Morto a tiros durante uma incursão neste domingo (16) em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), o soldado Joedson dos Santos Andrade fazia parte de um grupo de extermínio que agia em Vila de Abrantes. Ele trabalhava na 59 Companhia Independente (59ª CIMP/Vila de Abrantes) e foi um dos presos em maio do ano passado no Operação Assepsia I, ação de uma Força-Tarefa que investiga grupos de polícias suspeitos de crime de extermínio e extorsão, além de sequestros em Salvador e RMS.

As informações são da Corregedoria-geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP), à frente da Força-Tarefa. Segundo Nelson Gaspar, corregedor-geral da SSP, Joedson foi um dos quatro PMs presos no dia 18 de maio do ano passado, quando a Força-Tarefa cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na 59ª CIMP, por conta das mortes dos irmãos Hiago Nascimento Tavares e Thiago Nascimento Tavares, ocorridas no dia 7 de fevereiro do mesmo ano, em Barra de Pojuca, município de Camaçari.

Ainda segundo Gaspar, Hiago, alvo do grupo armado, possuía envolvimento com tráfico de drogas. O irmão dele acabou sendo morto por ter presenciado a ação da quadrilha. O corpo da segunda vítima foi enterrado numa cova rasa e depois localizado. As mortes foram por disparo de arma de fogo.

Joedson e os outros três policiais trabalhavam no Pelotão Especial (Peto) da 59ª CIMP. Todas as CIPM, assim como as em que atuavam os policiais, têm um núcleo formado por policiais especializados, que estão em ação geralmente em situações consideradas mais complexas.

Trata-se de uma tropa de reação imediata que o comandante tem na unidade e que atua em ocorrências relacionadas aos crimes mais perigosos, como a presença de traficantes nas ruas ou a circulação de homens armados.

Na ocasião das prisões dos policiais, a SSP informou que Hiago era o alvo do grupo armado e possuía envolvimento com tráfico de drogas. O irmão acabou sendo morto por tabela, apenas por ter presenciado a ação dos PMs.

A SSP afirmou também que havia indícios de que os policiais integravam um grupo de extermínio, mas disse que detalhes da investigação e das prisões não poderiam ser repassadas por conta da lei de abuso.

Crime
Segundo a Polícia Militar, este ano já foram oito PMs mortos, sendo dois em serviço, três de folga e dois da reserva remunerada. O órgão afirmou apenas que Joedson morreu a tiros quando realizava rondas nas imediações da localidade conhecida como Fonte das Águas, em Arembepe.

Colegas do policial deram mais detalhes do fato ao CORREIO. Contaram que o crime aconteceu no fundo da Companhia. Joedson foi baleado aparentemente por dois disparos na altura do peito, quando realizava ronda na função de motorista do coordenador de área, um subtenente, a bordo da viatura 9.5922.

“O que ficamos sabendo é que o colega recebeu a informação de homens armados atrás da Companhia, um local onde está crescendo a movimentação do tráfico de drogas, e ele foi fazer averiguação. Os elementos correram atirando. Ele fez o acompanhamento e foi baleado”, contou um policial da unidade. Segundo ele, no entorno da 59ª CIMP, a liderança do tráfico é do Comando da Paz (CP), filial do Comando Vermelho (CV).

Ferido, o soldado foi socorrido para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Arembepe. “Foi solicitado o apoio, mas o colega veio a óbito”, completou o policial.

Em uma nota de pesar, a PM disse que “O soldado Joedson prestou excelente serviço nos seus 11 anos dedicados à Corporação. Ele deixa esposa e um filho”. O CORREIO manteve contato com a esposa do policial, mas ela preferiu não falar sobre o assunto.

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"Eu tenho que comemorar isso: que eu ainda estou vivendo essa filosofia de paz e amor". As palavras são de Maurício, um dos moradores que fazem parte da aldeia hippie de Arembepe, localidade que pertence à cidade de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, e que resiste aos tempos modernos, mantendo acesa a chama da paz e amor.

O reduto fica a cerca de 50 quilômetros do Aeroporto Internacional de Salvador, em uma imensa área cercada por dunas e cheia de coqueiros, margeada de um lado pela praia e do outro pelo rio Capivara. Entre os anos 60 e 70, foi frequentada pelos maiores "doidões" que cambaleavam pelo planeta Terra, de Mick Jagger a Janis Joplin, passando por Roman Polanski, Jack Nicholson, Novos Baianos, Gil, Caetano, Rita Lee e outros.

