento aos ‘truques’: Aí é redobrar atenção diante das estratégias que os supermercados usam para que o consumidor compre mais, como cercar produtos básicos de outros complementares, dispor na prateleira os produtos mais caros no campo de visão do consumidor e aquele o apelo do corredor até o caixa, sempre abastecido de itens que, geralmente, são comprados por impulso.

Ainda não há remédio muito menos vacina para o coronavírus. Mas parte das pessoas que ficaram em isolamento social nos últimos sete meses estão cansadas e buscando quebrar essa rotina, por isso, acabam optando por viagens curtas, as famosas “escapadas”. É justamente esse desejo coletivo por algo diferente que faz o setor de turismo ensaiar uma retomada na Bahia.

O cenário ainda está longe do ideal, mas o feriadão desde 12 de outubro, dia da Nossa Senhora Aparecida, deve ser o melhor desde março, quando a pandemia atingiu o Brasil. Em Salvador, a taxa de ocupação dos hotéis deve ficar entre 30 e 35%, informa Roberto Duran, presidente da Salvador Destination. 

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA) não sabe precisar a taxa de ocupação prevista para a data, mas espera que o índice fique, pelo menos, acima de 50% para os hotéis abertos de Salvador.

A Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha) é mais otimista. Segundo o presidente da entidade, Silvio Pessoa, a taxa de ocupação na capital deve ficar na faixa dos 60% para o feriadão. Já outras localidades turísticas, como Porto seguro, Morro de São Paulo e o Litoral Norte, devem registrar entre 70% e 80% dos seus leitos ocupados.

Nem com o otimismo, a ocupação dos hotéis de Salvador deve se aproximar do que era registrado no mesmo período de 2019, quando a taxa estava na casa dos 80%, segundo a Febha. Nos outros pontos turísticos mais procurados da Bahia a situação é melhor podendo atingir a faixa dos 80% de leitos ocupados, como ocorreu no feriadão do dia das crianças do ano passado.

Litoral em alta

Na capital baiana a recuperação é lenta, mas outros destinos na Bahia estão tendo índices melhores, como Porto Seguro, Itacaré, Morro de São Paulo e, principalmente, Litoral Norte.

“Esses destinos estão com alta procura principalmente de pessoas saindo de Salvador, que querem entrar num carro com a família para descansar durante o fim de semana, mesmo que seja só para alugar uma casa na Linha Verde e curtir uma piscina”, explica Luís Leão, presidente do Sindicato das Empresas de Turismo da Bahia (Sindetur).

O fato dos destinos de sol e praia, como Porto Seguro e Itacaré, estarem abertos há mais tempo impacta a escolha do local para passar o feriadão, aponta o Secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco. “As pessoas se sentem mais seguras para ir”, diz.

Para o gestor, nesse momento, a procura é por lugares com menos aglomerações, o que também incentiva a visita a cidades do interior da Bahia. Franco ressalta que o movimento de turistas ainda é tímido se comparado com o período anterior à pandemia, mas demonstra o processo de retomada do setor. Procurada, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) não respondeu até o fechamento desta edição.

O pouco mais de um mês de diferença entre o 7 de setembro e o 12 de outubro vai fazer diferença no turismo. Um dos fatores apontados pelo presidente da Febha é a liberação do transporte intermunicipal no estado, em 28 de setembro.Pesa contra Salvador também as medidas de restrição presentes na cidade.

“Com praias e museus fechados o número de atrativos diminui. Então, o turista que está disposto a entrar num avião acaba optando por Balneário Camboriú, Gramado e outras capitais nordestinas. Não que essas medidas sejam negativas. Elas dificultam que futuramente o número de casos de covid-19 em Salvador aumentem exponencialmente e seja necessário fechar ainda mais atividades”, pondera Roberto Duran.

Apesar da reabertura de mais destinos desde o 7 de setembro, muitos ainda trabalham com restrições. “Deve-se viajar com cautela e respeitando as regras, com uso de máscara, álcool. Ainda estamos em uma pandemia”, ressalta o secretário Fausto Franco.

Perfil do turista

O trade turístico também avalia que houve uma mudança no perfil dos viajantes. As pessoas estão evitando entrar em ônibus, aviões e transportes coletivos em geral, dando preferência a destinos próximos, que dê para ir de carro com a família e amigos.

 “As pessoas estão na sede de sair de casa. Estão buscando qualquer coisa, mesmo que seja apenas para respirar coisas novas e descansar num lugar diferente. É mais para quebrar a rotina”, avalia Luís Leão.

Os turistas também devem percorrer distâncias menores para viajar, aponta Pessoa. Os mineiros, por exemplo, procuram as praias de Porto Seguro, enquanto, os turistas de Aracaju devem passar o dia das crianças no Litoral Norte. “Acredito muito nos visitantes do interior do estado ou de estados vizinhos”, pontua o presidente da Febha.

Para o secretário de turismo da Bahia, a busca pelas viagens mais próximas também ocorre pela baixa oferta de voos. “Vamos para 35% de oferta da malha a aérea na comparação com o número de voos antes da pandemia. É difícil achar voos e quando acha, os preços são pouco convidativos”, afirma Franco.

Por enquanto o público que voltou a “turistar” é aquele de até 40 anos, em sua maioria. Os idosos e aposentados, grandes impulsionadores do turismo do Brasil, ainda estão mais relutantes. “Isso é um problema porque essas pessoas, que são quem tem tempo e dinheiro, formam o grupo de maior risco da covid-19. Com isso estão preferindo ficar em casa esperando as condições melhorarem”, diz Luís.

No período que se comemora o dia das crianças, muitas famílias têm buscado viajar com os pequenos, aponta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes. “A maioria das pessoas viaja por lazer, o que tem predominância das famílias”, aponta o presidente, que ainda indica que muitos paulistas têm procurado Salvador para passar o feriadão já que a malha aérea favoreceu essa conexão.

Resorts

A lista de destinos preferidos mudou. Festas e badalação perderam espaço para sossego e tranquilidade. “O turista não está viajando para conhecer um lugar diferente. Ele quer apenas descansar e sair da rotina. Por isso lugares como resorts estão tendo uma procura maior que a média, por eles oferecerem toda a estrutura e segurança”, exemplifica Luís.

