Um dia depois de se tornar público o surto de covid-19 no Hospital Roberto Santos, no Cabula, o movimento na frente do local estava menor do que antes. A reportagem esteve na unidade ontem e anteontem e pôde perceber a queda na circulação de pessoas. As visitas estão suspensas, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). “Eles não estão deixando mais todo mundo entrar. Meu pai levou uma facada e a gente tem que ficar aqui do lado de fora”, disse uma jovem, que não quis ser identificada.

Ela era uma das poucas pessoas que estavam na frente da emergência. “Acho que meu pai deu sorte, pois o caso dele era muito sério. Se não fosse, talvez ele nem seria recebido aqui. Eu cheguei a ver pessoas buscando atendimento e sendo orientadas a procurar outro lugar”, revela. A suspensão das visitas no local é uma das medidas adotas pela Sesab como “reforço de condutas na assistência ao paciente”.

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde está acompanhando o caso e, em conjunto com outros setores do hospital, está identificando, rastreando as equipes e monitorando os casos negativos que permanecem internados na Emergência para avaliar possíveis sinais e sintomas sugestivos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave. No entanto, a pasta não confirmou se essas ações estão sendo feitas também em outras unidades do hospital.

A esposa de Zenildo de Jesus Santos é uma das internadas na emergência. Ela chegou a ser testada três vezes e todos os resultados foram negativos. “Graças a Deus, a parte onde aconteceu o surto foi do outro lado da emergência. Mas a gente ficou com muito medo, pois ela faz diálise e está no grupo de risco”, diz o rapaz, que revela estar no hospital desde o dia 26 de outubro aguardando a marcação de uma cirurgia da esposa.

“Quando aconteceu o surto, eu pressionei para que a cirurgia fosse logo marcada, pois seria inadmissível a gente passar quase um mês aqui dentro para ela sair com covid. Aí eles marcaram para essa quarta, às 19h”, afirma.

Zenildo e a esposa são de Valença e foram transferidos para o Roberto Santos após um problema de saúde da sua esposa. “Desde então, tenho que ficar aqui no hospital, correndo o risco de pegar covid”, reclama. Apesar da proibição das visitas, ele não foi orientado a deixar a emergência. Ele argumenta que isso aconteceu por ele já estar no local quando o surto aconteceu e por causa da dependência da esposa dos seus cuidados. “Sou eu que a levo no banheiro, faço tudo, pois ela não consegue ir sozinha”, afirma.

Funcionários da emergência evitam falar sobre o assunto
Enquanto esteve na frente da unidade, nesta terça-feira (23), ou seja, um dia após o surto de covid ter se tornado público, a reportagem teve dificuldade em conversar com funcionários da emergência. Alguns não queriam falar sobre o assunto, nem mesmo sob a condição de anonimato. Outros disseram que não tinham muita informação sobre o caso, mas afirmaram que as medidas estão mais rigorosas, inclusive com a substituição das máscaras descartáveis pela PFF2, considerada mais segura.

“Eu até prefiro a antiga, pois essa me dá a sensação de que estou levando o vírus para casa, pois não posso descartar. Mas se dizem que é a mais adequada, eu confiro”, revelou uma funcionária da parte administrativa da emergência. “Antes a gente podia circular normalmente em toda unidade. Agora, eu fico apenas exercendo o trabalho na minha parte, para evitar contatos”, afirma.

Outra trabalhadora, que também não se identificou, disse que a sensação é de melhora na situação de surto. “Eu soube que todos os pacientes que tinham covid já foram transferidos. Isso já dá um alívio. Acho que a tendência agora é melhorar”, aponta.

Ivanilda Souza Brito, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (SindSaúdeBahia), disse que notificou a Sesab a prestar mais informações sobre o surto, mas até agora não obteve nenhuma reposta. “Nesse momento tão delicado, onde as pessoas estão brigando por causa de carnaval, é preciso a gente se apropriar desse assunto o mais urgente possível e evitar que o pior aconteça”, pede. O Ministério Público da Bahia também vai acompanhar a situação.

“O Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau) tomou conhecimento do fato hoje, dia 23, por meio de matéria veiculada pela imprensa e encaminhou o caso para atuação das Promotorias de Justiça com atribuição na área. O procedimento está sob a competência do promotor de Justiça Rogério Queiroz, que já enviou ofício à Diretoria do Hospital Roberto Santos, solicitando que informe, no prazo de 72 horas, o número de pessoas infectadas e as providências adotadas para mitigação dos efeitos e controle do surto. Além disso, ofício foi encaminhado à Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa/Sesab) para que informe quais medidas foram recomendadas para a mitigação e controle do surto no hospital”, disse o MP, em nota.

Relembre
De acordo com a Sesab, houve registro de um surto de Covid-19 na última quinta-feira (18) na emergência do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). “Todas as medidas de contenção foram feitas para que não houvesse espalhamento do vírus nos demais setores do hospital”, disse a pasta, em nota. Ao todo, nove pacientes testaram positivo para a doença. Eles foram transferidos para unidades de referência para a Covid-19.

À reportagem, a Sesab chegou a confirmar que outros nove funcionários também tinham testado positivo para covid. Porém, nesta terça-feira, a pasta explicou que houve um equívoco em uma de suas respostas e que não há confirmação de casos em profissionais. De qualquer modo, a Sesab explicou que, quando um trabalhador da saúde é contaminado, seja no Roberto Santos ou em qualquer outra unidade estadual, ele é afastado de suas atividades para que possa se recuperar e também para que não haja espalhamento do vírus.

Os nomes, idades e estados de saúde dos pacientes que pegaram covid não foram divulgados, nem mesmo o nome do hospítal para onde eles foram transferidos. Na tarde da segunda, uma trabalhadora da emergência, sob a condição de anonimato, chegou a afirmar que ainda haviam seis pacientes contaminados com a covid aguardando a transferência.

“Tem cinco pacientes com covid. Na verdade, são seis, pois acabou de sair um resultado positivo. O local onde eles estão é vazio, mas a gente tem que entrar para fazer os procedimentos”, disse a moça, que aproveitou para reclamar da sobrecarga de trabalho. “Normalmente, umas 25 pessoas estariam trabalhando aqui e só tem oito. Muita gente está afastada. E isso é ruim, pois o pessoal fica sobrecarregado”, revela.

