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Salvador e RMS registram 1.000 tiroteios com 888 baleados, diz instituto

Salvador e RMS registram 1.000 tiroteios com 888 baleados, diz instituto

Mais um dado alarmante da violência armada na Bahia. Na noite do último sábado (4), Salvador e Região Metropolitana atingiram a marca de 1.000 tiroteios/disparos de arma de fogo desde que o Instituto Fogo Cruzado iniciou suas atividades na Bahia, em julho de 2022. O milésimo registro ocorreu no município de Mata de São João, quando um borracheiro foi morto e outro homem ficou ferido ao serem atingidos por tiros efetuados por homens armados que chegaram num bar em que eles estavam, no bairro do Caboré.

O primeiro registro de troca de tiro feito pelo instituto foi a ocorrência do dia 1º de julho, no terminal de ônibus de Pirajá, que deixou uma pessoa morta e seis feridas. Esta é a segunda ocorrência com maior número de baleados. Com o maior número de vítimas registradas, está o tiroteio da noite do dia anterior ao marco dos 1.000, que atingiu 10 pessoas que participavam de uma festa na Rua 24 de Março, localidade próxima a uma delegacia, no bairro de Tancredo Neves, em Salvador, no dia 3 de março. Entre as 10 vítimas, três crianças e três moradores da localidade.

Os 1.000 tiroteios mapeados em Salvador e Região Metropolitana resultaram na morte de 677 pessoas e deixaram outras 211 feridas. Entre os 888 baleados neste período, houve, em média, 111 atingidos por mês. Do total de 1.000 tiroteios, 475 foram casos de homicídio/tentativa, 327 ocorreram durante ações e operações policiais e 148 em meio a disputas. Houve ainda 25 chacinas que resultaram na morte de 84 pessoas.

Salvador
Salvador lidera o ranking dos municípios mais atingidos pela violência armada. Em média, a cada quatro tiroteios ocorridos em Salvador e RMS, três ocorreram na região. Os municípios mais afetados foram:

● Salvador: 741 tiroteios, 465 mortos e 164 feridos

● Camaçari: 89 tiroteios,65 mortos e 16 feridos

● Lauro de Freitas: 44 tiroteios, 23 mortos e 9 feridos

● Simões Filho: 36 tiroteios, 35 mortos e 5 feridos

● Mata de São João: 29 tiroteios, 29 mortos e 4 feridos

Em oito meses de atividade houve o registro de 33 vítimas de bala perdida, onde 12 pessoas foram mortas e 21 ficaram feridas. 52 pessoas foram baleadas dentro de residências: 50 foram mortas e duas feridas. Outras 31 pessoas foram vítimas da violência quando estavam em bares: 18 foram mortas e 13 ficaram feridas. Do total de 888 baleados, 836 eram pessoas adultas: 645 foram mortas e 191 feridas. Nove idosos foram mortos e cinco foram feridos; 20 adolescentes foram mortos e outros sete ficaram feridos e uma criança foi morta; e outras oito foram feridas. Duas pessoas mortas não tiveram a faixa etária identificada.

Os homens foram maioria entre as vítimas de arma de fogo com 783 baleados, onde 630 foram mortos e 153 ficaram feridos. 82 mulheres foram baleadas, onde 43 foram mortas e 39 feridas. Entre as mulheres baleadas no período, quatro foram vítimas de feminicídio. Houve o registro da morte de uma pessoa não-binária e não foi possível obter a identificação de três pessoas mortas e 19 feridas. Do total de baleados registrados pelo Instituto desde o início de suas atividades, 204 eram pessoas negras, destas, 188 foram mortas e 16 feridas.

Há também o registro de 38 pessoas brancas baleadas (33 mortas e cinco feridas) e de uma pessoa amarela ferida. Não foi possível obter a identificação racial de 645 pessoas (456 mortos e 189 feridos).

Sobre o Fogo Cruzado
O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.
Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz 40 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.

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