Para a presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA),  ngela Carvalho, os resorts do Litoral Norte saem na frente por oferecerem um turismo em ambiente aberto e com atividades ao ar livre. “Assim como os resorts, os destinos de praia do interior da Bahia chamam atenção”, pontua.

No Gran Hotel Stella Maris, o cenário é mais animador para o feriadão. A diretora de Vendas e Marketing do resort, Viviane Pessoa, estima que a taxa de ocupação do empreendimento para a data é de, pelo menos, 80%. Apesar de significativa, a procura por reservas no hotel caiu, assim como o valor da diária média. O hotel está com 100% dos leitos abertos.

“O período do dia das crianças sempre é interessante e tem um bom nível de ocupação. Mesmo com a pandemia, estamos tendo uma procura muito grande para a data, que culmina com o recesso de algumas escolas particulares. Isso junto com a desaceleração nas taxas de contágio do coronavírus motiva os visitantes”, indica a diretora do Gran Hotel Stella Maris.

O Gran Paladium Imbassaí está com 70% de ocupação para o feriado do dia 12, o que é o máximo já que parte dos leitos está fechada. Segundo a Diretora Comercial Brasil do Palladium Hotel Group, Carollina Abud, os principais visitantes do hotel são da Bahia e de Sergipe. Do sudeste, a maior parte dos hóspedes são de São Paulo e Minas Gerais; e Brasília e Goiânia no centro oeste.

O Tivoli Ecoresort Praia do Forte registra o melhor feriado desde o início da retomada, com a maior parte dos hóspedes de fora do estado, sobretudo de São Paulo. O hotel do Litoral Norte trabalha com 60% da capacidade total de leitos e todos estão reservados. 

Antes da pandemia, a ocupação dos leitos no Tivoli Ecoresort Praia do Forte era de 90% a 100% para feriados como o de 12 de outubro. Desde a reabertura, o hotel possui uma ocupação média de 40% dos leitos totais, o que representa uma taxa de ocupação de 70% da capacidade atual do empreendimento.

O presidente da ABIH indica ainda que as reservas têm sido feitas mais em cima da hora. Antes da pandemia, em um feriado como esse, os leitos estariam comercializados 20 dias antes da data. Agora, Lopes acredita que até a próxima quinta-feira (8) e sexta (9) ainda devem receber novas reservas.

O turismo só deve voltar à normalidade após a vacina ou a descoberta de algum remédio eficiente no tratamento do coronavírus. Atualmente, a ocupação dos hotéis melhora entre a noite de quinta-feira e sábado, mas amarga índices baixos durante a semana, o que não permite que os empreendimentos consigam equilibrar suas contas. Na noite de última segunda, apenas 28,31% dos leitos disponíveis em Salvador estavam ocupados.

Redução no IPTU

20% dos hotéis que fecharam as portas provisóriamente em Salvador ainda não retornaram. E aqueles que estão recebendo hóspedes continuam operando no vermelho.

Para diminuir o prejuízo deste setor, o prefeito ACM Neto sancionou a lei, aprovada na Câmara dentro do pacote elaborado pelo Executivo de incentivos fiscais para diversos setores nesse momento de crise sanitária, que estabelece o desconto de 40% no IPTU de 2021 para estabelecimentos inseridos no Programa Especial de Incentivos Fiscais à Atividade Turística (Proturismo). 

“Essa redução é muito positiva para diminuir o custo nos hotéis, que estão passando por grande dificuldade neste período. Essa redução, que serve para minimizar os impactos da pandemia, irá beneficiar todos os estabelecimentos que aderiram ao programa”, comemora Luciano Lopes.

Locais mais procurados

Litoral Norte

Porto Seguro

Morro de São Paulo

Itacaré

 

Destinos abertos**

Imbassaí

Diogo

Santo Antônio

Costa do Sauípe 

Praia do Forte 

Itacaré 

Cairu (incluindo Morro de São Paulo e Boipeba)

Camamu

Valença

Taperoá

Igrapiúna

Ituberá

Porto Seguro 

Arraial d’Ajuda

Trancoso

Caraíva 

Santa Cruz Cabrália

Maraú

Lençóis

Mucugê

Prado

Caravelas – Abrolhos 

Vitória da Conquista

Bonito

Campo Formoso

Jacobina

Migual Calmon

Miragaba

Ourolândia

Pindobaçu

Senho do Bonfim

Quixabeira

Utinga

Paulo Afonso

Jandaíra

Entre Rios

Conde

Lauro de Freitas

Esplanada

Dias D´Ávila

Camaçari

Alcobaça

Itamaraju

Mucuri

Nova Viçosa

Prado

Teixeira de Freitas

 

Ainda não há remédio muito menos vacina para o coronavírus. Mas parte das pessoas que ficaram em isolamento social nos últimos sete meses estão cansadas e buscando quebrar essa rotina, por isso, acabam optando por viagens curtas, as famosas “escapadas”. É justamente esse desejo coletivo por algo diferente que faz o setor de turismo ensaiar uma retomada na Bahia.

O cenário ainda está longe do ideal, mas o feriadão desde 12 de outubro, dia da Nossa Senhora Aparecida, deve ser o melhor desde março, quando a pandemia atingiu o Brasil. Em Salvador, a taxa de ocupação dos hotéis deve ficar entre 30 e 35%, informa Roberto Duran, presidente da Salvador Destination. 

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA) não sabe precisar a taxa de ocupação prevista para a data, mas espera que o índice fique, pelo menos, acima de 50% para os hotéis abertos de Salvador.

A Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha) é mais otimista. Segundo o presidente da entidade, Silvio Pessoa, a taxa de ocupação na capital deve ficar na faixa dos 60% para o feriadão. Já outras localidades turísticas, como Porto seguro, Morro de São Paulo e o Litoral Norte, devem registrar entre 70% e 80% dos seus leitos ocupados.

Nem com o otimismo, a ocupação dos hotéis de Salvador deve se aproximar do que era registrado no mesmo período de 2019, quando a taxa estava na casa dos 80%, segundo a Febha. Nos outros pontos turísticos mais procurados da Bahia a situação é melhor podendo atingir a faixa dos 80% de leitos ocupados, como ocorreu no feriadão do dia das crianças do ano passado.