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Desde que soube da possibilidade da vacinação em crianças contra a covid-19, a psicóloga Taís Oliveira, 33 anos, espera pelas doses das duas filhas - Maria Flor, 8, e Analu, de 1 ano e 7 meses. Antes mesmo de alguns países autorizarem, ela já tinha tentado até cadastrar a mais velha em um dos estudos com crianças voluntárias para testes dos imunizantes disponíveis.

"Comecei a pesquisar e ver a possibilidade da vacinação infantil, até que teve uma época que estavam recrutando crianças. Cadastrei minha filha em um dos sites, mas não tive resposta. Depois, acabou sendo suspenso", conta ela, que atua na área clínica-hospitalar. Como profissional de saúde, ela reforça que sabia da importância da imunização. "Se deu certo em adulto, há uma grande possibilidade de dar certo em criança. Vacinas salvam vidas independente da idade", explica.

Assim como Taís, mães, pais e responsáveis em todo o Brasil estão ainda mais ansiosos porque, nos últimos dias, duas farmacêuticas têm feito movimentos importantes para a liberação da imunização neste público: na semana passada, a Pfizer oficializou o pedido à Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. O imunizante baseado em RNA mensageiro já é usado em adolescentes. O pedido está em análise e o órgão regulatório tem 30 dias para decidir.

Além disso, há a expectativa de o Instituto Butantan fazer o mesmo a qualquer momento nas próximas semanas, para o público dos 3 aos 17 anos. Segundo a Anvisa, não há pedidos em aberto atualmente, mas o instituto deve realizar o protocolo formal solicitando a ampliação de uso apresentando estudos de eficácia e segurança, incluindo dados clínicos de fase 3 de testes.

Em agosto, o Butantan fez o primeiro pedido, que foi negado porque a Anvisa avaliou que havia limitação dos resultados apresentados na ocasião. De lá para cá, porém, a vacina já foi aplicada em mais de 70 milhões de crianças e adolescentes em países como Chile, Colômbia e China, de acordo com o Butantan, que tem se reunido com a agência nas últimas semanas. Em todo o mundo, ao menos 10 países já vacinam crianças (menores de 12 anos) contra a covid-19, incluindo Estados Unidos, Chile, China, Argentina e Emirados Árabes Unidos, com diferentes imunizantes.

Entre os especialistas, a lista de razões para vacinar crianças contra a covid-19 é longa. Para o imunologista, pediatra e alergologista Celso Sant'Anna, a primeira é a necessidade de diminuição da circulação do vírus.

"Para isso, precisamos aumentar a quantidade de pessoas vacinadas para mais de 80%, 85% da população, para reduzir circulação de cepas mutantes e diminuir, por essas cepas, o risco de hospitalizações e óbitos", explica ele, que é professor do curso de Medicina da UniFTC e da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Controle
Apesar de a vacina para crianças ser um dos maiores alvos de fake news, as principais entidades científicas e médicas já se posicionaram a favor da vacinação desse público. Em setembro, o Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um documento ressaltando a importância da imunização para prevenir doenças e proteger a comunidade.

No texto, a SBP afirma que, ainda que as crianças tenham frequência menor de covid-19 sintomática do que adultos, espaços frequentados por elas, como escolas e centros de esportes juvenis podem representar fontes importantes de surtos e transmissão, mesmo com a vacinação de adultos. De fato, as crianças são menos acometidas por covid-19 e costumam ter quadros mais brandos.

Em Salvador, por exemplo, só 2% dos casos foram de crianças com idades até 9 anos, mas o índice dobra na faixa etária dos 10 aos 19 anos. No entanto, não é possível desprezar as mais de duas mil mortes de crianças por covid-19 no Brasil, como reforça o pediatra Eduardo Jorge, doutor em Saúde Materno-Infantil e membro do Departamento Científico da SBP.

"Esse número é maior do que a soma de todos os óbitos de crianças nas doenças prevenidas por vacina somados. São duas mil vidas que foram perdidas e isso é algo que chama atenção. A gente também não pode esquecer a covid longa e suas consequências para o aprendizado e na parte cognitiva", explica, citando os sintomas que podem persistir por meses.

Daí vem outro aspecto importante. Com o avanço da vacinação entre os adultos e adolescentes, as crianças acabam se tornando potenciais 'vetores' que facilitam a transmissão, já que não estão protegidas. "Elas podem transmitir a covid e transmitem para seus contactantes. Não será possível termos o controle da covid sem a gente ter as crianças devidamente vacinadas", reforça o médico, ressaltando que cerca de 25% da população brasileira é composta por crianças e adolescentes.

Composição
Ao contrário do que muita gente imagina, a vacina da Pfizer usada em crianças não é igual a que vem sendo aplicada em pessoas com mais de 12 anos. Enquanto a de adolescentes e adultos tem 30 µg, a de crianças terá apenas 10 µg - ou seja, um terço do imunizante original. Nos dois casos, porém, trata-se de uma imunização em duas doses com intervalo de 21 dias.

Nos testes feitos pela farmacêutica, a vacina teve eficácia de cerca de 90% com o público pediátrico. Os ensaios compararam doses maiores, mas a menor se mostrou mais segura, além de ter conseguido ativar o sistema imune e reduzido o risco de infecção, segundo a imunologista Viviane Boaventura, pesquisadora da Rede Covida e da Fiocruz.

Já a Coronavac, por sua vez, é tradicionalmente considerada uma das vacinas mais seguras do mercado, por ser feita com um vírus inativado. Ainda de acordo com Viviane, essa é uma das tecnologias mais antigas e conhecidas de desenvolvimento de imunizantes. Os estudos de fases 1 e 2 indicaram que 96% dos participantes produziram anticorpos.

"É pouco reatogênica, ou seja, causa poucos efeitos adversos, mesmo no local da aplicação. Em compensação, vacinas por vírus inativados costumam induzir níveis de proteção mais baixo que outras plataformas mais modernas como vetor viral e RNA", diz Viviane, citando ainda as vacinas como a da AstraZeneca e da Janssen, que são de vetor viral.

Riscos
Basta uma busca rápida para encontrar notícias falsas sobre a vacina em crianças que podem assustar as famílias. Só no último mês, o Comprova, projeto de checagem do qual o CORREIO faz parte, desmentiu fake news que iam desde posts enganosos sobre a eficácia do imunizante da Pfizer até que órfãos poloneses eram usados em experimentos da Pfizer e da Moderna (cuja vacina não está disponível no Brasil).

