Reis da festa junina, coco seco e milho branco serão 'vilões' deste São João

Reis da festa junina, coco seco e milho branco serão 'vilões' deste São João

Falta ainda um mês para o São João, mas já tem muita gente de olho nos quitutes juninos e criando estratégias para comprar sem pesar tanto no bolso. E é bom se preparar mesmo, porque alguns itens estão mais caros. O campeão de aumentos é o coco seco médio que, de 2021 para 2022, subiu 66,6%. No ano passado, o cento custava R$ 120, agora está custando R$ 200. Empatados em segundo lugar estão o milho branco do mungunzá e a farinha de mandioca, com 50% de aumento. Os valores são os praticados na Central de Abastecimento de Salvador (Ceasa).

“É oferta e demanda. Quando o São João vai se aproximando, os itens juninos vão ficando mais caros. A expectativa para este ano é de que o aumento seja dentro do padrão porque tivemos boas chuvas e acreditamos que os preços vão ficar equilibrados”, diz Márcio Roberto Almeida, presidente da Associação dos Permissionários da Ceasa (Aspec),

No ano passado, 10 kg de milho branco custavam R$ 50. Agora, a mesma quantidade sai por R$75. O saco de 50 kg da farinha de mandioca era vendido por R$ 160 e aumentou para R$ 240. Márcio Roberto alerta que os preços devem subir ainda mais em junho.

Em janeiro deste ano, o cento do coco seco médio custava R$ 150. Em cinco meses, o produto variou entre R$ 180 (em março) e R$ 250 (em abril). Apesar da alta, houve uma redução de 25% do mês passado para este mês. O milho branco custava R$ 70 nos dois primeiros meses deste ano. O preço subiu para R$ 75 em março e se mantém até hoje.

A farinha de mandioca começou o ano custando R$ 200 o saco de 50 quilos, chegou a R$ 230 em fevereiro e sofreu uma nova alta em março, de R$ 10, que ainda se mantém. De janeiro a maio, o preço variou 20%. O reajuste do aipim foi o menor, de 16%, de R$ 50 em janeiro para R$ 60 em maio, segundo a Aspec.

Agricultura familiar

A maior parte da produção dos alimentos juninos vem da agricultura familiar. Apesar disso, como são produtos que o país também exporta, o coco e o milho tendem a aumentar sempre que o preço internacional é mais atrativo, como explica o economista Antônio Carvalho, professor e consultor de economia e finanças.

“Como o preço internacional é melhor, por conta do aumento do dólar, todo produto exportável fica mais interessante vender para fora e logo acaba aumentando dentro do país, como aconteceu com a carne e outros produtos que exportamos”, esclarece.

O mesmo ocorre com o milho. “O milho branco pega carona no milho, que também exportamos. Mas o principal fator do aumento ainda é a demanda do período. Nós, que somos baianos, sabemos o que acontece com o quiabo no período festivo”, completa.

Mais baratos

Nem só de carestia vive a ceia junina, também há itens que tiveram queda de preço. O saco de 20 kg de amendoim, por exemplo, sofreu uma redução de 42,8% de 2021 para 2022. De R$ 140, o preço foi para R$ 80. O saco de 25 kg da laranja pera grande, que custava R$ 35 em maio de 2021, baixou para R$ 30 em maio deste ano.

“A laranja e o amendoim, apesar de bem consumidos na época, não são produtos de exportação. Somado à superprodução propiciada pelas chuvas em períodos favoráveis ao plantio, a produção foi favorável", destaca o economista.

Dona Anita Borges, 72, é cozinheira e, nas festas juninas, faz bolos, canjica e pamonha para a família. “O pessoal adora, vem todo mundo da família para cá no São João. Dizem que o que eu faço é mais gostoso”, conta, rindo.

Para ela, nos mercados e feiras os preços não estão assustando tanto, ao menos por enquanto, mas faz a ressalva para o preço do amendoim, contrariando a diminuição do valor do produto na Ceasa. Em Feira de Santana, ela afirma que encontra 12 espigas de milho por R$ 10 e o quilo do amendoim por R$ 9. “Estou achando os preços equilibrados, só o amendoim que acho que está um pouco caro”, comenta.

Nice Guimarães, 56, é dona de um buffet que, para o São João, adiciona ao cardápio os itens juninos. Ela diz que já está sentindo bastante o aumento dos preços. “Eu comprei no mês passado aipim de R$ 3,99. Nessa semana, estava de R$ 6,99. O coco eu comprava por R$ 2,90 e agora está R$ 7,49. Quatro jenipapos eram R$ 2,00 e agora subiu para R$ 4,50. Isso sem falar do gás de cozinha que eu estou comprando por R$ 120 e na época junina não dura nem 15 dias porque esses itens todos consomem muito. Os bolos de aipim e carimã levam muito tempo no forno, as caldas, o jenipapo”, enumera.

Ela conta que busca estratégias para driblar os preços elevados, como comprar em quantidade maior e com antecedência. “Eu compro o carimã, aipim, milho, por exemplo, e congelo. Agora, o coco eu não gosto de congelar porque ele ralado, no freezer, fica com um cheiro ruim”, diz. Outra estratégia que passou a adotar foi iniciar a produção própria de licor, em vez de terceirizar.

