Renata Santana de Freitas, de 37 anos, tornou-se mais um nome na estatística de feminicídios na Bahia. A enfermeira foi morta no último domingo (19) pelo marido. Em todo o estado, foram ao menos 81 mortes de mulheres entre janeiro e novembro, segundo levantamento feito a partir de casos noticiados até o momento.

Renata e André Luís Sena de Oliveira eram casados há vinte anos e estavam em processo de separação, já vivendo em casas diferentes. Eles deixam um filho de 15 anos.

Segundo amigos, Renata não costumava falar sobre o relacionamento, mas eles sabiam que André Luís sentia ciúmes em excesso. De acordo com eles, ela não podia ter contato com outros homens, tirar fotos com outros homens ou seguir em redes sociais.

O relatório Elas Vivem, organizado pela Rede de Observatórios da Segurança em 2022, registrou que a Bahia é o estado do Nordeste com maior índice de violência contra a mulher. Larissa Neves, pesquisadora e organizadora do projeto, afirma que 75% dos feminicídios são cometidos pelos companheiros das vítimas.

“É muito importante que as mulheres conversem sobre o que sentem. Que elas tenham ali pessoas de confiança para sinalizar o que ela está passando. Elas precisam externalizar, porque muitas vezes a gente naturaliza esses ciclos da violência, justamente porque a gente não sabe que isso é violência. A gente acredita que isso faz parte da relação e acaba não falando, porque nós temos vergonha de dizer e sinalizar que estamos sendo controladas”, diz a pesquisadora.

Relembre casos de feminicídio registrados este ano
Jéssica Bartolomeu Souza, 32

A cabeleireira Jéssica Bartolomeu Souza, de 32 anos, foi morta na madrugada do dia 13 deste mês, no Subúrbio de Salvador, com sinais de agressão física. O companheiro dela, um homem de 28 anos, foi preso suspeito pela morte. Segundo a Polícia Civil, Jéssica deu entrada na UPA de Periperi socorrida pelo companheiro, nessa madrugada. Ela tinha vários ferimentos decorrentes de agressões. Os próprios funcionários da UPA chamaram a Polícia Militar, suspeitando de um crime.

Maria Alice dos Santos Nascimento, 43
Maria Alice dos Santos Nascimento, de 43 anos, foi morta a facadas na noite do dia 6 de novembro, em Arraial D'Ajuda, Porto Seguro. De acordo com a delegada Rosângela Santos, titular da Delegacia da Mulher (Deam) de Porto Seguro, o ex-marido é o principal suspeito. Maria Alice foi assassinada após assinar os papéis do divórcio. A vítima morava em Porto Seguro e, segundo a delegada, o ex-marido não aceitava o fim do relacionamento. "Ele desconfiava que ela tinha uma namorada", informou a titular.

Jessica Judite dos Santos, 17
No dia 1º de novembro, uma adolescente de 17 anos foi morta a facadas em Juazeiro, norte do estado. O principal suspeito pelo crime é o companheiro da vítima, um homem de 31 anos que também ficou ferido e está custodiado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.

As primeiras informações são de que o crime aconteceu em meio a uma briga do casal. Na discussão, Jessica Judite dos Santos foi esfaqueada e morreu no local. O suspeito, que não teve nome divulgado, também se feriu - não foi informado se ele foi ferido pela vítima ou se ele mesmo se autoinflingiu ferimentos.

Sara Mariano, 35

A cantora gospel e pastora Sara Mariano, de 35 anos, dada como desaparecida desde o dia 24 de outubro, foi encontrada morta no dia 27 do mesmo mês, perto de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador. Os restos mortais estavam carbonizados e em um matagal ao lado da BA 093, e o corpo foi reconhecido pelo marido, Ederlan Mariano. No mesmo dia, ele foi preso pela autoria do crime.

Segundo informações do delegado Euvaldo Costa, titular da 25ª Delegacia Territorial (DT/Dias D'Ávila), o planejamento da morte da pastora começou um mês antes do crime, no dia 24 de setembro. A motivação do crime seriam problemas conjugais, segundo o delegado. Quatro suspeitos já foram presos; os executores receberam, no total, R$2 mil de Ederlan pelo assassinato.

Raquel da Silva Almeida, 34
No dia 24 de setembro, Raquel da Silva Almeida, de 34 anos, foi morta a facadas pelo marido dentro de sua casa, no bairro de Massaranduba, em Salvador. Ela foi encontrada com diversos ferimentos pelo corpo. O filho dela, um menino de 11 anos, também foi ferido com golpes de arma branca.