No entanto, mesmo com tanta desinformação, a imunologista Viviane Boaventura ressalta que mães, pais e responsáveis não devem ter medo. Para começar, os imunizantes contra a covid-19 estão sendo administrados em escala mundial numa escala e velocidade nunca vistos antes. Além disso, há muita atenção voltada para investigar eventuais reações adversas, que são raras.

"Minha recomendação é que confie nos estudos científicos e na competência dos órgãos regulatórios. Diferente do ano passado, finalmente temos nas nossas mãos a oportunidade de controlar essa epidemia e manter baixas as taxas de transmissão", reforça.

De acordo com o imunologista e pediatra Celso Sant’Anna, da UniFTC e da Ufba, os efeitos colaterais de qualquer uma das vacinas são mínimos.

"Elas são altamente eficazes. Ninguém sairia vacinando se não tivesse benefício coletivo. (O receio) não se justifica nesse instante em que estamos vendo várias crianças com covid-19 sendo internadas", ressalta.

Para mães como Taís Oliveira, é uma prevenção que pode trazer novas cores à vida das meninas, que foi duramente afetada pela pandemia. A mais nova, Analu, nasceu no começo dos casos. Demorou meses para que parentes próximos, como os avós, pudessem visitá-la pela primeira vez. Já a mais velha, Maria Flor, sem poder ir à escola, sofreu com a falta de socialização, como a maioria das crianças de sua geração.

A psicóloga Taís Oliveira aguarda a autorização da vacina em crianças; a mais velha, Maria Flor, tem 8 anos, enquanto a mais nova, Analu, nasceu na pandemia (Foto: Acervo pessoal)
Como profissional de saúde, ela já tomou a terceira dose do imunizante e acredita que os pais não devem ter receio de vacinar os filhos. "Anos atrás, muitas doenças não tinham cura e as pessoas morriam pela falta de vacinas. Se as pessoas têm a possibilidade hoje, que aproveitem".

Aprovação
Apesar do peso da aprovação dos Estados Unidos (tanto pelo FDA, a agência regulatória estadunidense, quanto pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país), no caso da vacina da Pfizer, a infectologista pediátrica Anne Galastri, membro da diretoria da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), defende que é preciso respeitar os prazos da Anvisa.

"Mas a gente tem boas esperanças vendo outros países vacinando crianças sem outros efeitos colaterais", diz. Ainda assim, ela reforça que não é o momento de descuidar da vacinação de outros públicos, enquanto essa liberação não acontece no Brasil. "Existem inúmeras pessoas que não tomaram a primeira dose e muitas que não voltaram para a segunda. Não adianta os pais estarem desesperados para vacinar os filhos se não se vacinarem nem incentivarem outros a se vacinar. Nós temos que vacinar quem já está liberado e aguardar os outros para fazer isso progressivamente", acrescenta.

Nos últimos dias, circulou a informação de que o Ministério da Saúde já negociava a compra de 40 milhões de doses da Pfizer para crianças, mas isso não foi confirmado pelo órgão. Em nota, o ministério informou que estão previstas 350 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para 2022. Dessas, 134 milhões seriam remanescentes de 2021. Segundo a pasta, os recursos para a aquisição serão garantidos e a campanha de vacinação seguirá no próximo ano.

Crianças devem completar caderneta obrigatória de vacinação

Enquanto a vacina contra a covid-19 não é disponibilizada a crianças, o alerta dos pediatras é para que mães, pais e responsáveis não deixem de completar a caderneta de vacinação dos filhos - ou seja, as vacinas obrigatórias que já são ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através do Programa Nacional de Imunização (PNI). Em 2020, o Brasil não atingiu a meta de cobertura de nenhuma das vacinas para crianças.

"Precisamos reforçar a importância da vacinação em todas as faixas etárias pediátricas. Existe a carteira de cada idade, com vacinas como BCG, meningite, pneumonia e outras que estão estabelecidas há muitos anos", diz a a infectologista pediátrica Anne Galastri, membro da diretoria da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape).

Desde 2015, o país vem registrando queda nas taxas de cobertura de vacinas. "A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sobape estão extremamente preocupadas com isso, porque temos o risco iminente do retorno da pólio no Brasil. Já temos casos de sarampo e tudo isso se deve à não imunização com vacinas básicas, seguras e eficazes, todas disponíveis na rede pública", reforça. O retorno do sarampo aconteceu após o país ter ganhado certificado de erradicação da doença, em 2016.

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A Pfizer e Moderna anunciaram nesta sexta-feira que a Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou a aplicação da dose de reforço das vacinas contra a covid-19 para as pessoas maiores de 18 anos, noticiou a Associated Press. O reforço deve ser administrado pelo menos seis meses após a conclusão do ciclo primário de vacinação.

"Esta autorização de utilização de emergência surge num momento crítico à medida que entramos nos meses de inverno e enfrentamos um aumento da contagem de casos covid-19 e hospitalizações em todo o país", disse Stéphane Bancel, CEO da Moderna, em nota. "Agradecemos à FDA pela sua revisão, e estamos confiantes nas sólidas provas clínicas de que uma dose de 50 ug de mRNA-1273 induz uma forte resposta imunitária contra a covid-19."

Em outubro, a FDA autorizou para uso emergencial a dose de reforço da vacina da Moderna para pessoas com 65 anos ou mais, bem como para adultos com 18 a 64 anos com risco de o quadro da doença chegar ao caso grave.

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A Doença de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”, acomete 55% das pessoas que consomem peixes contaminados pela toxina que origina essa enfermidade. Essa foi a principal conclusão de um artigo publicado pela Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na revista Lancet, uma das mais renomadas no mundo científico.

Para chegar a esta conclusão, o estudo analisou quantas pessoas das que consumiram o mesmo pescado tiveram os sintomas da doença. “Do ponto de vista da epidemiologia, buscamos entender quantas pessoas consumiram o mesmo peixe e desenvolveram a doença, com a identificação do aumento da enzima CPK. Poucos artigos trazem essa informação”, explica a epidemiologista Cristiane Cardoso, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) de Salvador, ligado à SMS.

A alteração na enzima CPK (creatinofosfoquinase) é o principal sintoma da doença de Haff. Ela é uma proteína presente nos músculos e outros lugares do corpo, como cérebro, pulmão e coração. O nível considerado normal é em torno de 200 U/L. No estudo, os pacientes contaminados pela toxina do peixe tiveram taxas de 9 mil U/L e até 132 U/L.

