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Médica virou um 'bichinho assustado' após agressão, diz promotor

Médica virou um 'bichinho assustado' após agressão, diz promotor

A médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, que caiu do quinto andar de um prédio em Salvador no ano passado, se recupera no interior do estado, segundo o promotor Davi Gallo, do Ministério Público do Estado (MP-BA). Depois de sair do coma, ela passou por pelo menos 30 cirurgias por conta das lesões que sofreu.

"Teve todos os ossos da face quebrados. Ela está deformada, mas dá para se ver que ela era uma mulher bastante bonita. Ele não a matou, mas destruiu a vida dela", disse Gallo nesta quinta-feira (5), em coletiva sobre o pedido de prisão do médico Rodolfo Cordeiro Lucas, acusado de tentar matar a então namorada.

"Eu conversei com os pais dela, que me contaram que Sáttia era uma pessoa alegre, extrovertida, se dava bem com todo mundo. O que eu vi na clínica de reabilitação foi um bichinho assustado, mas com coragem suficiente para falar toda a verdade. Ela está terminando o período de reabilitação no interior. Ela deve fazer mais intervenções cirúrgicas para melhorar. Ela teve vários traumas, alguns órgãos foram atingidos", explica Gallo. "Foi um milagre. Ela anda com dificuldade, ainda mais pelo período que ficou em coma. Ela é uma sobrevivente, uma guerreira”, completa.

Denúncia
O MP-BA pediu a prisão de Rodolfo por entender que o médico representa perigo para a vítima e para o processo estando solto. Rodolfo nega o crime e afirma que Sáttia pulou sozinha, numa tentativa de suicídio após uma briga no apartamento em que eles viviam.

O MP diz que o médico planejou o crime e depois agiu para descredibilizar Sattia em depoimentos à polícia. “A premeditação comprova a frieza do criminoso, a periculosidade, o desrespeito, a falta de amor ao próximo. Toda pessoa que premedita um crime, é um criminoso nato. Ele premeditou através de vários atos", afirmou o promotor nesta quinta-feira (5), em coletiva para explicar o pedido de prisão.

"Neste dia, eles brigaram e ela foi para o quarto dançar, porque era a única fuga que ela tinha diante do machismo dele. Ele saiu, foi até a farmácia, comprou o remédio usando a receita em nome dela e chegou lá em cima, bebeu, misturou", diz o promotor.

O promotor descreve como foi a cena, no entendimento do MP, após ouvir testemunhas e a própria Sáttia. "Quando ele chega para a polícia, disse ‘ela usava ansiolítico, desceu para comprar. Vá na farmácia e lá você vai encontrar uma receita assinada por ela’. Ele engendrou todo o crime e quase conseguiu. Ela estava dançando no quarto, ele joga ela na cama e tenta esganá-la. O sangue encontrado na cama é dela. Ela consegue se desvencilhar e se levanta. Ela havia encostado a cama na janela para ter espaço para dançar. Ela sobe na cama e ele a empurra da janela e ela cai, mas se segura. Ele, ao invés de pegá-la pelos pulsos, numa atitude de quem quer salvar, começa a abrir a mão dela, até ela cair”, acrescenta.

A ideia que o acusado queria passar, segundo Gallo, era que Sattia era desequilibrada, que tentou suicídio após misturar ansiolítico com bebida. Por isso, ele foi comprar o medicamento com a receita assinada por ela. "No apartamento deles havia muita bebida, tudo dele", acrescenta, dizendo que a médica não bebe e leva um estilo de vida saudável.

O crime foi motivado porque Sáttia iria terminar o relacionamento, diz o promotor. “Porque digo que era premeditado: porque já era certa dela se separar dele, e ele não se conformava com isso, aquela coisa do macho alfa, ‘se não ficar comigo, não vai ficar com ninguém’. E como é inteligente, ele armou tudinho. O engendramento do crime é coisa de filme", afirma Gallo.

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