Quem está acostumado com a festa, a celebração e as roupas típicas que abrilhantam a celebração de Terno de Reis, teve que se contentar com um cenário bastante diferente este ano.

A pandemia mudou tudo. Nesta quarta-feira (6), a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha manteve a alvorada às 6h e missas às 8h e às 18h, mas sem a realização do desfile dos tradicionais Ternos de Reis, para evitar aglomerações.

O dia festivo não fez multidões circularem pela Lapinha, bairro que sempre vê sua rotina mudar e suas ruas encherem todo dia 6 de janeiro, quando 500 a 600 fiéis comparecem para celebrar. Não houve aglomeração do lado de fora e muito menos do lado de dentro. A quantidade de fiéis na paróquia foi limitada a pouco mais de 50 presentes, que precisaram garantir participação presencial com antecedência através de ligação ou visita à secretaria da paróquia, como quem marca hora de uma consulta.

Tradição diferente, valor mantido
Quem se programou para ligar e marcar presença na eucaristia dos reis, reafirmou a importância de celebrar a visita dos reis magos ao recém-nascido Jesus Cristo. Foi o caso de Edinéia Santos, 42 anos, que saiu de Vista Alegre para participar da comunhão. "Para mim, é fundamental chegar aqui e celebrar a visita dos reis magos, que consolidou a nossa crença de que Jesus veio não só para o povo judeu e sim para todas as nações. Participar disso é muito especial", disse a autonôma.

Como disse a fiel, o Terno de Reis celebra justamente a universalidade da benção de Cristo e o zelo dele por todos os seres do planeta. Para a também autonôma Ângela Gomes, 58, isso ganha ainda mais peso em um contexto de pandemia em que o mundo precisa de socorro. "Em um momento tão complicado e que a gente reza e clama tanto, relembrar que o nosso senhor Jesus cuida não só de um ou de outro, mas de todos reaviva nossa fé, nos dá ânimo e esperança para seguir mesmo com tudo tão difícil", afirmou.

Celebração fora do comum
A Paróquia de Nossa Senhora da Lapinha não era nem de longe o que foi em outros anos de celebração. Com distanciamento social nos bancos e um número tímido de fiéis definido pela própria Igreja, a missa das 8h nunca viu público menor que o de hoje. É isso que confirma a aposentada Vera Lúcia da Silva, 67, que vem na celebração há anos. "Em dias comuns, dos últimos anos, seria difícil até entrar na Igreja do tanto de gente que vem para cá. E não é só a paróquia. A Lapinha como um todo fica muito movimentada, está muito diferente", declarou Vera, que mora na Lapinha.

Quem corroborou com a fala de Vera Lúcia foi Soraia de Jesus, 40, que trabalhou como voluntária na paróquia e fez a aferição de temperatura dos fiéis na entrada. "Realmente, não há comparação com o que era a celebração de Terno de Reis no dia 6. Isso aqui ficava repleto de gente, na parte de fora e de dentro da paróquia. Tudo isso precisou ser adaptado para que a cerimônia continuasse acontecendo sem colocar em risco vidas de quem vem. Agora, é esperar que aquela festa toda volte no ano que vem com todos vacinados e protegidos", confirmou .

Caráter especial
Para o Padre Romildo Pires, que realizou a celebração da missa, apesar da diferença com os últimos anos e a necessidade de protocolos, o Terno de Reis ganhou um caráter especial. "Na pandemia, que já dura tanto tempo, as pessoas ficaram ainda mais necessitadas de afeto, carinho e saber que alguém olha por elas. Na celebração, em que festejamos os reis magos e falamos de um Cristo que zela por todas as nações, as pessoas encontram isso", declarou.

O padre também comentou as diversas alterações que precisaram ser feitas para que o Terno de Reis ocorresse com segurança. "Infelizmente, deixamos de realizar o desfile, tivemos que limitar o número de pessoas através de marcação e também da orientação que permanecesse duas pessoas de diferentes famílias por banco com distanciamento social. Fizemos aferição, distribuímos álcool o tempo inteiro. Tudo para manter nossos fiéis seguros", explicou.