“A doença é caracterizada por uma mialgia e dor intensa, principalmente na área do pescoço, com o nível da CPK elevado. Quando ocorre a lesão, o rim elimina o metabólico muscular, que sai através da urina. Por isso que ela começa a mudar de cor, entre o marrom e o avermelhado, causando uma complicação renal. Alguns pacientes precisam se internar e fazer diálise”, explica a sanitarista Ana Paula Pitanga, diretora do Centro de Operações e Emergência em Saúde Pública (COE), ex-diretora do Cievs.

Segundo Cristiane, essa dor nos músculos é aguda e intensa e começa a aparecer até 24 horas da ingestão do peixe. O tempo médio de aparecimento desse sintoma é de 5 horas e 30 minutos após a refeição.

Toxina nos peixes
Outro pioneirismo do estudo publicado na Lancet foi a identificação da toxina no peixe. Ela foi observada em duas espécies: o olho de boi e o badejo. “Existem poucos artigos publicados sobre a Doença de Haff. No Brasil, não existem estudos que possam identificar essa toxina e a gente conseguiu, com esse trabalho em parceria, encontrar em duas amostras de peixe, que isolamos do surto de 2020”, revela a sanitarista Ana Paula Pitanga.

Além da SMS e Fiocruz, participaram do estudo a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná e o Instituto Federal de Santa Catarina.

A suspeita é de que a toxina esteja em algas marinhas ingeridas pelos peixes e que são passadas para os humanos através da alimentação. “Os peixes, ao consumirem as algas, acumulam a toxina na cadeia trófica. Como ela é termoestável, ou seja, mesmo ao fritar e cozinhar o peixe, ela não se decompõe, e contamina os humanos pela ingestão”, esclarece Cristiane Cardoso.

Doença tem segundo surto em cinco anos
Entre 2016 e 2017, no primeiro surto da doença, 65 casos foram investigados, em Salvador, e 88% destes pacientes foram internados. Entre 2017 e 2019, 12 ocorrências foram registradas. Já entre 2020 e 2021, um novo surto ocorreu na cidade, de setembro a janeiro de 2021 - surgiram 21 casos suspeitos e 16 confirmados.

O estudo da SMS publicado no Lancet analisou somente o período de dezembro de 2016 a janeiro de 2021, a partir do acompanhamento dos casos suspeitos e testagem de amostras de peixes. A partir de abril deste ano, novos casos surgiram: dos 14 investigados, nove foram confirmados.

Na Bahia, 22 pessoas estavam com suspeita da doença de Haff, neste ano. Desses, apenas 18 foram confirmadas. O município com mais casos é a capital baiana, seguido de Alagoinhas, Maraú, Simões Filho, Mata de São João e São Francisco do Conde. Os dados são da Sesab, do último boletim, de 26 de outubro. A pasta informou que eram as informações mais atuais, mas, por ser feriado, se houvesse novos casos, eles poderiam ser atualizados somente a partir da terça-feira (16).

De acordo com a secretaria, a faixa etária mais acometida são as pessoas de 35 a 49 anos (38,9%). A maior parte dos contaminados é homem (66,7%). Em 2020, 45 casos foram notificados, sendo 40 confirmados. Já entre 2016 e 2017, foram 71 notificados. Em 2018 e 2019, não houve registro de contaminação.

Apesar do aumento de casos em 2021, Cristiane e Ana Paula advertem: a doença é rara e não deve ser motivo de preocupação. “Ela raramente leva à morte e não há perigo nos sintomas. Mas, é preciso que o tratamento seja cuidadoso quando houver qualquer suspeita, até para evitar o uso de anti-inflamatório, porque pode causar alguma gravidade, do ponto de vista renal. Tirando isso, a evolução é boa e os sintomas duram em torno de três a cinco dias”, tranquiliza Cristiane. Ainda não há tratamento específico.

Quem tiver os sintomas da doença de Haff deve notificar à SMS através do site do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). Neste link, você encontra um formulário a ser preenchido, para relatar a situação e sintomas às autoridades.

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A partir desta segunda-feira (8), homens a partir de 40 anos de idade poderão agendar consulta urológica para rastreio do câncer de próstata no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador. Além do atendimento ambulatorial, a instituição promoverá um mutirão de cirurgias em atenção ao movimento ‘Novembro Azul’.

Os interessados em passar pelas consultas devem realizar agendamento via call center, por meio do telefone 0800-0713535, até o dia 10 de novembro. O atendimento incluirá realização de toque retal e exame laboratorial de antígeno prostático específico (PSA). Confira, abaixo, as informações detalhadas sobre o ‘Novembro Azul no HGRS’, que, neste ano, traz o tema ‘Cuidar da saúde também é papo de homem’.

Rastreio ambulatorial: Serão ofertados, nos dias 20 e 21 de novembro, 300 consultas urológicas para rastreio do câncer de próstata, com realização de toque retal e exame laboratorial de antígeno prostático específico (PSA). Idade mínima de 40 anos.

Mutirão de cirurgias: Acontecerá de 22 a 26 de novembro, no centro cirúrgico do HGRS, e serão atendidos casos da Lista Única do Estado. A expectativa é realizar, em cinco dias, mais de 110 procedimentos cirúrgicos.

Como agendar: Nos dias 8, 9 e 10 de novembro, estará disponível, das 13 às 17h, o agendamento via call center, por meio do telefone 0800-0713535.

Convocação de pacientes: A central de marcação de cirurgias eletivas do HGRS fará contato, de 4 a 6 de novembro, com pacientes que estão na lista. Serão oferecidas, na ocasião, todas as orientações necessárias.

Resultado e alteração: A análise do toque retal será comunicada pelo médico no mesmo dia e o exame de PSA enviado, posteriormente, por e-mail. Caso o exame tenha alteração, o paciente retornará para acompanhamento urológico.

Realização de exames pré-operatórios: Na semana de 8 a 12, serão realizadas as coletas laboratoriais e exames de eletrocardiograma (ECG) no ambulatório do hospital, localizado no térreo do prédio anexo.

