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Mulher morta pelo marido em Massaranduba é enterrada: 'Não é justo'

Mulher morta pelo marido em Massaranduba é enterrada: 'Não é justo'

O corpo de Raquel da Silva Almeida, 34 anos, foi sepultado na tarde desta terça-feira (26) no Cemitério Municipal de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Ela foi assassinada a golpes de faca no bairro de Massaranduba, no domingo (24). O filho dela, um menino de 11 anos, também foi ferido e está internado em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). O principal suspeito é o marido da vítima, Diego Andrade.

O sepultamento começou com atraso, porque familiares de Raquel estavam sendo ouvidos na delegacia. O corpo foi velado em uma área arborizada do cemitério, ao som de cânticos, orações e salva de palmas. Durante a cerimônia, pessoas passaram mal e precisaram ser amparadas. A madrinha e amiga da vítima, Edna Moreira, ficou emocionada e fez um desabafo.

"Não é justo. Um homem matar e não dá em nada. Ele chegou na delegacia com dois advogados, sorriu para a gente e saiu como se nada tivesse acontecido. Hoje foi ela, e amanhã será outra mulher. Até quando um homem vai poder matar uma mulher e sair impune? Queremos justiça", disse.

Segundo a família, Diego esteve no Jardim Cruzeiro na segunda-feira, nas proximidades da loja do casal. Testemunhas contaram que ele esteva em um carro, mas que não desceu do veículo. A família trocou o cadeado da loja.

Raquel e Diego se conheceram em abril de 2020, através de amigos em comum, e começaram a namorar alguns meses depois. Em julho de 2022, eles oficializaram a união com casamento no religioso e no civil, e passaram a morar no último andar de um prédio com três pavimentos da família de Raquel, em Massaranduba. O casal parecia viver em harmonia, mas, segundo a família, Diego era violento com o enteado de 11 anos.

Crime

No domingo, por volta das 3h, familiares contaram que ouviram barulho vindo do imóvel do casal, mas que não houve gritos e nem pedidos de socorro. Durante todo o dia, Raquel, Diego e o menino não saíram de casa, até que no final da tarde Diego desceu as escadas carregando uma mochila, fechou o portão e foi embora. Alguns minutos depois ele teria mandado uma mensagem no grupo de amigos contando que havia matado a esposa e o enteado.

Familiares correram até o imóvel e encontraram o corpo de Raquel no quarto, e o menino de 11 anos ferido no sofá. Ele foi atingido no peito, no pescoço e nos braços, mas ainda respirava, e foi socorrido para o HGE, onde segue internado em estado grave. Raquel tem outro filho, que estava com o pai quando tudo aconteceu e não presenciou o crime.

No final do dia seguinte, ou seja, na segunda-feira, Diego procurou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Itapuã, e se apresentou junto com dois advogados. O conteúdo do depoimento não foi divulgado e ele foi liberado. A Polícia Civil informou que Diego foi dispensado por não haver os requisitos legais para a prisão em flagrante, mas afirmou que a prisão preventiva será solicitada ao Judiciário.

Diego trabalhava como gari quando conheceu Raquel, mas ficou desempregado e estava trabalhado na loja dela, no Jardim Cruzeiro. Nesta terça-feira, emocionados, os familiares da vítima pediram por justiça. Segundo eles, o suspeito está com os cartões e celulares da vítima, e fazendo contato com clientes para cobrar dívidas.

A Bahia já registrou 68 feminicídios até o dia 21 de setembro deste ano, segundo a Polícia Civil. O número representa 7,5 mortes por mês, ou uma mulher assassinada a cada quatro dias, em situações envolvendo violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. O caso de Raquel ainda não foi classificado como feminicídio, mas para familiares e amigos não resta dúvida.

O caso está sendo investigado pelo DHPP.

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