Diego Andrade, com quem Raquel tinha um relacionamento há três anos e era casada há um, se entregou à polícia no dia seguinte e foi liberado no mesmo dia. De acordo com a Polícia Civil, Diego foi dispensado por não haver os requisitos legais para a prisão em flagrante. A família diz que não havia sinais de que Raquel sofria violência física e que ela nunca se queixou disso. Mas os parentes contam que havia muita agressão verbal, especialmente contra a criança - o menino de 11 anos era filho de Raquel de outra relação. Parentes chegaram a testemunhar Diego batendo no garoto, de quem não gostava.

Simone Maria Santos, 51

Na manhã do dia primeiro de maio, a enfermeira Simone Maria Santos, de 51 anos, foi morta a pedradas em sua casa, no quarto andar do Edifício Porto do Sol, na Rua Arthur D'Almeida Couto, em Salvador, pelo homem com quem estava casada há 30 anos e tinha dois filhos já adultos. Descrita pelos colegas como generosa e discreta, Simone trabalhou como técnica de enfermagem por 17 anos, até ter sua vida interrompida precocemente.

De acordo com moradores, que preferiram não se identificar, Simone queria o fim do casamento e esse teria sido o fator que motivou o crime, uma vez que o marido não aceitava o término da relação. Antes de ir a óbito, a vítima ligou para um dos filhos pedindo socorro. O jovem ligou para a polícia, mas não chegou a tempo de socorrer a mãe.

Natalina Silva, 37
No dia 25 de abril, Natalina Silva, de 37 anos, teve sua casa invadida e foi morta pelo ex-companheiro. O crime aconteceu no bairro da Liberdade, e o homem foi preso em flagrante. Ele não aceitava o fim do relacionamento e, além de atacar a vítima com golpes de faca, ele ainda atingiu o genro dela.

De acordo com o coordenador da 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS), delegado Ademar Tanner, o criminoso confessou a autoria do crime e não demonstrou arrependimento. Ele ainda declarou que já ficou preso por oito anos, após matar a mãe do filho dele e o companheiro dela, na cidade de Piraí do Norte, em 2014, e foi solto em 2022.

Publicado em Polícia

O corpo de Raquel da Silva Almeida, 34 anos, foi sepultado na tarde desta terça-feira (26) no Cemitério Municipal de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Ela foi assassinada a golpes de faca no bairro de Massaranduba, no domingo (24). O filho dela, um menino de 11 anos, também foi ferido e está internado em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). O principal suspeito é o marido da vítima, Diego Andrade.

O sepultamento começou com atraso, porque familiares de Raquel estavam sendo ouvidos na delegacia. O corpo foi velado em uma área arborizada do cemitério, ao som de cânticos, orações e salva de palmas. Durante a cerimônia, pessoas passaram mal e precisaram ser amparadas. A madrinha e amiga da vítima, Edna Moreira, ficou emocionada e fez um desabafo.

"Não é justo. Um homem matar e não dá em nada. Ele chegou na delegacia com dois advogados, sorriu para a gente e saiu como se nada tivesse acontecido. Hoje foi ela, e amanhã será outra mulher. Até quando um homem vai poder matar uma mulher e sair impune? Queremos justiça", disse.

Segundo a família, Diego esteve no Jardim Cruzeiro na segunda-feira, nas proximidades da loja do casal. Testemunhas contaram que ele esteva em um carro, mas que não desceu do veículo. A família trocou o cadeado da loja.

Raquel e Diego se conheceram em abril de 2020, através de amigos em comum, e começaram a namorar alguns meses depois. Em julho de 2022, eles oficializaram a união com casamento no religioso e no civil, e passaram a morar no último andar de um prédio com três pavimentos da família de Raquel, em Massaranduba. O casal parecia viver em harmonia, mas, segundo a família, Diego era violento com o enteado de 11 anos.

Crime

No domingo, por volta das 3h, familiares contaram que ouviram barulho vindo do imóvel do casal, mas que não houve gritos e nem pedidos de socorro. Durante todo o dia, Raquel, Diego e o menino não saíram de casa, até que no final da tarde Diego desceu as escadas carregando uma mochila, fechou o portão e foi embora. Alguns minutos depois ele teria mandado uma mensagem no grupo de amigos contando que havia matado a esposa e o enteado.