Litoral em alta
Na capital baiana a recuperação é lenta, mas outros destinos na Bahia estão tendo índices melhores, como Porto Seguro, Itacaré, Morro de São Paulo e, principalmente, Litoral Norte.

“Esses destinos estão com alta procura principalmente de pessoas saindo de Salvador, que querem entrar num carro com a família para descansar durante o fim de semana, mesmo que seja só para alugar uma casa na Linha Verde e curtir uma piscina”, explica Luís Leão, presidente do Sindicato das Empresas de Turismo da Bahia (Sindetur).

O fato dos destinos de sol e praia, como Porto Seguro e Itacaré, estarem abertos há mais tempo impacta a escolha do local para passar o feriadão, aponta o Secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco. “As pessoas se sentem mais seguras para ir”, diz.

Para o gestor, nesse momento, a procura é por lugares com menos aglomerações, o que também incentiva a visita a cidades do interior da Bahia. Franco ressalta que o movimento de turistas ainda é tímido se comparado com o período anterior à pandemia, mas demonstra o processo de retomada do setor. Procurada, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) não respondeu até o fechamento desta edição.

O pouco mais de um mês de diferença entre o 7 de setembro e o 12 de outubro vai fazer diferença no turismo. Um dos fatores apontados pelo presidente da Febha é a liberação do transporte intermunicipal no estado, em 28 de setembro.Pesa contra Salvador também as medidas de restrição presentes na cidade.

“Com praias e museus fechados o número de atrativos diminui. Então, o turista que está disposto a entrar num avião acaba optando por Balneário Camboriú, Gramado e outras capitais nordestinas. Não que essas medidas sejam negativas. Elas dificultam que futuramente o número de casos de covid-19 em Salvador aumentem exponencialmente e seja necessário fechar ainda mais atividades”, pondera Roberto Duran.

Apesar da reabertura de mais destinos desde o 7 de setembro, muitos ainda trabalham com restrições. “Deve-se viajar com cautela e respeitando as regras, com uso de máscara, álcool. Ainda estamos em uma pandemia”, ressalta o secretário Fausto Franco.

Perfil do turista
O trade turístico também avalia que houve uma mudança no perfil dos viajantes. As pessoas estão evitando entrar em ônibus, aviões e transportes coletivos em geral, dando preferência a destinos próximos, que dê para ir de carro com a família e amigos.

 “As pessoas estão na sede de sair de casa. Estão buscando qualquer coisa, mesmo que seja apenas para respirar coisas novas e descansar num lugar diferente. É mais para quebrar a rotina”, avalia Luís Leão.

Os turistas também devem percorrer distâncias menores para viajar, aponta Pessoa. Os mineiros, por exemplo, procuram as praias de Porto Seguro, enquanto, os turistas de Aracaju devem passar o dia das crianças no Litoral Norte. “Acredito muito nos visitantes do interior do estado ou de estados vizinhos”, pontua o presidente da Febha.

Para o secretário de turismo da Bahia, a busca pelas viagens mais próximas também ocorre pela baixa oferta de voos. “Vamos para 35% de oferta da malha a aérea na comparação com o número de voos antes da pandemia. É difícil achar voos e quando acha, os preços são pouco convidativos”, afirma Franco.

Por enquanto o público que voltou a “turistar” é aquele de até 40 anos, em sua maioria. Os idosos e aposentados, grandes impulsionadores do turismo do Brasil, ainda estão mais relutantes. “Isso é um problema porque essas pessoas, que são quem tem tempo e dinheiro, formam o grupo de maior risco da covid-19. Com isso estão preferindo ficar em casa esperando as condições melhorarem”, diz Luís.

No período que se comemora o dia das crianças, muitas famílias têm buscado viajar com os pequenos, aponta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes. “A maioria das pessoas viaja por lazer, o que tem predominância das famílias”, aponta o presidente, que ainda indica que muitos paulistas têm procurado Salvador para passar o feriadão já que a malha aérea favoreceu essa conexão.

Resorts
A lista de destinos preferidos mudou. Festas e badalação perderam espaço para sossego e tranquilidade. “O turista não está viajando para conhecer um lugar diferente. Ele quer apenas descansar e sair da rotina. Por isso lugares como resorts estão tendo uma procura maior que a média, por eles oferecerem toda a estrutura e segurança”, exemplifica Luís.

Para a presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA),  ngela Carvalho, os resorts do Litoral Norte saem na frente por oferecerem um turismo em ambiente aberto e com atividades ao ar livre. “Assim como os resorts, os destinos de praia do interior da Bahia chamam atenção”, pontua.

No Gran Hotel Stella Maris, o cenário é mais animador para o feriadão. A diretora de Vendas e Marketing do resort, Viviane Pessoa, estima que a taxa de ocupação do empreendimento para a data é de, pelo menos, 80%. Apesar de significativa, a procura por reservas no hotel caiu, assim como o valor da diária média. O hotel está com 100% dos leitos abertos.

“O período do dia das crianças sempre é interessante e tem um bom nível de ocupação. Mesmo com a pandemia, estamos tendo uma procura muito grande para a data, que culmina com o recesso de algumas escolas particulares. Isso junto com a desaceleração nas taxas de contágio do coronavírus motiva os visitantes”, indica a diretora do Gran Hotel Stella Maris.

Diretora Comercial Brasil do Palladium Hotel Group aponta que principais visitantes nordestinos do hotel são da Bahia e de Sergipe (Foto: Fernando H. Mazzuco)

O Gran Paladium Imbassaí está com 70% de ocupação para o feriado do dia 12, o que é o máximo já que parte dos leitos está fechada. Segundo a Diretora Comercial Brasil do Palladium Hotel Group, Carollina Abud, os principais visitantes do hotel são da Bahia e de Sergipe. Do sudeste, a maior parte dos hóspedes são de São Paulo e Minas Gerais; e Brasília e Goiânia no centro oeste.

O Tivoli Ecoresort Praia do Forte registra o melhor feriado desde o início da retomada, com a maior parte dos hóspedes de fora do estado, sobretudo de São Paulo. O hotel do Litoral Norte trabalha com 60% da capacidade total de leitos e todos estão reservados. 