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O primeiro hospital da Rede Mater Dei em Salvador, previsto para ser inaugurado até março de 2022, vai gerar cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos. Até o momento, 51 funcionários foram contratados. Para capacitar os candidatos e alinhá-los com os valores e protocolos da instituição, treinamentos estão sendo feitos com o apoio do Núcleo de Desenvolvimento Profissional (NDP) das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Na primeira turma de estagiários, 112 alunos de cursos técnicos em enfermagem da Escola Irmã Dulce, Escola Maria Pastor e INSSJT Fortes Formação Técnica estão sendo preparados sob supervisão de 20 enfermeiros já contratados.

O estágio teve início em outubro e será finalizado no dia 31 de dezembro. A rotina semanal inclui quatro dias de aulas práticas no Hospital Santo Antônio (da Osid) e um dia de aula teórica no Centro de Treinamento do Hospital Mater Dei Salvador. Durante o período de formação, os alunos vivenciam a prática assistencial, que abrange procedimentos como a realização de curativos, administração de medicações e aferição de pressão sanguínea nas diversas unidades do Hospital Santo Antônio, como Clínica Médica, Geriatria, Centro Cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva, Oncologia.

A estagiária Elen Reis, de 26 anos, é aluna da Escola Irmã Dulce, foi indicada para a seleção, passou por uma prova e entrevista e agora, no treinamento, está atuando no setor de clínica médica. Ela diz aprovar a experiência. “Acho que nunca tive tanto contato com a área como estou tendo agora. A gente está tendo a oportunidade de ver e fazer procedimentos que não tivemos no curso. Aqui não é só teoria, temos a prática mesmo. Participamos do atendimento de um paciente com hemorragia e de outro com falta de ar, então é muito aprendizado”, afirma.

O presidente da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador, explica o que motivou a parceria com a Osid. “Nós temos uma conexão muito forte com essa parte de treinamento e capacitação. Quase 40% das nossas principais lideranças hoje foram formadas dentro da Rede Mater Dei. Quando nós fomos para Salvador, encontramos na Osid um alinhamento de posicionamento e valores, através, por exemplo, da humanização do atendimento e foco no paciente”, coloca.

O presidente ainda destaca que a parceria com a Osid e as escolas de técnicos de enfermagem representa uma importante oportunidade de inserção de novos profissionais no mercado de trabalho e a possibilidade da conquista do primeiro emprego sem experiência. “A ideia é absorver esses alunos, fazer com que eles possam ingressar no quadro de colaboradores. Os 112 estagiários são os primeiros de um programa contínuo de formação, que abrirá novas turmas”, diz.

Elen está ansiosa para o término do treinamento e conta que a expectativa de contratação é grande. “Há vagas para todo mundo, mas só quem realmente estiver qualificado ao final do curso vai ser efetivado para o quadro. Estou me dedicando o máximo possível porque é uma oportunidade de ouro. O Mater Dei está sendo o meu príncipe encantado no cavalo branco”, acrescenta.

Quem também aprova a experiência é Maria Regina Amaral, de 28 anos. Ela é uma das enfermeiras supervisoras do estágio e conta que também passou por treinamento. “Eu cadastrei meu currículo no site e participei do processo seletivo, sendo contemplada com a vaga de preceptora de estágio. Nós tivemos um programa de integração e passamos por duas semanas de treinamento. Agora estou atuando na unidade de Pediatria”, diz.

“Está sendo uma experiência maravilhosa, os estagiários estão tendo contato com a realidade e recebendo treinamento, o que não é comum na hora de conseguir uma vaga. É uma oportunidade muito positiva tanto para os estagiários como para nós, supervisores. Participar desse projeto tão grande, de uma rede tão reconhecida, é excelente”, acrescenta Maria Regina.

Enquanto novas turmas para estagiários não são abertas, profissionais de diversas áreas interessados em integrar o corpo de funcionários do novo hospital, assim como Maria Regina, podem enviar currículos através do site da Rede Mater Dei e também buscar o Serviço de Intermediação de Mão de Obra (SIMM).

A parceria entre o SIMM e a Rede Mater Dei faz parte do Programa Treinar para Empregar, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec). Foram disponibilizados cursos de capacitação profissional de Excelência em Saúde, ministrados pelo Serviço Nacional do Comércio (Senac). Desde julho, foram certificadas 292 pessoas. Em novembro, serão realizados novos cursos, mas as inscrições já foram encerradas.

Também em novembro, será realizado o processo seletivo de vagas de empregos operacionais do Mater Dei para quem tiver participado do curso do Senac. Não será exigida experiência. O cronograma de do processo seletivo ainda não foi liberado.

Parceria

Segundo a coordenadora do NDP da Osid, a enfermeira Vanessa Conceição, as Obras Sociais possuem larga experiência com parcerias de estágios entre universidades e cursos técnicos, mas é a primeira vez que a instituição firma uma parceria direta com outro hospital na intermediação do estágio. "A Rede Mater Dei vem com a experiência de Minas Gerais, e nós temos a experiência da Bahia, que, unidas, vão agregar muito em busca de um melhor atendimento ao paciente".

Como contrapartida, a Rede Mater Dei está desenvolvendo um trabalho de consultoria para a Osid. “A consultoria, com capacitação teórica e prática, vai tornar a Osid apta a obter a certificação de qualidade pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) para o Hospital Santo Antônio. O Mater Dei foi o segundo hospital brasileiro a ser certificado com nível de excelência pela ONA, em 2004, e, de lá para cá, construiu uma base sólida de conhecimento para certificação e qualificação hospitalar”, acrescenta.

“Essa certificação traz mais segurança para os nossos processos porque existem alguns processos que precisamos organizar e critérios aos quais precisamos nos adequar para melhor atender a população. E o Mater Dei tem muita experiência nessa parte, que envolve a gestão, então vão contribuir bastante. É uma troca importante para as duas instituições, que acreditam num atendimento humanizado e de atenção ao paciente”, diz Sandra Ohlweiler, gestora executiva da Osid.

Mater Dei Salvador

A Rede Mater Dei, que inaugurou sua primeira unidade hospital em 1980, agora chega a Salvador. A Rede possui três unidades em Minas Gerais (Santo Agostinho, Contorno e Betim-Contagem) e também é detentora de 70% do Hospital Porto Dias, no Pará. O Mater Dei Salvador está sendo construído na Av. Vasco da Gama, esquina com a Av. Anita Garibaldi.

Com 61.188 m² de área construída, o Mater Dei Salvador será um hospital de atendimento via convênios e particular geral, adulto e pediátrico em diversas especialidades clínicas, com foco em medicina diagnóstica, pronto socorro adulto e infantil e oncologia. Serão 369 leitos, sendo 40 CTIs adulto e 40 UTIs pediátricas, além de 21 salas de cirurgia e obstetrícia.