Familiares correram até o imóvel e encontraram o corpo de Raquel no quarto, e o menino de 11 anos ferido no sofá. Ele foi atingido no peito, no pescoço e nos braços, mas ainda respirava, e foi socorrido para o HGE, onde segue internado em estado grave. Raquel tem outro filho, que estava com o pai quando tudo aconteceu e não presenciou o crime.

No final do dia seguinte, ou seja, na segunda-feira, Diego procurou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Itapuã, e se apresentou junto com dois advogados. O conteúdo do depoimento não foi divulgado e ele foi liberado. A Polícia Civil informou que Diego foi dispensado por não haver os requisitos legais para a prisão em flagrante, mas afirmou que a prisão preventiva será solicitada ao Judiciário.

Diego trabalhava como gari quando conheceu Raquel, mas ficou desempregado e estava trabalhado na loja dela, no Jardim Cruzeiro. Nesta terça-feira, emocionados, os familiares da vítima pediram por justiça. Segundo eles, o suspeito está com os cartões e celulares da vítima, e fazendo contato com clientes para cobrar dívidas.

A Bahia já registrou 68 feminicídios até o dia 21 de setembro deste ano, segundo a Polícia Civil. O número representa 7,5 mortes por mês, ou uma mulher assassinada a cada quatro dias, em situações envolvendo violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. O caso de Raquel ainda não foi classificado como feminicídio, mas para familiares e amigos não resta dúvida.

O caso está sendo investigado pelo DHPP.

Publicado em Polícia

O assassinato brutal de uma técnica de enfermagem, cometido pelo marido, causou revolta entre familiares e amigos da vítima. Pedro Henrique Santos de Jesus, filho caçula de Simone Maria, que foi morta pelo marido na manhã desta segunda-feira (1º), afirmou que o único desejo que tem em relação ao destino de seu pai é a justiça divina.

“Não vou dizer que eu tenho raiva nem mágoa do acusado, que é meu pai, mas eu digo que tenho pena. O homem lá de cima é quem vai fazer a justiça divina. No momento da raiva você pensa em descontar na mesma moeda, mas se trata de um pai, de um ser humano. Você não se iguala para cometer o mesmo que ele”, afirmou, visivelmente emocionado. Antes de falecer, Simone conseguiu ligar para Pedro Henrique e pedir ajuda. O Samu realizou o atendimento médico, mas a vítima não resistiu.

Simone Maria dos Santos foi morta a pedradas por volta de 6h da manhã de segunda-feira, em sua casa, na Vila Laura. O motivo supostamente foi a intenção de Simone de pôr fim ao casamento, decisão com a qual o marido não soube lidar. De acordo com a Polícia Civil, o acusado pulou a janela do apartamento para tentar fugir, mas foi socorrido e está sob custódia no Hospital Geral do Estado. Ele será autuado em flagrante por feminicídio.

Vestindo camisas estampadas com o rosto da técnica de enfermagem, os entes queridos se despediram nesta terça-feira (2) de Simone Maria dos Santos. O enterro aconteceu no Vale da Saudade, em Candeias, e foi uma demonstração do carinho que quem a cercava sentia por ela: os filhos precisaram alugar um ônibus para levar parentes, amigos da cidade natal e colegas de trabalho da vítima.

O enterro trouxe à tona a dor do pai enlutado, a comoção dos amigos e o misto de sentimento dos filhos. Jaime dos Santos, pai de Simone, perdeu a esposa em fevereiro. Hoje, apenas dois meses depois, chorava sobre o caixão de sua única filha mulher.

Nascida em Aratu, no município de Candeias, Simone tinha 51 anos e era casada há 30. Mudou-se cedo para Salvador, onde teve seus dois filhos, Carlos Henrique e Pedro Henrique. Descrita pelos colegas como generosa e discreta, Simone trabalhou como técnica de enfermagem por 17 anos, até ter sua vida interrompida precocemente nesta segunda-feira (1º).

De acordo com Adriana Ferro, colega do Hospital Geral Roberto Santos, mesmo de folga, Simone ia para o hospital cuidar dos pacientes mais velhos. “Simone não tinha tristeza nela, era uma pessoa do bem. Isso é indiscutível”, afirmou a enfermeira.

Pedro Henrique diz que a mãe ligava todos os dias para seu celular para perguntar sobre os dois netos, João, de oito meses, e Pietro, de três anos. Além dos dois, Simone era avó de Samuel, filho do mais velho, Carlos Henrique. O caçula de Simone se emociona ao falar sobre como os filhos crescerão sem ter de novo esse carinho por parte da avó.