Substituição

Para aliviar o bolso de quem trabalha vendendo ou de quem pretende fazer os pratos juninos em casa, Nice dá dicas de como substituir os ingredientes mais caros por outros mais baratos.

Na hora de preparar o bolo de coco, a mistura de leite de coco industrializado, leite integral e coco ralado industrializado pode entrar no lugar do produto 66% mais caro. “Precisei testar a receita para não deixar de vender este ano e todo mundo está falando bem”, conta a empresária.

Para não faltar o mungunzá na mesa, a dica é substituir o milho branco pelo arroz branco, ou seja, trocar mungunzá por arroz doce. O produto também pode substituir a farinha de mandioca. “O mingau de arroz, o bolo de arroz e o doce de arroz de corte ficam uma delícia como opção para entrar no lugar do milho branco”, garante Nice.

Licor inflacionado
Patrícia, 42, e Stephanie Rios de Almeida, 24, são mãe e filha e vendem licor em Salvador e Mairi, interior da Bahia. Stephanie é dona da Maria Sampaio Confeitaria e, no período de festas juninas, conta com a ajuda da mãe para vender também licores.

“Minha avó sempre fez licor e resolvi trazer essa tradição familiar para a empresa”, conta Stephanie. A expectativa para 2022 é de crescimento, já que a volta das festas vai atrair turistas para Mairi.

Stephanie diz que está sentindo o impacto dos preços elevados e colocando tudo na ponta do lápis para traçar um plano. “O aumento médio nos custos foi de 40%. Alguns dos campeões de aumento são leite condensado, creme de leite, cachaça 51, chocolate e até as frutas. Ainda não divulgamos o cardápio junino porque estamos fazendo as contas, pensando em estratégias”.

As alternativas vão desde a pesquisa de preço até a iniciativa de repensar a maneira como o produto final é ofertado. “Estamos fazendo muita pesquisa de preço, comprando em atacado, buscando promoções. Tem etiqueta, embalagens, etc, então estamos tentando fechar pacotes maiores com as gráficas para sair mais barato. Outra coisa que estamos pensando é oferecer outras opções de tamanho das garrafas de licor, em vez de somente as de 1 litro, a gente colocar também de 700 ml”, explica Patrícia.

Mariane Camandaroba, 44, tem junto com a mãe, Maria Alecia, 71, e a filha, Roberta, 23, a empresa Licor De Mainha. As vendas acontecem durante todo o ano e aquecem no período de São João. “No finalzinho de abril as vendas já começam a crescer e, em maio, já está bombando”, diz Mariane.

Ela conta que também percebe o aumento dos custos e que, por isso, deve aumentar o valor da venda dos licores.

“Estamos segurando para não passar para o cliente, até o momento estamos mantendo o mesmo preço do ano passado, mas o aumento deve acontecer em junho e a previsão é de, no máximo, acrescentar R$ 2 por licor. A nossa base é de leite condensado e esse item está muito caro”, explica.

Assim como percebido por Patrícia e Stephanie, Mariane conta que o que está pesando mais no bolso, além do já citado leite condensado, são as frutas. “Ano passado, eu comprei uma saca de maracujá de R$ 25 e hoje está R$ 45”, conta.

Por isso, ela também adota estratégias. “Uma alternativa para aumentar o nosso lucro e também atender uma demanda dos clientes foi a inserção de garrafinhas de 250 ml, que podem compor kits e fica bem legal até para presentear”, finaliza.

Preços dos itens juninos na Ceasa no dia 23 de maio de 2022:

Milho branco (10 kg) - R$75
Milho amarelo (30 kg) - R$65
Milho verde (cento) - R$40
Coco seco médio (cento) - R$200
Laranja Pera grande (25 kg) - R$30
Laranja Pera média (25 kg) - R$27
Laranja Lima (25 kg) - R$45
Laranja Bahia grande (24 kg) - R$45
Aipim (30 kg) - R$50
Amendoim (20 kg) - R$80
Farinha de mandioca (50 kg) - R$240

Preços dos itens juninos na Ceasa no dia 17 de maio de 2021:

Milho branco (10 kg) - R$50
Milho amarelo (30 kg) - R$65
Milho verde (cento) - R$50
Coco seco médio (cento) - R$120
Laranja Pera grande (25 kg) - R$40
Laranja Pera média (25 kg) - R$35
Laranja Lima (25 kg) - R$40
Laranja Bahia grande (24 kg) - R$55
Aipim (30 kg) - R$45
Amendoim (20 kg) - R$140
Farinha de mandioca (50 kg) - R$160

Variação de preços de 2021 para 2022:

Milho branco (10 kg): aumento de 50%
Milho amarelo (30 kg): mesmo preço
Milho verde (cento): diminuição de 20%
Coco seco médio (cento): aumento de 66,6%
Laranja Pera grande (25 kg): diminuição de 25%
Laranja Pera média (25 kg): diminuição de 22,8%
Laranja Lima (25 kg): aumento de 12,5%
Laranja Bahia grande (24 kg): diminuição de 18,2%
Aipim (30 kg): aumento de 11,1%
Amendoim (20 kg): diminuição de 42,8%
Farinha de mandioca (50 kg): aumento de 50%

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