Antes da pandemia, a ocupação dos leitos no Tivoli Ecoresort Praia do Forte era de 90% a 100% para feriados como o de 12 de outubro. Desde a reabertura, o hotel possui uma ocupação média de 40% dos leitos totais, o que representa uma taxa de ocupação de 70% da capacidade atual do empreendimento.

O presidente da ABIH indica ainda que as reservas têm sido feitas mais em cima da hora. Antes da pandemia, em um feriado como esse, os leitos estariam comercializados 20 dias antes da data. Agora, Lopes acredita que até a próxima quinta-feira (8) e sexta (9) ainda devem receber novas reservas.

O turismo só deve voltar à normalidade após a vacina ou a descoberta de algum remédio eficiente no tratamento do coronavírus. Atualmente, a ocupação dos hotéis melhora entre a noite de quinta-feira e sábado, mas amarga índices baixos durante a semana, o que não permite que os empreendimentos consigam equilibrar suas contas. Na noite de última segunda, apenas 28,31% dos leitos disponíveis em Salvador estavam ocupados.

Redução no IPTU
20% dos hotéis que fecharam as portas provisóriamente em Salvador ainda não retornaram. E aqueles que estão recebendo hóspedes continuam operando no vermelho.

Para diminuir o prejuízo deste setor, o prefeito ACM Neto sancionou a lei, aprovada na Câmara dentro do pacote elaborado pelo Executivo de incentivos fiscais para diversos setores nesse momento de crise sanitária, que estabelece o desconto de 40% no IPTU de 2021 para estabelecimentos inseridos no Programa Especial de Incentivos Fiscais à Atividade Turística (Proturismo). 

“Essa redução é muito positiva para diminuir o custo nos hotéis, que estão passando por grande dificuldade neste período. Essa redução, que serve para minimizar os impactos da pandemia, irá beneficiar todos os estabelecimentos que aderiram ao programa”, comemora Luciano Lopes.

Locais mais procurados

  • Litoral Norte
  • Porto Seguro
  • Morro de São Paulo
  • Itacaré


Destinos abertos**

  • Imbassaí
  • Diogo
  • Santo Antônio
  • Costa do Sauípe 
  • Praia do Forte 
  • Itacaré 
  • Cairu (incluindo Morro de São Paulo e Boipeba)
  • Camamu
  • Valença
  • Taperoá
  • Igrapiúna
  • Ituberá
  • Porto Seguro 
  • Arraial d’Ajuda
  • Trancoso
  • Caraíva 
  • Santa Cruz Cabrália
  • Maraú
  • Lençóis
  • Mucugê
  • Prado
  • Caravelas – Abrolhos 
  • Vitória da Conquista
  • Bonito
  • Campo Formoso
  • Jacobina
  • Migual Calmon
  • Miragaba
  • Ourolândia
  • Pindobaçu
  • Senho do Bonfim
  • Quixabeira
  • Utinga
  • Paulo Afonso
  • Jandaíra
  • Entre Rios
  • Conde
  • Lauro de Freitas
  • Esplanada
  • Dias D´Ávila
  • Camaçari
  • Alcobaça
  • Itamaraju
  • Mucuri
  • Nova Viçosa
  • Prado
  • Teixeira de Freitas

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

** destinos cuja reabertura foi informada à Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur) até 6 de outubro

O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) apresentou na última terça-feira (29) em depoimento à Polícia Federal (PF) informações que vinculariam diretamente o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao esquema que difunde conteúdo falso na internet, as chamadas "fake news".

A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S.Paulo. A TV Globo também teve acesso ao depoimento, dado por Frota como parte do inquérito da PF que investiga os organizadores e financiadores de atos antidemocráticos.

A TV Globo não conseguiu contato com deputado Eduardo Bolsonaro.

Segundo Alexandre Frota, Eduardo Bolsonaro estaria envolvido com a orientação e a divulgação dos atos, alguns dos quais pediam fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e intervenção militar.

De acordo com os dados apresentados por Frota, os computadores de onde partiram orientações para os atos estão relacionados a endereços de Eduardo Bolsonaro ou de assessores dele.

No depoimento à PF, Frota também apontou envolvimento de outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), do Rio de Janeiro.

Indagado pela PF, o deputado Frota disse que o chamado "gabinete do ódio" atuava para incitar animosidade entre as Forças Armadas, o STF e o Congresso e era voltado a impedir o livre exercício dos poderes, conforme conteúdos preservados na investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga mensagens falsas e ataques virtuais, a chamada CPI das Fake News.

O deputado disse que as ações tinham também o objetivo de atingir a honra dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo.

"Indagado se tem conhecimento de que tal estrutura ou as ações decorrentes foram, de qualquer forma, dirigidas a tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos poderes da União ou dos estados, respondeu que sim, conforme conteúdos preservados na investigação da CPMI, como exemplo o sequestro simulado do ministro Gilmar Mendes [do STF] com utilização de boneco", diz o texto do relatório da PF sobre o depoimento.

Ainda no depoimento, Frota apontou um homem que seria assessor do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) como um dos responsáveis pela organização do ato antidemocrático em frente ao quartel-general do Exército, em abril, e do disparo de fogos de artifício em direção ao prédio do STF, em junho. O deputado declarou à PF que procurou Otoni de Paula e, segundo afirmou, o colega disse conhecer o homem mas negou que fosse seu assessor.

Segundo Frota afirmou à PF, as informações que forneceu constam em documentos produzidos pela CPI das Fake News. Investigadores afirmaram que, embora o depoimento tenha sido colhido no âmbito do inquérito que apura os atos antidemocráticos, será compartilhado com o inquérito das fake news, que investiga ofensas e ameaças a ministros do STF.

O Grupo de Trabalho (GT) de Enfrentamento ao Novo Coronavírus do Ministério Público (MP-BA) estadual informou que pediu nesta terça-feira (6) para que a Justiça obrigue, em decisão liminar, o município de Salvador a retomar a circulação de 100% da frota de ônibus do sistema de transporte coletivo municipal durante os horários de pico: das 5h às 08h; das 8h às 12h e das 16h às 21h.