A data exata da fundação da aldeia é um mistério, entretanto, oficialmente, a prefeitura da cidade celebrou os 50 anos do local neste ano. No dia 30 de março, um show foi realizado em Arembepe, com apresentações dos Novos Baianos, Saulo e outros artistas.

As décadas passaram, o milênio virou e a badalação na aldeia terminou, contudo, meio século após os primeiros hippies chegarem ao local, cerca de 30 a 40 pessoas ainda vivem na aldeia, mantendo vivo o espírito de paz, amor, liberdade e harmonia com a natureza.

Em maioria, são artesãos, músicos, escritores e artistas diversos, que têm no local o paraíso que não encontram nos centro das metrópoles.

Um deles é Maurício [por lá, os moradores se conhecem pelo apelido ou primeiro nome. Esqueça sobrenomes], artesão que há 30 anos escolheu a aldeia hippie de Arembepe como lar.

"É só você olhar em volta. O que me faz ficar e amar tanto esse lugar está em volta da gente. A natureza, a paz... Isso é que me faz ficar no lugar há 30 anos", afirma.

Isso não quer dizer que os moradores vivam grudados à aldeia. Pelo contrário, muitos colocam a mochila nas costas e saem Brasil afora, trabalhando para conseguir a próxima refeição ou a carona que vai levá-los à próxima cidade. Mas, no final da jornada, todos voltam para casa.

Por falar em casa, a aldeia possui algumas espalhadas pelo enorme terreno. São espécies de bangalôs, com algumas garrafas de vidro no lugar dos tijolos, enquanto outras são feitas de madeira, barro ou palha. Quem chega no local pode alugar barracas disponíveis em algumas das casas, e quem não tem como pagar em dinheiro, paga em trabalho.

A aldeia já possui água encanada e energia elétrica, entretanto não é todo dia que o abastecimento está regular. Por isso, eletrodomésticos são quase inexistentes, e todo o serviço que precisa ser feito, de construção de casas até a manutenção da rede elétrica, é realizado pelos próprios moradores.

Origem

Não há um consenso de quando o primeiro hippie chegou ou quando a aldeia foi fundada, mas no próprio local há um cartaz descrevendo a provável origem do reduto hippie em Arembepe. O texto foi retirado do livro "naquele Tempo, em Arembepe", de Beto Hoisel.

"Quando e como começou a aldeia hippie, não se sabe. Possivelmente, fins dos anos sessenta algum chincheiro curtidor chegou e resolveu ficar. Fez casinha com palha de coqueiro, e ninguém reclamou. Arrumou - ou tinha - companheira e foi ficando. Encontrou outro maluco fazedor de colares e pulseiras em Itapuã ou no Mercado Modelo, onde vez em quando ia vender seu produto, e espalhou discretamente a descoberta. Foram aparecendo outros e outras, fazendo casinhas e ficando, sem ninguém reclamar. Tudo deserto, ninguém para encher o saco, natureza limpa, a praia, o rio, o pôr-do-sol e o nascer da lua, os coqueiros fornecendo material de construção e coco à vontade a fome a sede. Arembepe logo ali, para um apoio imediato. E principalmente, ninguém. Ninguém para reclamar dos trajes ou da falta deles, ninguém para fiscalizar os comportamentos assumidos. Silêncio e paz. Lugar ideal para o amor, ao som discreto das guitarras, flautas e bongôs. Liberdade. Li-ber-da-de! estava fundado o paraíso".

Mick Jagger

Mick Jagger foi fotografado na aldeia, em 1969 — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Um dos primeiros registros conhecidos da aldeia foi a visita de Mick Jagger, em 1969. O momento foi imortalizado com uma foto dele, com cerca de 25 anos de idade, tocando bongô, rodeado por crianças, na Casa do Sol Nascente.

"Normalmente, nessa Casa do Sol Nascente, todos eram pessoas ilustres. Tinham cineastas, cantores, médicos", explica Anderson, que nasceu em Arembepe e hoje desempenha o papel de uma espécie de assessor de comunicação da aldeia hippie.

"Essa Casa do Sol Nascente foi escolhida nessa parte mais recuada da aldeia, pelo fato do Rio Capivara ter uma parte mais sinuosa, e aí eles poderiam usar do direito deles de ficar nu, na paz e amor deles, recuado das lavadeiras, que já existam há séculos. Por respeito, eles escolheram a parte mais sinuosa e recuada do rio, para se banhar e fazer as coisas do sexo livre da época", explica Anderson.
Outra celebridade do rock que passou por lá foi a cantora Janis Joplin. Ela esteve em Arembepe em março de 1970, sete meses antes de morrer por overdose de heroína.