Seis vítimas de feminicídio por mês
“A nossa dor é ver que nós, enquanto mulheres, estamos tratando cada dia de uma rotina absurda de mulheres violentadas. Essa estatística vem crescendo muito na nossa realidade enquanto técnicas de enfermagem intensivistas. E a minha revolta é ver quem estava cuidando hoje ser vítima dessa violência”, disse Aialla Fontes, que trabalhou com Simone por quatro anos no Hospital Geral do Estado, em nome de todas as técnicas de enfermagem do local.

Para ela, é essencial que exista uma rede de apoio eficiente para as mulheres. “Nós não encontramos uma política que faça realmente valer esse acolhimento. O acolhimento não é apenas a colega chegar e conversar que foi agredida, é ter profissionais para acolher, ter direcionamento, ter dimensionamento do fato. Eu acho que o que faltou para a nossa colega estar viva hoje foi isso: ter um trabalho de direcionamento à mulher”, defende.

Em 2023, seis mulheres são mortas por mês na Bahia vítimas de feminicídio. Esse número é inferior aos casos registrados no mesmo período no último ano. De acordo com a Polícia Civil, até 25 de abril, foram 24 feminicídios, contra 26 no mesmo período de 2022, o que figura uma redução de 7% (leia mais no box).

Julieta Palmeira, antiga Secretária de Políticas para Mulheres do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM) da UFBA, defende a necessidade de executar melhor as políticas existentes. “Nós precisamos de políticas para evitar a impunidade e garantir uma proteção mais efetiva às mulheres, buscando a aplicação da Lei Maria da Penha, um marco legal de referência. É preciso ampliar o número de delegacias especializadas, fazer valer a lei que dá celeridade às medidas protetivas, recentemente sancionada, e fortalecer os serviços locais de acolhimento às mulheres em situação de violência, as redes de acolhimento”, diz.

O relatório Elas Vivem, organizado pela Rede de Observatórios da Segurança, registrou que a Bahia é o estado do Nordeste com maior índice de violência contra a mulher. Larissa Neves, pesquisadora e organizadora do projeto, afirma que 75% dos feminicídios são cometidos por companheiros.

“É muito importante que essas mulheres conversem sobre o que sentem. Que elas tenham ali pessoas de confiança para sinalizar o que ela está passando. Elas precisam externalizar, porque muitas vezes a gente naturaliza esses ciclos da violência, justamente porque a gente não sabe que isso é violência. A gente acredita que isso faz parte da relação e acaba não falando, porque nós temos vergonha de dizer e sinalizar que a gente está sendo controlada”, ressalta a pesquisadora.

Publicado em Polícia

O deputado federal Yury do Paredão (PL) se manifestou publicamente pela primeira vez após a morte da irmã dele, a ex-vereadora Yanny Brena, encontrada morta em uma residência em Juazeiro do Norte na última sexta-feira, 3.

Yanny faria aniversário de 27 anos nesta sexta-feira, 10. Nas redes sociais, o irmão lembrou da data e afirmou que o combate ao feminicídio será a sua "maior meta". A Polícia Civil investiga o caso de Yanny como feminicídio seguido de suicídio. O corpo da vereadora foi encontrado ao lado do de Rickson Pinto, com quem ela teve um relacionamento.

"Hoje carrego a dor da perda, mas essa dor também me fortaleceu e me lembra todos os dias que não posso desistir no caminho. E eu não desistirei de jeito nenhum! Afirmo com clareza que a minha maior meta agora será combater o feminicídio! Dou a minha palavra que lutarei para que a dor que sinto agora não seja sentida por outras mães, outros pais e outros irmãos. Eu vou lutar aqui, Yanny. Fica olhando e me guiando aí de cima, tá bom?", escreveu.

Publicado em Política

A vereadora Yanny Brena, que foi encontrada morta ao lado do namorado, Rickson Pinto, teve as unhas quebradas e ferimentos no pescoço e abdômen, segundo o laudo pericial. As marcas apontam indícios de luta corporal.

Segundo a TV Verdes Mares, a Secretaria de Segurança Pública segue a linha de um femicídio seguido de suicídio, tendo um cabo de aparelho de tv utilizado na hora no crime.

Uma das amigas de Yanny Brenna afirmou, em depoimento à polícia, que a vereadora não queria continuar pagando as contas do namorado. A investigação tenta descobrir se a vítima tinha tentado terminar o relacionamento com o Thiago dias antes de morrer.

