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Suspeito de matar brasileira que caiu de prédio na Argentina pediu ajuda a serviço de emergência

Suspeito de matar brasileira que caiu de prédio na Argentina pediu ajuda a serviço de emergência

O empresário Francisco Sáenz Valiente, 52 anos, preso por envolvimento na morte da baiana Emmily Rodrigues, 26 anos, que caiu de um prédio em Buenos Aires, na Argentina, pediu ajuda ao serviço de emergência argentino por telefone, antes da queda da jovem. O g1 teve acesso à gravação da ligação, e no áudio é possível ouvir a jovem, ao fundo, gritar por socorro. (Ouça acima)

Nesta quinta-feira (6), a família da vítima encaminhou à reportagem gravações que estão anexadas aos autos policiais da investigação. Veículos da imprensa argentina também têm divulgado amplamente o áudio.

A gravação vai ajudar a polícia argentina a identificar as circunstâncias da queda que terminou com a morte da brasileira. O caso é investigado pela polícia do país como feminicídio, e Francisco, de 52 anos, segue preso desde o dia 30 de março, quando o caso aconteceu em Buenos Aires.

A família de Emmily está na Argentina e acompanha a investigação. O corpo da vítima já passou por necropsia, mas ainda não foi liberado pela Justiça para ser recambiado ao Brasil. Segundo a família da jovem, o sepultamento será em Salvador, mas ainda não há uma data marcada.

O áudio

A ligação gravada trata-se do próprio Francisco pedindo ajuda ao serviço de atendimento de urgência da Argentina. Enquanto ele conversa com uma atendente, é possível ouvir muitos gritos de Emmily ao fundo, pedindo por ajuda. A jovem parecia estar desesperada.

Ao telefone, Francisco pediu a apoio de um policial e fornece o endereço da casa dele, para onde a ajuda deveria ser direcionada, em meio aos gritos de Emmily.

Vizinhos do empresário também pediram ajuda ao ouvirem os gritos de Emmily. Em uma das ligações, um homem avisa ao serviço de emergência que a jovem está gritando muito e pedindo ajuda. Em outra, uma mulher avisa que a vítima havia caído da janela.

Há também uma terceira gravação, em que outra mulher avisa aos atendentes da emergência que a jovem caiu e está desacordada.

Possibilidade de prisão perpétua
De acordo com o advogado da família da vítima, Ignacio Trimarco, Francisco pode ser penalizado com prisão perpétua, caso seja condenado. Na segunda-feira (3), ele detalhou que o caso é tratado pela polícia argentina como feminicídio, ou seja, um homicídio qualificado – nos mesmos moldes da lei brasileira.

Francisco pode ter condenação perpétua porque, em 2012, a então presidente Cristina Kirchner aprovou a lei que determina este tipo de punição para os casos de feminicídios.

A lei argentina estabelece o agravante e a pena para o homem "que matar uma mulher ou uma pessoa que se autoperceba com identidade de gênero feminino", o que também inclui mulheres trans e travestis. Esta é uma pena maior que a de homicídio sem agravos, que geram reclusão de 8 a 25 anos.

O investigado, Francisco Valiente, já foi ouvido pela polícia em um depoimento que levou mais de quatro horas. Mesmo alegando inocência, ele segue detido. O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires, acompanha o caso.

Versões conflitantes

A defesa de Francisco sustenta a versão de que Emmily estava sob efeito de bebidas alcoólicas e drogas, e se jogou de uma janela após entrar em surto. A família e as amigas da jovem dizem que ela não tinha o hábito de beber muito e que não usava entorpecentes.

Em entrevista anterior ao g1, o pai de Emmily, que acompanha os trâmites da investigação na Argentina, disse que há provas suficientes para a condenação do empresário, a exemplo das marcas de violência encontradas no corpo da vítima.

"O que já sabemos é que tem provas suficientes e testemunhas para comprovação do crime que aconteceu. Há um amplo rastro de provas que evidenciam que aconteceu de fato um feminicídio, um crime. Existe uma versão totalmente distorcida sendo criada e propagada, de um possível suicídio, um surto psicótico, que não faz sentido algum por ter essas provas", relatou Aristides.

"Essas marcas de arranhões aparentam que existiu agressões antes dela ser empurrada de lá do sexto andar. Vizinhos ouviram, pessoas testemunharam que ela pediu por socorro, pediu ajuda. O corpo também tinha sinais de que ela foi arrastada, ferimentos. Não foram identificadas marcas apenas do impacto da queda, mas também marcas de agressões que ocorreram antes disso".

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