Nativos não gostavam

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No início, nativos de Arembepe não gostavam da presença dos hippies — Foto: Gabriel Gonçalves/G1 Bahia

Apesar da aldeia hoje ser parte importante de Arembepe e uma das principais atrações turísticas de Camaçari, os primeiros hippies que chegaram ao local, na década de 60, não encontraram boas vindas calorosas por parte dos nativos da localidade, que era uma vila de pescadores.

"Os hippies já vinham com pouca roupa, ou com roupas que não eram bem confeccionadas, no padrão, então os mais velhos contam que em 1966, 1967, quando os primeiros começaram a aparecer, eles diziam: 'Esconde os meninos, esconde as crianças, que os hippies chegaram'", conta Anderson.

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Rancho Janis Joplin é uma das paradas obrigatórias na aldeia hippie de Arembepe — Foto: Gabriel Gonçalves/G1 Bahia

 

Com a passagem do tempo, Anderson conta que os nativos começaram a perceber que muitos hippies eram médicos, doutores, pessoas graduadas que desistiram da correria das cidades grandes e buscavam levar uma vida mais tranquila.

"Depois de uns 10 anos, começou a haver uma troca: 'Olha, dizem que o hippie é médico, não quer perguntar, Não?'. E a necessidade fez com que os nativos usassem um pouco do privilégio - porque os hippies não eram besta. Os hippies eram doutores, eram pessoas formadas, cineastas, escritores, compositores, americanos, franceses. Então, alguns hippies curavam as crianças", diz.

A partir daí, os nativos de Arembepe e os hippies passaram a ter uma relação mais próxima. "Depois de um tempo, a gente teve a interação com os hippies e a evolução. A gente evoluiu com os hippies. Aí a comunidade começou a abraçar a aldeia, mas no início foi bem difícil", conta Anderson

Paz e amor

Os moradores que vivem na aldeia hippie compartilham uma filosofia que estava em voga nos anos 60, mas que, segundo eles, foi perdida ao longo dos anos: paz, amor, liberdade e harmonia com a natureza.

Um deles é Alceu, que está na aldeia há 35 anos e comanda no local o Rancho Janis Joplin, que é conhecido como o reduto da música no local.

"Eu vivo o movimento hippie, sou da ideologia, vivo há 60 anos. A minha ideologia é a paz, o amor, a liberdade de expressão e que a Terra seja leve", diz.

Fiel aos próprios valores, ele recusa o título de dono da terra onde mora. "Eu sou posseiro, não sou dono de terra. Até porque, quando eu nasci, a terra já existia, quando cheguei aqui, a terra já existia. Como é que eu sou dono disso?", questiona Alceu.

Quando você nasce, já nasce na terra. A terra não tem dono. A terra é mãe. A mãe é esplêndida, é um desabrochar da natureza. Na terra temos tudo: temos alimento, temos nós mesmos, as espécies malignas e benditas. A terra é que é nossa história", afirma.

Cacau é outro morador da aldeia hippie de Arembepe que não troca o local por nenhum outro lugar. Para ele, que nasceu em Itapuã, em Salvador, e é filho de pescador, a calmaria da aldeia não tem preço.

Ele trabalha como salva-vidas na praia de Arembepe e está construindo outra casa no terreno em que vive.

"Essa tranquilidade, que Salvador não tem. Minha rotina na aldeia é acordar 3h da manhã, começar a fazer abdominal, depois amanhece e eu começo a catar pedra, para fazer minha casa", relata.

O artesão Black, que mora há 28 anos na aldeia, já passou por 19 estados brasileiros, mas sempre volta para Arembepe. Segundo ele, a liberdade que ele deseja não seria possível se tivesse que levar uma vida tradicional, nas cidades.

"Eu sempre fui artesão. E artesão qualquer lugar do mundo ele vive. Aonde chegar, ele está vendendo o trabalho dele", explica.
Com o espírito livre, os moradores da aldeia seguem mantendo em prática os valores que os hippies vêm carregando ao longo do tempo. E 50 anos depois, a aldeia de Arembepe segue como uma das últimas comunidades deste tipo no Brasil, abrigando aqueles que não se conformam com a vida tradicional nas cidades e prezam pela liberdade de estar aonde quiserem.

"Você quer ter um pouco de liberdade, viajar, e é uma coisa que um pai de família não consegue. Como é que ele vai viajar, se ele trabalha? A gente trabalha para nós mesmos. Qualquer lugar vive. Se eu cismar de ir pro Amazonas amanhã, eu vou. Pro Rio de janeiro, pro Mato Grosso... É só botar na cabeça que vai; arrumar a mochila e vai", diz Black.