O pedido, segundo o MP-BA, foi realizado em ação civil pública ajuizada pelos promotores de Justiça Rita Tourinho e Rogério Queiroz, coordenadores do GT, e Adriano Assis. "Foi solicitado ainda que a Justiça determine, em decisão final, a total retomada da frota durante todo o horário regular de circulação", diz comunicado enviado à imprensa.

O ajuizamento da ação ocorre após a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) não atender a recomendação encaminhada pelo MP para o retorno imediato do transporte público coletivo e depois de diversas reuniões realizadas com o objetivo de formalizar um acordo que promovesse a retomada integral dos ônibus na capital.

De acordo com o MP, pesquisas de campo foram realizadas, no final de setembro e início deste mês, pela equipe técnica da Coordenadoria de Segurança Inteligência (CSI) do MP, e constataram ônibus lotados, com pessoas em pé, nas estações de Pirajá, Lapa, Acesso Norte e Mussurunga.

O Ministério Público diz que "o levantamento destoa do diagnóstico de demanda indicado pela Semob". “De acordo com o entendimento da Secretaria, a partir de 12 de setembro, a demanda média de passageiros transportados foi de 55% do normal, de modo que a oferta média requerida do serviço deveria girar em torno de 65% do normal, o que, segundo informa, teria se verificado. No entanto, conforme será demonstrado, a disponibilização de apenas 65% é insuficiente para acomodar a demanda do serviço, como evidenciam as frequentes aglomerações nos ônibus”, afirmaram os promotores.

Segundo a ação, a perspectiva da Semob seria disponibilizar 100% da frota (2.213 veículos) a partir somente da fase 4 de retomada da atividade econômica na cidade.

Procurada pelo CORREIO, a Semob informou que "a Prefeitura não foi notificada oficialmente dos termos da ação para responder. "O órgão reforça que continua com mesa aberta com Ministério Público, inclusive com reunião agendada para esta quarta-feira (7), às 14h, no MP", disse, em nota, a assesoria da Semob.

Os promotores do MP-BA disseram que a proposta de retomada de 100% da frota apenas na quarta fase da retomada das atividades na pandemia "desconsidera a situação de risco de contágio por covid-19 que a população está atualmente exposta ao circular em ônibus superlotados". “Conforme noticiado, por exemplo, no primeiro domingo de abertura dos shoppings centers de Salvador (dia 13 de setembro), passageiros registraram e enfrentaram ônibus superlotados na capital baiana. As filmagens da linha Rodoviária x Paripe mostram as pessoas aglomeradas, desconfortadas e revoltadas com o risco de contaminação pelo novo coronavírus”, pontuaram.

Ainda na ação, os autores apontaram que "não cabem, diante de uma questão de saúde pública, as justificativas apresentadas pelo município, como queda de demanda e desequilíbrio econômico dos contratos de concessão, pois a retirada dos ônibus em circulação máxima 'transfere para a população o ônus que deveria ser administrado pelo Município de Salvador'".

“Não guarda coerência o Município de Salvador estabelecer medidas de distanciamento social, inclusive mantendo o fechamento de praias, quando a população se aglomera nos ônibus de Salvador, não para atividades de lazer, mas para seu deslocamento laboral”, afirmaram.

Voltar com 100% da frota de ônibus 'é impossível', afirmou ACM Neto
No último dia 18, o prefeito ACM Neto afirmou que é "impossível" cumprir a recomendação do MP-BA para retomar o funcionamento de 100% da frota de ônibus em Salvador. Ele chamou a conta de "impagável" e diz que isso deixaria outras áreas desassistidas. "Não tem milagre".

“Ou a prefeitura vai ter que botar mais dinheiro do que já vai colocar e aí vai faltar dinheiro para saúde, vai faltar dinheiro para a manutenção da cidade, para limpeza... Ou nós vamos transferir para a tarifa e aí quem paga a conta é o cidadão”, disse Neto, que falou durante inauguração de obras da Lagoa dos Pássaros, no Stiep.

Segundo Neto, a frota tem rodado com 80% dos veículos, transportando 54% dos passageiros que eram levados em comparativo com período anterior à pandemia. Ele lembrou que a prefeitura assumiu o comando de uma concessionária que quebrou acordo.

"Quem é que vai pagar essa conta? A prefeitura. Estou em negociação, fechando números. Mas os números iniciais apontam uma necessidade, vou dizer um número que não tá fechado, mais ou menos R$ 30 milhões que a prefeitura vai ter que aportar no sistema em duas bacias. Porque a terceira nós estamos bancando, comprando óleo diesel, pagando rodoviário, para não ter demissão e paralisação... Mais do que isso é impossível", disse.

Na ocasião, ele afirmou que a Semob estava observado os horários de pico e linhas mais cheias para aumentar a oferta nestas especificamente. "Mas é impossível agora rodar com 100%", reforçou. "Imagino que o Ministério Público não deseje que o cidadão venha a pagar R$ 5 no ônibus. Porque até o dia 31 de dezembro, enquanto eu for prefeito, não vou permitir que isso aconteça”, disse Neto.

O prefeito voltou a repetir que o transporte público é a "maior dor de cabeça" de Salvador hoje em dia. "A prefeitura está gastando dinheiro para impedir que a prefeitura pague", afirmou. "O sistema começou a se equilibrar e aí veio a pandemia. Lascou tudo", disse, afirmando que se trata de um fenômeno nacional.

No início do mês passado, o prefeito já havia falado do assunto, citando seu envolvimento, através da Frente Nacional dos Prefeitos, na negociação para que o governo federal injetasse auxílio para o município para o setor do transporte. "Mobilizei prefeitos do Brasil, consegui de alguma forma interlocução com o governo federal, chamar atenção para necessidade desse socorro, o governo fez até a MP, mas a Câmara dos Deputados inviabilizou o texto. O projeto final aprovado pela Câmara foi horrível", disse na ocasião, se referindo à Medida Provisória 938.

Por conta disso, Neto esteve em Brasília para se encontrar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para entregar um documento com sugestões de alteraçãoes à MP para que ela "tenha efetividade e possam vir recursos para Salvador". "Esse periodo de pandemia gerou um desequilibrio grande nos sistemas. A prefeitura vai ter que aportar recurso", disse Neto. "Uma parte vamos ter que pagar para o sistema não quebrar e parar", afirmou.