A Rede também contará com um Centro Médico, localizado a 90 metros do Hospital. A construção contará com 62 consultórios para rede primária, integrada ao Hospital Mater Dei. “O conceito é a integração entre a porta de entrada, que é a atenção primária, com o hospital. E a tecnologia vai ajudar bastante nisso”, destaca o presidente da Rede, Henrique Salvador.

O presidente explica o porquê da escolha por Salvador para a primeira unidade da Rede fora de Minas Gerais. “Salvador é uma das principais capitais do Brasil. A cidade está localizada no Nordeste, região que tem crescido muito. Por si só, é um pólo industrial, tem diversas empresas, muitas também na área de prestação de serviços. Acreditamos que um hospital, com as características dos Hospitais que a Rede Mater Dei de Saúde possui, possa beneficiar não apenas as pessoas que residem na capital baiana, mas também em seu entorno”, finaliza.

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A diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos (EUA), Rochelle Walensky, manifestou, nessa terça-feira (2), apoio ao amplo uso da vacina Pfizer-BioNTech contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade. Com isso, a instituição abre caminho para que as doses comecem a ser aplicadas imediatamente nessa faixa etária.

O anúncio chega horas depois que os conselheiros do CDC apoiaram por unanimidade a aplicação da vacina em crianças, dizendo que os benefícios superam os riscos. Grande parte de discussão que travaram girou em torno de casos raros de inflamação cardíaca que foram ligados à vacina, particularmente em homens jovens.

A agência reguladora norte-americana Food and Drugs Administration (FDA) já havia concedido autorização para uso emergencial do imnizante em crianças de 5 a 11 anos na sexta-feira (29).

A FDA autorizou a aplicação de uma dose de 10 microgramas em crianças pequenas. A dose original, dada àqueles com 12 anos ou mais, é de 30 microgramas.

"Sabemos que milhões de pais estão ansiosos para vacinar seus filhos e, com essa decisão, recomendamos agora que cerca de 28 milhões de crianças recebam uma vacina contra a covid-19", disse a diretora em comunicado.

No início da reunião, Walensky informou que as hospitalizações pediátricas haviam aumentado durante a recente onda de infecções, impulsionada pela variante Delta do novo coronavírus.

Acrescentou que o fechamento de escolas tem tido impactos prejudiciais à saúde social e mental das crianças. "A vacinação pediátrica tem o poder de nos ajudar a mudar tudo isso".

Joe Biden
O presidente dos EUA, Joe Biden, considerou a autorização uma virada na batalha contra a covid-19. "O programa de vacinação se intensificará nos próximos dias e estará em pleno funcionamento durante a semana de 8 de novembro. Os pais poderão levar seus filhos a milhares de farmácias, consultórios de pediatria, escolas e outros locais para serem vacinados", disse Biden em comunicado.

Estudo
Dados do CDC mostram que cada milhão de doses da vacina administrada pode evitar entre 80 e 226 internações de crianças de 5 a 11 anos.

Os membros do painel do CDC defenderam a vacinação da faixa etária antes da votação. Muitos disseram que estavam ansiosos para que seus filhos ou netos nessa faixa etária recebessem a vacina.

"Eu sinto que tenho a responsabilidade - todos nós temos - de disponibilizar essa vacina para as crianças e seus pais", disse Beth Bell, membro do painel do CDC e integrante da Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington.

"Temos excelentes evidências de eficácia e segurança. Temos uma análise favorável de risco/benefício. E temos muitos pais por aí que realmente clamam e querem que seus filhos sejam vacinados."

A Pfizer e a BioNTech disseram que sua vacina mostrou 90,7% de eficácia contra o novo coronavírus em um ensaio clínico com crianças de 5 a 11 anos de idade.

Apenas alguns países, incluindo a China, Cuba e os Emirados Árabes, liberaram até agora vacinas contra a covid-19 para crianças nessa faixa etária e mais jovens.

No fim de outubro, a Pfizer informou que pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para aplicação da vacina em crianças de 5 a 11 anos no Brasil.

*Com informações da Reuters

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Cinco anos após o início do surto de casos da doença de Haff na Bahia, ainda não se sabe o que a provoca. Há quem diga que a também conhecida como doença da urina preta seja provocada pelo consumo de peixe ou somente pelo peixe olho de boi. Mas não é bem por aí. Segundo especialistas, não há comprovação científica de que a doença seja associada a um tipo específico de pescado e todos eles estão sob suspeita, incluindo alimentos como camarão, lagosta e lagostim.

A nefrologista Carolina Neves, médica do Hospital Cárdio Pulmonar e membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia Regional Bahia, afirma que é prematuro descartar qualquer tipo de suspeita. “A gente imagina que a doença seja provocada por uma toxina presente em crustáceos e peixes que é resistente ao calor. Então não adianta cozinhar ou assar o alimento porque, na maioria dos casos registrados, não foram alimentos crus. E também tivemos casos tanto em peixes de criadouros quanto em peixes frescos”, coloca.

Carolina também afirma que casos já foram registrados em diversos países e que ainda não há definição do que a provoca.

“A literatura científica diz que esses surtos da doença de Haff já foram registrados em várias partes do mundo, como Estados Unidos, Espanha e China. Mas, infelizmente, a gente ainda não conseguiu identificar que toxina é essa”, acrescenta.

A Bahia já possui 18 casos confirmados da doença. Os números foram atualizados com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) na terça-feira (2). Os municípios de residência dos casos notificados são: Alagoinhas (5), Salvador (13), Maraú (1), Simões Filho (1), Mata de São João (1) e São Francisco do Conde (1). No ano passado, foram notificados 45 casos e confirmados 40, nos municípios de Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Entre Rios, Dias D’Ávila e Candiba.

No total, são 22 casos notificados e quatro descartados. Os registros estão na faixa etária de 20 a 79 anos. A faixa mais acometida é de 35-49 anos com sete casos, seguida de 20-34 anos com cinco, de 50-64 anos com quatro e 65-79 anos com dois. Cerca de 66% dos contaminados são do sexo masculino.