Até o momento, 17 pessoas foram ouvidas pela polícia, incluindo a amiga de Yanny. A médica foi sepultada no último sábado (4), no Centro de Velório Anjo da Guarda.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Rickson tinha antecedentes criminais por posse ilegal de arma de fogo. O corpo de Rickson será velado no município de Aurora, há 464 km de Fortaleza.

Publicado em Polícia

O advogado José Luiz de Brito Meira Júnior, acusado de matar a namorada Kézia Stefany, de 21 anos, foi transferido nesta quinta-feira (21) para o Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

Preso desde o dia do crime, no domingo, José Luiz estava na Polinter, esperando uma decisão judicial sobre a ausência de Sala de Estado Maior para que ele ficasse preso em Salvador. A lei prevê esse tipo de sala para prisão de advogados e, na sua ausência, prisão domiciliar.

A sala de Estado Maior tem "instalações e comodidades condignas", segundo a lei. A decisão da Justiça diz que existe uma unidade prisional compatível com isso, que é o Batalhão de Choque, onde também costumam ficar presos policiais militares.

Ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil seção Bahia (OAB-BA) publicou nota reforçando que "atua sempre na defesa das prerrogativas de advogados presos". Nessa terça-feira (19), a OAB-BA apresentou à Justiça pedido de sigilo das investigações. No mesmo dia, o pedido foi retirado.

Crime
Instantes depois de chegar ao condomínio de luxo no bairro do Rio Vermelho na companhia do namorado, o advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, a jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, retornou à portaria ensanguentada pedindo ajuda. “Luiz quer me matar ”, disse a vítima, de acordo com o depoimento de um porteiro que estava de plantão no dia do crime no condomínio Terrazzo Rio Vermelho. Meia hora depois, Kezia foi baleada na cabeça e não resistiu.

O CORREIO teve acesso ao conteúdo do interrogatório de um funcionário do condomínio. Ele é uma das testemunhas do inquérito que apura o feminicídio que tem como único suspeito o namorado da vítima. O advogado José Luiz foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça da Bahia. No entanto, o acusado deverá cumprir prisão domiciliar pela falta da unidade prisional denominada Sala de Estado Maior, a que advogados, como José Luís, têm direito por lei.

Em seu depoimento, o porteiro disse que, na madrugada do último dia 17, o casal chegou ao Terrazzo Rio Vermelho, situado na Rua Barro Vermelho, por volta das 1h30. Cerca de cinco minutos depois, ele percebeu que havia uma confusão no prédio e que uma mulher gritava por socorro. Ele relatou à polícia que, por volta das 2h, Kezia acessou o elevador e chegou à portaria “estando ensanguentada, afirmando: ‘Luiz quer me matar ’”, diz trecho do depoimento, que não especifica o tipo das lesões que causaram o sangramento da vítima.

O porteiro relatou à polícia que na hora acalmou Kezia, pedindo que ela ficasse na portaria. A namorada do advogado criminalista fiou no local por 15 minutos e depois decidiu retornar ao apartamento onde morava com o acusado. Logo em seguida, o porteiro ouviu um tiro. Minutos depois, Luiz bateu no vidro da portaria, “pedindo auxílio e depois desceu, voltando para o apartamento, trazendo a Sra. Kezia que estava baleada (sic)”, conforme trecho do documento.

“Que o Sr Luíz arrastava o corpo da mesma, segurando-a na altura do busto e deixou o corpo da mesma ali, enquanto ia buscar o carro para deixar em posição mais próximo da portaria e saiu dali, tendo o depoente informado os fatos à polícia (sic)”, detalha outro trecho do interrogatório.

No final do depoimento, um policial perguntou se o porteiro tinha conhecimento de brigas anteriores do casal.

“Positivamente, inclusive algumas vezes pediu para proibir a entrada dela no condomínio, e o depoente registrou, mas depois era o próprio Sr Luiz quem levava a mesma para o imóvel, mas nunca percebeu uma confusão como a de presente data”, diz o último parágrafo do interrogatório.

A reportagem vem tentando falar com o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, mas não conseguiu até o momento.

Exonerado
Por causa do seu envolvimento na morte de Kezia, o advogado criminalista José Luiz foi exonerado da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Bahia (OAB-BA) nesta segunda-feira (18). Ele era membro da comissão há pelo menos três anos.