A Bahia registrou 32 mortes e 2.142 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,7%) em 24h, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) no final da tarde desta terça-feira (6). No mesmo período, 1.816 pacientes foram considerados livres da doença (+0,6%).

Dos 318.147 casos confirmados desde o início da pandemia, em março, 304.732 já são considerados curados e 6.430 encontram-se ativos.

Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.

Os casos confirmados ocorreram em 417 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (27,60%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram: Ibirataia (6.896,55), Almadina (6.551,98), Madre de Deus (6.167,92), Itabuna (6.125,98), São José da Vitória (5.532,97).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 636.779 casos descartados e 77.075 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17h desta terça.

Na Bahia, 26.535 profissionais da saúde foram confirmados para covid-19.

Óbitos
Ainda segundo a Sesab, o boletim epidemiológico desta terça contabiliza 32 óbitos ocorridas em diversas datas, conforme tabela abaixo. A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da covid-19.

Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 6.985, representando uma letalidade de 2,20%. Dentre os óbitos, 55,76% ocorreram no sexo masculino e 44,24% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 53,84% corresponderam a parda, seguidos por branca com 17,31%, preta com 15,23%, amarela com 0,79%, indígena com 0,11% e não há informação em 12,71% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 72,08%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (75,47%).

A base de dados completa dos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos relacionados ao coronavírus está disponível em https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/.

Ainda sob os efeitos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, as famílias brasileiras fizeram mais depósitos do que saques na caderneta de poupança no mês passado. Dados do Banco Central mostram que, em setembro, os depósitos líquidos somaram R$ 13,229 bilhões. Este é o maior volume de depósitos líquidos para um mês de setembro, em valores nominais, em toda a série histórica do BC, iniciada em 1995.

O mês de setembro também foi o sétimo consecutivo em que houve registro de depósitos líquidos. Em março, quando a pandemia do novo coronavírus fez com que o isolamento social se intensificasse, com reflexos sobre a atividade econômica, as famílias haviam depositado R$ 12,169 bilhões líquidos na poupança. Em abril, foram R$ 30,459 bilhões; em maio, R$ 37,201 bilhões; em junho, R$ 20,534 bilhões; em julho, R$ 28,144 bilhões; e em agosto, R$ 11,403 bilhões.

Esta corrida para a caderneta é justificada pela postura das famílias em relação à crise e pelas ações do governo para manter a renda da população.

Nos últimos meses, o BC vem citando, por meio de documentos oficiais, que existe o risco de que a pandemia aumente a "poupança precaucional" no Brasil. Em outras palavras, o BC vê o risco de que as famílias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentem depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um "colchão" em caso de emergências. Isso é visto com ressalvas, porque mais dinheiro na poupança significa menos consumo - e ainda mais dificuldades para as empresas brasileiras.

O pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda nos últimos meses, no valor de R$ 600, é outro fator que contribuiu para o aumento dos depósitos na poupança. Os depósitos começaram a ser feitos em 9 de abril e parte deles segue depositada na poupança, por precaução. Além disso, o governo já começou a depositar na conta dos beneficiários a extensão do auxílio emergencial, no valor de R$ 300. Este valor continuará a ser depositado até o fim deste ano.

Os números de setembro mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 294,015 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 280,787 bilhões. Com isso, chegou-se à captação líquida de R$ 13,229 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 1 644 bilhão de setembro, o saldo total da poupança atingiu R$ 1 002 trilhão no mês passado. Esta é a primeira vez na história que o saldo da caderneta supera, em valores nominais, a marca de R$ 1 trilhão.

No ano até setembro, a poupança acumulou depósitos líquidos de R$ 137,211 bilhões. Chama a atenção o fato de que a poupança vem recebendo depósitos líquidos nos últimos meses a despeito de sua rentabilidade estar cada vez menor. Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros). A Selic, por sua vez, está em 2,00% ao ano, no menor patamar da história. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,4% ao ano - um porcentual que pode nem mesmo compensar a inflação corrente.

Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

O Dia das Crianças é uma das datas mais importantes do calendário do varejo nacional, devendo movimentar R$ 6,2 bilhões neste ano. Segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre os estados do Nordeste, a Bahia aparece em primeiro lugar no quadro de expectativa de distribuição do faturamento para a data, com R$ 149,8 milhões, na frente do Ceará (R$ 95 milhões) e Pernambuco (R$ 84,5 milhões). As informações são da Fecomércio-BA.

Nacionalmente, São Paulo (R$ 1,77 bilhão), Minas Gerais (R$ 667,3 milhões), Rio de Janeiro (R$ 514,1 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 454 milhões) deverão responder por mais da metade (54,8%) do total movimentado com a data em 2020.

Brasil
Conforme pesquisa da CNC, o volume de vendas voltada para o Dia das Crianças deverá registrar queda de 4,8% em relação ao mesmo período de 2019. Se confirmada, essa seria a primeira retração das vendas para a data desde 2016 (-8,1%), já descontada a inflação.

Com alta esperada de 3,2%, o ramo de hiper e supermercados deverá movimentar R$ 4,4 bilhões (70,2% do total) e será o único a apurar avanço nas vendas para a data deste ano. Outros segmentos que costumam se beneficiar do aumento sazonal das vendas nesta época do ano tendem a amargar perdas: brinquedo e eletroeletrônicos (-2,5% ou R$ 1,3 bilhão); livrarias e papelarias (-9,9% ou R$ 48,1 milhões); e lojas de vestuário e calçados (-2,1% ou R$ 489 milhões).

A CNC ressalta que o processo de resgate do nível de atividade do varejo desde o início da recessão provocada pela pandemia da Covid-19 ainda não está completo em diversos segmentos do varejo.

A Confederação avalia ainda que o travamento do mercado de trabalho, com desemprego em alta, aumento da informalidade e subutilização da força de trabalho, ainda é um desafio para o setor não apenas para esta data comemorativa, mas para as demais deste ano. A queda do auxílio emergencial a partir de setembro também deverá dificultar a retomada das vendas mesmo em um cenário de inflação e juros baixos.