A doença foi registrada pela primeira vez no início do século XX numa região do Mar Báltico conhecida como Haff. O primeiro relato de um surto no Brasil ocorreu em 2008, no Amazonas. O primeiro surto registrado na Bahia aconteceu entre 2016 e 2017, com 71 casos registrados em Salvador, Vera Cruz, Dias D’Ávila, Camaçari, Feira de Santana e Alcobaça. Somente na capital, foram 66 casos. Do total, duas pessoas contaminadas acabaram morrendo; uma residente em Salvador e outra em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. Já em 2018 e 2019, não houve notificações da doença relatadas pelas instituições de saúde.

A nefrologista Ana Flávia Moura, reforça que ainda não há definição sobre que tipo de pescado pode provocar a doença. “Até o momento, não sabemos que tipo de pescado provoca a doença de Haff. Temos coincidência de pessoas que desenvolveram a doença e consumiram um mesmo tipo de peixe, mas ainda sem comprovação de que o risco venha de só um tipo. Inclusive, camarões, lagostas, lagostins também estão sob suspeita”, destaca.

Segundo Ana Flávia, a recomendação é de que se tenha cuidado com o consumo de qualquer tipo de pescado, seja na forma crua, assada, frita ou cozida.

“O ideal é que seja um consumo em estabelecimentos confiáveis, que cumpram as recomendações das instituições sanitárias. E se a pessoa for comprar o pescado para cozinhar, que seja também em pontos comerciais de boa procedência, com atenção para a aparência, cheiro e a validade do produto”, alerta.

O comerciante Marcos dos Santos, que vende peixes e outros frutos do mar na barraca Marcos Pescados, em Lauro de Freitas, diz que as pessoas ficaram assustadas com o surto da doença em 2016 e 2017, mas que, desde o ano passado, com o novo surto, não notou ainda queda significativa nas vendas por conta disso.

“Em 2016 e 2017, a gente sentiu a queda de quase todos os tipos de pescado, as pessoas ficaram com medo mesmo. As vendas caíram entre 60% e 70%. Agora, com esses novos casos do ano passado para cá, o pessoal não deixou de comprar não. Mas a gente fica preocupado, eu busco ver a procedência dos lugares onde eu compro, a qualidade dos produtos e sempre os pescados novos”, diz o comerciante.

A Sesab informou que não há orientação para que a população evite o consumo de pescados. A recomendação é de que a população se certifique da qualidade do estabelecimento em que está consumindo ou comprando o pescado. Quem apresentar os sintomas da doença nas 24 horas após a ingestão de qualquer tipo de pescado deve procurar atendimento médico. Não é indicado o uso de antiinflamatórios, medicamentos que podem potencializar as lesões renais causadas pela doença. A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) não respondeu ao contato até o fechamento da reportagem.

A Bahia Pesca disse, em nota, que “acompanha com atenção os casos da doença de Haff que estão acontecendo no território brasileiro. A empresa está em contato constante com a Secretaria de Saúde da Bahia, que têm competência para se manifestar sobre segurança do consumo e, caso haja qualquer novidade, informará aos pescadores os procedimentos a serem adotados”.

Já a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), divulgou um comunicado em que defende que a “Tilápia e tambaqui criados profissionalmente, em cativeiro e com toda a segurança, não provocam a Síndrome de Haff (Doença da Urina Negra) em seres humanos”. A associação alega que “o pesquisador Roger Crescêncio, da Embrapa Amazônia Ocidental, informa que não há nenhum registro de caso da doença que tenha como origem os peixes de cultivo”.

O que é doença de Haff?

A doença de Haff é uma síndrome que consiste de rabdomiólise (lesão muscular), e se caracteriza por ocorrência súbita de extrema rigidez e dor muscular, dor na região do tórax, falta de ar, dormência e perda de força em todo o corpo e urina escura, associada a elevação da enzima creatinofosfoquinase (CPK), associada a ingestão de crustáceos e, principalmente, pescados.

A família do funcionário público Ademir Clavel foi contaminada no final de julho deste ano. Eles consumiram o peixe olho de boi, também conhecido como Arabaiana e, horas após do almoço, a esposa e o filho de Ademir começaram a sentir fraqueza, dor de cabeça e dor muscular. Vânia ficou cinco dias internada e o filho, Matheus, três dias.

O funcionário público não apresentou caso tão grave, ficou somente um dia internado. “Eu fui caminhar no Dique do Tororó e comecei a sentir um cansaço”. Já a esposa, Vânia, chegou a apresentar urina da cor de café e perdeu os movimentos após seus músculos 'travarem', conseguindo mexer apenas o pescoço. Mesmo após a alta hospitalar, Ademir conta que os efeitos colaterais na família permaneceram por algumas semanas, com os músculos ainda enfraquecidos, dor de cabeça e mal-estar.

A Nefrologista Ana Flávia Moura explica como a doença age no corpo.

“A gente acredita que a doença seja causada por uma toxina encontrada nos pescados e essa substância destrói as células musculares. Quando essas células são destruídas, liberam no sangue uma série de substâncias, sendo algumas delas tóxicas. Então, se essas substâncias tóxicas ficam por muito tempo no organismo, se torna mais difícil evitar as sequelas”, acrescenta.

A nefrologista Carolina Neves afirma que a manifestação dos sintomas depende da quantidade de alimento ingerida. “Quanto maior a quantidade, maior a chance de manifestação de sintomas e mais graves eles podem ser. Tem paciente que não tem quase nada, apenas uma urina escura. Em outros casos, o paciente precisa ser internado. E vale lembrar que a urina escura não aparece em 100% dos casos e, quando aparece, não fica necessariamente preta. Se estiver avermelhada ou alaranjada, lembrando a cor de um tijolo, já é preocupante”.

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Em 19 de abril de 2021 o Brasil registrou a maior média móvel de morte em decorrência da covid-19: cerca de 3 mil óbitos diários. Hoje (19), exatos seis meses após o ápice, o Ministério da Saúde informa que a vacinação em massa contra a doença surtiu efeito. Segundo a pasta, a queda no número de óbitos foi de quase 90% - tendência que se acumula desde junho.

O boletim divulgado na noite de ontem (18) mostra que a média móvel de mortes está em 379,5, acompanhada pela queda expressiva também no número de novos casos da doença, que está em 12,3 mil ao dia.