“A exoneração visa proteger todo mundo, inclusive ele, para não ser acusado de estar interferindo na OAB. Tudo isso tem a intenção de preservar os envolvidos. Ele vai passar por um processo disciplinar, então, a melhor coisa para que não haja qualquer tipo de respingo, a decisão mais coerente é o afastamento dele definitivo”, declarou n a manhã desta segunda, o advogado Adriano Batista, presidente da comissão e conselheiro da OAB-BA.

De acordo com Batista, Meira poderá perder o direito de exercer a profissão. “Nesse momento, ele vai passar por um processo disciplinar que vai analisar a possibilidade ou não de ele sofrer uma suspensão prévia. Se condenado futuramente no processo criminal, ele poderá ter a carteira dele cassada definitivamente. Todo advogado que tem uma condenação penal passa por um processo de exclusão dos quadros da OAB”, disse.

O conselheiro e presidente da comissão comentou ainda sobre a relação do crime com um dos integrantes da OBA. “A gente fica muito triste em ver um advogado envolvido numa suspeita de feminicídio. Ele não é condenado ainda, está se defendendo, mas a gente não gostaria que tivesse um advogado envolvido com isso. A OAB esse ano fez uma campanha contra o feminicídio. Então, isso é muito triste pra a gente que um advogado esteja sendo acusado deste crime. Mas é isso mesmo. Se for culpado, ele terá que pagar sua dívida com a sociedade”, declarou.

Gritos e tiro
Moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho, no bairro na Rua Barro Vermelho, relataram à polícia terem ouvido gritos vindos do apartamento onde mora o advogado criminalista. Em denúncia feita à polícia, ainda durante a madrugada, moradores contaram ter visualizado um homem arrastando uma mulher desacordada pelos corredores, deixando um rastro de sangue no caminho. Antes disso, houve disparos de arma de fogo no local, ainda conforme relatos de testemunhas feitos pouco antes da 4h.

Advogado criminalista é suspeito de matar namorada de 21 anos no Rio Vermelho

No início da manhã deste domingo (17), logo após a madrugada do crime, moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho que saíram para caminhar ou passear com o cachorro disseram à equipe do CORREIO não terem ouvido nenhum barulho de disparo ou gritos com pedidos de socorro.

No Terrazzo, funcionários confirmaram que algo estranho aconteceu durante a madrugada, mas foram orientados a não comentar nada sobre o caso. Sob anonimato, uma moradora contou que, pela manhã, ainda havia marcas de sangue perto do elevador.

Em prédios vizinhos, também pela manhã, moradores recebiam informações em grupos de WhatsApp e já conheciam a identidade do suspeito. Localizado na Rua Barro Vermelho, o condomínio é uma construção à beira-mar, com vista e saída para a badalada Praia do Buracão, e possui segurança 24h, piscina, salão de jogos, spa fitness com jacuzzi, sauna e outros espaços de serviço e lazer.

Tiro acidental
Em entrevista ao CORREIO horas depois do crime, o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, disse que o suspeito tinha uma vida tranquila, sem histórico de episódios de violência, principalmente contra a mulher. “Eu fui colega dele. Estudamos juntos na Universidade Católica e nunca houve nada que pudesse dar a entender que ele estaria envolvido numa situação dessa”, declarou.

Segundo Arjones, o tiro disparado foi acidental. “Ele disse que estavam tendo uma discussão de casal quando ela teria pegado a arma. Ele foi tentar tirar da mão dela e, no momento da confusão, a arma disparou”, explica. O casal namorava há cerca de dois anos. Na briga, ainda segundo o advogado, o rapaz também foi ferido, mas não por arma de fogo, que ele tem porte e está legalizada.

“Ele a levou para o HGE no carro de sua irmã. O pessoal pediu para ele estacionar o carro e, como estava de bermuda e sem documentos, foi para a casa da irmã. A polícia chegou lá no momento em que ele estava tomando banho para ir se apresentar na delegacia”, afirmou Arjones.

Publicado em Polícia

Uma jovem sofreu uma tentativa de femicídio na noite dessa quinta-feira (12), em Praia do Flamengo. Renata Santos Duarte, 29 anos, estava na Alameda Del Plata, quando foi surpreendida pelo companheiro, que a atacou com uma faca de serra.

Segundo informações da Polícia Civil, ele tentou cortar o cabelo da vítima usando a faca, e, em seguida, ele jogou álcool e ateou fogo na vítima. Ela foi socorrida para um hospital. A vítima teve lesões no rosto, no tórax e nos braços.

O crime foi registrado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, que já começou a ouvir testemunhas do crime.