Publicado em Bahia

Quatro dias de festa animarão os moradores de Camaçari, além dos turistas que passarem pela cidade no final de março. O Festival de Arembepe, do dia 29 a 1º de abril, terá mais de 30 atrações dividas em cinco espaços na localidade. Nomes como Saulo, Parangolé, Devinho Novaes, Novos Baianos e Psirico estão confirmados no evento.

No dia 29, haverá homenagem ao padroeiro da localidade, São Francisco de Assis, com o tradicional cortejo com saída prevista para às 9h, com o percurso da Volta do Robalo, seguindo até a Praça Salustiano Santiago de Souza, antiga Amendoeiras. O cortejo terá participação Charangões do Pau Galo e da Big Band. A grande atração deste ano no cortejo fica por conta do Arrastão do Psirico, a partir das 14h.

Em outro espaço do Festival, a Arena receberá, nos dias 30 e 31, artistas de alcances nacionais e também artistas locais para uma mistura de ritmos. A partir das 18h, no sábado (30), Celebridade 10, Irmanada, Dan Hills, Novos Baianos e Saulo são as atrações. No domingo (31), Aremblack, Lincoln e Dua Medidas, Parangolé e Devinho Novaes se apresentam.

No Palco da Alegria, na Praça Salustiano Santiago de Souza, festa começa no dia 29. O primeiro espaço recebe nomes como Gerônimo e Banda Araketu, no sábado (30), e Amanda Santiago, no domingo (31).
Para os fãs de música eletrônica, haverá um espaço dedicado exclusivamente para o ritmo, com apresentações de DJ's, na Praça Tia Deja, Antiga Coqueiros. No Trio Parado, na Praça Isaac Marambaia, artistas locais serão os destaques.

Transmissão
Quem não conseguir comparecer ao Festival de Arembepe poderá acompanhar tudo ao vivo através da Camaçari TV, na TV Litorânea, canal 1.3, ou através da página no Facebook da Prefeitura de Camaçari: facebook.com/prefeituradecamacari

Confira programação completa:

CORTEJO
29.03 09:00 h Charangão Pau Galo
29.03 09:30 h Charangão Big Bend
29.03 14:00 h Arrastão do PSIRICO

ARENA

30 de Março
18:00 h Celebridade 10
19:30 h Irmanada
21:00 h Dan Hills
22:30 h Novos Baianos
00:30 h Saulo

31 de Março
18:00 h Aremblack
19:30 h Lincoln e Duas Medidas
21:00 h Parangolé
23:00 h Devinho Novaes

PALCO DA ALEGRIA - AMENDOEIRAS

29 de Março
16:00 h SDL
17:30 h Araketu
19:30 h Trem de Pouso
21:30 h Abatronica
23:00 h Rafa Pitton

30 de Março
16:00 h Pra Casar
17:30 h Bimbinho
19:30 h Geronimo
21:30 h Turma do Samba
23:00 h Afroxote

31 de Março

16:00 h Pincel
17:30 h Amanda Santiago
20:00 h Renatinho
22:00 h Matutos in Cuba
23:30 h Mania Click

1° de Abril
19:00 h Adriano Reis
21:00 h Brazilian Boys
23:00 h Violão de Ouro

ELETRÔNICO - COQUEIROS

29 de Março

Back to Back Dj Renner e Dj Miguel
Dj Edson Babilonia
Dj Deep
Dj Pequeno
Dj D'Souza
Dj Maximus

30 de Março

Back to Back Dj Nunes e Dj Lucas cavalcanti
Dj Kelven
Dj Vinny Bastos
Dj Marcio Azevedo
Dj Guima
Dj Relikia

31 de Março

Dj Ailton Roots
Dj Cinho Terry
Dj Rodrigo Assis
Dj Valeska Roberta
Dj Alcapone
DJ Bruno Menezes

TRIO PARADO - ISAAC MARAMBAIA

29 de Março

18:00 h Timbaloe
19:30 h Tree Baile
21:00 h Germano Cruz
22:30 h Wânia River
00:00 h Zeni e Lucas

30 de Março
18:00 h Cia do Pagode
19:30 h Neide Bassan
21:00 h Aline Ataide
22:30 h Nilson Santos
00:00 h Discipulos do Reggae - Bizuca

31 de Março
18:00 h Fantasmão
19:30 h Art Balanço
21:00 h Desejo de Paixão
23:00 h Ardente Paixão - Russo

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