“Nós temos um Sistema Único de Saúde (SUS) forte, com mais de 38 mil salas de vacinação, capaz de vacinar mais de 2 milhões de brasileiros e um governo extremamente preocupado com a vida. Por isso, adquiriu mais de 550 milhões de doses de vacinas [contra a] covid-19, investiu bilhões com habilitação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) e vacinou mais de 90% da população brasileira com a primeira dose. Vacina é a saída para acabar com o caráter pandêmico da doença. Só assim vamos retornar para o nosso normal”, afirmou em nota o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Segundo Queiroga, o sucesso da ampla campanha de vacinação deve se estender para 2022 com a compra antecipada de 354 milhões de doses de vacinas aprovadas no país. O plano de vacinação para 2022 foi apresentado no início do mês de outubro.

“Nós já temos asseguradas mais de 300 milhões de doses para vacinar a nossa população. É uma vacinação um pouco diferente do que aconteceu em 2021, porque não é uma vacinação primária. Mas, o mais importante é: teremos doses de vacinas para todos”, declarou Queiroga.

O painel de vacinação do Ministério da Saúde mostra que mais de 108 milhões de brasileiros já cumpriram integralmente o esquema vacinal. Essa população corresponde a 68% do público-alvo da campanha do Programa Nacional de Imunização (PNI). A ferramenta informa, ainda, que 3,6 milhões de pessoas já tomaram a dose de reforço, recomendada para pessoas acima de 60 anos, imunossuprimidos (aqueles cujos mecanismos normais de defesa contra infecção estão comprometidos) e profissionais de saúde.

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Programa liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) vai permitir que os países mais pobres tenham acesso justo a vacinas, testes e tratamentos contra a covid-19. O objetivo é garantir medicamentos antivirais para pacientes com sintomas leves por US$ 10.

Segundo a Reuters, que teve acesso a um rascunho do documento, é provável que o comprimido experimental Molnupiravir, da Merck &Co, seja um dos medicamentos usados. Outros medicamentos, no entanto, estão sendo desenvolvidos para tratar doentes com sintomas leves.

O documento, que traça as metas do Acelerador de Ferramentas de Acesso à Covid-19 (ACT-A) até setembro de 2022, revela que o programa quer entregar cerca de 1 bilhão de testes de covid-19 às nações mais pobres e adquirir medicamentos para tratar até 120 milhões de pessoas em todo o mundo, de cerca de 200 milhões de novos casos estimados nos próximos 12 meses.

Os planos revelam a forma como a OMS quer reforçar o financiamento de medicamentos e testes a um preço relativamente baixo, depois de perder a corrida das vacinas para os países mais ricos, que ficaram com grande parte dos suprimentos mundiais, deixando os países mais pobres com um número muito reduzido de vacinas.

Um porta-voz da ACT-A afirmou que o documento, datado de 13 de outubro, ainda é um rascunho sob consulta e recusou comentar o seu conteúdo antes de estar finalizado.

O documento também será enviado aos líderes mundiais antes de ser debatido numa reunião do G20, no final deste mês. A ACT-A pede ao G20 financiamento adicional de US$ 522,8 bilhões,e a outros doadores financiamento adicional de US$ 22,8 bilhões até setembro de 2022, que será necessário para comprar e distribuir vacinas, medicamentos e testes para os países mais pobres, de forma a reduzir a diferença em relação aos países mais ricos.

Os doadores já prometeram US$ 15,5 bilhões para o programa.

Os pedidos de financiamento são baseados em estimativas detalhadas sobre o preço dos documentos, tratamentos e exames, que vão contabilizar as maiores despesas do programa juntamente com o custo da distribuição das vacinas.Molnupiravir com resultados positivos. Apesar de não citar diretamente o Molnupiravir, o documento da ACT-A espera pagar US 10 para “novos antivirais orais destinados a pacientes com sintomas leves e moderados”.

Outros comprimidos para tratar pacientes com sintomas leves estão sendo desenvolvidos, mas o Molnupiravir é o único que mostrou resultados positivos nas fases finais de testes. A ACT-A está em negociações com a Merck & Co e produtores de genéricos para comprar o medicamento.

No entanto, um estudo da Universidade de Harvard estimou que o Molnupiravir poderá custar cerca de US$ 20 se for produzido por farmacêuticos genéricos, com o preço caindo para US$ 7,7 em produção otimizada.

A Merck & Co tem acordos de licenciamento com oito fabricantes indianos de medicamentos genéricos.

A meta ACT-A é chegar a um acordo, até o final de novembro, para garantir o fornecimento de “um medicamento oral em ambulatório”, que estejadisponível a partir do próximo trimestre de 2022.

A verba arrecadada seria inicialmente usada para “apoiar a aquisição de 28 milhões de comprimidos para tratamento de pacientes com sintomas ligeiros e moderados nos próximos 12 meses, dependendo da disponibilidade do produto e orientação clínica”.

A ACT-A pretende também abordar as necessidades médicas de oxigênio essencial para 6 milhões a 8 milhões de doentes graves e críticos até setembro de 2022.Investimento maciço em testes. O programa prevê também forte investimento em testes de diagnóstico da covid-19, para duplicar o número realizado em países mais pobres.

Dos US$ 22,8 bilhões que a ACT-A espera arrecadar nos próximos 12 meses, cerca de um terço, a maior parcela,será gasta em diagnóstico.

Atualmente, os países mais pobres realizam, em média, cerca de 50 testes por 100 mil pessoas diariamente, contra 750 nos países mais ricos.

A ACT-A quer distribuir um mínimo de 100 testes por 100 mil habitantes nas nações mais pobres.

O reforço da testagem também poderá ajudar a detectar possíveis novas variantes, que tendem a se propagar quando as infeções alastram e, portanto, são mais prováveis em países com baixas taxas de vacinação. Isso significa entregar, nos próximos 12 meses, cerca de 101 vezes mais do que a ACT-A comprou até agora.

A maior parte seriam testes rápidos de antígeno a um preço de cerca de US$ 3, e apenas 15% seriam gastos em testes moleculares, que são mais precisos, mas demoram mais tempo a entregar os resultados e custam cerca de US$ 17.

O objetivo dos testes é reduzir a diferença entre ricos e pobres, já que apenas 0,4% dos cerca de 3 bilhões de testes realizados em todo o mundo foram feitos em países pobres.

O documento destaca que “o acesso à vacina é altamente inequitativo, com a cobertura variando de 1% a mais de 70%, dependendo do grau de riqueza do país”.

O programa visa a vacinar pelo menos 70% da população elegível em todos os países até meados do próximo ano, em linha com as metas da OMS.

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