Publicado em Polícia

Os casos de feminicídio na Bahia registraram um crescimento médio anual de 13,2% de 2017 a 2020. Em quatro anos, 364 mulheres foram mortas em todo o estado, segundo um levantamento inédito divulgado nesta segunda-feira (8), pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), em parceria com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP).

O trabalho em conjunto que foi construído a partir de todos os Boletins de Ocorrência (BO) identificados com essa tipificação criminal (feminicídio), aponta que uma a cada 100 mil baianas era assassinada em 2017, número médio que se manteve em 2018.

Já em 2019, a média passou para 1,3 e em 2020, a média de morte foi de 1,5 por 100 mil mulheres em todo o território baiano. Confira o número de mortes de mulheres por ano na Bahia:

2017: 74
2018: 76
2019: 101
2020: 113

Em setembro do ano passado, o Monitor da Violência já havia registrado um aumento do número de casos durante o primeiro semestre de 2019. Um levantamento feito pelo G1 mostrou um crescimento de 150% nas ocorrências em maio do ano passado, comparando ao mesmo mês de 2019.

A pesquisa da SEI com a SSP também apontou que a grande maioria dos casos ocorre justamente no ambiente familiar. Segundo os números, 76,4% dos homicídios contra a mulher ocorrem dentro de casa e 60,6% dos casos são motivados de maneira passional.

Conforme os dados do levantamento, 79,1% dos crimes registrados no período foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Outros 13,4% dos autores são namorados e 5,6% dos crimes são provocados por parentes das mulheres.

Basicamente, as vítimas têm entre 30 e 49 anos, são negras e possuem um cônjuge. Em 48,5% dos casos foram utilizadas armas brancas (faca, facão ou objeto perfuro-cortante) e em 27,5% dos crimes o agressor utilizou arma de fogo.

A SEI divulgou um relatório compilando especificidades do crime de feminicídio, as informações detalhadas e o reflexo da Covid-19 nas ocorrências registradas entre 2017 e 2020. O documento pode ser acessado no portal da superintendência na internet.

 

Publicado em Bahia

Os objetos pessoais já estavam todos embalados em caixas e os móveis já tinham sido retirados. A autônoma Ailane Santos Costas, 28 anos, se preparava para se mudar e começar uma vida nova, quando teve todos os seus planos interrompidos pelo ex- companheiro, Alan Carlos Mota Soares, 42.

Segurando um revólver, ele invadiu o imóvel e cumpriu a promessa que fez: "Eu não falei que ia te matar?". Ailane foi assinada com vários tiros na escada de casa, quando ainda tentava fugir, na noite desta quinta-feira (14), na localidade de Barra de Pojuca, em Camaçari. Em seguida, o criminoso se matou com a mesma arma. Ele não aceitava o fim da relação.

O crime foi testemunhado pelo vizinho de Ailane, o cozinheiro Francisco Ramos Santos Filho, 38. Ele estava no imóvel quando tudo aconteceu, consertando um tanque a pedido dela. “Como ela ia embora, queria deixar tudo funcionando para o dono da casa. Antes de atirar, ele deu várias coronhadas nela”, contou Francisco ainda em estado de choque.

A casa fica no segundo andar de um imóvel. No térreo funciona uma igreja, onde acontecia um culto na hora do crime. Com o barulho dos disparos, os fiéis entraram em pânico.

De acordo com a Polícia Civil, a 33ª Delegacia (Monte Gordo) apura o caso de feminicídio seguido de suicídio. “Conforme informações iniciais, Alan Carlos agrediu e efetuou disparos de arma de fogo contra a ex-companheira. Equipe do Serviço de Investigação em Local de Crime de Homicídios (SILCH / RMS) expediu as guias de remoção e perícia em local de crime”, diz nota a policia em nota.

Ailane trabalhava como designer de unhas e há três anos morava junto com Alan no imóvel, que fica na Rua Filogônio de Oliveira. Os dois tinham rompido o relacionamento no último fim de semana. Já Alan era segurança de um hotel em Costa do Sauípe.

Vizinhos disseram que o casal vivia em constante discussão, tudo por causa do ciúmes de Alan. “Toda hora ela terminava, mas perdoava ele. Eram brigas intermináveis, porque ele era muito ciumento. Não queria que ela trabalhasse, queria mantê-la presa dentro da própria casa”, contou uma vizinha.