Parte dos pacotes com sementes misteriosas que já foram recebidos por moradores de 25 unidades da Federação, incluindo a Bahia, foram colocados em análise. Ao todo 25 dos 258 pacotes relatados já passaram por testes que detectaram três tipos de fungos diferentes, um ácaro vivo, a presença de bactérias em duas amostras e ainda quatro sementes com pragas quarentenárias.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apenas os estados do Amazonas e Maranhão ainda não registraram casos. As informações são do site Metrópoles.

Os dados foram compartilhados em coletiva de imprensa virtual, na manhã desta terça-feira (6), com a participação de José Guilherme Leal, secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, e José Luis Vargas, diretor de Serviços Técnico do ministério. Na ocasião, o Mapa informou que interceptou 33,7 mil pacotes suspeitos no primeiro semestre de 2020.

Segundo o Carlos Goulart, a entrega não solicitada das sementes pode estar relacionada a um golpe de comerciantes virtuais chamado de brushing (clique aqui para entender o esquema).

Neste tipo de fraude, os próprios vendedores acrescentam os pacotes de sementes nas aquisições reais de clientes, para alavancar as plataformas de e-commerce.

O levantamento do ministério já identificou, mas sem revelar, quatro países que enviaram remessas com sementes para o Brasil. De acordo com Goulart, contudo, não há denúncias de comerciantes brasileiros que tenham praticado o esquema.

“Além de entregar as sementes às autoridades, pedimos também que a população não descarte as embalagens”, pede o diretor do departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas. “Com elas, fica mais fácil identificarmos os países remetentes”, explica.

Parte dos pacotes com sementes misteriosas que já foram recebidos por moradores de 25 unidades da Federação, incluindo a Bahia, foram colocados em análise. Ao todo 25 dos 258 pacotes relatados já passaram por testes que detectaram três tipos de fungos diferentes, um ácaro vivo, a presença de bactérias em duas amostras e ainda quatro sementes com pragas quarentenárias.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apenas os estados do Amazonas e Maranhão ainda não registraram casos. As informações são do site Metrópoles.

Os dados foram compartilhados em coletiva de imprensa virtual, na manhã desta terça-feira (6), com a participação de José Guilherme Leal, secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, e José Luis Vargas, diretor de Serviços Técnico do ministério. Na ocasião, o Mapa informou que interceptou 33,7 mil pacotes suspeitos no primeiro semestre de 2020.

Segundo o Carlos Goulart, a entrega não solicitada das sementes pode estar relacionada a um golpe de comerciantes virtuais chamado de brushing (clique aqui para entender o esquema).

Neste tipo de fraude, os próprios vendedores acrescentam os pacotes de sementes nas aquisições reais de clientes, para alavancar as plataformas de e-commerce.

O levantamento do ministério já identificou, mas sem revelar, quatro países que enviaram remessas com sementes para o Brasil. De acordo com Goulart, contudo, não há denúncias de comerciantes brasileiros que tenham praticado o esquema.

“Além de entregar as sementes às autoridades, pedimos também que a população não descarte as embalagens”, pede o diretor do departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas. “Com elas, fica mais fácil identificarmos os países remetentes”, explica.

Desaparecida desde a última terça-feira (29) na trilha da Serra da Miaba, localizada no município de São Domingos, na Região Agreste Central de Sergipe, a jovem baiana Joana Gabriela Coutinho, de 21 anos, foi encontrada na tarde deste domingo (4) por equipes do Corpo de Bombeiros e do Grupamento Tático Aéreo (GTA).

Segundo infomações do GTA, a jovem estava em uma área de difícil acesso e foi preciso utilizar técnicas como rapel para chegar até ela, que estava consciente, mas tinha um ferimento na cabeça e picadas de inseto pelo corpo.

De acordo com G1, Joana foi levada em um helicóptero do grupamento até o Aeroclube de Aracaju, onde uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizou os primeiros atendimentos. Em seguida, foi encaminhada para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).

Familiares disseram que Joana foi de Salvador para a casa de uma irmã, em Aracaju, e na terça-feira (29) saiu para fazer uma trilha com um guia e um amigo. Os dois retornaram, mas ela não. A mãe da jovem, que também mora na capital baiana, chegou em Sergipe na noite da sexta-feira (2) para acompanhar as buscas.

Uma cidade do interior baiano está livre da tradicional disputa política nestas eleições. É Licínio de Almeida, de pouco mais de 12 mil habitantes, localizada no centro-sul do estado, quase na divisa com Minas Gerais. Lá, apenas um cidadão se apresentou à população como candidato a assumir o cargo de prefeito. É Frederico Vasconcellos Ferreira, o Dr. Fred (PC do B), o atual administrador do município, que tenta a reeleição, mas sem concorrência.

Natural de Cantagalo, no Rio de Janeiro, Fred tem 34 anos, é médico e vive em Licínio de Almeida desde 2010, quando foi para a cidade a trabalho e decidiu ficar. A esposa e duas filhas nascidas na cidade baiana ajudaram o médico a se estabelecer definitivamente.

Em 2016, pela primeira vez na vida, Dr. Fred disputou um cargo eleitoral, justamente o de prefeito. Por apenas 270 votos de diferença, venceu Cosme Silveira Cangussu (DEM), 69 anos, que já foi prefeito da cidade por três mandatos e atua na política municipal desde 1988. Por seu histórico, Cosme é o líder da oposição em Licínio de Almeida e seria, naturalmente, o candidato da oposição nas eleições de 2020. Mas, dessa vez, ele decidiu “tirar férias”.

“Já tenho 30 anos de vida pública. Esperava que surgisse um novo nome, mas não aconteceu. Acho que o baixo poder econômico e a falta de coragem prejudicaram para que surgisse esse candidato da oposição. Sempre era eu que estava à frente”, disse o ex-prefeito, que ainda não sabe se vai votar esse ano. “Se eu ficar aqui, votarei. Mas estou pensando em fazer uma viagem”, afirmou.

A última vez que Cosme sentou na cadeira de prefeito foi em 2008, quando foi derrotada nas urnas por outro médico, Dr. Alan, que governou Licínio de Almeida por oito anos e apoiou a campanha de Dr. Fred, em 2016. Nessa época, no entanto, a eleição foi bem diferente do que acontece agora em 2020.