O casal teve uma briga recente no final de semana e Ailene decidiu ir embora e voltar para a casa dos pais, na cidade de Dias d’Ávila. Ainda na briga do final semana, Alan havia prometido que a mataria, caso o deixasse. Então, na manhã de quinta, enquanto Alan estava trabalhando, Ailene resolver arrumar tudo para deixar a casa. Empacotou as coisas, se desfez de alguns móveis e objetos. Ela já estava pronta para deixar o imóvel, mas havia um problema na boia do tanque e chamou Francisco para fazer o conserto.

Por volta das 17h30, Ailene e Francisco subiram as escadarias que dão acesso à casa. Cerca de 10 minutos depois, Alan surgiu segurando a arma. “Eu fiquei estático e ele começou a dar coronhadas nela, muitas. E depois ele disse: ‘Eu não falei que ia te matar?’”, contou Francisco. Nessa hora, Ailene correu e desceu as escadarias, mas não passou do portão, porque Alan havia trancado a fechadura. “Foi quando eu ouvi os tiros”, contou ele.

Depois dos disparos, Alan retornou para o imóvel e olhou para o cozinheiro. “Ele, calmamente, disse: ‘fique tranquilo, não é nada com você’. Aí foi para a janela e viu que havia uma viatura da polícia”, detalhou a testemunha. Os policiais foram chamados por vizinhos, que ouviram os gritos da vítima enquanto era espancada.

Ao perceber que os policiais forçavam o portão para acessar ao imóvel, Alan correu para um quarto e se matou com um tiro na cabeça. Quando os PMs conseguiram arrombar o portão, o corpo de Ailene, que estava escorada na porta, caiu para fora do prédio.

Publicado em Polícia

Uma mulher morreu após ser baleada dentro do prédio onde morava, no bairro da Pituba, na manhã desta quinta-feira (10). A estilista Tatiana Fonseca, 38 anos, foi atingida por diversos disparos dentro da garagem do edifício Vila Pituba, na Alameda Carrara.

Segundo testemunhas, o suspeito de cometer o crime é o ex-namorado da vítima, João Miguel Pereira Martins. Ao CORREIO, moradores relataram que Tatiane saiu do prédio por volta das 7h para passear com um cachorro, quando teria encontrado com o ex. Ela tentou se abrigar no prédio, enquanto o suspeito atirava.

Um dos tiros atingiu o portão do edifício. Ela correu para a garagem, onde foi atingida diversas vezes. Amigos relataram que Tatiana terminou o relacionamento após descobrir o histórico agressivo do ex-namorado em relacionamentos anteriores.

Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada, via Cicom, e enviou uma equipe da 13ª CIPM, que chegou ao local juntamente com uma equipe do Samu, que levou a estilista para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas Tatiane não resistiu. "Policiais militares seguem em diligências para localizar o autor do crime", diz a nota da PM.

Depois do crime, policiais da 16ª Delegaica (Pituba) encontraram o suspeito do crime sem vida em sua casa, um apartamento no Caminho das Árvores. Ele se suicidou, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), que informou que a investigação continua para provar que ele foi o autor do feminicídio.

Imagens das câmeras do circuito interno do prédio já foram entregues para a polícia.

Outro crime
Em 2011, João Miguel, que era conhecido como DJ Frajola, teve a prisão decretada após ser acusado de sequestrar e planejar a morte de uma ex-namorada, identificada somente como Laura. "Ela registrou queixa no dia 25 de novembro alegando ser perseguida há dois meses por ter terminado um relacionamento de oito meses. Então descobrimos que havia um mandado de prisão em aberto há um ano por causa da denúncia de outra mulher contra ele", disse na época a delegada Marilda Marcela, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Depois da queixa, Laura foi orientada pela polícia a marcar um encontro com João Miguel. Na ocasião, o DJ, que animava festas de formatura e de classe média em Salvador, foi preso pelos agentes da Deam.

Após oito dias preso, Frajola foi liberado e planejou uma vingança contra Laura. Segundo a polícia, ele comprou uma peixeira, algemas, sedativos e alugou um carro para seguir com o plano. Em 14 de dezembro, descobriu onde a ex estava morando e a sequestrou quando ela saía de moto para trabalhar.

A mulher foi arrastada pelos cabelos até o carro, algemada, amordaçada e deixada em um matagal em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O DJ voltou à capital para devolver o carro alugado.

A vítima conseguiu escapar. No cativeiro, a polícia encontrou a faca, remédios, um sacola com roupas e um notebook do DJ.

 

Publicado em Polícia
Pagina 1 de 2