“Aqui a política era bem concorrida. Antes tinha aquela guerra mesmo de oposição e situação. A cidade não tem muitos moradores, todo mundo conhece todo mundo e a cidade fica dividida. Se eu sou de um lado, não converso com o do outro. Se alguém pulava de um lado político, tinham muitos fogos para comemorar. Havia também muita aposta”, lembra saudosista a comerciante Suzygleidy Baleeiro. “Há uma saudade desse movimento, pois está muito calmo. A gente vai na cidade vizinha e vê o falatório. Aqui está uma paz”, descreveu.

Para a enfermeira Elaine Tais, 29 anos, no entanto devido a pandemia do novo coronavírus é até bom não ver a agitação tradicional na sua cidade. “Esse ano está muito conturbado. Eu acredito que todos ficarão tranquilos nessa eleição. Agora, se tivesse uma disputa, a gente estaria com medo de como ela se realizaria por causa do vírus”, opinou.

Sem concorrentes

Mas, afinal, quais foram os fatores políticos que levaram Licínio de Almeida a ter só um candidato a prefeito em 2020? Para todos os entrevistados na reportagem, inclusive para o próprio Dr. Fred, é unanimidade que houve uma desarticulação da oposição. Dos quatro vereadores de oposição eleitos em 2016, dois “pularam” para o lado da situação.

Um deles, inclusive, é Roberto Davi de Souza, o Robertinho, que é o atual candidato a vice-prefeito. Ele vem de uma tradicional família política de Licínio de Almeida. Seu pai foi vereador por quatro vezes e ele mesmo, sempre pelo Democratas, se elegeu vereador por outros quatro mandatos. Essa é a primeira vez que alguém da família vai para um cargo do executivo.

“Eu era da oposição e, mesmo assim, tinha amizade com ele, antes mesmo dele pensar em entrar na política. Vi que o trabalho dele era excelente e que ele dava assistência a todos, independentemente de ter votado nele ou não. Ele soube ter articulação com a oposição. Então, me convidou para eu ser o vice e eu aceitei”, explicou.

Já para o Dr. Fred, outros fatores foram importantes para definir essa realidade de candidatura única. “Estamos acompanhando o nosso mandato com pesquisas e sempre observamos aprovação muito alta. A última que a gente tinha deu quase 90% de aprovação. Acho também que a pandemia contribuiu, pois uma pessoa sem bagagem política teria dificuldade para disputar uma eleição, agora, pela primeira vez”, disse.

Para serem eleitos, os únicos candidatos precisam ter apenas um voto válido, que pode ser o do próprio prefeito, por exemplo. Votos nulos ou brancos não são considerados como válidos, o que torna a eleição praticamente ganha. Mesmo assim, para Dr. Fred, a campanha de 2020 vai acontecer normalmente.

“No período eleitoral, a gente tem que ter um diálogo mais franco com a população. É o momento de sabermos em que pontos temos que melhorar e avançar. Vamos lembrar o que fizemos nos últimos anos e mostrar que temos o melhor plano de governo. Eu me sinto preparado para conduzir a cidade nos próximos quatro anos”, afirmou.

Fred é filiado ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), mas deixa claro que não promove um governo comunista na cidade. “Essa disputa ideológica acontece mais na macropolítica do Brasil. Agora, o governo tem a influência do que a esquerda prega, que é o investimento no serviço público. Minha filha sempre estudou e estuda em escola pública. Ela nasceu num hospital público, assim como a mais nova”, disse.

Vereadores

Se apenas uma pessoa vai disputar o cargo de prefeito, 33 querem ocupar as nove vagas da Câmara Municipal. Eles estão divididos em quatro partidos: PC do B e PSD, com 23 candidatos da situação; Psol, com sete candidatos que, segundo Dr. Fred, são uma espécie de terceira via; e, Democratas, com apenas três candidatos da oposição. Desses, dois são os atuais vereadores de oposição da cidade, Bené e Jackson Ribeiro, presidente municipal do partido.

“Eu continuo na oposição, pois não acredito que exista isso de todo mundo só de um lado. O sistema político brasileiro não permite isso. Tem que ter alguém para fiscalizar, ver se tem irregularidades, cobrar e dar uma resposta para quem quer outra opção. Mesmo ele sendo candidato único, eu acredito que ele vai ter uma grande quantidade de votos brancos ou nulos”, disse Jackson.

Por estar apenas com três candidatos, seu partido terá dificuldade em eleger vereadores. Para isso acontecer, o Democratas terá que ter uma votação superior ao quociente eleitoral da cidade, que é a razão dos votos válidos pela quantidade de vagas. Isso significa que, se todos os 9,8 mil eleitores da cidade votarem de forma válida, os três candidatos do Democratas teriam que somar quase 1,1 mil votos para que o mais votado entre os três seja eleito.

"Estamos conscientes disso. Só estamos com três pessoas na disputa, pois vários dos candidatos que estão no atual grupo do prefeito eram do nosso grupo. Eles falavam que iam ficar conosco, mas de última hora, o grupo do prefeito tomou um rumo e levou todo esse pessoal. Aí ficou muito complicado ir atrás de novas pessoas, pois o processo eleitoral estava perto”, explicou Jackson.
Para o professor do Departamento de Ciência Política da Ufba, Cloves Oliveira, ter uma oposição enfraquecida no cenário político é algo que prejudica a democracia.

“Isso acontece quando não se tem muitos grupos disputando o poder. Um grupo predomina, se faz presente na cena política municipal e atrai para seu centro outros atores. Na Democracia, o ideal é que a gente tenha alternância de poder, disputa entre grupos para criar opção para o eleitorado e permitir que novos atores surjam”, explicou.

No Brasil, 106 cidades de 17 estados terão só um candidato a prefeito em 2020. Na Bahia, a situação de Licínio de Almeida é única, mesmo com o aumento na quantidade de candidatos a prefeito, vice e vereador no estado comparando a eleição de 2016 e a deste ano. Segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2016, 1.246 pessoas concorreram a 417 vagas de prefeito na Bahia. Em 2020, esse número saltou para 1.359, um aumento de 9%. Já para vereadores, em 2016 foram 34,268 candidatos, número que cresceu para 38.454, um salto de 12% no pleito deste ano.